quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

ARTIGO "O Conceito de Sã Doutrina" de Gabriel Felipe M. Rocha

Paz a todos os leitores do blog Palavra a Sério, que na sua maioria, são verdadeiros amantes e estudantes da Palavra da Deus.

Estou escrevendo um artigo e, mesmo não estando pronto, resolvi expor parte dele aqui no blog. Trata-se da introdução do artigo:

“CONCEITO DE “SÃ DOUTRINA”, O CARÁTER DIVINO DAS ESCRITURAS E A FUNDAMENTAL PARTICIPAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO PARA A CONSOLIDAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DOUTRINÁRIO NA VIDA DA IGREJA E PARA A PROMOÇÃO DO GENUÍNO AVIVAMENTO”

Segue o texto:

Introdução

[...]   No Novo Testamento o termo “cristão”, significa “pequenos cristos[1]. “Cristo” é, podemos assim dizer, um dos títulos de Jesus cujo significado é “ungido”; O termo “ungido” ou “escolhido” é o equivalente grego ao termo hebraico “Messias”. Pois bem, faço esse proêmio para dizer que: se somos parte de Cristo ou “pequenos cristos”, nós devemos, para a afirmação desse nobre título, andar como Jesus andou. O que é “andar como Jesus andou”? É deliberadamente fazer a vontade do Pai[2]. Isso implica em guardar as suas palavras[3].
      Pois bem, é nesse horizonte que percorre toda a nossa análise. O que queremos como cristãos? Queremos, acima de tudo, fazer a vontade do Pai, na certeza de que estamos fazendo o que está em conformidade com as Escrituras. Ter essa certeza significa ter uma vida cristã consciente e sadia, respaldada pela Palavra de Deus.
      Jesus é a própria Palavra de Deus[4], o Verbo vivo, a Revelação do Pai a Igreja testificada nas Escrituras, portanto, sendo nós parte dele (parte de seu Corpo[5]), não podemos ir jamais contra a sua Palavra.
      A Bíblia registra a nobreza dos crentes de Beréia[6], e ela se traduz exatamente no desejo de fazer o que é correto e sadio em relação às Escrituras, procurando conferir se aquilo que estava sendo ensinado era mesmo daquela forma ou se estava fora dos parâmetros de Cristo. Eles não fizeram isso (assim podemos crer) porque duvidaram simplesmente da pregação de Paulo e de Silas, mas assim fizeram pela própria motivação espiritual em querer agradar a Deus, característica de uma alma remida que, diante da verdadeira conversão, passa a amar o seu Salvador a ponto de amar incondicionalmente os seus preceitos[7]. Assim os bereianos se tornaram nobres. O bom recebimento da Palavra de Deus faz gerar o genuíno avivamento e, esse genuíno avivamento, tende a levar o crente cada vez mais para perto das Escrituras e lavá-lo a andar segundo a Palavra de Deus. Estava aí a nobreza dos bereianos: obedecer a voz do Espírito Santo cuja voz é a que impera no crente genuinamente avivado e dependente de Deus.
       Hoje, infelizmente, o termo “avivamento” está sendo usado de maneira descuidada e muitos pseudo-avivados e tantos adeptos de variados movimentos pentecostais e neopentecostais se afastam gradativamente das Escrituras e optam por estranhos cultos, experimentalismos, ênfases em manifestações visíveis de poder e tantos outros perigos que os levam cada vez mais longe do propósito divino revelado nas Escrituras sagradas.
        Nesse lamentável e preocupante contexto, podemos identificar algumas vozes chamando os crentes para voltarem ao verdadeiro Evangelho. Muitas dessas vozes se encontram no meio protestante reformado[8] e, dentre tantos, alguns apontam o pentecostalismo como o principal responsável pelo desabrochar de tantos conceitos, teologias, heresias e posições religiosas contrárias ou nocivas à sã doutrina de Jesus Cristo.
        A ortodoxia, incluindo os valores da Reforma Protestante nesses amados servos de Deus é algo indubitavelmente louvável e exemplar. De fato precisamos - todos nós cristãos - rever os nossos valores e conceitos e sempre, em conformidade com as Escrituras, nos reformarmos. Não estou falando aqui de uma súbita adoção da Reforma, adoção essa que implicaria a renegação total de alguns outros valores conquistados, tanto teologicamente, tanto divinamente.
