O Sangue
(1º
parte: Antigo Testamento)
Sermão pregado por Dwight L. Moody. Na segunda metade do século XIX, na América.
“Porque a vida da carne está no sangue;
pelo que vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas
almas; porquanto é o sangue que fará expiação pela alma.” (Levítico 17:11)
Irmãos, amigos e leitores assíduos do
blog Palavra a Sério, a paz de nosso Senhor Jesus! Muitos questionam o “Sangue”
de Cristo como parte da doutrina evangélica e dizem que orar fazendo menção do
sangue (que é o Espírito Santo derramado) não é bíblico e, até insultam dizendo
ser um ato herege e que tal doutrina é invenção de um determinado grupo. Não sabem que heresia, na verdade é negar o sangue, pois, todo o projeto de redenção está condensado na Palavra de Deus através da figura do sacrifício.
Dwight L. Moody foi um pregador notável em sua
época. Vamos conhecer um pouco sobre ele antes de irmos para o artigo:
A Vida de Dwight L. Moody
Dwight L. Moody (1837-1899) tornou-se o maior evangelista do final do século XIX. Nascido numa fazen¬da em Northfield, Massachusetts, perdeu o pai com ape¬nas cinco anos de idade, o que obrigou sua mãe a criar nove filhos em meio a grande pobreza. Não é difícil entender por que Moody deixou a escola aos treze anos, em busca de melhores oportunidades. De vendedor de sapatos a negociante bem-sucedido, seus êxitos materi¬ais eram inegáveis.
Após a experiência de salvação, Moody começou a usar sua influência para ajudar os pobres e desabrigados em áreas urbanas - não se esquecendo de sua origem humilde. Já bastante próspero, desistiu dos negócios, e passou a trabalhar em tempo integral para estabelecer escolas dominicais e sustentar as obras da Associação Cristã de Moços (ACM).
Depois da Guerra Civil, continuou seu trabalho com as escolas dominicais. Nessa ocasião, conhece Ira D. Sankey, ministro de música e talentoso compositor de hinos. Juntos, sentiram o chamado para combinarem seus talentos, dedicando-se em tempo integral à evangelização. Moody e Sankey navegaram para a Ingla¬terra. A cruzada que promoveram terminou com gran¬de êxito em Londres, onde a audiência chegou a mais de dois milhões e meio de pessoas.
Voltando aos Estados Unidos, Moody continuou promovendo poderosas campanhas evangelísticas em muitas cidades importantes. Usando histórias práticas e humorísticas, compartilhava de seu amor por Cristo de uma forma simples, mas irresistível, resultando em milhares de decisões pessoais por Cristo. Seu amor pelos perdidos também o levou a iniciar um centro de treina¬mento para obreiros. Em 1886, ele começou a Socieda¬de de Evangelização de Chicago, hoje conhecida como Instituto Bíblico Moody.
Depois de pregar pessoalmente a cem milhões de pessoas em quarenta anos de carreira, Moody adoeceu e morreu durante sua última cruzada, em dezembro de 1899.
A contribuição incansável de Dwight L. Moody para o Reino de Deus, e seu contínuo amor pelos perdidos fazem com que sua memória permaneça para sempre.
Vamos então à
leitura?
Toda pessoa
deveria poder dar a razão da esperança que existe nela; e não creio que exista
homem algum que possa dar razão de sua esperança mais alem da tumba e que seja
estranho ao sangue de Cristo. Existem os que me dizem que eu apresento o plano
de salvação demasiadamente fácil, e que é uma loucura dizer aos homens que eles
podem ser salvos simplesmente confiando em Seu sangue expiatório. Não quero que
ninguém creia no que eu digo, mas sim no que está em conformidade com as
Escrituras; e a melhor maneira de aclarar isso é abrir a Bíblia e observar o
que ela diz.
