“E disse DEUS: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa
semelhança [...] E criou DEUS o homem à sua imagem; à imagem de DEUS o criou”.
(Genesis 1:26,27).
A todos os amigos, irmãos, leitores e
verdadeiros estudantes da Palavra de Deus, a paz de nosso Senhor Jesus!
Vamos tratar aqui, um pouco, da doutrina
“Deus”, em análise de sua estrutura divina/triuna e da estrutura essencial
humana que, também, se mostra em três definições.
Deus, podemos perceber, é uma entidade
singular:
“Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor.”
(Deuteronômio 6:4).
“Eu sou o Senhor e não há outro [...] fora de mim não há outro;
Eu sou o Senhor, e não há outro. (Isaías 45:5,6).
E plural:
“Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem é como um de nós,
sabendo o bem e o mal...” (Genesis 3:22).
“Depois disso, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei,
e quem há de ir por nós?” (Isaías 6:8).
“Eu e o Pai somos um” (João 10:30).
A palavra hebraica para Deus é elohîm, um substantivo plural.
Em Genesis 1:1, o termo é usado concordando, gramaticalmente, com um verbo no
singular, bara (singular) cujo
significado é “criou”. Traduzido ao português no sentido literal ficaria: “...deuses
criou”. Quando são usados pronomes no plural – “façamos o homem à nossa imagem,
conforme a nossa semelhança” -, isto indica a pluralidade de pessoas (um plural
de número), ou o conceito de excelência ou majestade que pode ser indicado
desta maneira em hebraico? Deus poderia estar falando com os anjos, a terra, ou
a natureza (segundo alguns estudiosos), referindo-se a si mesmo em relação a
alguns deles? Ou esta é uma indicação germinal de uma distinção de pessoas na
divindade? Não se sabe ao certo, embora a questão da pluralidade de pessoas
(Trindade) seja o ponto teológico mais aceito, inclusive por nós do blog
Palavra a Sério.
Até a vinda de Jesus e o início de seu
ministério terreno, a unidade essencial (interna) da Divindade não era compreendida,
em grande parte, ainda que fosse indicada em outras passagens como a de Isaías
48:16:
“Chegai-vos a mim e ouvi isto: Não falei em segredo desde em
princípio; desde o tempo em que aquilo se fez, eu estava ali; e agora, o Senhor
Jeová me enviou o seu Espírito”
Deus é essencialmente Espírito (João 4:24). Portanto, o homem que é “imagem
e semelhança” de Deus, possui um espírito Imortal. Os homens se assemelham
a Deus em certos aspectos pessoais (Genesis 1:26), sem que sejam iguais a Ele (Isaías
40:25). A semelhança entre o homem e Deus é aquilo que distingue a
criatura racional do resto da criação. O homem é um ser pessoal, com a
capacidade de pensar, sentir e decidir. Ele tem a capacidade de fazer escolhas
morais e a capacidade de crescimento ou declínio espiritual.
No princípio, o homem amava a Deus e era
uma criatura santa. O pecado mudou isto. O seu espírito ficou tão alterado pelo
pecado, que ele se escondeu de Deus, e agora deseja mais o mal do que a justiça
(João 3:19,20). Depois da época de
Adão, somente aqueles que viviam com retidão diante de Deus eram considerados seus
descendentes (Mateus 3:7-10; Mateus 13:38; João 12:36; Atos
13:10). O Homem não mais se encontra no estado perfeito de inocência
em que estava na época da sua criação. Portanto, ele não tem os mesmos
atributos e qualidades espirituais, semelhantes aos de Deus, que tivera em seu
estado original. Se hoje Deus derrama de seus dons e dos frutos de seu Espírito
aos homens, é porque houve uma libertação através do sangue do “segundo Adão” –
JESUS CRISTO e, nessa remissão, Deus deu a porção (sem medida) de seu Espírito
Santo, fazendo assim, o homem, experimentar de suas maravilhas espirituais (por
soberana graça). Jesus, o segundo adão (1Co 15:45), veio para desfazer as obras de Satanás (1Jo 3:8), e para restaurar a
semelhança espiritual do homem com Deus (2Co 3:18; Ef 4:24; Cl 3:10).