       Isso significaria dizer que a confissão pentecostal deve ser deixada? Significaria o abandono total dos valores pentecostais? Logicamente faço menção aqui do genuíno pentecostalismo e não do pentecostalismo moderno ou neopentecostalismo que tem assumido outras formas em relação ao tradicionalismo e genuíno pentecostalismo, como aqui, mais à frente, discorreremos sobre. 
       Seria, de fato, o pentecostalismo alheio aos valores tradicionais? Do mesmo modo, seria o tradicionalismo teologicamente fechado ao pentecostalismo? Seria o cessacionismo[9] o caminho prudente para o verdadeiro avivamento? Ou será que a excessiva prudência não configuraria uma ortodoxia morta? Será mesmo que a total dependência da ação do Espírito Santo, da sua direção, capacitação e edificação por meio do seu batismo[10] e de seus dons espirituais ficaram como experiências restritas à era apostólica? Não seria a obra do Espírito Santo no seio da Igreja a chave ou o despertar para o verdadeiro avivamento? Não seria o Espírito Santo o agente de união entre a igreja física – eu e você – e o Cristo vivo? E não seria da terceira Pessoa da Trindade a responsabilidade na constante iluminação do crente diante das Escrituras segundo a promessa do próprio Cristo?[11] Não seria o Consolador Espírito Santo, a terceira Pessoa da Santa Trindade, o responsável em dar à igreja a chave da revelação, o discernimento e a sabedoria diante de sua missão no mundo? Não é esse quem faz oposição ao adversário de Cristo e purifica a Igreja expurgando todo o pecado, heresia e apostasia? Não seria o Espírito Santo o responsável por mostrar o Cristo glorificado para a Igreja? Essas perguntas tentarão ser respondidas no discorrer dessa presente análise. Mas fica aqui de forma prévia a nossa confissão pentecostal e o nosso singelo intento em mostrar que é possível ser pentecostal, viver a experiência segura com Cristo vivo por meio do Espírito Santo e, ao mesmo tempo, não se contaminar com os ventos de doutrina que insistem em bater na porta da Igreja do Senhor.
      Procuraremos mostrar que o avivamento real da Igreja de Jesus Cristo e de cada membro em particular se dá exclusivamente pela ação do Espírito Santo. Muitos podem sair às ruas e, como verdadeiros profetas e avivalistas, podem pregar, podem ensinar, podem gritar, podem ameaçar anunciando o juízo, etc., mas se não for pelo Espírito Santo de Deus, pela soberania e propósito do Altíssimo, nada acontecerá. Existe a ordem: “ide por todo o mundo e pregai o Evangelho...” [12], mas a obra é exclusiva do Espírito Santo. Podemos dizer que o Espírito Santo veio continuar a cumprir aquilo que Cristo efetivou na cruz, a saber, o projeto do Pai – dono da obra – e sua responsabilidade sobre essa obra é exclusiva[13], sendo assim, Ele é o chefe, o líder, o patrão do projeto divino e cabe somente a Ele ditar e projetar esse plano, sendo que nós somos apenas os trabalhadores chamados para exercer nossa específica função na implantação do Reino. Nessa “hierarquia do céu”, quem somos nós sem a ação do Espírito Santo? Quem somos nós sem o batismo com o Espírito Santo[14]? Como vamos testemunhar de Jesus Cristo ao mundo se não for pelo Espírito e pelo poder do Espírito? Como anunciar a mensagem do Reino e conseguir almas se não for pelo Espírito? Veremos que nesse contexto, os dons espirituais têm uma importante valia, embora não precisamos dar ênfases de nenhum poder sobrenatural nem nos arriscar em nenhum experimentalismo qualquer, pois, como dissemos acima, a obra é do Espírito Santo. O que seria uma obra sem o mestre, sem o chefe, sem o coordenador? Seria uma total falta de rumo, algo que não é difícil de ver nos movimentos pentecostais modernos. Do mesmo modo, a igreja poderia se encontrar, de certa forma, estática. Infelizmente muitos tradicionais por excesso de zelo, de ortodoxia, preferiram ficar com aquilo que ganharam na Reforma Protestante e que não é pouco, a saber, as doutrinas da graça, assim como as doutrinas reformadas em geral e escolheram ficar com a Bíblia como um legado histórico, como regra indiscutível de fé ou como a Palavra de Deus já plenamente revelada. Mas, contudo, pode existir um problema: a ortodoxia, ou até mesmo o fundamentalismo por parte de alguns, não seria prejudicial para o despertar da igreja para o avivamento e para a plenitude espiritual?  