A primeira porção
da Escritura sobre que irei chamar vossa atenção se encontra no principio da
Bíblia, em Gênesis: no capítulo 3, versículo 21, é dito: ―E fez o SENHOR
Deus a Adão e à sua mulher túnicas de peles, e os vestiu.‖
Nesse versículo
vemos o sangue pela primeira vez. Sem dúvida Deus não podia ter vestido a Adão
e Eva com peles de animais, a menos que tivesse derramado sangue. Foi um caso
em que o inocente morreu pelo culpado. É possível que esse fosse um tipo, já no
Éden, de Cristo, Ele que haveria de vir, o sacrifício que haveria de ser
imolado – e é possível que Adão falasse a sua esposa: ―Bem, ainda que Deus nos
lanço do Éden, nos ama e essa túnica é uma prova de Seu amor.‖
Alguém disse que
Deus colocou uma lâmpada de promessa na mão deles antes de lançá-los fora: ―A
semente da mulher esmagará a cabeça da serpente.‖
Para mim é uma
ideia muito doce o pecado coberto antes que Adão fosse lançado do Éden: o ato
de que Deus tratou a Adão com Sua graça depois de ter-lhe aplicado o juízo.
Alguém alguma vez pensou
no terrível estado de coisas que haveria resultado se o homem,
em seu estado de perdição e ruína, pudesse ter vivido para sempre? Foi por amor
a Adão que Deus o lançou do Éden, para que não pudesse viver para sempre. Deus
colocou o querubim ali com a espada flamejante. Porem, agora, veio Cristo e
tomou a espada em seu próprio seio e abriu de par em par as portas do Paraíso,
de modo que o homem possa entrar e comer da árvore da vida. Adão podia ter
vivido no Éden dez mil anos e então ser desviado por Satanás – porem agora ―nossa
vida está escondida com Cristo em Deus.‖ Sim, o homem está mais seguro com o
segundo Adão, fora do Éden, do que com o primeiro Adão no Éden.
O caminho do
homem e o caminho de Deus.
Vamos agora para Gênesis 4:3-4 ―E aconteceu ao cabo de dias que Caim trouxe
do fruto da terra uma oferta ao SENHOR, e Abel também trouxe dos primogênitos
das suas ovelhas, e da sua gordura; e atentou o SENHOR para Abel e para a sua
oferta.‖ Aqui temos
a dois jovens do mesmo pai, criados precisamente sob circunstâncias similares,
sob as mesmas influências e não há maneira de discernir diferenças entre os
dois até que oferecem um sacrifício. Abel traz sangue e é aceito – Caim se
apresenta à sua maneira, e é rejeitado. Sem dúvida, quando nossos primeiros
pais caíram, Deus marcou o caminho pelo qual o homem devia apelar a Ele – Abel
andou no caminho de Deus, porem Caim andou pelo seu mesmo. É possível que você
tenha se perguntado do por quê a oferenda de Caim não foi tão aceitável como
foi a de Abel – porem, um seguiu o caminho de Deus, e o outro o seu próprio.
Quem dera Caim tenha considerado que não podia tolerar a visão do sangue e
apresentou aquilo que Deus havia amaldiçoado e o colocou sobre o altar. Quem
sabe tenha dito: ―Não irei apresentar um cordeiro cheio de sangue. Não gosto
dessa doutrina, absolutamente. Aqui há excelentes grãos e frutos que consegui
com meu esforço, e isso, certamente, tem melhor aspecto do que sangue.‖
E hoje em dia
existem muitos Caimitas na Igreja. Estão tentando entrar no céu por seu
caminho. Levam para Deus suas boas obras. Preferem o que é agradável à vista,
como Caim com seu trigo e seu fruto – mas não lhes agrada a doutrina do sangue
expiatório. Desde o momento que Adão deixou o Éden tem existido Abelistas e
Caimitas. Os Abelistas passaram pelo caminho do sangue: os Caimitas pelo seu
próprio. Esses querem livrar-se da doutrina do sangue, porem podem estar bem
certos de que toda religião que menospreza o sangue é do diabo. Não importa que
o pregador seja eloquente – se ela fala contra o sangue está fazendo a obra do
diabo.
