quinta-feira, 2 de julho de 2015

A teologia reformada e sua importância para a igreja do século XX


SÍNTESE CRISTÃ

Refletindo sobre a Escritura, a fé e a conduta cristã!



Falar sobre a teologia reformada e sua importância para a igreja do século XXI, é muito difícil num único dia e com tão pouco tempo. Isto por que, devemos entender a teologia reformada como uma cosmovisão e não simplesmente como uma opinião esporádica dada aqui e ali.
Uma cosmovisão, tem a ver com a forma de compreender o mundo e as coisas a sua volta e as coisas que existem nele e que englobam seu governo, as questões sociais, políticas, econômicas, morais, governamentais, dentro de uma perspectiva na qual entendemos como protestantes, sobre o que Deus pensa sobre essas coisas.
Portanto, uma cosmovisão, não é simplesmente uma opinião discorrida sobre um assunto, mas é uma forma de entender o mundo e as coisas que nele existe, a luz do que Deus pensa sobre isso, a luz da revelação do próprio Deus, comunicada a nós nas Escrituras Sagradas.
Uma cosmovisão, é a percepção de se entender a respeito do universo a nossa volta, a luz da reinterpretação que fazemos da interpretação que Deus faz sobre as coisas que existem no mundo, usando óculos coloridos que são capazes de curar nossa icterícia.
Existem somente duas cosmovisões na estrutura de mundo em que fomos colocados;
a) Cosmovisão Cristã sobre o entendimento das coisas
b) Cosmovisão pagã a respeito das coisas
Elas são auto-excludentes e mostram o incontestável e invariável modelo de antítese estabelecido por Deus na maneira em que o Senhor elaborou a construção do mundo em categorias.
Portanto, o desenvolvimento da cosmovisão pagã que tem suas raízes no Éden após a queda humana, antes de mais nada, foi se desenvolvendo e sendo elaborada sobre pontos de vista filosóficos partindo de pressupostos naturalistas e humanistas no desenvolvimento da história da humanidade, mas sempre preso a um único sentido de cosmovisão.
A tentativa de estabelecer o relacionamento do homem tendo o próprio homem como ponto de contacto, o que sem dúvidas, demonstrou o fracasso existencial de gente tentando explicar sua existência, sem saber a origem e o começo de sua própria história. Il Ao pecar, o homem corta as folhas de figueiras, idéia de autonomia.
Infelizmente eu não tenho tempo para falar um pouco sobre a ciência e a filosofia humanista ou naturalista, e nem tempo para mostrar que os grandes cientistas clássicos fundamentavam sua visão, numa ótica criacionista como Bacon, Kepler, Copérnico, Descartes, Galileu e Newton.
O que eu desejo após essa breve explicação é tentar mostrar o quanto fomos influenciados por águas poluídas no decorrer de nossa história e o quanto, isso tem se caracterizado de forma maléfica no estabelecimento da igreja evangélica dos dias de hoje, que amarga, por causa de um desvio doutrinário destruidor que é a falta de conhecimento bíblico e das afirmações do que a bíblia significa para a igreja e porquê ela deve significar o que significa para a igreja.
O Enfraquecimento das Igrejas é devido:
A perda da convicção histórica de que o que as Escrituras dizem, Deus é quem diz gerou e desenvolveu no seio da igreja evangélica um câncer teológico em que a raiz dessa doença, estende-se por todas as partes, afetando todas as pessoas e a sua condição moral. Il Casamentos desfeitos, sexo antes do casamento, pornografia virtual etc.
James D. Smart escreveu um livro intitulado, The Strange Silence of the Biblie in the church (O Estranho Silêncio da Bíblia na igreja), o título é bastante sugestivo e nele, o autor mostra o problema do enfraquecimento das igrejas em nosso tempo. Não menos sugestivo e absolutamente relevante é o livro de Francis Schaeffer intitulado, A Igreja no Século XXI, em que o autor também aborda a tragédia em que a igreja se meteu após negociar valores invioláveis das Escrituras e dá algumas saídas alternativas para sairmos desse buraco.
