terça-feira, 10 de julho de 2012

PECADO E PERDÃO


Pecado e Perdão


"Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor"


(Romanos 6:23)


 Com base em perguntas freqüentes feitas por algumas pessoas, tenho o entendimento que a doutrina bíblica do pecado não é bem compreendida por muitas pessoas atualmente, até pelo fato de muitos estarem envolvidos num “evangelho” terreno e que faz vista grossa a algumas coisas.


Alguns crentes vivem aterrorizados com a possibilidade de perderem a salvação se caírem no pecado. Não está errado, devemos vigiar para não cair em tentação. Ao mesmo tempo, no outro extremo, alguns pensam que têm uma boa compreensão do assunto, mas mostram sua ignorância ao insistirem que é possível chegar ao ponto da "perfeição sem pecar" nesta vida. Ambos os extremos estão totalmente errados, conforme esperamos demonstrar com base na Palavra de Deus.


A definição do Novo Testamento do pecado deriva da palavra grega hamartia, que literalmente significa "errar o alvo". Podemos pensar nisso como qualquer falha em atingir o alvo estabelecido por Deus, a perfeição absoluta em pensamentos, palavras e ações! Ele é perfeição personificada e sua santidade exige isso de qualquer um que queira comparecer à Sua presença. Portanto, onde isso nos deixa? Alguém seria tão descarado a ponto de afirmar que é perfeito e não peca? Amados, confio que todos os que estão lendo isto tenham um pouco mais de bom senso.

"Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós." [1 João 1:8].

Adão e Eva foram criados perfeitos em todos os aspectos e, aparentemente, receberam corpos glorificados exatamente como o que Jesus Cristo possui hoje. Vestidos de luz, eles foram colocados em um paraíso na Terra, chamado Éden e uma única proibição foi dada a eles — estavam proibidos de comer da "árvore do conhecimento do bem e do mal". Logicamente, Deus sabia que eles iriam desobedecer e é por isto que acrescentou a penalidade:

"Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás." [Gênesis 2:17; ênfase adicionada].

O restante da história todos sabemos. Eva foi enganada por Satanás e comeu do "fruto proibido", destarte colocando-se imediatamente em morte espiritual e iniciando o processo de morrer fisicamente. Ela cometeu o primeiro pecado praticado por um ser humano, e Adão logo seguiu o mesmo caminho (Satanás, não o homem, foi o precursor  do pecado por causa de sua rebelião contra Deus — veja Ezequiel 28:15). É interessante que a Bíblia nos diz que Adão não foi enganado e pecou de forma deliberada, por que quis [1 Timóteo 2:14]. Acredito que ele amava Eva a ponto de seguir sem discernimento a desobediência. No entanto, independente das razões específicas para o pecado deles, imediatamente descobriram que eram criaturas caídas — mortais e nus com uma perspectiva de vida totalmente diferente dali para frente. Da perfeição, desceram à total depravação em que todos os aspectos de seu ser foram manchados pelo pecado. Essa mudança monumental é evidenciada pela tentativa deles de cobrirem sua nudez com folhas de figueira e se esconderem de Deus [Gênesis 3:7-8]. Desde então, o homem pecador tenta se esconder de Deus! Se esconde hoje em dias com as folhas de figueira que é a sua razão, argumentação, religião, etc. Tudo é vaidade, tudo é pessageiro.

O fato da depravação humana é resumido pelo apóstolo Paulo nos seguintes versos:

"Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só." [Romanos 3:10-12].

