Desejos do Homem e Novo Nascimento
João 3:16
“Tendo
Deus ressuscitado o seu Servo, enviou-o primeiramente a vocês, para
abençoá-los, convertendo cada um de vocês das suas maldades” (Atos
3:26).
“Uma
pessoa só pode receber o que lhe é dado dos céus” (João
3:27) .
Frequentemente me pego debatendo com cristãos que acreditam que homem e
Deus têm papéis iguais na regeneração (sinergistas) e que nossa escolha é o
sine qua non do novo nascimento. Eles argumentam que Deus dá a todos a graça
preveniente, mas o homem pode exercer seu livre-arbítrio autônomo para fazer a
graça eficaz. Estes cristãos ensinam que o homem escolhe a Cristo apesar de
seus desejos e isso é o que faz sua vontade livre. Escolher algo diferente de
seus desejos constitui verdadeira liberdade para eles, já que a liberdade está
acima e é independente de todas as outras influências. Mas é isto o que a
Bíblia ensina?
O primeiro alvo deste texto é provar pelas Escrituras que nós sempre escolhemos
o que nós queremos (desejamos) mais e que isso é baseado em nossa natureza. Nós
escolhemos alguma coisa porque nós a desejamos. Em outras palavras, nós
acreditamos em Jesus porque nosso desejo por Cristo se torna maior que nosso
desejo pelo pecado. O segundo alvo é explorar de onde esse desejo vem. Ele vem
de nossa natureza degenerada (como os sinergistas crêem) ou ele é um dom
incondicional de Deus? Meus amigos sinergistas dizem que, utilizando a graça de
Deus, apesar de nossos desejos, nossa vontade autônoma definitivamente
determinará nosso destino final. Eu argumentarei porque essa posição é fatal
para seu sistema teológico inteiro.
Nós Escolhemos O Que Nós Desejamos Mais
Vamos começar com alguns textos bíblicos que ensinam que nossa natureza
determina nossos desejos e nossos desejos determinam nossas escolhas. Cristo
diz:
“O homem bom tira coisas boas do bom tesouro que está em seu coração, e
o homem mau tira coisas más do mal que está em seu coração, porque a sua boca
fala do que está cheio o coração” (Lucas 6:45).
O que Jesus diz aqui é claro – a água não corre contra a correnteza.
Nossa decisão de dizer algo bom ou ruim é somente determinada pela condição de
nosso coração. Há uma grande evidência para o mesmo conceito em Mateus 7:18.
“A árvore boa não pode dar frutos ruins, nem a árvore ruim pode dar
frutos bons”.
Aqui, Jesus está ensinando que é a natureza da árvore que determina o
que virá dela. Somente aquele que tem uma boa natureza é capaz de criar um
pensamento correto, gerar uma afeição correta, ou originar uma volição correta.
Jesus martela novamente o mesmo conceito nos judeus incrédulos, quando discute
se eles são ou não descendentes de Abraão:
“Por que a minha linguagem não é clara para vocês? Porque são incapazes
de ouvir o que eu digo. Vocês pertencem ao pai de vocês, o Diabo, e querem
realizar o desejo dele. Ele foi homicida desde o princípio e não se apegou à
verdade, pois não há verdade nele. Quando mente, fala a sua própria língua,
pois é mentiroso e pai da mentira (...) Aquele que pertence a Deus ouve o que
Deus diz. Vocês não o ouvem porque não pertencem a Deus”. (João 8:43,44,47)
Na passagem acima, os judeus não puderam ouvir a palavra de Deus porque
eles pertenciam ao diabo (suas naturezas) e isso aumentou suas vontades de
fazer o que desejavam. Suas naturezas os tornaram moralmente impotentes para
ouvir as palavras de Jesus. Mais tarde, Jesus ensina que antes de alguém ouvir
as palavras de Deus, ele deve ser de Deus. Em outras palavras, uma pessoa não
entenderá o evangelho enquanto permanecer em seu estado não regenerado e
decaído.
