segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

AQUIETAI-VOS E SABEIS QUE SOU DEUS

 “Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus” 
(SALMOS 46:10)


Por Gabriel Felipe M. Rocha*

Aquietai-vos – no hebraico é igual a: “raphah” cujo significado é diversificado e pode ser inserido em várias aplicações.

Mas o que nos chama a atenção aqui é que “aquietai-vos” (raphah) está diretamente ligado à: Estar parado“soltar”,“deixar ir”ou “deixar cair”.

Em vários momentos de nossas vidas quando a batalha está sendo travada ou a provação está num alto nível de força, queremos logo agir. É comum, desde os primórdios, quando o homem pecou, nós querermos agir pelo nosso impulso e com confiança em nós mesmos, já que tudo a volta parece estar perdido.

Mas Deus nos diz: “Não temas, Eu sou contigo”. Todos os servos na qual o Senhor chamou, tanto no antigo como no novo testamento, Ele confortou com uma palavra de ânimo e direcionou promessas de vitórias.

A tradução desta ordem (aquietai-vos) nos dá a idéia de que: Deus nos pede para largarmos, soltarmos, liberarmos as coisas que impedem o crente de ter fé, exaltar a Deus, dar-lhe glória e dar o seu devido lugar  em seu coração.

O segredo de nossa vitória é deixar Deus agir, pois Ele é o Senhor dos exércitos, o Senhor da guerra, o dono da peleja.

“Não temais, nem vos assusteis por causa desta grande multidão, pois a peleja não é vossa, senão de Deus” (2 Cr.20:15).

Porém o homem no seu instinto quer agir confiando nos seus punhos e (apenas) na sua razão.

Mas o crente que tem o Espírito Santo e confia, de fato, no deus vivo sabe que há um Senhor cuja destra é poderosa em extremo e descansa.

“Até ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá” (Salmo 139:10)

O homem que foi remido pelo precioso sangue de Cristo sabe o quanto o poder do sangue de Jesus – o Espírito Santo - é eficaz e sua operação de vida é dinâmica na santificação do crente e no seu desenvolvimento espiritual tem, assim, uma experiência na oração, sabendo que Deus, a partir dali, tomará conta da batalha, seja ela qual for.

Mas, para isso acontecer, devemos “aquietarmos”, ou seja, “ficar parado” (de acordo com a palavra no original). Isso significa inércia em plenitude: não falar, não agir, apenas estar em oração e perseverar na fé, inclusive lá em Efésios no capítulo 6 a Palavra nos ensina que nossa luta é somente espiritual. Nós só temos ordem para lutar espiritualmente, o resto é do Senhor e ele não se agrada quando tocamos naquilo que é dele.

Quando o crente ora não existe mais a “minha luta”, mas sim a luta do Senhor. Aleluia!

Outro significado de “aquietai-vos” que vimos no início desta postagem é: “soltar”, “deixar ir”.

Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e ele tudo fará”(Salmo 37:05)

Muitas vezes a nossa provação ou luta está ligada a uma má escolha que fizemos, ou até mesmo, pode estar ligado a um pecado cometido. Então? Como é que fica a situação? A Palavra de Deus nos diz que o sangue de Cristo nos liberta de todo o pecado e ela nos informa que temos um advogado infalível (o Senhor Jesus).

Quando oramos e pedimos a Deus a MISERICÓRDIA, Ele entra em nosso favor porque Ele é bom e não tem prazer na nossa dor. Mas é exatamente aí o momento em que nós devemos “deixar ir’ o velho homem, deixar o nosso “caminho” no altar, “soltar” o pecado que habita em nós, abandonar o mal, largar a ira, despedir o engano, libertar o rancor, liberar o perdão, abandonar a razão, jogar fora a vaidade, etc.

Sendo assim, Ele entra na peleja e não perde. Louvado seja Deus!

Algo que me chamou a atenção nesse texto (Sl. 46: 10) é: “aquietai-vos e SABEI que sou Deus”. Na medida em que nós nos aquietamos, ou seja, deixamos Deus agir e nos portamos na fé e na confiança, o nosso conhecimento de Deus aumenta.

“É necessário que ele cresça e que eu diminua” (João 3: 30)

No deixar Deus agir, Ele cresce em nossa vida e o nosso “velho homem” diminui, pois a razão, a argumentação, a força, os recursos já não são necessários e passamos, enfim, a vencer em espírito.

Interessante ressaltar também que: Quando Deus age em nosso favor e permanecemos na entrega e na oração, nossa fé aumenta e passamos assim a “saber” mais de Deus, passamos a conhecer dali a diante que Ele é Deus e nada pode contra isso.

Moisés quando foi chamado por Deus para a libertação de Israel do Egito, ele, querendo dar uma boa explicação a Faraó sobre quem estava ordenando a saída do povo, perguntou: “qual é o seu nome”? (Ex.3:13)

Deve ter pensado: “mesmo vendo essa sarça em fogo e não se consumindo, ainda devo confiar nessa voz”? Moisés convivia em meio aos deuses tiranos e falsos do Egito, ele não havia tido ainda uma experiência com o Deus vivo.

Mas a resposta do Senhor foi satisfatória: (Ex.3:14) “EU SOU O QUE SOU.Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós”.

Não havia espaço para argumentação, mas sim para a fé. As vezes, ficar quieto é atitude. A atitude de Cristo mais expressiva para nós foi sua entrega para a morte. Ele assim o fez quieto, como Cordeiro mudo. Mas o céu e a terra estremeceram...



Que Deus abençoe as nossas vidas, amém.





* Gabriel Felipe M. Rocha é professor e acadêmico, estuda na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (Faje – reconhecida internacionalmente como uma das melhores e mais conceituada faculdade de Filosofia e Teologia) onde cursa o mestrado em Filosofia cuja  área de concentração é Ética e Antropologia. É graduado em História (licenciatura e bacharelado) e pós- graduado em Sociologia. Estudou Francês Instrumental na FAJE-BH e bacharelado em teologia no ITG (Instituto Teológico Gamaliel-PE) com ênfase em História da Igreja.

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