Essa “semelhança” com Deus está no fato de,
o homem, ser:
a) Corpo – soma (gr) – Aspecto visível/físico/ temporal;
b) Alma – psiqué (gr) - fonte de nossa
racionalidade e sentimentos;
c) Espírito – pneuma (gr) – “fôlego” de vida/ “sopro” de Deus/ aspecto que faz o
homem carnal e racional transcender e ter contato com seu Criador. Parte que
volta para Deus, pois é de Deus.
“..e o vosso espírito,
alma e corpo sejam plenamente conservados...” (1Tessalonicenses 5:23)
Jesus veio restaurar a essência tricotômica
do homem que, embora sejam distintas, é na movimentação e unidade que elas
garantem o home como um ser existente. Jesus, através de seu sangue, renovou e
efetivou a existência do homem para com Deus. Pela fé em Cristo, o crente
recebe em seu espírito a afirmação da salvação e regeneração pelo Espírito
Santo de Deus. É uma “religação” de Deus ao homem/ homem a Deus – espírito humano>
< Espírito Santo (Deus).
Dentro deste contexto de transformação (ou
renovação) humana é que temos a identidade moldada conforme a intenção original
e, pela graça, podemos fazer parte da ‘família’ de Deus.
“E eu dei-lhes a glória que a mim (Jesus) me deste, para que sejam (nós/ Igreja) um, como nós somos um (Pai, Filho
Espírito Santo). Eu neles (através do Espírito
Santo), e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade (na unidade do Espírito), e para que o
mundo conheça que tu me enviaste a mim e que tens amado a eles como me tens
amado a mim” (João 17:22,23).
É
interessante que, no Antigo Testamento, o homem é mencionado no termo hebraico
(na maioria das vezes) como “adham”, cujo significado é: “baixo”,
“avermelhado”, “comum”, “inferior”. O termo “adham” deu origem ao nome Adão.
Assim se tornou a identidade humana: inferior, baixa e limitada diante de um
Deus Santo e Puro. O termo também apresenta a ideia de “cor avermelhada”, como “Edom”.
Porque necessário foi a morte de um inocente para a restauração da identidade
original e essencial do homem. No Novo Testamento, quando se refere a ‘homem’,
o termo mais usado é “antropos” (grego) que significa “o que olha para cima”. Pois Jesus
deu tal condição ao ser humano – olhar (contemplar) outra vez o seu Criador
através da morte do Cordeiro de Deus (Jesus Cristo). Está aí a importância do poder do sangue de Jesus na vida (diária) do verdadeiro crente: restauração e renovo da
nossa essência (limitada e imperfeita pelo pecado) – para assim chegar a Deus.
Quero concluir esse pequeno e singelo
estudo dizendo que: nós somos a imagem de Deus quando estamos debaixo dessa
graça maravilhosa mencionada aqui: o sangue (Espírito Santo). Pois é o elo de
ligação de nossa estrutura essencial à essência de Deus. Não somos iguais
a Deus, mas sim semelhantes a Ele (há uma diferença nessas definições).
Não podemos, por exemplo, ter os atributos pessoais de Deus como: onipotência, onipresença
e onisciência. Mas podemos participar deles, tendo uma experiência com tais
atributos quando temos uma vida em espírito (comunhão com Deus). Nós, no
entanto, podemos, mesmo que limitados, ter alguns atributos morais de Deus
como: amor, paciência, santidade, justiça, fidelidade, misericórdia e bondade.
Inclusive, Ele nos cobra tais atributos em sua Palavra.
Que Deus abençoe!
Gabriel Felipe M. Rocha