Uma igreja, em nome da defesa da Verdade ou, em nome da defesa da sua confissão teológica, pode perder a piedade, pode perder a sensibilidade e pode perder a vida do Cristo glorificado e se prender apenas ao seu legado histórico. Avivamento não se trata apenas daquele entusiasmo do início, do primeiro amor, do desejo de conhecer a Bíblia e da alegria inestimável da conversão à Cristo, mas trata-se da piedade, do amor verdadeiro e racional pelo Evangelho e pelo conteúdo do Evangelho: amar a Deus e amar ao próximo, total dependência do Espírito Santo, experiências seguras com os dons espirituais, uma maior iluminação no entendimento da Palavra de Deus e uma melhor aplicação espiritual da mesma, uma confissão de fé visível e indubitável, perseverança, a plenitude do Espírito Santo, maturidade, discernimento espiritual para o momento que a Igreja vive sobre a terra, etc. É preciso amar não só o conjunto de livros inspirados que compõe a Bíblia, mas, principalmente, o conteúdo profético da mesma, a saber, a Palavra Viva de Deus que nada mais é do que o próprio Cristo que se revela pelas Escrituras. A Bíblia não deve ser apenas uma regra ferrenha de conduta moral e religiosa, pois daí também nasce o legalismo. Não pode ser o acervo das palavras que Cristo um dia falou e nem acervo sistematizado de doutrinas simplesmente, mas ela, a Bíblia, deve ser a Palavra do Deus que ainda fala, a revelação do Cristo que ainda vive e tudo isso pela contínua iluminação do Espírito Santo que ainda dirige o projeto de Deus. A Palavra de Deus deve ser a norteadora do crente que vai – pela graça – para a Eternidade mediante a fé no Cristo, na sua promessa e no projeto de redenção do Pai. Quem testifica essas verdades e as confirma pela própria Escritura é o Espírito Santo. A igreja deve estar vivendo a plenitude do Espírito Santo. Ela deve buscar patamares ainda maiores de comunhão com Deus e isso não remete a viver e experimentar “novidades teológicas”, mas sim de uma novidade do Espírito cuja base se encontra nas Escrituras mesmas, pois o Espírito Santo sendo Deus, a Palavra sendo de Deus e Jesus sendo a Palavra Revelada de Deus na Bíblia, Deus não se volta e nem se voltará contra Ele próprio. Até na defesa da verdade, algumas igrejas podem perder a devoção, pois, de repente, a defesa da Verdade torna-se um fim em si mesmo e, a igreja mesmo com uma elogiável fidelidade doutrinária, pode se tornar uma igreja morta. O amor pela formalidade, pela norma e pela “lei” está fantasiado de amor pela Doutrina e isso tudo é muito sutil e perigoso. Perde-se a verdadeira liberdade em Cristo (pela operação genuína do Espírito Santo) e o entendimento verdadeiro do Evangelho e tudo se torna mecânico e religioso.  Dentre os tantos exemplos que a Igreja registrada em Atos nos dá, destaca-se a dinâmica da Igreja. A Igreja não se acomodava e quem individualmente se acomodava, no caminho mesmo ficava, mas a Igreja perseverava, progredia, crescia, entendia gradativamente o plano profético de Deus, porém, tudo isso na constante e eficaz revelação do Espírito Santo, na aplicação correta dos dons espirituais e no crescimento da graça de Deus onde a vivência prática da plenitude do Espírito Santo levava a Igreja a patamares ainda maiores de entendimento do projeto divino. Enganaram-se os que pensaram que tudo isso era algo restrito ao período apostólico. Não é difícil entendermos que a experiência da primeira Igreja seria trazida e preservada ao longo dos séculos pelo Consolador Espírito Santo que, em cada momento histórico que a Igreja percorria, o mesmo Espírito testificava de seu projeto e enfatizava uma operação de caráter profético em