sexta-feira, 10 de julho de 2015

Reflexão de quem quer servir a Deus melhor (ou de verdade)


SÍNTESE CRISTÃ

Refletindo sobre a Escritura, a fé e a conduta cristã!


(Gabriel F. M. Rocha)
Quando Jesus dita a parábola do “bom samaritano” para um intérprete da Lei (Lc 10. 30-36), Ele queria fazer o magistrado olhar para além da teologia, da religião e da religiosidade. Como era esperado de um intérprete da Lei, aquele homem sabia muito sobre as Escrituras. Certamente ele conhecia bem os aspectos políticos, econômicos e sociais de sua nação também. Além de tudo isso, ele tinha uma excelente posição social e religiosa pelo título que carregava. Mas faltava para ele conhecer quem era o seu próximo!
O que é interessante nessa passagem bíblica é que, quando o intérprete da Lei testa Jesus perguntando sobre como herdar a vida eterna, Jesus pergunta ao mesmo sobre o que a própria Lei diz. Tipo: “você deve conhecer a resposta que está procurando, pois não é o conhecimento da Lei que define o seu título?”. E, como é esperado de um bom teólogo e conhecedor das escrituras, o homem respondeu corretamente:
“Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo”.
Porém, existe um abismo enorme entre conhecer e praticar.
O homem, então, logo retruca: “quem é meu próximo?”
Não posso especular muito, mas creio que essa a segunda pergunta desse homem poderia partir de duas intenções básicas. Primeiro: ele realmente não sabia quem era o seu próximo. Segundo: ele talvez tenha perguntado: “quem é o meu próximo” no sentido de: “quem é semelhante a mim ou próximo a mim no que diz respeito ao meu conhecimento, meu magistrado e minha posição religiosa para que eu possa, de fato, chamar de ‘meu próximo? ’” Essa segunda hipótese supõe “o próximo segundo as minhas conveniências”, o que muitos têm conhecido. Exemplo: “Meu próximo é o que professa a mesma fé que eu professo!” e por aí vai…
Bem, na verdade tanto faz qual tenha sido a intenção real da pergunta daquele homem! As duas possibilidades significam a miséria da religião sem amor. Conhecer teologicamente a religião e não praticar a verdadeira religião é miséria e vergonha.
Será que a minha teologia e a minha missão têm partido do amor como única intencionalidade? Ou será que as intenções de meu coração são outras? Será que o muito estudar e conhecer só tem servido para alimentar o meu ego? Será que a minha missão tem servido para eu convencer a mim mesmo e aos outros de como bom e generoso eu sou? Será que ambas têm sido moedas de troca para fins superiores.
A verdadeira teologia é um bem em si mesmo, pois a verdadeira teologia (a Sã Teologia) supõe o amor. Conhecer a Verdade e o Bem e não conseguir amar é impossível! Conhecer a Deus e desprezar a sua vontade é condenação! Da mesma forma, a verdadeira missão é um bem em si mesmo. Fazer o bem porque ama é realizar-se com o próprio bem, sabendo que a missão é louvor a Deus e possibilidade de edificação do outro! Nunca o “eu” deve ser visto! Não mesmo!
A verdadeira teologia e a verdadeira missão é uma afronta ao ego. A verdadeira teologia transcende as letras e as teorias. A verdadeira Teologia vence as barreiras que a religião impõe. A verdadeira teologia deságua na missão. E a missão, por sua vez, é o sentido da verdadeira Teologia! Ambas são compostas pelo sentido da cruz. Isso mesmo: elas refletem a mensagem da cruz. Primeiro porque ela pede para o “eu” morrer para o Espírito guiar. Segundo, porque é nossa tarefa e nossa missão, como a cruz foi a missão de Cristo na terra. Eis, portanto a cruz! A Teologia como um relacionamento vertical entre Deus e eu vai de encontro com a missão que, tão logo, implica no relacionamento horizontal (eu e o próximo). A missão, portanto, dá sentido à Teologia e a torna eficaz.
Essa é a eficácia da mensagem da cruz: o “eu” está crucificado com Cristo e não vive mais. Mas Cristo vive em mim e a vida que agora vivo, eu vivo pela fé. Cristo vive em mim! Se Ele vive em mim, sua missão se estende por meio de mim.
Aquele homem conhecia muito, mas estava cheio de si e longe de Deus. Muitos estão longe de Deus! Eu também posso estar longe de Deus se tudo isso que escrevi até aqui for vazio de sentido e de amor…
Portanto, responder com clareza e com convicção “quem é o meu próximo” é impossível sem o pressuposto do amor. É possível amar e discernir o próximo sem religião e dogmas, mas é impossível servir o próximo sem amor. Por isso, diante de muitos fatos, eu creio que existem muitas teologias sem amor. Não quero que a minha seja uma delas…Não quero que minha missão seja vazia…
Quem conhece a Deus, de fato, o ama e quem o ama guarda os seus mandamentos. Quem ama a Deus serve o outro, pois reconhece o seu próximo.
A Sã Teologia triunfa na missão!
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