Deus Exige Perfeição
Na história do jovem rico, Jesus o ensina que se ele obedecer todos os
mandamentos, ele terá a vida eterna. Todos nós sabemos que esta história foi
contada para expor nossa inabilidade de cumprir tudo isso. Mas o jovem
(equivocadamente) confiava que ele guardou tudo desde sua juventude. Jesus,
conhecendo seu coração e onde ele vacilaria, ordena que o rapaz venda todas
suas posses, dê aos pobres e o siga. Em outras palavras, Jesus lhe disse que o
arrependimento de sua ganância e a fé em Cristo eram onde ele ainda falhava.
Mas ele se afastou entristecido. Jesus então diz a seus discípulos que é mais
difícil que um homem rico entre no Paraíso que um camelo passar por um buraco de
agulha. “Quem então poderá ser salvo?”, os discípulos perguntam, sabendo que
Jesus está dizendo que o caminho para o céu está fechado a todos os homens – um
padrão santo que ninguém poderia alcançar. A resposta que Jesus dá é “Para o
homem é impossível (arrependimento e fé), mas para Deus todas as coisas são
possíveis”. A natureza do jovem não poderia se colocar acima de seus desejos e
Jesus diz que isso é impossível para todos os homens. Apenas Deus tem a
capacidade de fazer isto. A Bíblia é recheada com exemplos assim. É realmente
um mito que o homem em seu estado natural está genuinamente buscando a Deus.
Homens podem procurar um deus, mas eles não procuram o verdadeiro Deus,
revelado nas Escrituras. Exceto pelo novo nascimento, ninguém vem à luz do verdadeiro
Deus, mas suprimi a verdade pela injustiça.
A Bíblia, por esta razão, ensina além de qualquer dúvida que nós agimos
ou escolhemos de acordo com nosso maior desejo, que é baseado é nossa natureza.
Jesus como notou acima, ensina que é impossível ser de outra forma. Mais ainda,
como uma consequência da morte física de Adão e seus descendentes (Gn 2:17)
existem muitos outros problemas com a natureza do homem em seu estado decaído,
incluindo sua incapacidade de entender Deus (Salmos 50:21; Jó 11:7,8; Rm 3:11);
ver coisas espirituais (Jo 3:3); conhecer seu próprio coração (Jr 17:9);
direcionar os próprios passos no caminho da vida (Jr 10:23; Pv 14:12); libertar
a si mesmo da maldição da Lei (Gl 3:10); receber o Espírito Santo (Jo 14:17);
nascer por si só na família de Deus (Jo 1:13; Rm 9:15,16); produzir
arrependimento e fé em Jesus Cristo (Ef 2:8,9; Jo 6:64.65; 2 Ts 3:2; Fp 1:29; 2
Tm 2:25); ir a Cristo (Jo 10:26; Jo 6:44); e agradar a Deus (Rm 8:5,8,9). Estas
consequências da desobediência de Adão em seus descendentes são o que os
teólogos frequentemente se referem como a total depravação do homem. Sem uma
mudança de disposição, o amor de Deus e Sua lei não são a mais profunda
motivação e princípio do homem natural.
O Que Tudo Isso Tem a Ver com João 3:16?
Sinergistas frequentemente me dizem: “Predestinacionistas acreditam em
um Deus que requer mais do que Ele capacita ou permite os homens alcançarem.
Este é o tipo de Deus em quem eles acreditam”. Nisto eles estão parcialmente
corretos, mas a falha está no homem, não em Deus... porque a natureza de Deus
nunca mudou, mas a nossa muda. A Lei de Deus é perfeita porque Ele é perfeito.
Ele não pode diminuir Seus padrões por nós ou Ele não mais seria Deus. Por esta
razão, Deus teve um propósito específico em exigir perfeição moral em nós e
isso inclui o mandamento de crer em Cristo.
