sexta-feira, 4 de julho de 2014

Análise de 1 Coríntios 1: 7 e 8

Análise de 1 Coríntios 1: 7 e 8

"De modo que não falta a vocês nenhum dom espiritual, enquanto vocês esperam que o nosso Senhor Jesus Cristo seja revelado. Ele os manterá firmes até o fim, de modo que vocês serão irrepreensíveis no dia de nosso Senhor Jesus Cristo." (1 Coríntios 1:7-8)


Será que o versículo acima se refere aos diversos dons naturais (ou talentos), como: louvar, tocar, servir, oratória, ministrar, etc. ou refere-se aos dons do Espírito Santo mencionados por Paulo ainda na primeira carta aos coríntios no capítulo 12? Eis a questão!


Bem, na verdade, analisando os originais, vemos que o termo "dom" é o mesmo empregado por Paulo ao falar dos dons do Espírito Santo em sua primeira carta aos coríntios.

Isso não refuta a ideia de se tratar, talvez, de dons ou talentos naturais, mas a língua grega (coine/ usada na escrita do Novo Testamento) traz algumas pegadinhas e dá sempre dicas importantes. Por exemplo: o fato de Paulo mencionar "dom espiritual" dá já uma ideia explícita de algo oriundo do Espírito como algo dado (em e por graça) por Deus e não um talento específico que poderia ter nascido com a pessoa. O termo "dom espiritual" está como "dorea"/ uma dádiva, uma graça (de karis) e "pneumátikos" (do espírito). Portanto, podemos crer que pode se tratar ali de dons espirituais conforme relatado em 1 coríntios 12, ou seja, Paulo está falando sim dos dons espirituais do Espírito Santo como algo fundamental para a Igreja. Pois, através desses dons, o Espírito Santo dirige e assegura a igreja quanto às coisas concernentes ao espiritual. Os dons promovem a edificação pessoal, a corroboração e a confirmação da mensagem bíblica, edifica o Corpo de Cristo e seus membros em particular, guia a igreja em trabalhos missionários e evangelísticos, acrescenta a fé por meio dos sinais (que acompanham os que crêem) e dá a possibilidade de uma comunicação mais íntima entre a igreja (cada um de nós) com Deus por intermédio do Espírito Santo, na Revelação de Jesus Cristo.

Essa idéia se sustenta assim, pois a exortação de Paulo para que não faltem os dons do Espírito está diretamente relacionada ao anseio por parte dos crentes de Corinto de contemplarem o Senhor glorificado. Portanto, para que haja a revelação de Jesus, deve haver a operação do Espírito Santo.

Mas há uma advertência: Paulo em momento algum em sua carta aos coríntios coloca os dons espirituais em um patamar superior em relação a Palavra de Deus, a saber, as Escrituras. Inclusive, ela, a Palavra de Deus, é quem revela o Cristo glorificado por intermédio da Revelação obrada pelo mesmo Espírito Santo. Os dons na igreja devem apenas confirmar a mensagem e a verdade bíblica, sem ultrapassá-la e sem acrescentar algo a ela. Mas, antes, deve corroborar com a mensagem do Evangelho e com a Revelação de Jesus Cristo nas Escrituras. Ela (as Escrituras) é quem promovem a fé (pois a fé vem pelo ouvir a Palavra) e é ela (a Palavra de Deus) quem produz o genuíno avivamento espiritual.

Por fim, Paulo deixa isso severamente claro para que a igreja caminhe seu caminho e realize sua missão (já revelada nas Escrituras) em constante glorificação, edificação e que a mesma possa ser guiada com segurança pelo Espírito Santo, tendo como alvo a Cristo e sua grandiosa redenção. A Palavra, enfim, é quem mostra (revela) o Jesus glorificado à Igreja e os dons espirituais confirmam em edificação e sinais a mensagem do Cristo vivo. A igreja deve ter (dinamicamente) experiências pessoais com Jesus Cristo. Portanto, Paulo assevera: “Ele (Jesus) os manterá firmes até o fim, de modo que vocês serão irrepreensíveis no dia de nosso Senhor Jesus Cristo”.

Os dons espirituais devem promover também a separação e a santificação da igreja em relação ao mundo. O termo "irrepreensível" dá a ideia de "não haver nenhuma condenação" ou "nenhum pecado", mas, antes, devemos caminhar em Jesus (o Caminho). Os dons espirituais então são resultados da graça divina para que a igreja tenha sempre uma experiência pessoal com Jesus Cristo. No entanto, os mesmos dons (como em específico o de discernir espíritos) devem servir para que a igreja não se abra a experimentalismos estranhos e evidenciem mais o dom espiritual do que a pregação pura do Evangelho. É a Palavra quem deve ser o referencial único a qual Cristo será revelado. Os dons virão como a confirmação em edificação pessoal e conjunta da mensagem da cruz.

Em fé, edificação espiritual e dependência do Espírito Santo, a Igreja caminha firme até a volta gloriosa de Jesus.



Gabriel Felipe M. Rocha

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