Não lhe escute. Se um anjo do céu pregasse outro evangelho, eu
não o creria. ―Cristo morreu por nossos pecados‖, esse é o evangelho que Paulo pregava,
que Pedro pregava, e esse é o evangelho que Deus sempre honrou para a salvação
das almas dos homens.
Sigamos a
corrente do tempo uns 2000 anos, e acharemos outra ocorrência importante.
Gênesis 8:20: “E edificou Noé um altar ao SENHOR; e tomou de todo o animal
limpo e de toda a ave limpa, e ofereceu holocausto sobre o altar.” Temos
passado agora da primeira dispensação para a segunda1 – e o primeiro que Noé fez foi colocar sangue entre ele e seus
pecados. A segunda dispensação se funda no sangue. Dessa maneira, Noé andou
pela via de sangue – para isso os animais foram levados através do dilúvio – e
todo o povo de Deus tem andado por essa via desde então, porque é o sangue que
expia o pecado.
1 Moody foi influenciado pelo Dispensacionalismo dos irmãos de
Plymonth,, e muitos de seus colaboradores diretos eram dispensacionalistas,
como Scofield e outros (N.T)
Vamos agora a
Gênesis 22:13 ―Então levantou Abraão os seus olhos e olhou; e eis um
carneiro detrás dele, travado pelos seus chifres, num mato; e foi Abraão, e
tomou o carneiro, e ofereceu-o em holocausto, em lugar de seu filho.‖ Deus amava tanto a Abraão que poupou a
seu filho Isaque, porem amava tanto ao mundo que não poupou a Seu próprio
Filho, mas sim o entregou por nós. É-nos dito que Abraão viu o dia de Cristo e
se alegrou: Não sei quando o viu, porem tenho a ideia de que foi nesse mesmo
lugar que Deus apartou a cortina do tempo para Abraão e lhe mostrou Cristo como
portador do pecado.
Olhemos
brevemente a cena. Há um altar, edificado por ordem de Jeová. Deus lhe diz que
tome a seu filho, seu único filho, a quem amava, o amarre e o sacrifique. Ele
amarrou o garoto. Tudo está disposto e agora Abraão toma o cutelo para
sacrificar seu filho. Ele não sabe o que isso significa, mas Deus o ordenou, e
ele obedece. Eu desejaria que houvesse homens como Abraão hoje em dia,
dispostos a obedecer a Deus de olhos fechados, sem perguntar o porquê, ou a
razão das ordens. Posso ver a Abraão quando abraça o seu filho e lhe apertar ao
peito e chora sobre ele. Pode-se ouvir que lhe diz o segredo que lhe havia
escondido por um instante. Que cena! Que luta deve ter sido a sua!
Agora está pronto a enviar o cutelo no coração do filho, porem,
ALTO! Ouve-se uma voz do céu: ―Abraão, Abraão, não toque no garoto.‖ Á, não se ouviu essa voz no Calvário,
ali não houve grito algum para deter o curso dos eventos. Deus deu a seu Filho
voluntária e gratuitamente por nós, o inocente pelos culpados, o justo pelos
injustos.
O sangue
aspergido.
Passemos agora
para Êxodo 12, um dos capítulos mais importantes do Antigo Testamento, no que
Deus coloca a toda a nação de Israel por trás do sangue. No versículo 13 lemos:
“E aquele sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; vendo eu
sangue, passarei por cima de vós, e não haverá entre vós praga de mortandade,
quando eu ferir a terra do Egito”.
Deus não disse: ―Quando
Eu veja vossas boas obras; quando veja como orais, chorais, gemeis, passarei
adiante‖, mas sim ―quando
veja o sangue‖. Não foram
as boas resoluções, suas lágrimas, suas orações, sua fé, o que salvou àqueles
homens no Egito – foi o sangue. Que é o que tinham que fazer para serem salvos?