Declarações bíblicas como “se tu o buscares” e “todo aquele que nele
crer” como em João 3:16 estão num modo hipotético. Um gramático explicaria que
há uma declaração condicional, que não expressa nada de forma indicativa. Nesta
passagem o que nós “deveríamos” fazer não implica necessariamente que nós
“podemos” fazer. Os dez mandamentos, da mesma forma, falam do que nós
deveríamos fazer mas eles não implicam que nós temos a habilidade moral de
cumpri-los. Os mandamentos de Deus nunca serviram para nos fortalecer, mas para
arrancar nossa confiança em nossas próprias capacidades de tal forma que seria
o fim de nós mesmos. Com uma clareza pungente, Paulo ensina que este é o
intento da legislação divina (Rm 3:20, 5:20; Gl 3:19,24). Se alguém está
tentado a argumentar que essa crença é meramente um convite, e não um
mandamento, leia 1 João 3:23: “E este é o seu mandamento: que creiamos no nome
de seu Filho Jesus Cristo...”. Então, eu creio que aqueles que sustentam a
idéia de que Deus ordena aos homens decaídos e não regenerados a fazerem algo
que já são capazes de fazê-lo estão impondo uma teoria antibíblica no texto. Um
mandamento ou convite com uma afirmação abertamente hipotética, como João 3:16
faz não implica na capacidade de cumpri-lo. Isto é especialmente verdadeiro à
luz de textos como Jo 1:13, Rm 9:16, Jo 6:37, 44, 63-65, Mt 5:16-16, 1 Co 2:14
e muitos outros que mostram a incapacidade moral do homem no estado decaído em
crer no Evangelho. Em nossa natureza não regenerada nós não podemos fazer nada
a não ser amar as trevas e nunca nos aproximarmos da luz.
Na Cruz Deus Nos Dá o que Ele Exige de Nós
Como isso pode ser boa-nova se os homens nunca se encontrarão naturalmente
desejando se submeter em fé aos humilhantes termos do Evangelho de Cristo? (Rm
3:11; Jo 6:64,65; 2 Ts 3:2). Porque Deus nos deu graciosamente o que Ele exige
de nós. No evangelho, Deus nos revela a mesma justiça e fé que Ele exige de
nós. O que nós deveríamos ter, mas não poderíamos criar ou alcançar ou cumprir,
Deus nos garante livremente, como é chamada, a justiça de Deus (2 Co 5:21) e a
fé de Cristo. Ele revela, como um dom em Cristo Jesus, a fé e a justiça que
antes era somente uma exigência. Fé não é algo com que o pecador contribui para
pagar o preço de Sua salvação. Jesus já pagou todo o preço por nós. Fé é nosso
primeiro fôlego na respiração de nosso novo nascimento, antes de falar. É uma
testemunha da obra da graça de Deus que tomou seu lugar dentro de nós (Ef
2:5,8; 2 Tm 2:25).
Romanos 3:11,12 diz “não há ninguém que busque a Deus, ninguém” e 1 Co
2:14 diz que o homem natural não consegue entender as coisas do Espírito, que
são loucura para ele e não é possível que sejam aceitas porque devem ser
discernidas espiritualmente. Mesmo Pedro teve de ser revelado pelo Pai que
Jesus era o Cristo. Os arminianos e nós concordamos que “todo aquele que crer”
tem a vida eterna, mas a questão vai além disso – o que leva alguém a crer?
C.H. Spurgeon, em seu sermão Incapacidade Humana expõe isso com grande
clareza:
"Oh", diz o Arminiano, "os homens podem serem salvos se
quiserem." Nós replicamos: "Meu querido senhor, todos nós cremos
nisto; mas é precisamente no se eles quiserem onde está a dificuldade.
