Por quê Jesus não
anda com os fariseus?
Lucas, no capítulo 15 de seu livro,
registra um diálogo entre Jesus e os fariseus, que reclamavam do fato de Jesus
receber e comer com publicanos.
A queixa deles fazia sentido: os
publicanos eram gente que havia traído Israel e se tornado, alguns, cobradores
de impostos para os romanos. Eram como os que, na segunda guerra mundial,
colaboraram com os nazistas que haviam invadido o seu próprio país.
Para os fariseus, o que faria sentido seria Jesus
andar com eles, afinal, entre eles e Jesus, havia mais concordância doutrinária
do que entre Jesus e qualquer outro partido judaico.
Jesus respondeu-lhes contando três
parábolas: a ovelha perdida, a moeda perdida e o filho perdido.
Parábola é uma “estória” com fundo moral,
para destacar um ensino.
Nessas três parábolas Jesus explica aos
fariseus porque não andava com eles.
Na parábola da ovelha perdida, Jesus
pergunta: Que pastor, tendo cem ovelhas, ao
perder uma, não deixa no DESERTO as noventa e nove e sai à procura da perdida,
e, quando a encontra, vai direto para casa para festejar com os amigos?
A resposta para essa pergunta é: nenhum
pastor faria isso, pois perderia as noventa e nove, e tudo o que teria seria a
ovelha perdida, se a encontrasse. A menos que estivesse abandonando as noventa
e nove.
Era isso que Jesus estava a fazer,
abandonando as noventa e nove. As
noventa e nove ovelhas representavam os fariseus.
Jesus explica tê-los abandonado porque
há mais alegria por um pecador arrependido, do que por noventa e nove justos
que não precisam de arrependimento.
Por que Deus não ficaria alegre com noventa e nove
justos que não precisam de arrependimento, se, como disse o salmista: Deus conhece o caminho dos justos? (Sl 1).
Porque justos são os que sempre se arrependem e não os que se julgam não necessitados de
arrependimento.
Os fariseus eram assim, se julgavam
justos que não precisavam de arrependimento, mas Jesus os denunciava por serem
justos aos seus próprios olhos, mas não
justificados por Deus (Lc 18.11-14).
É muito fácil nos tornarmos “fariseus” e, por isso, perigoso. Será que
todos na igreja são justos? Os fariseus não representam os “de fora”, mas sim “os
de dentro”. Bem, sabemos que existem joios e trigos e, embora se pareçam, vendo
mais de perto (na luz do Espírito Santo) sabemos diferenciar pelas obras e
frutos de cada um.
A verdadeira justificação se passa no contexto da cruz. Todos para serem
salvos e justos diante de Deus devem olhar para a cruz, entender o sentido e a
mensagem da cruz e, com sinceridade dizer (ou cantar): “Sim, eu amo a mensagem
da cruz...”. Hoje o sangue de Jesus opera nos justos essa vida, na qual andamos
com Deus e Deus anda conosco. Deus escolheu andar com os seus. Mas e os “Auto-justificados”?
Esses escolheram andar sem Cristo, portanto Cristo também os nega.
Na parábola da moeda perdida, Jesus diz
que ele é como a mulher que, tendo perdido moeda de uma dracma revira toda a
casa até encontrá-la, e, ao encontrá-la, chama vizinhas e amigas e faz uma
festa. Jesus está chamando a atenção para o valor sentimental, porque, fazer
uma festa, por causa de reencontrar tal moeda, era, no mínimo, desproporcional.
Provavelmente, a moeda fazia parte de uma tiara, e a busca tinha a motivação
emocional de quem queria remontar um adorno preferido.
Pois assim foi com
Jesus para com a Igreja. Cada um de nós que antes estávamos longe de Deus,
fomos ‘achados’ e trazidos para perto de Deus, pois Ele tinha uma Obra perfeita
e uma Igreja preferida (não se refere à denominações), um adorno especial
(Igreja ataviada para as Bodas) e, pela GRAÇA fazemos parte desse adorno (Obra
Redentora).
A casa é Israel, e o que é revirado é tudo o que os
fariseus, por conta própria, chamaram de sagrado, e que só servia para passar
uma imagem falsa de Deus, afastando os seres humanos da possibilidade do
arrependimento. Seres humanos que, para Deus, valem o mais alto e profundo
sacrifício.
Na parábola do filho perdido, Jesus
concorda com os fariseus quanto aos publicanos: deixa claro que são pessoas que
jogaram para o ar tudo o que tinham juntado ao pai, para viver dissolutamente,
seduzidos pelos romanos, que, por fim, apenas lhes estavam oferecendo viver
numa pocilga.
Mas o Pai jamais desistiu dos publicanos, mantendo-lhes
aberta a porta do arrependimento.
Entretanto, os fariseus, a exemplo do irmão mais velho, não o
admitiam. Entendiam-se como juízes de seus irmãos, não dando crédito ao
arrependimento dos mesmos, até por julgá-los incapazes de tal ato.
Os fariseus, como o irmão mais velho,
não conheciam, de fato, o Pai, e não o amavam; pior, entendiam que o Pai tinha
uma dívida para com eles, por causa da fidelidade com que o serviam, sem nada
receber em troca. E, em não amando o Pai, não amavam a ninguém. E quem não ama
não considera a possibilidade do arrependimento do outro. Isso é fato!
O filho mais velho na parábola tinha a sua própria ceia, com bodes e
cabritos. O fariseu de hoje está no mesmo contexto: Vive na casa do Pai, mas
suas intenções não estão em sintonia com o Reino.
Jesus, em muitos casos, podia até ter o mesmo
enunciado que os fariseus, mas não tinha o mesmo coração.
E… Como disse o poeta, pastor e
compositor Claudio Manhães: “Diferente é o coração, a diferença é o coração!”
A boa doutrina, a sã doutrina na Obra do
Espírito Santo, a boa semente tem de, necessariamente, gerar um bom
coração, senão será, mesmo que correta, um enunciado vazio, por não ter
frutificado no coração de quem a prega. A semente, a doutrina e a Obra do Espírito Santo jamais perderão o
valor, mas em nada valerão e não terão nenhuma eficácia dentro de corações que
estão afastados de Deus.
Deus tem nos chamado para sermos servos, amigos, igreja fiel, por fim,
portadores de uma Herança incorruptível.
A paz de nosso Senhor Jesus!
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