segunda-feira, 13 de maio de 2013

DEUS TEM MÃE?


Deus tem mãe?

12 de Maio  é o tão comemorado o Dia das Mães, uma data que não deixa de ser especial e bela e, como não poderia ser diferente, uma velha discussão vem novamente à tona: será que Deus, o Eterno Criador e a Causa Primeira de tudo, também tem uma mãe? Sem querer me aprofundar muito no tema, que também já foi tratado por mim aqui, ,elaborei dez pontos a seguir que nos indicam claramente que não, Deus não tem uma mãe:

1º Porque, em primeiro lugar, para ser considerada como “mãe de Deus” devemos levar em conta o conceito trinitário de Deus. Deus não se limita apenas ao Pai, apenas ao Filho ou apenas ao Espírito Santo, mas o Pai, o Filho e o Espírito Santo é o único e verdadeiro Deus. Portanto, para Maria ser considerada como “mãe de Deus” teria que também ser mãe do Pai e do Espírito Santo. Senão, poderíamos nos utilizar exatamente do mesmo silogismo empregado pelos católicos contra eles mesmos:

a) Maria não é mãe do Pai;
b) O Pai é Deus;
c) Portanto, Maria não é mãe de Deus.

a) Maria não é mãe do Espírito Santo;
b) O Espírito Santo é Deus;
c) Portanto, Maria não é mãe de Deus.

2º Além disso, mesmo em se tratando de Jesus Cristo, devemos considerar que Maria foi mãe deledurante os 33 anos em que este esteve aqui na terra, e não na eternidade. Maria não pode ser considerada como mãe de Jesus enquanto este já existia desde a eternidade e esta nem sequer havia nascido ainda, tampouco na condição de Criador/criatura. Para alegar que Maria continua sendo mãe de Cristo seria necessário provar, antes de mais nada, que Jesus manteve a mesma natureza terrena também depois de já haver adentrado os céus, para que Maria seja biologicamente mãe de Deus. Ocorre, porém, que Deus é espírito (Jo.4:24), e um espírito não possui carne nem ossos (Lc.24:39). Jesus, em sua condição celestial, não está mais em carne (Hb.5:7), e, portanto, não possui a genética humana, razão pela qual Maria não é mais biologicamente ligada a Ele.

3º Ademais, dizer que Deus tem mãe por Maria ter sido mãe de Jesus na terra faz presumir outros absurdos ainda maiores, como o de, por exemplo, Deus ter um pai ou padrasto que é José, irmãos (ou “primos”, como os católicos preferem) e outros parentes. E por essa mesma linha, a mãe de Maria é avóde Deus, a avó de Maria é bisavó de Deus, a bisavó de Maria é tataravó de Deus, e por aí vai numa sucessão infindável até chegarmos em Eva. Assim, Eva seria parente de Deus em um grau bem distante! O que é mais racional: pensar que Deus tem mãe, tem irmão de carne, tem pai, tem primos, tem avó, bisavó e tataravó (e isso tudo em sentido biológico e genético), ou crer que todos estes citados são apenas criaturas de Deus, fazendo a correta distinção já citada entre o celestial e o terreno?

4º Levando-se em consideração que só se é mãe daquilo que gera, devemos perguntar: Maria gerou a divindade de Cristo? Não! Maria gerou apenas a natureza humana de Jesus, enquanto este esteve “nos dias de sua carne” (Hb.5:7). A natureza divina de Cristo sempre existiu, é eterna, vem de muito antes de Maria sequer existir. Alegar que Maria é mãe de Deus implica em cair em dois absurdos: o de alegar que pode ser mãe de algo que não foi gerado por ela, ou o de que Maria gerou sim a divindade de Cristo. No primeiro caso, Maria seria mãe apenas da humanidade de Jesus, não da divindade (e, portanto, mãe de Jesus homem, não da divindade de Cristo), enquanto que no segundo caso Maria teria de ser anterior à natureza divina de Cristo para tê-la gerado, o que é impossível, visto que Jesus é Criador e Maria criatura.

5º Colocar Maria no patamar de “mãe de Deus” (Theotókos) é uma abominável heresia que chega até mesmo a ser blasfêmia, no mesmo nível dos povos pagãos que sempre tinham uma “deusa-mãe” que era considerada a “mãe de Deus” por estes povos. Os católicos rejeitam o título de “deusa-mãe”, mas aceitam o de “mãe de Deus”, numa tentativa de camuflar a sua nítida ligação com os povos pagãos, tais como Ísis, cultuada no Egito como a “mãe de Deus”. Curiosamente, ela também detinha o título de“Rainha dos Céus” (Je.7:18; 44:17-25), exatamente o mesmo que os católicos atribuem hoje a Maria, além de “Nossa Senhora”. Este sincretismo claro com o paganismo evidencia que considerar Maria como a mãe de Deus não é meramente uma afirmativa da divindade de Cristo, como alegam os católicos, mas sim a defesa de um sincretismo religioso pagão no qual Maria é cultuada com os mesmos títulos e atribuições que os pagãos ofereciam à sua deusa-mãe, a Rainha dos Céus.