Para aqueles que desejam saber o que a Palavra de Deus diz sobre o assunto da depravação humana, eis uma relação de versos:

Gênesis 6:5-7,11-13;  Gênesis 8:21;  2 Crônicas 6:36;  Jó 4:17-19;  Jó 9:2-3,20,29-31; Jó 11:12; Jó 14:4; Jó 15:14-16; Jó 25:4-6; Salmos 5:9; Salmos 14:1-3; Salmos 51:5; Salmos 53:1-3; Salmos 58:1-5; Salmos 94:11; Salmos 130:3; Salmos 143:2; Provérbios 10:20; Provérbios 20:6,9; Provérbios 21:8; Eclesiastes 7:20,29; Eclesiastes 8:11; Eclesiastes 9:3; Isaías 1:5-6; Isaías 48:8; Isaías 53:6; Isaías 55:6-7; Isaías 64:6; Jeremias 2:22,29; Jeremias 6:7; Jeremias 13:23; Jeremias 16:12; Jeremias 17:9-10; Ezequiel 36:25-26; Oséias 6:7; Oséias 14:9; Miquéias 7:2-4; Mateus 7:17; Mateus 12:34-35; Mateus 15:19; Marcos 7:21-23; Lucas 1:79; João 1:10-11; João 3:19; João 8:23; João 14:17; Atos 8:23; Romanos 2:1; Romanos 3:9-19; Romanos 3:23; Romanos 5:6; Romanos 5:12-14; Romanos 6:6,17,19-20; Romanos 7:5,11-25; Romanos 8:5-8,13; Romanos 11:32; 1 Coríntios 2:14; 1 Coríntios 3:3; 1 Coríntios 5:9-10; 2 Coríntios 3:4-5; 2 Coríntios 5:14; Gálatas 3:10-11,22; Gálatas 5:17-21; Efésios. 2:1-3,11-12; Efésios. 4:17-19,22; Efésios. 5:8; Colossenses 1:13,21; Colossenses 2:13; Colossenses 3:5,7; 2 Timóteo 2:26; Tito 3:3; Tiago 3:2; 1 Pedro 1:18; 1 Pedro 2:9,25; 1 João 1:8-10; 1 João 2:16; 1 João 3:10; 1 João 5:19; Apocalipse 3:17.

Assim, descobrimos que o homem, no estado não-regenerado, está na pior situação espiritual possível. Ele está morto em ofensas e pecados [Efésios 2:1], é um escravo do inimigo [Efésios 2:2], não pode compreender aquilo que se discerne espiritualmente — a Bíblia [1 Coríntios 2:14], e não busca a Deus [Romanos 3:11]. Para que o homem seja salvo dessa situação, o próprio Deus precisa tomar a iniciativa — exatamente como fez no jardim do Éden, quando foi atrás de Adão e Eva.

No entanto, vamos avançar e discutir o pecado com relação à vida cristã. Eis uma pergunta:

 A regeneração remove a mancha do pecado no coração humano?

Nossa posição de estar "em Cristo" e justificados diante de Deus significa que nossa dívida total pelo pecado (passado, presente e futuro) está cancelada e estamos declarados como totais inocentes à vista de Deus. Mas isso está falando da nossa posição em Cristo, não na nossa condição prática — não da dura realidade da vida diária. Nossa posição como filhos de Deus está definida para sempre nos céus se permanecermos em Cristo, mas nosso estado diário varia em proporção direta com o nível de cooperação que demonstramos à liderança do Espírito Santo.

Um fato é claro: podemos sim perder o posto de “filhos de Deus” se sairmos da graça.

 Uma vez que somos regenerados espiritualmente, o processo vitalício de santificação tem início. Ser santificado, ou santo, significa estar separado para o serviço de Deus e isso não ocorre da noite para o dia. Na verdade, haverá uma grande mudança na vida de uma pessoa após ela se converter e receber o Espírito Santo — mas a verdadeira santidade e perfeição nesta vida é o objetivo inatingível para o qual precisamos nos esforçar,mesmo sendo difícil alcançar em plenitude.