Gostaria de mostrar rapidamente alguns aspectos que tem feito a igreja enfraquecer-se mais e mais em nossa época.
1) A debilidade da pregação numa perspectiva do anuncio simples da mensagem do evangelho como algo central na edificação da igreja e no crescimento espiritual e na conversão de novos membros. O pregador deveria se tornar um porta voz do texto, a ponto de como diz o Diretório de Westminster: “de maneira tal que seus ouvintes possam discernir como ensino vindo de Deus”.
A dúvida sobre o que a palavra de Deus é, tem feito muitos pregadores darem suas próprias interpretações ao texto sem considerar a mensagem central que o próprio texto aborda. Precisamos seguir o exemplo de Paulo e não o exemplo dos super evangelistas, apóstolos e missionários que tem pregado a mensagem da prosperidade sendo que a vida da igreja encontra-se num profunda e densa miséria. Observem o que Paulo diz em 1Co15.3-4.
Paulo ainda interpreta a mensagem do AT sobre a ressurreição e deixa claro qual o espaço que essa mensagem já há muito abandonada deve ocupar em nossa vida At24.14-15.
2) A perda da convicção sobre a verdade divina da Bíblia, fato que também tem minado o ensino das Escrituras. Num mundo de incertezas e inverdades, em que já não há absolutos morais, em que o cavalinho de balanço impôs sua filosofia humanista relativizando o conceito de certo e errado, serviu de brecha dentro da própria teologia a partir do final do século XIX com a alta crítica deixando as pessoas em dúvida sobre o que realmente é verdade ou não.
Disso surgiram tentativas antropocêntricas de explicar a morte de Cristo, banalizando o sentido de atos históricos demonstrados dentro da história pelo grande e poderoso Deus dando então uma visão mitológica e existencial para aquilo que era tido como incontestável. A igreja perdeu a razão e a relevância de ser, quando perdeu a sua identidade como portadora da mensagem revelada e verdadeira de Deus. Il Fidelis, Gn1-11 é mito.
Nossas convicções devem voltar com rápida urgência exatamente porque a própria Escritura deixa claro, a verdade como algo verificável por nós numa dimensão sobrenatural. As escrituras são a revelação sobrenatural de Deus e podemos conhecê-la de forma sobrenatural somente na medida em que Deus se revela a nós sobrenaturalmente, portanto, como servos de Deus temos a incumbência de com convicção falar das coisas com a mais absoluta certeza. Lc 1.1-4. Em seu livro intitulado: A Inspiração e a Autoridade da Bíblia, Benjamin Warfield, diz: “ A religião da Bíblia, portanto, anuncia-se não como o produto da busca de Deus por parte dos homens, se, porventura, eles o pudessem sentir e encontrar, mas como a criação, nos homens, do Deus gracioso, formando um povo para si que possa manifestar seu louvor”. A bíblia é a verdade de Deus nunca descreia disso, ela é a grande revelação de Deus ao povo.
3) A incerteza sobre a veracidade do ensino bíblico, tem enfraquecido a fé das pessoas. A devoção religiosa só tem sentido na perspectiva de agradar a Deus, se ela expressa a fé verdadeira, do contrário é pura superstição. At17.22, Rm14.23.
De acordo com o apóstolo Paulo, fé significa a sujeição da mente e da consciência à palavra de Deus reconhecida como tal Rm10.17, 1Co2.1-5, 2Ts2.13. Quando a fé deixa de existir entramos no caminho movediço da incerteza sobre o que é a palavra de Deus.
Infelizmente grande parte da devoção nas igrejas evangélicas em nossos dias é obscura, superficial, ansiosa, triste e terrivelmente mística, pelo simples fato de as pessoas terem deixado para trás os fundamentos da fé, algo que influenciou diretamente o enfraquecimento teológico e conseqüentemente moral em nossos arraias cristãos.