Tinham que colocar o sangue nas vergas e nas ombreiras. Não tinham que
colocá-lo no umbral. Deus não quer que o sangue seja apagado. Porem é isso que
o mundo está fazendo hoje.
Alguns dizem que
o que conta não é a morte de Cristo, mas sim Sua vida. Porem, Deus não disse: ―Toma
um cordeiro sem mancha, branco, e coloque ele lá diante da porta, e quando veja
o cordeiro passarei de largo.‖ Se um israelita tivesse feito isso, o
anjo da morte teria passado por cima do cordeiro, teria entrado naquela casa e
teria posto sua mão sobre o primogênito. Um cordeiro vivo não haveria
preservado da morte naquela noite – o israelita teria caído como uma vítima
igual que o egípcio.
É provável que
quando alguns dos senhores egípcios que cavalgavam sobre Gôsen viram aos
israelitas aspergindo suas casas tenham dito que não haviam visto tolice
semelhante. É provável que pensaram que estavam sujando suas casas,
simplesmente. Cada casa tinha sangue. Os egípcios não o podiam entender. Porem,
naquela memorável noite, quando a morte entrou em cada casa, desde o palácio à
cabana, quando os gemidos subiram por toda a terra ferida, foi o sangue que
guardou os lares de Gôsen. Sim, é o sangue que deve cobrir nossos pecados.
Rogo-lhe que não permita que nada nem ninguém o remova desse
ponto. Deixe aos que se burlam, se mofam, riem e desprezam ao precioso sangue
do Filho de Deus. Ele é nosso refúgio e nossa esperança. Não podemos cobrir o
pecado com nenhuma boa obra que nós possamos fazer.
É muito comum
dizer: ―Se eu fosse bom como esse pregador do Evangelho, que é um veterano de
cinquenta anos de trabalho, ou essa pobre mãe israelita, que visitou aos
enfermos e mostrou amor para os pobres, me sentiria seguro de ir ao céu‖. Porem quero afirmar essa noite que
sim, estão guardados pelo sangue do Filho de Deus, estão tão salvos como o
melhor dos santos que tenha andando sobre a terra. Não é uma larga vida de boas
obras o que nos salva. Não é nossa utilidade como cristãos que será uma
recomendação diante de Deus. Certo, temos que fazer boas obras para Cristo –
sim, será melhor para nós no futuro se as fizermos – porem, isso não é a
salvação. Certamente, vocês têm que seguir a Cristo; e tem que imitar Sua vida
pura e santa. Irei mais longe, direi que é uma necessidade absoluta fazê-lo;
porem, ainda que se pregue a vida de Cristo para sempre, se a morte Dele é
deixada de lado, nenhuma alma será salva. O povo diz que é necessário fazer
obras, obras e mais obras para ganhar a salvação. Digo mil vezes que não!
Obtêm-se como um dom: ―Todo o que queira que a tome.‖ Vocês podem fazer tanto como queiram
uma vez que a salvação já é sua. ―Obrar a salvação.‖ Sim, porem isso se diz para cristãos,
gente que já possuía a salvação. Assim, primeiros temos que receber o dom e
logo começar a trabalhar. Recebemos a salvação como um dom e logo começamos a
trabalhar porque não podemos menos que isso. Toda a obra feita antes disso não
vale nada. Quando o anjo da morte passou pela terra de Gôsen aquela noite, o
bom e o mal foram destruídos conjuntamente. Em cada casa na que não havia o
sangue aspergido entrou o anjo destruidor – todavia, onde havia sangue nas
vergas e nos ombrais, mesmo que tivesse feito muitas obras como nenhuma, Deus
passou de largo.