 Cristo é nosso padrão e somos exortados a imitá-Lo, mas é claro que compreendemos que alcançar sua divina perfeição é impossível aqui na Terra. Não somos e nem podemos estar sem pecado (embora Deus nos veja assim, posicionalmente), de modo que precisamos nos esforçar com todas as fibras do nosso ser para procurar acertar o alvo e cruzar a linha de chegada) para obter o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus [Filipenses 3:14], como fez o apóstolo Paulo. O galardão celestial, e não a salvação, é o "prêmio" que precisamos nos esforçar para conquistar em nossa caminhada diária com o Senhor neste mundo.

Entretanto, algumas almas sinceras entendem que a Bíblia ensina a possibilidade de atingir um estágio de perfeição sem pecado algum. Não estamos aqui para discutir posições. Se pensam assim, amém, que sejam plenamente santos sem erro algum nessa terra. Eles entendem assim com base em grande parte nas seguintes palavras do apóstolo em 1 João 3:9:

"Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque a sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus." [1 João 3:9].

Entretanto, isso não significa que um cristão nunca peca (quando falamos de pecado não falamos apenas de erros graves, mas TODO o tipo de erro). Para reforçar isso, chamo sua atenção para o que João diz no verso 8 do capítulo 1 (referido anteriormente) — "Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos." Alguns podem tentar argumentar que João estava escrevendo para incrédulos, mas isso não teria sentido, pois toda a epístola de 1 João foi escrita para os crentes, "os filhinhos" — como vemos no verso 1 do capítulo 2. O verso 4 do capítulo 1 diz "estas coisas vos escrevo para que não pequeis..." — referindo-se aos crentes, ou "filhinhos", como João afeiçoadamente refere-se a eles depois.

Essa posição é explicada por W. E. Wine em seu Expository Dictionary of New Testament Words, pág. 211, sob o título de "Commit, Commission", #2 Poieo, "Nota:

Em 1 João 3:4,8,9, a Versão Autorizada erroneamente traz "comete" (um significado impossível no verso 8); a Versão Revisada corretamente tem "pratica", isto é, um hábito contínuo, equivalente a “prasso”,no grego. O que está em vista aqui é uma ação contínua, não uma ação eventual.".

Este princípio é validado pela própria experiência de Paulo, que encontramos em Romanos 7:14-25:

"Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado. Porque o que faço não o aprovo; pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço isso faço. E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço. Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim. Acho então esta lei em mim, que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo. Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo nos meus membros outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento, e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros. Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte? Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor. Assim que eu mesmo com o entendimento sirvo à lei de Deus, mas com a carne à lei do pecado." [Romanos 7:14-25; ênfase adicionada].

Esse lamento do apóstolo Paulo não é verdadeiro na sua própria vida, leitor? Certamente é na minha! Sou um cristão nascido de novo, lavado no sangue do Cordeiro e o Espírito Santo me assegura que sou um filho de Deus — mas ainda experimento a realidade do erro na minha vida humana.

 Quando nasci de novo, recebi uma nova natureza, uma natureza espiritual, mas minha carne, a natureza pecaminosa depravada que herdei de Adão, não foi destruída. Muito pelo contrário, ela está bem viva e levanta sua horrenda cabeça continuamente!

Por meio da oração e com a ajuda do Espírito Santo, posso agora (e espero continuar a) errar muito menos do que errava antes de receber a Cristo e, no processo diário de santificação conseguirei bons resultados.

 No entanto, isso ainda está longe da perfeição. Para aqueles que ainda insistem que a perfeição seja possível e necessária para herdarmos a VIDA, quero lembrar que não existem apenas os pecados que cometemos, mas pecados de omissão — coisas que deveríamos fazer, mas não fazemos. Ih! Será que te preocupei agora leitor?

O padrão de Deus de perfeição e Sua vontade para nossas vidas incluem muitos aspectos sobre os quais precisamos orar e pedir orientação do Senhor. É somente remotamente concebível para você que devemos discernir todos e executá-los ao pé da letra? Deixar de perceber e cumprir com as obrigações e orientações do Espírito Santo é um erro e erro se traduz em pecado — o pecado da omissão. Ó, meus amigos e leitores do Palavra a Sério, não podem ver que somos pecadores, tanto por natureza quanto por prática? O Espírito Santo, falando por meio de profeta Isaías deixa isso bem claro com a seguinte declaração:

"Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia; e todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades como um vento nos arrebatam." [Isaías 64:6].