Afirmamos que ninguém quer vir a Cristo, a menos que ele seja trazido; pelo
contrário, nós não afirmamos isto, mas o próprio Cristo o declara: "Mas
não quereis vir a mim para terdes vida"; e enquanto este "não
quereis" permanecer registrado na Santa Escritura, não seremos inclinados
a crer em qualquer doutrina da liberdade da vontade humana. É estranho como as
pessoas, quando falam sobre o livre-arbítrio, discutem de coisas que eles não
tem nenhum entendimento. "Ora", diz alguém, "eu creio que os
homens podem ser salvos se eles quiserem." Meu querido senhor, de modo
algum é esta a questão. A questão é: os homens alguma vez são encontrados
naturalmente dispostos a submeterem-se aos termos humilhantes do evangelho de
Cristo? Declaramos, sob a autoridade das Escrituras, que o homem está tão
desesperadamente em ruína, tão depravado, e tão inclinado a tudo o que é mal, e
tão oposto a tudo o que é bom, que sem a poderosa, sobrenatural e irresistível
influência do Espírito Santo, nenhum ser humano quererá jamais ser constrangido
para Cristo. Você replica, que os homens algumas vezes estão desejosos, sem a
ajuda do Espírito Santo. Eu respondo: Você encontrou alguma vez alguma pessoa
que estivesse?
Eu argumentaria que este é o porquê de Jesus enfatizar o novo nascimento
durante toda a passagem de João 3. Nicodemos não podia entender a linguagem de
Jesus: “O que nasce da carne é carne, mas o que nasce do Espírito é espírito”.
Assim como somos passivos em nosso nascimento físico, também no nascimento espiritual
o somos. Nós não participamos ativamente de qualquer nascimento com nossos
esforços. O Espírito é semelhante ao vento nesta passagem, que não se sabe se
está indo ou vindo – assim é todo aquele nascido em espírito. O trabalho do
Espírito é soberano e sobrenatural. Assim como um cego não enxergará se você
lançar uma luz nos seus olhos, ordenando a ele tudo que você quiser. Não é de
luz que ele precisa, mas de um novo par de olhos. É assim que o novo nascimento
parece. Antes da regeneração, Satanás nos tornou cativos de sua vontade. Ele
nos cegou para a verdade. Nós devemos ser libertos de nossos próprios desejos e
o cativo somente é completamente livre pelo dedo de Deus através do trabalho
final de Cristo.
Em João 3:19-20, no mesmo contexto de 3:16 (três versos depois), Jesus
qualifica Seu “todo aquele que crê” com a seguinte afirmação: “Este é o
julgamento: a luz veio ao mundo, mas os homens amaram as trevas, e não a luz,
porque as suas obras eram más. Quem pratica o mal odeia a luz e não se aproxima
da luz, temendo que as suas obras sejam manifestas”. (Isto é para todos nós
anterior à regeneração)
Mas todos nós sabemos que alguns virão para a luz. Leia o que João
3:20-21 diz sobre eles. “Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de
que seja manifesto que as suas obras são feitas em Deus”. Então, veja que
existe aqueles que vêm para a luz; e suas obras são o trabalho de Deus. “Feitas
em Deus” significa trabalhado em e por Deus. A não ser pelo gracioso trabalho
divino de regeneração, todos os homens odeia a luz de Deus e não irão até ela.
Ao invés de balançar nossas cabeças para o versículo que se encaixa em
nosso sistema particular de teologia, nós devemos interpretar escritura com
escritura, especialmente no contexto da passagem. Agora que nós vimos João 3
por completo, o verdadeiro significado do texto se torna claro. João 1:10-12 é
também um dos favoritos dos sinergistas quando anunciam o evangelho:
“Ele estava no mundo, e o embora mundo tenha sido feito por intermédio
dele, o mundo não o reconheceu. Veio para o que era seu, mas os seus não o
receberam. Contudo, aos que o receberam aos que creram em seu nome, deu-lhes o
direito de se tornarem filhos de Deus”.
Grande passagem, eu também adoro usar estes versos, mas nós não podemos
parar aqui. Nós precisamos reconhecer que devemos adicionar a qualidade do
verso 13:
“os quais não nasceram por descendência natural, nem pela vontade da
carne nem pela vontade de algum homem, mas nasceram de Deus” (João 1:13).