O pequeno bebê da
mais humilde tenda estava tão seguro como Moises ou Arão, como Josué ou como
Calebe, tão salvos como qualquer outro israelita. Deus não disse: ―Verei o
palácio de mármore ou a mansão luxuosa – quando veja vossa vida de serviço ou
vossa fé‖, mas sim ―Quando
veja o sangue, isso será por sinal.‖ Não por amor a eles, mas sim por amor a
Cristo foi que o anjo passou deles naquela noite. Alguém disse que a mosca na
arca de
Noé estava tão segura quanto o boi. Era a arca a que salvava os
dois. Assim, Cristo salva ao discípulo débil tanto quanto ao forte.
Quando vocês
viajam de trem, e vão à estação, encontram toda espécie de gente. Todos possuem
seus bilhetes e se sentam em seus assentos. Quando passa o bilheteiro, ele vem
a pedir os bilhetes, e ele não olha quem é quem ou o que essas pessoas fazem. É
para ele o mesmo que sejam ricos ou pobres, sábios e ignorantes – ele olha os
bilhetes, e se os têm, passam. O bilhete é a amostra. Se você estivere guardado
detrás do sangue de Cristo, tanto faz que seja ignorante ou que seja pobre –
você é tão salvo como o mais rico e o mais sábio.
Muitas pessoas se
estranham por serem tão frágeis – de que caiam com tanta frequência quando a
tentação vem, de que lhes tenha dado tão pouco poder espiritual. Eu creio que
achamos uma lição no mesmo capitulo, no versículo 11: ―Assim pois o
comereis: Os vossos lombos cingidos, os vossos sapatos nos pés, e o vosso
cajado na mão; e o comereis apressadamente; esta é a páscoa do SENHOR.”
Não só tinham que
matar o cordeiro e aspergir seu sangue nas vigas e nos ombrais, mas também
tinham que comê-lo. Esse é o modo de conseguir força espiritual. A razão pela
que há tantos cristãos débeis e enfermos é porque não se alimentam do Cordeiro.
Temos adiante uma viagem no deserto, como os filhos de Israel, e se não nos
alimentamos de Cristo iremos morrer de fome no caminho. Não só temos que olhar
o sangue para estarmos seguros, mas também temos de alimentar-nos de Cristo
para nossa força. Quanto as almas necessitam ser alimentadas! O Senhor nos deu
Cristo para nós. Ele chama-se a si mesmo o Pão da Vida. Alimentar-nos de Cristo
é nos alimentar de Sua Palavra. Não existe livro que alimente a alma exceto a
Bíblia. Se eu me alimento da palavra de Deus consigo força e poder espiritual.
Alguns crêem que se consigo um olhar de Cristo já me basta. Temos que viver por
fé, tal como temos de ser salvos por fé. O justo viverá pela fé.
No versículo 2,
lemos: “Este mesmo mês vos será o princípio dos meses; este vos será o
primeiro dos meses do ano”. Durante 400 anos os filhos de Jacó haviam
servido ao rei do Egito, mas Deus não lhes permitiu contar esses anos. Tinham
que começar de novo, por assim dizer. O mesmo, os anos que dedicamos ao serviço
do diabo, não contam para nada. A vida não começa realmente até que tenhamos
sido aspergidos pelo sangue de Cristo. Tudo começa a
contar-se a partir do sangue e mesmo os judeus tem que admitir
que a morte na cruz foi o começo da contagem dos dias2.