6º Ainda que essa questão seja delicada e possa vir a escandalizar muitos, deveríamos perguntar: Deus tem pênis? Óbvio que não. Mas a natureza humana de Jesus tinha. Não conseguir diferenciarclaramente como dois extremos distintos a natureza humana de Cristo na terra da natureza divina de Cristo no Céu nos levaria a inúmeros absurdos, indo muito além do mencionado acima. Se Maria é mãe de Deus por ter sido mãe de Jesus durante 33 anos enquanto este esteve em carne aqui na terra, então Deus possui todas as características físicas de Cristo-homem. Mas se essas características já não fazem parte dEle, como Deus, então como Maria pode ser considerada mãe de Deus?

7º Se Maria é mãe de Deus por ter sido mãe de Jesus na terra, então deveríamos concluir que Deus morreu na cruz. Ora, isso é um absurdo, visto que a Bíblia ensina que Deus é imortal, Ele não pode morrer em circunstância nenhuma (1Tm.6:16). Então, se Deus é imortal e não pode morrer, segue-se logicamente que Deus não morreu na cruz. E, se Deus não morreu na cruz, Maria não pode ser chamada de mãe de Deus, visto que ela tinha sido mãe exatamente daquele Jesus que foi pregado e morto numa cruz.

8º Uma outra pergunta semelhante é: Deus nasceu depois de nove meses? Se sim, isso nos levaria a crer que Deus teve um começo, o que vai totalmente contra a crença teológica universal de que Deus é a Causa Primeira, é o Eterno, aquele que não teve começo e nem terá fim de dias (Hb.7:3). Portanto, Deus não teve um começo, Ele não nasceu do ventre de Maria. E, se Deus não nasceu depois de nove meses, isso significa que Maria pode ser considerada mãe do Filho de Deus, ou mãe de “Jesus Cristo homem” (1Tm.2:5), mas não mãe de Deus, se Deus não nasceu no ventre dela. Mãe de Deus é uma terminologia errada, que pode perfeitamente ser substituída por várias outras que podem se aplicar devidamente.

9º Temos que lembrar também que Jesus se esvaziou quando se tornou homem, conforme diz Paulo:“mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo” (Fp.2:7). Ele “não teve por usurpação ser igual a Deus” (v.6). No registro conservado do apóstolo Tadeu, que conviveu com Cristo, confirmamos a interpretação de que este esvaziar implicou em depor a própria divindade. Isso foi registrado por Eusébio de Cesareia, que fez menção às palavras de Tadeu nas quais ele afirma que Jesus depôs a sua divindade ao se fazer humano:

"E Tadeu respondeu: Agora guardarei silêncio. Mas amanhã, já que fui enviado para pregar a palavra, convoca em assembleia todos teus concidadãos, e eu pregarei diante deles, e neles semearei a palavra da vida: sobre a vinda de Jesus: como foi; e sobre sua missão: por que o Pai o enviou; e sobre seu poder, suas obras e os mistérios de que falou no mundo: em virtude de que poder realizava isto; e sobre a novidade de sua mensagem, de sua humildade e humilhação: como se humilhou a si mesmo depondo e reduzindo a sua divindade, e como foi crucificado e desceu ao Hades, e fez saltar o ferrolho que desde sempre prevalecia e ressuscitou mortos, e como, tendo descido só, subiu a seu Pai com uma grande multidão" (História Eclesiástica, Livro I, 13:20)
 
Significado de Depor
v.t. e v.i. Pôr de parte, pôr no chão, deixar alguma coisa que se trazia.

Portanto, Maria foi mãe de Jesus enquanto este esteve esvaziado de seus atributos da divindade, e não como Deus. Isso explica o porquê que Ele não sabia qual o dia da Sua própria volta (Mc.13:32), pois já havia se esvaziado do atributo da onisciência, e o porquê que Ele não pôde (ao invés de “não quis”) realizar milagres em certa ocasião por causa da incredulidade do povo (Mc.6:5), pois já havia seesvaziado do atributo da onipotência.

Somente sendo plenamente humano Jesus pôde ser verdadeiramente tentado no deserto (Mt.4:1), pois Tiago nos diz que “Deus não pode ser tentado” (Tg.1:13). E exatamente por ter sido plenamente humano como nós que hoje nós podemos nos espelhar no exemplo de Cristo que venceu o maligno como homem, para que, na mesma posição de humanos e não na de um Deus-homem, possamos vencer também da mesma forma que Ele venceu (Hb.4:14-16). Por isso podemos dizer que Ele foi igual a nós“em todos os aspectos” (Hb.2:17).

10º Finalmente, devemos ressaltar que a crença de que Maria foi mãe de Deus não se encontra na Bíblia, pois em lugar nenhum Maria é relatada como sendo “mãe de Deus”, este título é completamente omitido com relação a ela. Ao invés disso, vemos dezenas de citações nas quais Maria é relatada como sendo mãe de Jesus, contra zero dizendo que era mãe de Deus. Isso revela que, no mínimo, os apóstolos e evangelistas eram muito mais cuidadosos nessa questão do que os católicos atuais, que sem papas na língua dizem por todos os quatro cantos da terra que Maria é mãe de Deus, coisa na qual todos os escritores bíblicos foram suficientemente cautelosos para nunca dizerem isso.

Então, podemos afirmar, sem medo de errar, que não, Deus não tem uma mãe.

Paz a todos os que estão em Cristo.

Artigo extraído da apologética de Lucas Banzoli
Adaptações para o blog e informações somativas de Gabriel Felipe

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