sábado, 22 de fevereiro de 2014

O Amor "Phíleo"

PARA OS QUE O AMAM:
Selecionados leitores do Blog Palavra a Sério, a paz! Esta postagem que aqui publico é antiga e como  tem surtido bons efeitos em redes sociais e o testemunho a respeito dela tem sido variado e maravilhoso naquilo que diz respeito à edificação pessoal, venho mais uma vez postá-la aqui. Boa leitura!
Disse-lhe terceira vez: Simão,filho de Jonas,amas-me ? Simão entristeceu-se por lhe ter dito terceira vez: Amas-me? E disse-lhe: Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo. Jesus disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas” (João 21:17)

Mas,como está escrito: As coisas que o olho não viu,e o ouvido não ouviu,e não subiram ao coração do homem são as que Deus preparou para os que o amam” (I Coríntios 2:9)


Pedro fazia parte do ciclo íntimo de Jesus e, como tinha um caráter maleável, estava ainda sendo tratado pelo Mestre. Permaneceu inconstante em todo o ministério de Jesus e assim foi até a sua morte na cruz quando o mesmo o negou três vezes.

Mas no capítulo 21 de João, Jesus havia já ressuscitado e se revelado a toda sua igreja e, sendo assim, Pedro seria intimamente tocado pelo Senhor Jesus. Interessante que Pedro estava satisfeito com o que seus olhos viam e com o que seus ouvidos ouviam, pois o mestre estava ali ressurreto e glorificado, tanto que na primeira pergunta de Jesus para ele foi fácil responder: 

Senhor, tu sabes que te amo”.

Mas, como Pedro era bastante maleável, no mesmo capítulo, no versículo 3, Pedro havia dito: “vou pescar”. Ainda não tinha entendido o seu chamado e a sua ordenação e, por pouco, voltava à pesca e ao lugar de onde Cristo havia o tirado. Diante de um momento confuso, Pedro estava regressando ao seu lugar de origem.

Mas Jesus estava ali e tinha um propósito na vida de Pedro, pois, embora seja fácil para nós esquecermos o chamado e as promessas de Deus, o mesmo Deus não muda e mantém firme a sua Palavra. Jesus chamava Pedro, então, para uma conversa que marcaria muito sua vida.

Jesus, diante da congregação, chama Pedro e pergunta: “
Simão Pedro, amas-me?”. 
Jesus queria ouvir da boca de Pedro sobre esse amor. 

Sobre o amor que Jesus questionou a Pedro na primeira e na segunda pergunta é importante afirmar que se trata de um amor interessante e maravilhoso. O termo usado foi “agapao” de “ágape”. Era um termo muito abrangente, tão abrangente que o homem Pedro teve certa facilidade em responder. O termo “agapao” de “ágape” nos ensina sobre um amor muito profundo e remete sempre ao amor de Deus ao homem, amor de Cristo à Igreja, etc. É aquele amor que estamos acostumados a cantar em louvores. Muitos estampam esse amor em camisas, outros falam tão facilmente em seus sermões. É o amor que um dia o Senhor Deus nos amou, por isso não requer de nós tão grande compromisso, afinal, Deus nos amou e isso não muda. Ele nos amou primeiro.
Trata-se também de um amor moral e social, mas, demonstra um amor profundo que levou o próprio Cristo se entregar pela Igreja. Não houve nenhum trabalho nosso para que fosse cumprido o plano da redenção, aliás, a única participação nossa foi no pecado que levou o Filho do Homem à cruz. Então, hoje nos é fácil abrir a boca e dizer: “Senhor, eu te amo”! Muitos fazem com sincera devoção, outros nem tanto.

Naquela circunstancia onde se encontrava Pedro estava fácil e propício responder a essas duas perguntas de Jesus: “te amo”, pois se tratava de um amor ainda superficial para Pedro (mesmo no seu significado profundo).

Muitos têm respondido as duas primeiras perguntas de Cristo, mas não conseguem responder a terceira.