2 Pode ser que na época por não terem uma nação constituída, os
judeus usassem o calendário cristão de seus países de origem, mas hoje os
judeus , ao menos , contam o ano de acordo com seu calendário próprio que tem
como referência Gênesis e já passa do ano 5700 (N.T)
Vamos agora para
Êxodo 29:16 ―E imolarás o carneiro, e tomarás o seu sangue, e o espalharás
sobre o altar ao redor.‖ Eu sempre lia essas palavras do Antigo Testamento perguntado-me
o que queriam dizer. Tinham de tomar o sangue e ―espalharar sobre o altar ao
redor‖. Agora o
compreendo. Isso ensina que não há outra maneira de aproximar-se de Deis do que
passando pelo sangue. Foi assim durante eras. Inclusive Arão, o sumo sacerdote,
tinha que tomar o sangue e aspergi-lo ao redor do altar, antes que pudesse
reportar-se a Deus – e isso nos ensina a grande lição de que aproximar-se a
Deus nunca foi possível, nem pode sê-lo, que não através do sangue do Cordeiro.
Temos o mesmo
depois ao ler o versículo 10 do capitulo 30 ―E uma vez no ano Arão fará
expiação sobre as suas pontas com o sangue do sacrifício das expiações; uma vez
no ano fará expiação sobre ele pelas vossas gerações; santíssimo é ao SENHOR.‖ O significado da expiação é voltar a
juntar, ser feito outra vez um com Deus. Antes que Adão caísse, Deus lhe havia
preso ao trono com uma cadeira de ouro, a qual foi rompida pela queda, porem
Cristo desceu para refazer os laços rompidos e unir-nos outra vez com Deus.
Falamos que os pecados são perdoados – são perdoados, porem nenhum pecado que
foi cometido nesse mundo foi perdoado sem castigo. Foram todos castigados em
Cristo. Ele fez expiação: ―O qual levou nossos pecados em seu próprio corpo,
no madeiro.‖ Pensemos
no que custou a Cristo fazer expiação. Pensemos no que custou a Deus entregar
Seu próprio Filho unigênito para que morresse! Vamos num momento a Levítico
8:23: ―E degolou-o; e Moisés tomou do seu sangue, e o pôs sobre a ponta da
orelha direita de Arão, e sobre o polegar da sua mão direita, e sobre o polegar
do seu pé direito.” Esse é outro versículo com que eu costumava ter
dificuldades. O que queria dizer sangue na orelha, sangue na mão, sangue no pé?
Agora o entendo.
Sangue na
orelha: sem ele o homem
não pode ouvir a voz de Deus. Nenhum ouvido incircunciso pode ouvir Sua voz. O
homem ouviu a voz de Deus, e ela lhe pareceu trovões. – não distinguia a
diferença.
Porem, quando o sangue foi aplicado, os homens conheceram a voz
de Deus: soubemos que era a voz de nosso Pai querido no céu.
Sangue nas
mãos: para que o homem
possa trabalhar para Deus. Os que crêem que estão fazendo a obra de Deus, porem
não fazem caso do sangue, estão se enganando. Um dia irão despertar para
encontrar que todo o trabalho que fizeram foi em vão. A salvação “não é para
o que obra, mas sim para o que crê.” Ninguém pode ganhar sua entrada no
reino de Deus. Disseram a Cristo “Que faremos para que possamos fazer as
obras de Deus?” Quem sabe esses homens tinham a carteira cheia e estavam
dispostos a construir igrejas. ―Essa é a obra de Deus‖ Cristo lhes contestou, ―que creiais
Naquele a quem Ele enviou.‖ Ninguém pode fazer nada que agrade a Deus até que tenha crido
em seu Filho.
Sangue sobre o
pé: andar com Deus.
Deus nunca andou com os israelitas até que foram aspergidos no sangue em Gôsen.
A partir de então nada pôde os resistir. Quando chegaram ao mar Vermelho, o mar
dividiu-se. No deserto Ele abriu Sua mão e lhes deu maná para que comessem.
Quando chegaram ao Jordão, andaram a seco pelo leito do rio, porque o Deus
Todo-Poderoso andava com eles. Sim, foi um povo comprado com sangue o que Deus
introduziu em Canaã, a Terra da Promessa. E Deus andará com todo pecador lavado
no sangue, e ninguém o poderá resistir.
Por que
Deus exige sangue.