Eu estranho muitos deixarem esse versículo de fora de sua evangelização:
todos os versículos caminham juntos. Isso repete um tema constante nas
Escrituras: que nós somos ordenados a nos arrepender e crer no evangelho, mas
adicionalmente, que nós somos moralmente incapazes de fazer tanto sem o eficaz
trabalho do Espírito Santo. A oferta de “todo aquele que nele crer” é para
todos os homens e verdadeiramente oferecido a todos os homens, mas nenhum homem
natural deseja a Deus. TODOS rejeitam este dom, mas o que nós não podemos fazer
por nós mesmos, Deus faz por nós. Aqueles que vêm a Deus dão glórias a Ele
porque Ele tem preparado seu coração, dando-lhes um desejo por Cristo que é
maior que o desejo de permanecer no pecado. Isto é o que Ele fez por Lídia
através da pregação de Paulo, no livro de Atos: “O Senhor abriu seu coração
para atender à mensagem de Paulo”. O que aconteceu a Lídia é o que acontece a
todo aquele que vem para a fé em Cristo. Se o Senhor abrir nosso coração, nós
desejaremos crer, e nenhuma resistência existe, porque nós não desejaremos resistir.
Nossas novas naturezas vivificadas pelo Espírito Santo têm novos desejos e
disposições, que não poderíamos produzir por nós mesmos. Se o Senhor abriu o
coração de Lídia para ela atender à mensagem e ela resistisse, isto seria uma
afirmação contraditória. Note que Deus abriu seu coração para “atender à
mensagem”. Se Deus desarmou a hostilidade de Lídia de forma que ela creria,
então não deveria haver mais debates de como Ele faz com todos aqueles que têm
fé. Apesar do fato de nós termos uma crença real em nós mesmos, pelo esquema
sinergista, no entanto, o homem volta sua afeição e fé para Deus enquanto ainda
está em sua caída e degenerada condição de coração petrificado. Mas o homem
deve primeiro ter uma nova natureza para crer – ou seja, a Escritura ensina que
o homem sem o Espírito não deseja, entende, tampouco é capaz de obedecer ou se
voltar a Deus (1 Co 2:14, Rm 8:7, Rm 3:11). Se nós iremos acreditar, Deus deve
primeiramente transformar nosso coração de pedra em um coração de carne:
“Darei a vocês um coração novo e porei um espírito novo em vocês;
tirarei de vocês o coração de pedra e lhes darei um coração de carne. Porei o
meu Espírito em vocês e os levarei a agirem segundo os meus decretos e a
obedecerem fielmente às minhas leis” (Ezequiel 36:26,27).
Os sinergistas acreditam que o grande desejo por fé, pelo qual nós
creremos no Deus que justifica pecadores, pertence a nós por natureza e não por
um dom da graça, que está, pela inspiração do Espírito Santo, aumentando nossa
vontade e tirando ela da descrença para fé e da falta de Deus para Deus. Mas o
Apóstolo Paulo diz: “Estou convencido de que aquele que começou boa obra em
vocês, vai completá-la até o dia de Cristo Jesus” (Fl 1:6). E novamente, “Pois
vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de
Deus” (Ef 2:8). Pior ainda, os sinergistas ensinam que Deus tem misericórdia de
nós quando, a partir da graça regeneradora, nós acreditamos, queremos e
desejamos, mas não confessam que é através do trabalho e inspiração do Espírito
Santo em nós que teremos a fé, a vontade ou força para fazer todas estas
coisas. Se eles fazem a ajuda da graça depender de nossa humildade ou
obediência, mas não concordam que é um dom da própria graça que nós sejamos
obedientes e humildes, eles contradizem a Bíblia, que diz
“O que você tem que
não tenha recebido?” (1 Co 4:7) e “Mas, pela graça de Deus, sou o que sou” (1
Co 15:10).
Então vamos perguntar a nossos amigos sinergistas porque um homem crê e
outro não?
Pelo esquema arminiano, Deus dá ao homem graça suficiente para colocá-lo
numa posição de decidir por si mesmo se irá ou não crer. Então um homem será
mais inteligente, mais sábio e mais humilde? Se este fosse o caso, Deus nos
salvaria com base na personalidade gerada por nós mesmos e não pela graça.
