“Eu sou devedor, tanto a gregos como a bárbaros, tanto a
sábios como a ignorantes” (Rm 1.14)
Bem, o contexto da frase acima é o seguinte: Paulo
expressa um desejo em visitar alguns cristãos romanos a fim de edificá-los na
fé, confortá-los e comunicar-lhes algum dom espiritual (Rm 1. 10-12). No v. 14,
Paulo expõe o motivo de ir ter com eles e anunciá-los o Evangelho de Jesus
Cristo: “[...] eu sou devedor, tanto a gregos como a romanos, tanto a sábios
como a ignorantes” (1.14). E logo completa: “estou pronto para também vos
anunciar o Evangelho para vós que estais em Roma” (v.15). A verdade do
versículo 14 é, portanto a seguinte: Paulo tinha o seu trabalho missionário em
outras igrejas já conhecido pelos irmãos de Roma. No entanto, Paulo precisava
passar também por lá. Ele cita gregos e “bárbaros” exatamente por isso: havia
corrido a notícia de seu trabalho evangelístico em várias cidades gregas. E o
termo “bárbaro” era uma expressão pejorativa que dizia a respeito daqueles que
não eram da cidadania romana e do contexto cultural de Roma.
Pois bem, o que quero destacar nesse contexto é o
seguinte: Paulo expressou uma dívida de amor para com os romanos, uma vez que
compartilhou amor e entrega pessoal aos irmãos gregos. Sua expressão de dívida
era tão verdadeira que, certa vez disse: “ai de mim se não pregar o
Evangelho...” (1 Cor. 9: 16). No versículo 6, Paulo, portanto, diz:
“vocês também foram chamados para serdes de Cristo”.
E Paulo estava
certo. Ele falava para um grupo de eleitos em Roma.
O que quero trazer para nosso contexto?
1)
A igreja (que ali foi representada na
pessoa de Paulo) tem hoje um trabalho estabelecido aos arredores no mundo.
Contudo, sua missão não chegou ao fim. Ainda existe um povo grande para ser
alcançado pela mensagem do Evangelho. Nós, que fomos alcançados pelo Evangelho
e achados pela graça e misericórdia, temos uma dívida de amor para com aqueles
que hão de ser chamados para o Evangelho (ao Senhor pertence a salvação!)
2)
Não temos uma “dívida” com Deus, pois
nossa redenção foi por soberana generosidade e, por outro lado, jamais
pagaríamos tal dívida, por isso Cristo pagou por nós. O que temos, de fato, é
uma dívida para com o próximo, pois a mesma generosidade que mirou minha vida
deve ser compartilhada com o outro. Nesse sentido, sou devedor do meu próximo e
minha dívida aumenta quando não compartilho daquilo que a mim foi confiado com
amor, a saber, uma mensagem! Que mensagem? A do Evangelho! Como distribuir? Com
a pregação e com gestos; com palavras e com exemplos; com intrepidez e com
compaixão. Com intolerância ao pecado e com tolerância total ao pecador.
3)
Embora possa haver reclamação, apelação,
difamação, afronta, ofensa, escárnios, perseguição, erro, intolerância, etc. (e
muito disso tudo Paulo sofreu e a igreja primitiva também; assim como também
falharam e erraram), a Igreja tem o seu trabalho, de alguma forma, reconhecido
aos arredores do mundo. Por isso, nossa dívida se faz maior com aqueles que
ainda não foram visitados, alimentados, acolhidos, vestidos, libertos, etc.
4)
Temos uma dívida com os sábios, pois,
para os sábios, devemos dar bom testemunho e apresentar bem o fundamento de
nossa fé. Devemos apresentar aos sábios deste mundo, aos sábios da nossa
igreja, aos sábios do Facebook, aos sábios blogueiros, etc. os fundamentos e a
racionalidade da nossa fé numa santa, boa e perfeita teologia! De outro modo,
devemos ao sábios o bom exemplo da humildade.
5)
Devemos aos ignorantes: A) Devemos ao ignorante cujo termo diz
respeito daquele (ou daquela) que não tive a oportunidade de aprender e
diplomar-se. E, por isso, devemos a nossa compreensão, simplicidade, acessível
exposição da mensagem do Evangelho e devemos o ensino. B) Devemos também ao ignorante que ignora intencionalmente algumas
verdades do Evangelho por não querer ser confrontado; devemos ao ignorante que
quer difamar e afrontar a fé alheia exigindo, ao mesmo tempo, respeito e
tolerância; devemos ao ignorante que deturpa a sã teologia (ou a Sã Doutrina)
para promover um “outro evangelho”; devemos ao ignorante religioso que, mesmo
carregando o título de “evangélico” por décadas, ainda ignora a graça do
Eterno, etc. Devemos!
O que dizer para esses?
“[...] Estou pronto para vos anunciar o Evangelho” (v.
15)
“Porque não me envergonho do evangelho
de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê;
primeiro do judeu, e também do grego.
Porque nele se descobre a justiça de
Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá pela fé. Porque do céu
se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que
detêm a verdade em injustiça” (v. 16-18)
“A ninguém devais coisa
alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos
outros cumpriu a lei” (Rm 13: 8)
Gabriel Felipe M. Rocha
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