quinta-feira, 4 de junho de 2015

O boicote de Malafaia e a postura cristã


SÍNTESE CRISTÃ

Refletindo sobre a Escritura, a fé e a conduta cristã!


(clique no quadro acima para acessar o site)

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Pediram minha opinião sobre o caso do “boicote à Boticário”. Bem, confesso que estou com uma preguiça de falar disso, pois tenho mesmo uma enorme preguiça de falar sobre coisas que envolvem os ditos “evangélicos”. Essa turminha não me representa! Minha preguiça é ainda maior quando se trata de figurinhas como Silas Malafaia, Thalles Roberto, Feliciano e cia.
Mas o que eu penso é isso:
Achei super fera o trabalho do fulano (a) que pensou o comercial. Fez um comercial legal, bem feito e respeitoso. A linha de cosméticos da empresa O Boticário quer vender seus produtos para héteros e também homossexuais. E, numa visão certeira do contexto social e familiar que o país já vive (e não é de agora), a empresa deu seu tiro certo e – na minha opinião – soube explorar bem esse contexto respeitando as duas partes. Galerinha, a realidade está aí! O que a Igreja deve fazer? O que eu como parte da Igreja devo fazer? Boicotar? Como escreveu bem Rodrigo Bibo de Aquino, se o “eu crente” devo boicotar a empresa “O Boticário”, numa questão de coerência (no mínimo) o “eu crente” deveria boicotar muitas outras empresas, instituições, marcas, etc. Aliás, creio que o “eu crente”, como quer o famigerado pastor assembleiano Silas Malafaia, deveria boicotar o mundo, ficar preso em casa e morrer no estado de puro subjetivismo, uma vez que o aspecto intersubjetivo (o eu em relação com o outro) já não funciona muito bem na proposta teológica e no ambiente religioso dos atuais “evangélicos”.
É claro que o boicote em si tem seu devido lugar e é válido em muitos outros contextos. Exemplo: sou a favor do ato de greve e greve é, de certa foma, um tipo de boicote. Mas, no exemplo da greve (assim como outros exemplos de boicotes), a natureza do ato é justificado por finalidades legítimas e, muitas vezes, os meios para os tais boicotes também são legítimos. Já a natureza do “boicote à Boticário” é um ato de abstração e o fim do boicote ”malafaniano” não é a luta pela legítima defesa do Evangelho. Nem mesmo prevê a legítima manifestação contra o pecado, mas sim o ataque e o repúdio a pessoas. A pregação do Evangelho não insinua ataques, pois o conteúdo do Santo Evangelho é a graça de um Deus generoso. Portanto, minha crítica vai à natureza do boicote proposto pelo neopentecostal Silas Mafafaia.
Eu (Gabriel) não apoio a união homoafetiva. Eu tenho argumentos que me permitem dizer isso e tenho fundamentos sólidos que me permitem posicionar assim. Nem por isso sou fundamentalista (numa outra ocasião eu falo disso). Contudo, devo enfrentar com outra ótica e com outro trato a realidade que envolve a questão do homossexualismo. Como cristão, não posso simplesmente “aceitar” “porque tem sido assim mesmo”, etc.. Devo, com base na Escritura Sagrada (minha base de fé e prática), me posicionar a favor da estrutura familiar que julgo estar correta (correta não só em relação à Bíblia, mas em relação à própria ordem natural-cosmológica). O homem foi feito para a mulher e a mulher para o homem e, nesse consenso, reside a estrutura que pode ser chamada de família.
No entanto, o “eu cristão” não deve se posicionar de forma tão estúpida, burra e maldosa (sim, maldosa) como querem os “evangélicos”. Quem boicota uma empresa por causa dos gays, poderá amanhã recursar matar a fome do morador de rua porque o mesmo é alcoólatra ou poderá recusar ajuda ao jovem que vive nos becos, pois “ele está assim por causa das drogas”, etc. Como disse com bastante propriedade pr. Bruno Barroso, eu não quero boicotar o Boticário por causa dos gays, pois não quero que o gays boicotem a igreja. E poderiam sim boicotar a igreja por causa da minha estupidez e por causa do meu “fundamentalismo sem fundamentos”.
Jesus precisa ser pregado! Pregado e anunciado como Ele é. Como a Palavra diz que Ele é e isso implica amor. Implica misericórdia, implica o reconhecimento da miséria alheia e isso tudo não sugere pedras. A pregação do Evangelho Santo implica dizer com todas as letras a Verdade segundo Deus e isso poderá confrontar (inclusive a mim mesmo… Sempre!). Mas fiquem calmos, amigos… A salvação pertence ao Senhor! O convencimento, ao Espírito Santo. O exemplo de vida e postura… Ah! Pertence ao Deus que se fez homem e viveu como nós e surpreendeu e congregou a muitos pelo seu gesto de misericórdia, afeto, generosidade, compaixão, entrega, (…).
Boicotar uma empresa por causa de gays é catar pedras no chão para jogar no pecador sem o total conhecimento e aplicação da graça. O conhecimento da graça, por sua vez, implica – como disse – a misericórdia! O conhecimento da graça sugere o exemplo, a paciência, o amor, o acolhimento, a generosidade, o respeito e dessas características evidencia o verdadeiro cristianismo. Portanto, não posso anunciar o Cristo dando boicote no mundo e nem naquilo que há no mundo, pois, mesmo não sendo do mundo eu estou no mundo e tenho um compromisso com ele e com aqueles que nele também habitam. Minha luz precisa brilhar muito aqui ainda e isso só acontecerá com exemplo de misericórdia e retidão, pois sou parte de Cristo e Cristo é assim…
Mas, creio que o boicote teria seu lugar de honra sim. Exemplo? Não frequentando as sinagogas desses líderes religiosos que desconhecem o poder da graça e ignoram o poder transformador do Evangelho. Boicotem os shows do artista gospel, do cachê altíssimo, cujas rendas de cada show não tem parte nenhuma destinada à missão do Evangelho. Boicotem a teologia furada e maldita da “prosperidade”. Boicotem o falso evangelho da realização pessoal que tem esquecido da vida em comunidade. Boicotem a religiosidade cega. Boicotem o charlatanismo.
O cristão verdadeiro não vive dando boicotes, mas influenciando. Ser sal e luz significa posicionamento definido em relação ao pecado, ao engano, à mentira. O verdadeiro cristianismo jamais negocia com o pecado e tem uma mensagem firme a ser pregada. Mas, a vida cristã só é efetiva quando a graça de Deus se manifesta numa vida também generosa em relação àqueles que ainda não participam do bem, da alegria e da verdade contida na minha fé.
Que o amor de Cristo e sua Verdade inegociável possam fazer convergir um ao outro para a promoção da fé e da salvação. Jamis divergir sob a égide da “DEFESA DA FÉ”. Entendo que a fé só pode ser “defendida” com a pregação da Palavra e com o exemplo do amor de Cristo na própria vida…
É só isso que tenho para falar por agora.
Gabriel Felipe M. Rocha

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