Pergunte a eles como seus olhos se voltaram a Deus. Um homem usa a graça dada a
ele e outro não. O que no homem determina sua escolha e por quê? Isso nos deixa
com salvação pelo mérito, desde que um homem que tem pensamentos e afeições por
Deus O escolhe enquanto o outro não. Não já provamos que as Escrituras ensinam
que fazemos nossas escolhas baseados no que mais desejamos? Onde o homem
conseguiu sabedoria e inclinação a Deus, enquanto o outro permaneceu
endurecido? Como um homem criou um pensamento reto, afeição reta, ou originou
volição reta? Se não veio de seus desejos, então veio de onde? As escolhas são
baseadas no que nós somos. Um homem natural nunca escolheria a Deus por si
mesmo sem a graça regeneradora. Então Deus sobrenaturalmente enxerta a obra
regeneradora do espírito ao despertar a fé de Seus eleitos.
Então, porque alguns homens rejeitam a Deus?
Resposta muito simples: Porque eles são malignos. “Ele fará uso de todas
as formas de engano da injustiça para os que estão perecendo, porquanto
rejeitaram o amor à verdade que os poderia salvar” (2 Ts 2:10). Eles odeiam a
Deus e não O querem, como toda pessoa sem o Espírito. Cristo diz “vocês não
creem, porque não são minhas ovelhas”. Jesus claramente mostra que a natureza
da pessoa determina as escolhas que faz. Ele não diz “vocês não creem, por isso
não são minhas ovelhas” . Não, Ele diz “vocês não são minhas ovelhas, (POR
ISSO) vocês não creem”. A Bíblia afirma claramente porque alguns creem e outros
não. Nossa natureza determina nossas escolhas. Descrença é consequência da
maldade, segundo as Escrituras. Crer é consequência da misericordiosa mudança
na disposição do coração (em direção a Deus) através da rápida ação do Espírito
Santo. O esquema sinergista deixa cada pessoa decidir por elas mesmas enquanto
ainda estão em sua natureza decaída. O homem em seu estado não regenerado
decide baseado em um princípio dentro dele. Nossa vontade por si só não é
autônoma, mas controlada por quem somos naturalmente. Nós nunca escolhemos o
que nós não queremos ou odiamos. Em nosso estado não regenerado nós ainda somos
hostis para com Deus, amamos as trevas e somos cegos pelo diabo, tomados
cativos para fazer a vontade dele, e não desejamos ou queremos coisas
espirituais.
Se a graça preveniente dos arminianos somente faz o coração neutro, como
eles admitem, então o homem não é motivado nem desmotivado para crer ou descrer
– consequentemente a única opção é pelo acaso que alguém creia ou não. Eles
irão argumentar ardentemente contra isso mas não encontrarão outra alternativa
bíblica. Nossa escolha, qual seja, é baseada em nosso caráter interior, não
pelo acaso. Um homem escolhe e o outro não, porque um foi renovado pelo
gracioso trabalho de Deus. Apenas isso dá toda glória a Deus pela salvação.
“O Espírito dá vida; a carne não produz nada que se aproveite. As
palavras que eu lhes disse são espírito e vida. Contudo, há alguns de vocês que
não creem” (...) E prosseguiu: "É por isso que eu lhes disse que ninguém
pode vir a mim, a não ser que isto lhe seja dado pelo Pai” (João 6:63-65).
Concluindo, minha oração é que a igreja do século XXI finalmente aprenda
a doutrina “somente pela graça” corretamente. Oh! Que nós entendamos a pobreza
da condição do homem perdido e a glória da misericórdia e graça divinas, e que não
nos preocupemos em proclamá-las. Acredito que percorreremos um longo caminho
parar criarmos uma postura de adoração que dê completa honra a Deus, em que Seu
povo terá pensamentos corretos sobre Ele e alcançará um estágio de verdadeiro
reavivamento. Esta tem sido uma longa batalha desenhada através da História da
igreja (Agostinho/Pelágio, Lutero/Erasmo, Calvino/Armínio, Wesley/Whitefield)
mas eu permaneço muito otimista quanto ao futuro crescimento do reino de Deus.
Fonte: Os Bereanos