cada época, em cada faze da Igreja de Jesus Cristo. A obra do Espírito seria notificada pelos séculos junto com o clamor de muitos genuínos servos de Deus que, no mesmo espírito, mesmo batismo, mesmo Deus e Pai disseram: “aviva, Senhor a sua obra e a notifica através dos anos”. Na própria Reforma Protestante, a obra do Espírito foi testificada e o avivamento aconteceu cuja ênfase estava na supremacia da Palavra de Deus e na fortaleza verdadeira e refúgio em Deus para todos por meio da graça. Ali havia um remanescente que estava de coração aberto para receber a Palavra de poder e a partir daí, a obra do Espírito santo no seio da Igreja Fiel de Cristo foi retomada de forma notória. Muitas igrejas se consolidaram nessa experiência com a Palavra e firmaram suas estacas na verdade bíblica. Assim, o legado, a herança estava sendo mantida e repassada, até que os grandes avivamentos espirituais aconteceram onde o Evangelho transgrediu as fronteiras humanas e chegou até mesmo a lugares inóspitos. A experiência do batismo com o Espírito Santo foi vivida e notificada, grandes avivamentos aconteciam e a principal característica desses avivamentos estava no desejo de cumprir a Palavra do Cristo e levar o Evangelho a toda criatura.
        Para muitos, porém, a sã doutrina se tornou um mandamento rigorosamente sistematizado e formalizado, um ritual ou uma liturgia sempre a ser observada, mas que não produz vida e nem frutos visíveis. O legado foi apenas histórico. Pode-se fazer uma análise doutrinária de A a Z, mas toda essa ortodoxia é morte e não vida. Há muitas igrejas “históricas” neste país que estão morrendo por não viverem a experiência com a abundante benção do Espírito Santo. Continuam solenes (pela grande bagagem histórica e heróica do protestantismo), porém mortas. Não tem heresia, mas também não tem vida. Não tem heresia, mas também não tem amor, não tem heresia, mas também não tem amparo aos pobres, não tem heresia, mas também não tem vibração por Deus, não há avivamento algum. São igrejas boas, porém sem vida de Deus. Deus é um Deus pessoal e ama o relacionamento com o homem no qual Ele escolheu para viver essa relação recíproca. E do mesmo modo, reforçando o que já foi dito, as aventuras do pentecostalismo moderno produzem crentes imaturos e distantes da verdade bíblica.
       A relevância da presente análise está, também, na possibilidade de um maior esclarecimento em torno da questão “doutrina”. Dessa forma, tentaremos mostrar que a doutrina produz vida, pois a Palavra é viva. Portanto, é boa e segura a liturgia tradicional e muitos devem rever isso e voltar ao modelo tradicional de culto, de cultura, costume, etc., mas sem abandonar ou recusar os valores do genuíno pentecostalismo, pois ambos na verdade podem convergir mais do que simplesmente divergir.
       O objetivo geral do presente artigo é pensar e definir o conceito de “doutrina” e seu caráter não só legalista ou normativo ou disciplinar, mas também seu caráter profético[15], embora, para isso, devemos fazer uma análise do termo “profético”, pois o termo tem recebido valores estranhos ao seu real significado dentro de algumas igrejas pentecostais, principalmente de segunda e terceira onda pentecostal ou, mais precisamente, no neopentecostalismo brasileiro. Temos como parte de nosso objetivo, o interesse de mostrar o que é doutrina para a Igreja de Jesus[16], sua transcendência e o seu valor espiritual, seu caráter prático e moral e também seu caráter profético e, nesse contexto, verificar a fundamental participação do Espírito Santo na consolidação doutrinária através dos tempos ante os riscos e tentativas diversas de agregação herética no contexto da sã doutrina de Cristo. Aliás, um dos maiores desafios da Igreja pela história foi a preservação da sã doutrina diante das tantas heresias que surgiam e tentavam ser introduzidas no seio da Igreja. Hoje esse desafio continua posto. Para ser específico, esse desafio não só continua posto, mas é ainda maior na atualidade diante das tantas ramificações