terça-feira, 14 de julho de 2015

Uma necessária advertência (Gabriel F. M. Rocha)


SÍNTESE CRISTÃ

Refletindo sobre a Escritura, a fé e a conduta cristã!

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Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te” (2 Tm 3. 1-5).
A alerta que Paulo faz a Timóteo (no texto acima) é pertinente, pois, o propósito de Paulo para com Timóteo era prepará-lo para exercer bem o ministério e administrar bem a igreja e as coisas de Deus. Portanto, as advertências e exortações nunca giravam em torno apenas de problemas de natureza doutrinária. Nem mesmo se pautava no cuidado que as igrejas deviam ter em relação aos falsos líderes. Tampouco, as perseguições políticas e religiosas eram o assunto principal entre os apóstolos. Havia também, como lemos aqui, a advertência para se afastar dos vaidosos, orgulhosos, soberbos. Dos homens e mulheres cheios de si. Inchados em seus orgulhos e obstinações. Por quê?
Porque esses são tão perigosos quantos aqueles líderes e falsos doutores que deturpavam a mensagem da cruz. Arrisco dizer que os vaidosos, orgulhosos, obstinados, presunçosos e avarentos são mais perigosos que os ataques e as perseguições frontais, pois esses são como o câncer que vai proliferando sua presença maligna. Como Paulo mesmo cita no texto, esses vaidosos, orgulhosos e cheios de si mesmo, são irreconciliáveis. Não aceitam a exortação. Não aceitam a doutrinação. São também invejosos. Querem estar por cima. Querem ter a razão. O vaidoso e orgulhoso quer ser os melhor e o “sabidão”. Ignora o verdadeiro conhecimento que parte do pressuposto da humildade e dependência. Nesses não podemos confiar, pois como Paulo mesmo diz, são traidores e mais amigos de seus deleites do que de Deus. São perigosos, pois – como também denuncia Paulo – eles têm aparência de piedade, mas negam a eficácia dela em suas vidas e ações diárias.
Portanto, para que possamos cuidar das coisas de Deus, servir a Deus melhor e viver um Evangelho autêntico, é necessário afastar-se desses. Mas creio que a advertência é bem mais que isso!
Não tenho dúvida alguma de que Paulo queria provocar em Timóteo (também) uma análise interior. Timóteo estava sendo preparado para exercer uma séria liderança em sua congregação. Portanto, era necessário não só se afastar desses, mas – jamais – ser como esses. Paulo chega a dizer a Timóteo: “mas tu, porém, tem seguido minha doutrina…”. Ou seja, “sua postura não condiz com a vaidade, o orgulho e soberba desses tantos”. Portanto, “permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido…”.
É comum alguns sentimentos de vaidade e orgulho tomarem nosso coração. Tem momentos que achamos que somos bons demais. Sabemos demais! Tem hora que assumimos uma convicção de que somos top demais e bons demais para fazer coisas tão simplórias… E a “bola de neve” começa a rolar… Se sou bom demais, pra quê visitar o irmão “zé”? Deixe que outro faça isso, ora… Para quê ir à escola bíblica? Para quê frequentar reuniões de capacitações pessoal se sou o “super capacitado”. E a “bola de neve” vai rolando… Daí começo com a soberba e termino na maledicência, ingratidão, traição, etc.
A vida cristã é o oposto disso tudo. Por quê? Porque o cristão para ser mesmo um discípulo, ele precisa renunciar a muitas coisas, negar a si mesmo, pegar a sua cruz e seguir o Mestre. Isso implica no esvaziamento de si mesmo. Logo, pegar a cruz implica fazer como Cristo fez: deixar Deus prosseguir com seu plano em nossas vidas. Foi isso que Cristo fez quando assumiu a cruz: deixou o Pai executar seu plano eterno. Não que Deus necessite de minha permissão (pois seus planos não podem ser frustrados), mas o cristão cheio do Espírito Santo, remido por Cristo, passa a entender a necessidade de ser guiado pelo Espírito e nunca pela carne.
Paulo mesmo faz tal distinção em Gálatas 5 entre os que são da carne e os que são do Espírito. Note que ele diz em Gl 5. 24 que os que são realmente de Cristo já crucificaram a carne a fim de viverem em Espírito. E, para viver em Espírito e frutificar pelo Espírito (Gl 5.22) é necessário o percurso da humildade, do esvaziamento, da dependência de Deus.
Portanto, a vaidade, o orgulho, a soberba, a arrogância, a obstinação desenfreada, e outras tantas obras da carne “bem alimentada” não pode levar o indivíduo ao Eterno lar de Deus. Antes, esses estão já condenados em seus delitos como Paulo diz a Timóteo.
Mas os que são de Cristo e são como Cristo estão crucificando a carne dia-a-dia, sofrendo as aflições de Cristo, esvaziando de si mesmos para viver uma vida abundante na presença de Deus.
A humildade e a submissão do cristão refletem o seu temor a Deus. Temor que, por sua vez, reflete uma vida obediente e solícita para as coisas de Deus. Essa é a verdadeira sabedoria! Não há orgulho e nem vaidade! Há a certeza de que estamos bem e estamos trilhando o caminho certo, mesmo com as adversidades próprias de nosso século.
“Tu, porém, tens seguido a minha doutrina, modo de viver, intenção, fé, longanimidade, amor, paciência, Perseguições e aflições […]. Mas os homens maus e enganadores irão de mal para pior, enganando e sendo enganados. Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido, E que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus” (2 Timóteo 3:10-15).
Gabriel Felipe M. Rocha
Gabriel Felipe M. Rocha

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