Imagino que
alguém dirá: ―Não entendo por que Deus exige sangue.‖ Uma pessoa me disse: ―Aborreço o vosso
Deus, porque é um Deus que exige sangue. Não creio em um Deus assim. Meu Deus é
misericordioso para com todos – não conheço a vosso Deus.‖
Porem, se vamos a
Levítico 17:11, encontramos a razão de Deus exigir sangue: “Porque a vida da
carne está no sangue; pelo que vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer
expiação pelas vossas almas; porquanto é o sangue que fará expiação pela alma.”
Suponhamos que o
governador desse Estado não quisesse que ninguém fosse privado de sua liberdade
e abrisse as portas das cadeias, e fosse tão misericordioso que não quisesse
que ninguém sofresse, ainda que fosse por sua culpa, quanto tempo esse político
duraria no cargo? Quanto tempo seria ainda governador? Nem 24 horas! Esses
mesmos homens que querem que Deus seja misericordioso seriam os mesmos que
diriam ―Não queremos a esse
governador.‖ Bem, Deus é misericordioso, porem não vai permitir que nenhum pecador
não perdoado entre no céu.
Deus exige sangue
porque disse a Adão: ―No dia que comeres da árvore, certamente morrerá.‖ Porem, Satanás disse a Adão e Eva que
isso era mentira, e com isso houve uma controvérsia entre o dito por Deus e o
dito por Satanás, e amigos, essa controvérsia prossegue desde então, e não foi
ainda dissipada. Posso sair às ruas, e achando homens que vivem no pecado e na
abominação, dizer-lhes ―o salário do pecado é a morte”, e eles me
contestariam: ―Não, isso é uma mentira.‖
O pecado entrou
no mundo e trouxe a morte consigo. A Palavra de Deus tem que ser mantida. Como
Deus poderia conseguir isso e ao mesmo tempo eximir ao pecador? Como pode Deus
ser justo e justificador ao injusto? O homem pecou e deve morrer. Porem, que
passa se alguém morre no lugar dele? Perdeu o direito a sua própria vida – o
salário do pecado é a morte - mas o que acontece se algum o resgata, o redime?
O que passa se alguém se adiante e coloque sua vida em resgate por muitos, um
que não tenha pecado próprios que o condenem à morte? Glória a Deus nas
alturas! ―Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho
unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna. (João 3:16) Glória a Deus nas alturas! ―O sangue de Jesus Cristo
seu Filho nos limpa de todo pecado.‖ Se você ler a Bíblia cuidadosamente
verá que esse filo carmesim circula por todas suas páginas. O sangue começa a
manar no Gênesis e segue até o Apocalipse. É por isso que o Livro de Deus foi
escrito. Tire-se esse filo carmesim, então não vale de nada que levem a Bíblia
para sua casa.
Há três ocasiões,
nesse capítulo, em que se repete que a vida da carne está no sangue. Tire o
sangue do meu corpo e a vida se vai. Quando Deus exige sangue, em outras
palavras está pedindo a vida. Essa foi perdida. Pecamos e estamos destituídos
da glória de Deus. Devo morrer por meus pecados, ou encontrar um substituto que
morra em meu lugar. Não posso achar um homem que morra por mim, porque esse
também pecou, e deve morrer por seus próprios pecados. Porem, Cristo estava sem
pecado, portanto, podia ser um substituto. Cristo morreu por nossos pecados,
pelos meus – e porque morreu por mim, eu o amo. Porque morreu por mim, lhe
sirvo e trabalho para Ele e lhe darei a minha vida mesmo. Ele arrancou da morte
o aguilhão, e da tumba a vitória. Ó, não é o menos que podemos fazer por Ele
dar-lhe nossas pobres vidas?
Quando visitei Londres faz alguns anos, entrevistei-me com um
grupo de ministros reunidos, que me perguntaram: ―Sr. Moody, queríamos que o
nos escrevesse seu credo‖.
