Um,
Outro e Eu
Em uma eventual reunião, um, outro e eu começamos a
conversar sobre nossas igrejas e sobre nossa real motivação no Evangelho.
Um
disse:
"Na minha igreja, o culto começa pontualmente, os
louvores são solenes, os irmãos usam terno e as irmãs usam saia ou vestido,
fazemos tudo conforme a "revelação" de nossa liderança, temos usos e
costumes, nossa doutrina é "especial", pois Deus quis revelá-la
apenas para nós, pois somos "um povo único" e o culto só existe se
houverem dons espirituais em evidência, pois, "se não tiver dons, não tem
culto" e a pregação é "além da letra" porque a "letra mata,
mas o espírito vivifica". Em minha igreja, sabemos orar corretamente, pois
Deus nos ensinou o que dizer em cada oração e antes de nós, todos faziam
errado. Nosso Evangelho é "revelado", pois o da Bíblia é ineficaz e o
Espírito Santo precisou ditar novas coisas e novos métodos... Lá aprendemos a amar
nossa denominação mais que nossa família, pois somos "devedores" e
precisamos "pagar" nossas dívidas através de nossos esforços em prol
de nossa santa instituição, pois ela é a Noiva de Jesus e o restante são
"primas". Lá, nós madrugamos e jejuamos e fazemos questão de mostrar
que estamos na benção e, por cumprir todas as ordenanças, nos tornamos aptos
para cobrar e requerer dos outros o mesmo esforço. Na minha igreja, se um irmão
decidir sair, logo perdeu a benção e vai "perder sua salvação" por
isso. Isso se ele não morrer e for comido por um câncer ou coisa parecida, pois
deixou o único lugar onde Deus fala...[...]"
Eu
me admirei e disse:
"Olha, muito bom, parabéns!". Em meio a tantos
cristãos na face da terra, sua igreja é a única que Deus se agrada. Parabéns
por tamanha santidade...
Mas
o outro, em meio a "edificante" e farisaica explanação disse:
"Na minha igreja o povo é diferente. É mais pobre e
necessitado, pois não podem "ajudar a Deus" na salvação, pois eram
depravadamente perdidas no pecado e Deus teve que resgatá-las apenas com os
méritos de Jesus Cristo para concedê-las vida. Nós oramos, jejuamos e madrugamos porque necessitamos muito de Deus e amamos sua presença. Na minha igreja existem homens,
mulheres e crianças alcançadas pela graça e misericórdia de Deus, pessoas que
não merecem a salvação, mas que foram salvas, em fim, pelo Soberano Deus. Na
nossa igreja... Ah! Aprendemos que não somos nada! Não "ajudamos" em
nada nosso Deus em relação à nossa salvação, pois é obra exclusiva e soberana
dele, por isso aprendemos o caminho da humildade e da submissão ao Evangelho.
Existem ali pessoas cheias de defeitos, falhas e pecados, mas que se renovam a
cada dia em Cristo e tal renovo é contínuo e transformador, tanto, que elas
passam a amar mais as pessoas, os irmãos e, suas obras, evidenciam a presença
viva de um Deus generoso. O entendimento do Evangelho da graça e da
generosidade constante desse Deus tem promovido ali pessoas bem humildes que
sentem a necessidade de contribuírem - também generosamente e livremente - para
o Reino através de vidas edificadas na Palavra de Deus e na genuína revelação
de Jesus Cristo. Na minha igreja as pessoas não externizam através de usos e
costumes que "são da benção", mas, existencialmente elas provam que
são uma benção pela graça, pelo caráter, pela família edificada e pela
regeneração que há nelas obrada por um Santo Espírito cuja obra é eficaz. A
liderança de nossa igreja necessita bastante de oração, pois são homens como
cada um de nós. Minha igreja é simples, pois não tem dono. Lá precisamos sempre
escolher em meio a congregação e sob a comunhão da mesma nossas lideranças. Lá
aprendemos que somos fracos o suficiente para não nos aventurarmos em
"novas revelações" e por isso não evidenciamos os usos de dons
'revelacionais' e nem buscamos adivinhar situações alheias para que assim possa
haver um culto, pois lá - quando reunimos - existe um Deus vivo que recebe
nosso louvor porque Ele nos capacitou para ofertarmos tal louvor... Lá a
Palavra está no centro do culto, pois Jesus é o centro do culto e Cristo é
revelado nas Escrituras. Portanto, somos fracos, necessitados, mas estamos
firmes na fé pela graça de um Deus forte, soberano cuja obra é eficaz e não nos
traz encargos humanos e legalistas, mas sim suavidade para servir com alegria,
amor, devoção sincera e ajuda mútua, na qual chamamos de verdadeira comunhão".
Eu
disse:
"É isso que quero viver! Fui liberto para servir em
entendimento e graça. Quero o Evangelho santo da graça e não o outro evangelho
da religiosidade".
Assim, caminhamos juntos olhando para o alto de onde vem
nossa salvação, esquecendo o que para trás ficou e prosseguindo para o alvo da
soberana vocação e, dessa forma, não mais vivemos nós, mas Cristo, de fato,
vive...
Filipenses 3 - 7. Mas o
que para mim era lucro passei a considerá-lo como perda por amor de Cristo;
8. sim, na verdade,
tenho também como perda todas as coisas pela excelência do conhecimento de
Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as
considero como refugo, para que possa ganhar a Cristo,
9. e seja achado nele,
não tendo como minha justiça a que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo,
a saber, a justiça que vem de Deus pela fé;
10. para conhecê-lo, e o
poder da sua ressurreição e a participação dos seus sofrimentos, conformando-me
a ele na sua morte,
11. para ver se de algum
modo posso chegar à ressurreição dentre os mortos.
12. Não que já a tenha
alcançado, ou que seja perfeito; mas vou prosseguindo, para ver se poderei
alcançar aquilo para o que fui também alcançado por Cristo Jesus.
13. Irmãos, quanto a
mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me
das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão adiante,
14. prossigo para o alvo
pelo prêmio da vocação celestial de Deus em Cristo Jesus.
(Gabriel F. M. Rocha)
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