segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

E CRIOU DEUS O HOMEM À SUA IMAGEM



“E disse DEUS: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança [...] E criou DEUS o homem à sua imagem; à imagem de DEUS o criou”. (Genesis 1:26,27).

A todos os amigos, irmãos, leitores e verdadeiros estudantes da Palavra de Deus, a paz de nosso Senhor Jesus!

Vamos tratar aqui, um pouco, da doutrina “Deus”, em análise de sua estrutura divina/ triuna e da estrutura essencial humana que, também, se mostra em três definições.

Deus, como sabemos, é um Ser singular:

“Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor.” (Deuteronômio 6:4).

“Eu sou o Senhor e não há outro [...] fora de mim não há outro; Eu sou o Senhor, e não há outro. (Isaías 45:5,6).

E plural:

“Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal...” (Genesis 3:22).

“Depois disso, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós?” (Isaías 6:8).

“Eu e o Pai somos um” (João 10:30).

A palavra hebraica para Deus é elohîm, um substantivo plural. Em Genesis 1:1, o termo é usado concordando, gramaticalmente, com um verbo no singular, bara(singular) cujo significado é “criou”. Traduzido ao português no sentido literal ficaria: “...deuses criou”. Quando são usados pronomes no plural – “façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” -, isto indica a pluralidade de pessoas (um plural de número), ou o conceito de excelência ou majestade que pode ser indicado desta maneira em hebraico? Deus poderia estar falando com os anjos, a terra, ou a natureza (segundo alguns estudiosos), referindo-se a si mesmo em relação a alguns deles? Ou esta é uma indicação germinal de uma distinção de pessoas na divindade? Não se sabe ao certo, embora a questão da pluralidade de pessoas (Trindade) seja o ponto teológico mais aceito, inclusive por nós do blog Palavra a Sério.

Até a vinda de Jesus e o início de seu ministério terreno, a unidade essencial (interna) da Divindade não era compreendida, em grande parte, ainda que fosse indicada em outras passagens como a de Isaías 48:16:

“Chegai-vos a mim e ouvi isto: Não falei em segredo desde em princípio; desde o tempo em que aquilo se fez, eu estava ali; e agora, o Senhor Jeová me enviou o seuEspírito

Deus é essencialmente Espírito (João 4:24). Portanto, o homem que é “imagem e semelhança” de Deus, possui um espírito Imortal. Os homens se assemelham a Deus em certos aspectos pessoais (Genesis 1:26), sem que sejam iguais a Ele (Isaías 40:25). A semelhança entre o homem e Deus é aquilo que distingue a criatura racional do resto da criação. O homem é um ser pessoal, com a capacidade de pensar, sentir e decidir. Ele tem a capacidade de fazer escolhas morais e a capacidade de crescimento ou declínio espiritual.

No princípio, o homem amava a Deus e era uma criatura santa. O pecado mudou isto. O seu espírito ficou tão alterado pelo pecado, que ele se escondeu de Deus, e agora deseja mais o mal do que a justiça (João 3:19,20). Depois da época de Adão, somente aqueles que viviam com retidão diante de Deus eram considerados seus descendentes (Mateus 3:7-10; Mateus 13:38João 12:36; Atos 13:10). O Homem não mais se encontra no estado perfeito de inocência em que estava na época da sua criação. Portanto, ele não tem os mesmos atributos e qualidades espirituais, semelhantes aos de Deus, que tivera em seu estado original. Se hoje Deus derrama de seus dons e dos frutos de seu Espírito aos homens, é porque houve uma libertação através do sangue do “segundo Adão” – JESUS CRISTO e, nessa remissão, Deus deu a porção (sem medida) de seu Espírito Santo, fazendo assim, o homem, experimentar de suas maravilhas espirituais (por soberana graça). Jesus, o segundo adão (1Co 15:45), veio para desfazer as obras de Satanás (1Jo 3:8), e para restaurar a semelhança espiritual do homem com Deus (2Co 3:18Ef 4:24Cl 3:10).