As duas perguntas iniciais estão sendo respondidas nas camisas com inscrições de “Deus é fiel”, “eu amo Jesus”, nas bandeiras e faixas da ‘Marcha pra Jesus’, tem sido respondidas nos shows evangélicos onde muitos choram e se quebrantam de emoção, etc.

Essas duas primeiras perguntas não entristeceram a Pedro porque parecia óbvio responder naquela hora: “Eu te amo, Jesus”, pois Pedro estava ali cara a cara com o seu Mestre e no meio da congregação.
Mas, independente da resposta sendo fácil ou não, Jesus escutou-a com amor e disse: “APASCENTA AS MINHAS OVELHAS”. Jesus estava passando a responsabilidade para a Igreja, pois Ele iria ao Pai. A tarefa de levar o Evangelho e apascentar seria, a partir daquele momento, da Igreja. Mas para que esse trabalho venha a ser feito, temos que conhecer esse amor perguntando nas duas primeiras perguntas. Correspondia ao amor de Cristo à sua Igreja, agora a mesma igreja teria que amar e trabalhar para aqueles que ainda viriam pertencer ao rebanho de Deus, pois eram os amados e escolhidos do Senhor. 

Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria. O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.
Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta
”. (1 Coríntios 13:1-7).

A obra de Deus é realizada com amor. 

Mas a terceira pergunta entristeceu muito a Pedro, porque se tratava já de outro tipo de amor, muito mais envolvente e que, diferente do amor nas duas primeiras perguntas, envolvia nesse a participação do crente. 

“Disse-lhe terceira vez: Simão, filho de Jonas, amas-me”?

O amor que foi empregado na terceira pergunta já era diferente das duas primeiras. Tratava-se do amor “phileo”.

Phileo, na verdade, é um resultado de ágape. Ágape é um termo abrangente e conhecido como um amor superior na cultura cristã, porem phileo é o amor ágape na prática diária. É a prova de que se ama de forma ágape. Poderíamos até arriscar dizer que ‘ágapao’ é um amor abrangente e teórico, teológico, ético, social e moral, mas, phileo é a prática disso tudo. Não parte e nem nasce propriamente do homem, mas lhe é dado para assumir sua posição de ‘crente’ e carregar a cruz. Sem esse amor (phileo) não se carrega a cruz de Cristo.

Significa: “gostar muito de alguém”, “querer viver com o outro”, “relacionamento”, “compromisso”, “amizade”, “pacto e amor”, enfim, “relacionamento”.

Jesus então, com a terceira pergunta, não quis saber de Pedro se o mesmo era simplesmente um cristão definido e convencido da verdade, mas quis saber se Pedro o amava a ponto de andar com Ele, se relacionar com Ele, ser amigo, ser íntimo, morrer pelo nome dele.

Isso entristeceu Pedro. Por certo, Pedro não se sentia ainda preparado. Poderíamos conjecturar que Pedro caiu em si nesse momento e viu que não era tão fácil a carreira que havia sido-lhe proposta.

Jesus perguntava dessa forma: “Pedro, quer ser meu amigo” ou “quer ter um relacionamento comigo” ou até mesmo “Pedro, quer viver só para mim”? Responder a essa pergunta é difícil demais...

Pedro nessa hora foi confrontado. Pois seu amor ainda não era um amor capaz de fazê-lo renunciar tudo (inclusive a vida) para viver a vida de Cristo.

Mas, seu coração se fez humilde e o seu homem interior já quebrantado com a presença de Deus disse: “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo”. Pois era isso que Pedro, mesmo não sendo tão capaz, queria.

Ele tinha o desejo de servir ao Senhor com toda a sua alma e entendimento. Foi assim também com Davi no salmo 139:23: “
sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me e conhece os meus pensamentos”.