A incerteza acabou gerando medo de assumirmos posturas sérias que exigem uma tomada de posição alicerçada na fé de que o que fazemos é firmado na vontade de Deus revelada nas Escrituras Sagradas, coisas que os irmãos outrora não tinham. A história de um dos patriarcas fundadores dos EUA é magnífica, para entendermos o que o temor de assumirmos a verdade das Escrituras como revelação de Deus tem gerado de ruim na igreja de hoje.
Il. Os fundadores dos EUA entendiam bem ainda que em graus variados, a relação entre cosmovisão e governo. John Witherspoon 1723-1794, um ministro presbiteriano na época foi o primeiro e único pastor a assinar a declaração de Independência dos EUA. Ele foi presidente da antiga faculdade de Nova Jersey, atual Universidade de Princeton.
Witherspoon foi um homem cristão importantíssimo para sua época, durante a fundação de seu país e isso pelo simples fato de ele ter conectado o pensamento cristão com os conceitos de governo baseados na Escritura Sagrada e no livro de Samuel Rutherford, Lex Rex.
O livro de Rutherford foi sem dúvida fundamental na elaboração e fortalecimento do conceito desse pastor que ajudou na elaboração de conceitos tidos como inalienáveis tanto pra época quanto para os dias de hoje. Samuel Rutherford nasceu em 1600-1661, ao escrever seu famoso livro Lex Rex, em 1644 ele queria dizer e o seguinte: A lei é Rei, uma frase que causou grande abalo. E vocês sabem por quê?
Em seu livro ele escreveu que a lei, e mais ninguém, é rei. Portanto as cabeças do governo sejam eles que forem, estavam sujeitos a lei. Antes disso era rex Lex, o rei é lei, o que significava que o rei estava acima da própria lei. Tanto Witherspoon quanto Rutherford foram homens que creram que a palavra de Deus abordava temas sobre coisas que envolviam a vida do homem de maneira plena em todos os campos e departamentos. Creram nas Escrituras como palavra de Deus e isso, foi fundamental na formação de uma nação que teve sob princípios cristãos a compreensão de que somente se sujeitando ao Deus das Escrituras, eles poderiam construir um mundo melhor. Leiam se puderem: Manifesto Cristão.
Quando ouvimos dizer sobre: Certos direitos inalienáveis, essa frase incrível, não pense que quem dá esses direitos é o estado ou o governo. Tanto o Estado quanto o Governo são peças mutantes de nossa sociedade, por isso, eles não podem garantir nada, ao contrário no decorrer da história vimos os governos tirarem alguns direitos que tínhamos.
Quem então pode garantir os direitos? Somente aquele que concedeu esses direitos, por isso, uma nação que nasce fundamentada sob essa perspectiva é capaz de lutar sempre enquanto tiver as Escrituras em suas mãos, para o bem estar do povo. Calvino, Institutas Livro 1, cap VI, pg 71 diz: “Exatamente como se dá com pessoas idosas, ou enfermas dos olhos, e tantos quantos sofram de visão embaçada, se puseres diante delas mesmo um vistoso volume, ainda que reconheçam ser algo escrito, contudo mal poderão ajuntar duas palavras: ajudadas porém, pela interposição das lentes, começarão a ler de forma distinta. Assim a Escritura, coletando-nos na mente conhecimento de Deus que de outra sorte seria confuso, dissipada a escuridão, nos mostra em diáfana clareza, o verdadeiro Deus.”
Quando os fundadores americanos disseram, “Em Deus Confiamos”, não havia nenhuma confusão naquilo que estavam querendo dizer. Eles entendiam e reconheciam publicamente que a lei poderia ser rei porque havia alguém que tinha dado a lei, existia alguém que deu direitos inalienáveis. Por isso enfraquecemos hoje como igreja, porque não temos a fé necessária, para enfrentarmos os leões, que rosnam a nossa volta, e que desonram a palavra de Deus.
Homens no passado morreram por suas certezas e viveram demonstrando fé inabalável na palavra de Deus e nas promessas que os seguiriam. A igreja evangélica de hoje nem mesmo sabe no que deve crer a respeito do Deus que se revela na bíblia. At7, Estevão, o grande mártir, Fl3.20. Uma coisa é fato, o fundamento apostólico e profético é o alicerce e a base, para que a igreja exista, portanto, como igreja de Cristo, devemos crer na sua inteira infalibilidade e não temer os lobos que se levantam tentando distanciar-nos da verdade revelada de Deus que é a bíblia Ef2.20.