Essa “semelhança” com Deus está no fato de, o homem, ser:

a) Corpo – soma (gr) – Aspecto visível/físico/ temporal;

b) Alma – psiqué (gr) -  fonte de nossa racionalidade e sentimentos;

c) Espírito – pneuma (gr) – “fôlego” de vida/ “sopro” de Deus/ aspecto que faz o homem carnal e racional transcender e ter contato com seu Criador. Parte que volta para Deus, pois é de Deus.

“..e o vosso espíritoalma e corpo sejam plenamente conservados...” (1Tessalonicenses 5:23)

Jesus veio restaurar a essência tricotômica do homem que, embora sejam distintas, é na movimentação e unidade que elas garantem o home como um ser existente. Jesus, através de seu sangue, renovou e efetivou a existência do homem para com Deus. Pela fé em Cristo, o crente recebe em seu espírito a afirmação da salvação e regeneração pelo Espírito Santo de Deus. É uma “religação” de Deus ao homem/ homem a Deus – espírito humano> < Espírito Santo (Deus).

Dentro deste contexto de transformação (ou renovação) humana é que temos a identidade moldada conforme a intenção original e, pela graça, podemos fazer parte da ‘família’ de Deus.

“E eu dei-lhes a glória que a mim (Jesus) me deste, para que sejam (nós/ Igreja) um, como nós somos um (Pai, Filho Espírito Santo). Eu neles (através do Espírito Santo), e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade (na unidade do Espírito), e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim e que tens amado a eles como me tens amado a mim” (João 17:22,23).

 É interessante que, no Antigo Testamento, o homem é mencionado no termo hebraico (na maioria das vezes) como “adham”, cujo significado é: “baixo”, “avermelhado”, “comum”, “inferior”. O termo “adham” deu origem ao nome Adão. Assim se tornou a identidade humana: inferior, baixa e limitada diante de um Deus Santo e Puro. O termo também apresenta a ideia de “cor avermelhada”, como “Edom”. Porque necessário foi a morte de um inocente para a restauração da identidade original e essencial do homem. No Novo Testamento, quando se refere a ‘homem’, o termo mais usado é “antropos” (grego) que significa “o que olha para cima”. Pois Jesus deu tal condição ao ser humano – olhar (contemplar) outra vez o seu Criador através da morte do Cordeiro de Deus (Jesus Cristo). Está aí a importância do poder do sangue de Jesus na vida (diária) do verdadeiro crente: restauração e renovo da nossa essência (limitada e imperfeita por causa do pecado) – para assim chegar a Deus.

Quero concluir esse pequeno e singelo texto dizendo que: nós somos a imagem de Deus quando estamos debaixo dessa graça maravilhosa mencionada aqui e na identidade espiritual gerada constantemente pelo Espírito santo simbolizado pelo sangue (Espírito Santo) que, dinamicamente opera vida. No caso, a vida de Deus em nós. Pois é o elo de nossa estrutura essencial à essência de Deus. Não somos iguais a Deus, mas sim semelhantes a Ele (há uma diferença nessas definições). Não podemos, por exemplo, ter os atributos pessoais de Deus como: onipotência, onipresença e onisciência. Mas podemos participar deles, tendo uma experiência com tais atributos quando temos uma vida em espírito (comunhão com Deus). Nós, no entanto, podemos, mesmo que limitados, ter alguns atributos morais de Deus como: amor, paciência, santidade, justiça, fidelidade, misericórdia e bondade. Inclusive, Ele nos cobra tais atributos em sua Palavra.

Que Deus abençoe!


Gabriel Felipe M. Rocha é professor e acadêmico, estuda na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (Faje – reconhecida internacionalmente como uma das melhores e mais conceituada faculdades de Filosofia e Teologia) onde cursa o mestrado em Filosofia cuja  área de concentração é Ética e Antropologia. É graduado em História (licenciatura e bacharelado) e pós- graduado em Sociologia. Estudou Francês Instrumental na FAJE-BH e bacharelado em teologia no ITG (Instituto Teológico Gamaliel-PE) com ênfase em História da Igreja.


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