Inclusive, na terceira pergunta Jesus se dirigiu mais intimamente, tocou na identidade de Pedro: “Simão, filho de Jonas”. Só quem teve a identidade confrontada um dia pelo Espírito Santo, pode realizar a obra do Senhor, fazendo a sua vontade e dele ser amigo. Na terceira pergunta, quando Jesus usava a expressão "phileo" e perguntava Pedro se esse queria, de fato, um relacionamento com Ele, Pedro se via incapaz de tal voluntariedade e é nesse momento que a graça de Deus se mostra, pois, sem dúvidas, é Deus quem nos escolhe e não nós a Deus. 
Mas, antes, há a remissão dos pecados, logo, o chamado para o serviço na obra de Deus. A resposta de Pedro ("senhor tu sabes tudo") mostra exatamente o seguinte: Deus conhece o que há e o que se passa em nós e apenas o seu poder remidor é capaz de restaurar e vivificar, de fato, o nosso coração. A tristeza de Pedro não foi vã diante da terceira pergunta. O verdadeiro arrependimento é marcado pela tristeza, aliás, a tristeza gera o arrependimento e, com Pedro, não foi diferente: para cuidar das coisas de Deus e estar inserido em seu plano e participar do seu Reino, o velho Pedro teria que morrer e um novo Pedro ressurgir. Não foi sem querer que Jesus disse o nome e, ainda, citou a origem de Pedro. Ele queria mostrar que o Pedro pescador ainda estava ali. Mas Jesus queria gerar em Pedro um novo viver.

Uma curiosidade: Jonas significa Pomba, uma tipologia do Espírito Santo. Quem tem nos gerado para uma nova vida? Se nascermos da água e do Espírito estamos prontos para apascentar (trabalhar para o nosso Senhor). Para respondermos a pergunta que Jesus fez a Pedro, devemos estar cheios da benção do Espírito Santo e viver em renovação, em novidade de vida.

O amor que Deus quer do homem é o amor phileo. Ele quer que o homem se relacione com Ele, tenha um compromisso com ele, seja amigo dele.

Já não vos chamarei servos [...] mas tenho vos chamado amigos [...]” (João 15:15)

É com esse amor que estaremos aptos para atender a vontade de Deus e cumprir o seu chamado em nossas vidas: “Apascenta as minhas ovelhas”. É um compromisso selado.

É com esse amor que podemos ser instrumentos do Senhor; é com este amor que caminhamos em intimidade com Deus e em comunhão com o Espírito Santo. É com esse amor que entendemos o que, de fato, é a obra do Espírito e quão suave ela é.

No versículo 18 do capitulo 21 de João, Jesus ainda dá pistas a Pedro de como ele morreria pelo Evangelho e ainda diz no verso 19: “segue-me”.

Jesus tem chamado para sua boa obra pessoas que vão o amar e honrar com suas próprias vidas, Ele tem chamado pessoas que vão (de verdade) renunciar a tudo pelo amor de seu Nome.

Independente das respostas de Pedro e das perguntas de Jesus nas três oportunidades, o pedido do Senhor foi o mesmo: APASCENTA OS MEUS CORDEIROS. O Senhor nos chamou para viver em favor de seu Reino e isso requer TRABALHO e serviço. Apascentar cordeiros era o chamado específico de Pedro. Deus, da mesma forma, tem um chamado específico para cada um de nós. Temos que realizar a obra...

Mas isso só será possível se estivermos firmes no amor ‘phileo’, a saber, no amor de Cristo e no genuíno envolvimento com as questões do Reino.

Finalizando:

Paulo, ao dizer que “aquilo que o ouvido não ouviu, nem o olho viu e o que não subiu ao coração do homem é o que Deus tem preparado”, ele quis mostrar que: Tudo que o Senhor tem preparado para aqueles que o amam está longe da pura razão e da limitação humana, mas, para aqueles que vivem no amor ‘phileo’, íntimos e amigos de Deus, receberão com certeza.

“Deus preparou para aqueles que o amam”

PARA ESSES, DEUS PREPAROU TUDO !

Não se turbe o vosso coração [...] na casa de meu pai há muitas moradas [...] eu vou preparar-vos lugar...” João 14:1-2-3

Gabriel Felipe M. Rocha


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