Deus deseja que reconheçamos nossa excessiva pecaminosidade e, ao fazermos isso, também reconheçamos a extraordinária grandeza da sua misericórdia, que perdoa o pecado e tomamos conhecimento de sua graça que nos leva por um caminho de mudança e de nova vida. Levando em conta nossa posição em Cristo, estamos justificados à Sua vista e nossa situação é absolutamente perfeita em todos os sentidos — um lar eterno nos céus está garantido para nós. No entanto, o nível de recompensa recebido uma vez que chegarmos lá será determinado pela forma como batalhamos contra o mundo, a carne e o maligno [1 Coríntios 3:8-15].No entanto, não devemos esquecer que podemos perder essa benção se ficarmos inertes mediante a fé.

Devemos encarar o pecado com leviandade já que estamos na graça? Podemos viver o erro e não procurar a perfeição, porque ela só se dará na Eternidade? Podemos errar sempre a bel prazer,pois será perdoado pelo sangue de Cristo?  Não, nunca! Tenha em mente que o pecado somente está perdoado com relação ao nosso destino eterno, mas quando estamos em Cristo e vivemos uma vida digna de arrependimento Cada pecado que cometemos como filhos de Deus é inescapável, pois Ele conhece cada detalhe de nossas vidas e, sem falha alguma, nos punirá da forma apropriada. Quando éramos crianças, conseguíamos evitar a punição dos nossos pais por que eles não tomavam conhecimento de todas as nossas infrações, mas tal nunca é o caso com Deus! Pode ter certeza que Ele vai disciplinar apropriadamente aqueles a quem ama [Números 32:23 e Hebreus 12:6].

 Portanto, se você é um autêntico filho de Deus, não precisa mais ficar aterrorizado com a possibilidade de perder a salvação se está no centero da vontade de Deus. Se sua vida está escondida em Cristo, procure não errar os mesmos erros que foram corrigidos pelo Senhor. Transfira esse pavor à possibilidade de ser corrigido pelo seu amoroso Pai Celestial se ainda está no erro em consciência  do mesmo! Os esforços para ser bom não comprarão para você absolutamente nada com relação à salvação,pois ela é pala graça, mas a busca pela santificação ajudará a evitar a mão corretiva de Deus. Anos atrás, as pessoas referiam-se aos cristãos como "homens e mulheres que temem a Deus" e todos nós compreendíamos a base para essa expressão. Eu temia meu pai e minha mãe quando criança, pois deles eu tinha o castigo certeiro.  Esse tipo de temor é necessário e benéfico, pois tende a nos manter no "caminho estreito e apertado". [Mateus 7:14].

Gabriel Felipe M. Rocha

CONTINUA

3 comentários:

professor Lincon Alves Silva Borchio disse...

Olha, Gabriel Muito bom o estudo,creio que vá orientar a mente de alguns cristãos sobre a pratica do pecado. Obrigado por mais essa contribuição para conosco. Lincon

Anônimo disse...

Afinal de contas, Quem pecou muito depois de ser batizado nas águas, teria que se batizar de novo ou não precisa? Alguem já me falou que dependendo do tipo de queda é necessario o novo batismo. Luíza Katlen

Gabriel F. M. Rocha disse...

Irmão Lincon e irmã Luíza, agradeço a participação de vocês.Respondendo a sua dúvida, Luíza, quero lhe informar que: à luz da palavra de Deus, não há nenhum ensinamento a respeito de segundo batismo, até creio que isso é heresia grave. Para os que deixam a fé e vivem na apostasia, há (nesta vida) uma chance ainda de arrependimento, se assim for feito, o primeiro testemunho publico(batismo)já é valido, ele é RENOVADO.