Respondi-lhes: ―Já está escrito e impresso‖. Perguntaram-me: ―Onde‖. Respondi: ―No capítulo 53 de Isaías:
foi escrito a uns dois mil anos, mas é tão válido e exato hoje como quando o
escreveram.
Meus amigos, eu
não pude melhorá-lo em ponto algum. O aceito e creio tal como está: ―Mas ele
foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas
iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas
pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um
se desviava pelo seu caminho; mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniqüidade de
nós todos. (Isaías 53:5-6)‖ A Bíblia é toda um só livro. Vemos que os profetas crêem nesta
história do sangue: Vá a Daniel e o que acham? ―Setenta semanas estão
determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para cessar a
transgressão, e para dar fim aos pecados, e para expiar a iniqüidade, e trazer
a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o Santíssimo.‖ (Daniel 9:24) Aqui possuem a poderosa
doutrina da substituição outra vez.
Quando a febre do
ouro começou na Califórnia, um homem foi para lá, deixando sua esposa com seu
filho na Nova Inglaterra. Tão logo conseguiu sucesso, lhes enviou um recado de
que se mudassem ara lá e lhes mandou o dinheiro da viagem. O coração da esposa
se encheu de alegria. Foi com seu filho à Nova York e embarcou em um vapor que
se dirigia ao Pacífico, até São Francisco. Durante a viagem, ouviu-se de
repente o grito de ―Fogo, Fogo‖ – e deram conta que era impossível apagar o incêndio. O barco
levava pólvora, e o capitão sabia que no momento que o fogo atingisse ela, o
barco voaria pelos ares e todos pereceriam. Então, deu ordens de irem aos botes
salva-vidas, mas não havia botes para todos. Os botes estavam cheios. O último
estava a ponto de separar-se do barco, quando a mãe aproximou-se dele com o
filho rogando que os levassem também.
―Não‖, responderam, ―já levamos todos os que
cabem‖. A mulher
suplicou com insistência, e ao fim, lhe disseram que tomariam um dos dois.
Vocês pensam que a mãe saltou no bote e deixou o filho a perecer? Não! Agarrou
o menino e o entregou depois de beijá-lo!
―Filho meu‖, lhe disse ―se vive e vê seu pai
novamente, diga-lhe que eu morri em seu lugar‖
Essa
é uma fraca figura do que Cristo fez por nós. Ele entregou sua vida por nós,
morreu para que pudéssemos viver. Você não vai amá-lo? O que diria esse filho
se posteriormente falasse com desprezo de uma mãe? Ela morreu para salvá-lo.
Pois bem, vocês podem falar com desprezo de um Salvador assim? Ó, que Deus nos
faça leais a Cristo! Amigos, vocês o necessitarão um dia. Será-lhes necessário
quanto tenham que cruzar o Jordão. Será-lhes necessário quando tenham que se
apresentar diante do tribunal de Deus. Deus não permita que quando a morte se
aproxime de vocês os encontrem menosprezando ao precioso sangue de Cristo.
Amém.
(continua)
Gabriel
Felipe M. Rocha
2 comentários:
Apdsj. Irmão esse texto foi uma boa resposta para os que pensam que só nós temos essa doutrina, eu mesmo não sabia que alguem tao distante de nos havia reconhecido o sangue de jesus como algo tao importante para o nosso processo de salvação. Precisamos compartilhar mais esse texto. valdemyricm43@yahoo.com.br
Obrigado por sua participação!
Amigos, esta postagem , assim como a segunda parte , é muito grande e, as vezes se torna cansativa mesmo, mas vale a pena ler. A doutrina do Sangue de Jesus como um projeto indispensável para a nossa remissão (diária) não é invenção de um grupo evangelico especifico, mas sim um projeto de redenção e de livramento como foi o sangue na saída do povo do Egito e como foi o "fio de escarlata" como sinal para salvação de Raabe no juízo de Jericó.
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