4) O pensamento confuso sobre o que pensar e crer da bíblia e o desencorajamento que isso causa na vida da igreja. Há igrejas em que nem mesmo incentiva seus membros a levarem sua bíblia em momentos de culto. Somos nascidos da reforma protestante, e nossos irmãos do passado lutaram contra um clero que queria manter as pessoas na ignorância.
Colocar a bíblia no vernáculo foi um dos grandes desafios de Lutero, Calvino, William Tyndale e outros, pois fazendo assim, eles entendiam que o povo teria acesso muito claro sobre o que pensar sobre o pensamento de Deus claramente manifesto nas Escrituras. Naquela época a igreja sentiu o peso de sua carta de alforria e cresceu e se fortaleceu, lutando suas batalhas contra o catolicismo romano que governa a mente dos homens, levando-os a pensar que a igreja era a autoridade última sobre o que era verdade ou não, referente a palavra de Deus.
Calvino, Institutas Livro 1 capVII, pg 76 diz: “Portanto, mui fútil é a ficção de que o poder de julgar a Escritura está na alçada da igreja, de sorte que se deva entender que do arbítrio desta, a igreja, depende a certeza daquela, a Escritura.” Uma das grandes obras da reforma foi colocar a bíblia nas mãos do povo para que este saísse das trevas, hoje o povo tem a bíblia e está nas trevas por não fazer uso dela da maneira correta, agindo como os crentes de Bereia At17.2 e entender que podemos através da iluminação do Espírito Santo, conhecer a bíblia pela bíblia.
Nos dias de hoje, não há por parte da igreja católica nenhuma opressão no que diz respeito à reivindicação de que eles são os determinadores do que é a verdade bíblica ou o que não é, isso por que hoje não precisamos mais disso, infelizmente não usamos mais a Escritura da forma devida, o que significa, que a luz outrora apresentada a nós, foi com o tempo se apagando de nosso contexto evangélico.
Isso não quer dizer que a igreja católica ainda não creia que são os detentores da autoridade máxima em relação a bíblia, um teólogo católico romano chamado John Eck disse: “ As Escrituras não são autênticas, a não ser pela autoridade da Igreja”. O Papa Pio IX por ocasião do Primeiro Concílio Vaticano, em 1870 disse: “Eu sou a tradição”. Sola Scriptura, Robert Godfrey pg24.
Muitos líderes evangélicos hoje, infelizmente agem da mesma forma, trazem para si a autoridade absoluta de ensinar as Escrituras como fazia a parte do magistério da igreja, e muitos dos membros da igreja, desprezam as Escrituras e não mais lêem e se dedicam no conhecimento como deveriam. Conseqüentemente isso gera uma total descaracterização da igreja em decorrência do fato dela ter perdido o seu sentido bíblico.
O protestantismo se levantou no século XVI em reação as alegações de que a igreja seria a grande e única interprete da bíblia, juntamente com seus magistrados. A tradição da igreja era colocada no mesmo pé de igualdade da palavra de Deus, fato que foi contestado pela reforma descobrindo inclusive os reformados que a tradição, contradizia a própria bíblia.
O fato de não mais precisarmos de uma luta aguerrida contra o catolicismo romano, está associado, ao fato de nos dias de hoje, termos abandonado a própria palavra de Deus como fundamento básico de nossa comunhão com Deus e do nosso conhecimento de Deus. Mt22.29, esse é um dos pontos mais sérios em relação a morte dos evangélicos nos dias de hoje, o que acarreta grande prejuízo para a igreja de Cristo. Leiam a bíblia ouçam com atenção o que lhes está sendo ensinado, porém, examinem as Escrituras assim como o próprio apóstolo João disse em Jo 5:32.
SINTESE CRISTA original  kaka
Rev. Nelson/ Igreja Presbiteriana Betânia

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