“Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus”
(SALMOS 46:10)
Por
Gabriel Felipe M. Rocha*
Aquietai-vos – no hebraico é igual a: “raphah” cujo significado é diversificado
e pode ser inserido em várias aplicações.
Mas o que nos chama a atenção aqui é que “aquietai-vos” (raphah) está diretamente ligado
à: Estar parado, “soltar”,“deixar ir”ou “deixar cair”.
Em vários momentos de nossas vidas quando a batalha está sendo travada
ou a provação está num alto nível de força, queremos logo agir. É comum, desde
os primórdios, quando o homem pecou, nós querermos agir pelo nosso impulso e
com confiança em nós mesmos, já que tudo a volta parece estar perdido.
Mas Deus nos diz: “Não temas, Eu sou contigo”. Todos os servos na qual o
Senhor chamou, tanto no antigo como no novo testamento, Ele confortou com uma
palavra de ânimo e direcionou promessas de vitórias.
A tradução desta ordem (aquietai-vos) nos dá a idéia de que: Deus nos
pede para largarmos, soltarmos, liberarmos as coisas que impedem o crente de
ter fé, exaltar a Deus, dar-lhe glória e dar o seu devido lugar em
seu coração.
O segredo de nossa vitória é deixar Deus agir, pois Ele é o Senhor dos
exércitos, o Senhor da guerra, o dono da peleja.
“Não temais, nem vos assusteis por causa desta grande multidão, pois a
peleja não é vossa, senão de Deus” (2 Cr.20:15).
Porém o homem no seu instinto quer agir confiando nos seus punhos e
(apenas) na sua razão.
Mas o crente que tem o Espírito Santo e confia, de fato, no deus vivo
sabe que há um Senhor cuja destra é poderosa em extremo e descansa.
“Até ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá” (Salmo 139:10)
O homem que foi remido pelo precioso sangue de Cristo sabe o quanto o
poder do sangue de Jesus – o Espírito Santo - é eficaz e sua operação de vida é
dinâmica na santificação do crente e no seu desenvolvimento espiritual tem,
assim, uma experiência na oração, sabendo que Deus, a partir dali, tomará conta
da batalha, seja ela qual for.
Mas, para isso acontecer, devemos “aquietarmos”, ou seja, “ficar parado”
(de acordo com a palavra no original). Isso significa inércia em plenitude: não
falar, não agir, apenas estar em oração e perseverar na fé, inclusive lá em
Efésios no capítulo 6 a Palavra nos ensina que nossa luta é somente espiritual.
Nós só temos ordem para lutar espiritualmente, o resto é do Senhor e ele não se
agrada quando tocamos naquilo que é dele.
Quando o crente ora não existe mais a “minha luta”, mas sim a luta do
Senhor. Aleluia!
Outro significado de “aquietai-vos” que vimos no início desta postagem
é: “soltar”, “deixar ir”.
“Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e
ele tudo fará”(Salmo 37:05)
Muitas vezes a nossa provação ou luta está ligada a uma má escolha que
fizemos, ou até mesmo, pode estar ligado a um pecado cometido. Então? Como é
que fica a situação? A Palavra de Deus nos diz que o sangue de Cristo nos
liberta de todo o pecado e ela nos informa que temos um advogado infalível (o
Senhor Jesus).
Quando oramos e pedimos a Deus a MISERICÓRDIA, Ele entra em nosso favor
porque Ele é bom e não tem prazer na nossa dor. Mas é exatamente aí o momento
em que nós devemos “deixar ir’ o velho homem, deixar o nosso “caminho” no
altar, “soltar” o pecado que habita em nós, abandonar o mal, largar a ira,
despedir o engano, libertar o rancor, liberar o perdão, abandonar a razão,
jogar fora a vaidade, etc.
Sendo assim, Ele entra na peleja e não perde. Louvado seja Deus!
Algo que me chamou a atenção nesse texto (Sl. 46: 10) é: “aquietai-vos
e SABEI que sou Deus”. Na medida em que nós nos aquietamos, ou
seja, deixamos Deus agir e nos portamos na fé e na confiança, o nosso
conhecimento de Deus aumenta.
“É necessário que ele cresça e que eu diminua” (João 3: 30)
No deixar Deus agir, Ele cresce em nossa vida e o nosso “velho homem”
diminui, pois a razão, a argumentação, a força, os recursos já não são necessários
e passamos, enfim, a vencer em espírito.
Interessante ressaltar também que: Quando Deus age em nosso favor e
permanecemos na entrega e na oração, nossa fé aumenta e passamos assim a
“saber” mais de Deus, passamos a conhecer dali a diante que Ele é Deus e nada
pode contra isso.
Moisés quando foi chamado por Deus para a libertação de Israel do Egito,
ele, querendo dar uma boa explicação a Faraó sobre quem estava ordenando a
saída do povo, perguntou: “qual é o seu nome”? (Ex.3:13)
Deve ter pensado: “mesmo vendo essa sarça em fogo e não se consumindo,
ainda devo confiar nessa voz”? Moisés convivia em meio aos deuses tiranos e
falsos do Egito, ele não havia tido ainda uma experiência com o Deus vivo.
Mas a resposta do Senhor foi satisfatória: (Ex.3:14) “EU SOU O QUE
SOU.Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós”.
Não havia espaço para argumentação, mas sim para a fé. As vezes, ficar quieto
é atitude. A atitude de Cristo mais expressiva para nós foi sua entrega para a
morte. Ele assim o fez quieto, como Cordeiro mudo. Mas o céu e a terra
estremeceram...
Que Deus abençoe as nossas vidas, amém.
* Gabriel Felipe M. Rocha é professor e acadêmico, estuda na Faculdade
Jesuíta de Filosofia e Teologia (Faje – reconhecida internacionalmente como uma
das melhores e mais conceituada faculdade de Filosofia e Teologia) onde cursa
o mestrado em Filosofia cuja área de
concentração é Ética e Antropologia. É graduado em História (licenciatura e
bacharelado) e pós- graduado em Sociologia. Estudou Francês Instrumental na FAJE-BH
e bacharelado em teologia no ITG (Instituto Teológico Gamaliel-PE) com ênfase
em História da Igreja.
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