ditas cristãs que crescem e se espalham pelo mundo, inclusive em nosso país. Aliás, esse fenômeno acontece fortemente aqui no Brasil e por isso existe a preocupação com a saúde espiritual dos crentes que aderem a esses movimentos. Precisamos, o quanto antes, voltar ao Evangelho, porém se esquecer que Evangelho é poder de Deus e poder de Deus, para nós, é obra exclusiva do Espírito Santo e implica uma total dependência da operação do mesmo. A característica central do livro de Atos (cujo livro é a referência principal para a missão e conduta da Igreja) é a total submissão à voz do Espírito Santo.
       A Igreja de Jesus Cristo, percorrendo pela história, sofreu algumas alterações em relação ao seu formato original conhecido como “período apostólico” ou “Igreja Primitiva”. A Igreja ao longo da História foi perseguida, cresceu, institucionalizou-se, separou-se e ramificou-se. Vemos tão facilmente hoje essa ramificação. Nesse contexto histórico, a sã doutrina de Cristo se viu ameaçada ou simplesmente esquecida em algumas instituições. Em outros grupos, a sã doutrina recebeu itens a mais, conceitos extras que colocaram e colocam ainda em risco a verdadeira cristandade ou espiritualidade cristã por conta de valores extras ou alheios a ela. São várias igrejas ditas “evangélicas” que, somando com as mais tradicionais, temos, só no Brasil, cerca de 42.275.438 evangélicos[17]. Segundo o Censo de 2010, a população evangélica do país representa 22,2% da população nacional, ou seja, 42,3 milhões de pessoas. Como está sendo elaborado o conceito de doutrina nessas tantas igrejas?
        Vemos principalmente nos grupos neopentecostais (ou pentecostais modernos) variedades de conceitos, experimentalismos estranhos às Escrituras, heresias, teologias frágeis à Palavra de Deus, ênfases em revelações e em manifestações espirituais, pragmatismo religioso, ostracismo religioso, desapego à leitura e ao estudo bíblico, ênfase ao subjetivismo e também ao corporativismo, denominacionalismo e sectarismo.
        Diante de tantos conceitos e crenças que são ensinados, nos preocupamos aqui em trabalhar o conceito de “doutrina bíblica”, pois questionamos se, de fato, alguns ensinamentos e conceitos podem receber o coroamento de doutrina ou não. Não vamos nos prender aqui falando sistematicamente de cada doutrina cristã. Não! Mas apenas apontaremos para o núcleo doutrinário da fé cristã ou, para a base doutrinária da fé cristã que aqui chamaremos de forma genérica de “sã doutrina”. Tendo em vista essa referência e esse alicerce, mostraremos o que, junto com as doutrinas centrais e universalmente conhecidas e aceitas pela fé cristã, pode ser considerado “doutrina”, “dogma”, “disciplina ou prática cristã” e “heresia”. Tendo feita essa separação, poderemos abrir caminho para um diálogo sobre a unidade cristã em meio às diferenças denominacionais e como todas podem verificar a necessidade de voltarem ao Evangelho e ao verdadeiro avivamento sem abrir mão de alguns conceitos que podem ser sadios à fé e à sã doutrina ou, diante da verdade, abrirem mão de alguns conceitos que não estão em conformidade com a palavra de Deus e assim repensarem sua posição. Vamos aplicar aqui o termo “reformar” segundo essa perspectiva e não somente à adoção total dos valores religiosos e teológicos da Reforma Protestante, afirmando que a Reforma Protestante foi um importante e necessário marco para a História da Igreja, mas que a consolidação e o aperfeiçoamento da mesma não se resumem entre as “quatro paredes” dos grupos reformados. [...]

(continua)

Gabriel Felipe M. Rocha. Membro da Igreja Cristã Maranata desde 2004. Professor e pesquisador. Graduado em História (licenciatura e bacharelado); pós-graduado em Sociologia (lato sensu); mestrando em Filosofia (stricto sensu), linha de estudo: Ética e Antropologia. Estudou História da Igreja (bacharelado em teologia) e Francês na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia de Belo Horizonte.




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