Pedro,
o primeiro Papa? Como assim?
Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja (Mt.16.18)
Irmãos, amigos e leitores (de bom gosto) do blog Palavra a Sério, a paz
de nosso Senhor Jesus!
Ano passado postei algo sobre essa temática (http://palavraserio.blogspot.com.br/2011/10/heresias-catolicas-3-pedra-e-pedro-ou.html),
mas achei por bem escrever e buscar mais informações a respeito dessa heresia
romana, uma vez que, questionamentos sobre tal tema surgem sempre e precisamos
estar preparados para explicar (não contender), expressar e elevar a veracidade
da palavra.
Sou graduado em História e pós-graduado em Sociologia, mas no momento estou
na Filosofia com o objetivo de conseguir o título de mestre nessa área. Estudo
em uma faculdade jesuíta e, conseguintemente, eu tenho alguns colegas padres e
seminaristas. Num certo dia, resolveram me desestruturar dizendo que: eu, um
protestante, não estou fundamentado em Cristo, porque minha igreja não está
fundamentada em Pedro, mas sim em homens como Lutero, Calvino, etc. Bem, não
precisa ser tão inteligente para perceber que na “apologética” deles já encontramos
contradições terríveis. Eles estão em Cristo ou em Pedro? E se estão em Pedro,
por que nos acusam de estarmos “edificados” em homens (que não é verdade)? Ou
Pedro era um anjo ou semideus e não fiquei sabendo...
Bem, vamos ao assunto:
A expressão “sobre esta pedra”
está relacionada à resposta de Pedro, que disse: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo.” É sobre Cristo que a Igreja
foi edificada e não sobre Pedro.
Jesus afirmou que Ele próprio era a pedra (Mt 21.42). A afirmação de Jesus é uma interpretação veraz do Salmo 118.22. O próprio Pedro identifica
Jesus como sendo a pedra (At 4, 11, 12;
1Pe 2.4-6).
Se Pedro foi papa durante vinte e cinco anos, então existe algo errado,
já que o apóstolo foi martirizado no reinado de Nero, entre os anos 67 e 68
a.D. Subtraindo desta data vinte e cinco anos, retrocederemos ao ano 42 ou 43
a.D. Nessa época, não havia sido realizado ainda o Concílio de Jerusalém (At 15), que ocorreu por volta do ano 48
a.D, ou um pouco depois. Pedro participou do Concílio, mas foi Tiago quem o
realizou e presidiu (At 15.13, 19).
O apóstolo Paulo escreveu sua epístola aos romanos no ano 58 a.D. e, no capítulo 16, mandou saudação para muita
gente em Roma, mas Pedro sequer é mencionado. Por outro lado, Paulo chegou a
Roma no ano 62 a.D. e foi visitado por muitos irmãos (At 28.30,31). E também nesse período não há nenhuma menção a Pedro
ou a algum papa. O apóstolo Paulo escreveu quatro cartas de Roma: Efésios, Colossenses e Filemon (62
a.D.) e Filipenses (entre os anos 67
e 68 a.D.). Todavia, Pedro não é mencionado em nenhuma delas e, novamente, não
se tem notícia do suposto pontificado de Pedro.
Devemos, ainda, considerar o texto em
estudo e seu contexto:
1) Enquanto Pedro é mencionado na segunda pessoa (tu), a expressão “esta pedra” está na terceira pessoa.
2) Pedro (petros) é um substantivo masculino, enquanto pedra (petra), um feminino singular. Consequentemente, estas palavras não têm a mesma referência. Ainda que Jesus tivesse falado em aramaico (provavelmente), o original grego inspirado traz as distinções. O interessante é que até as próprias autoridades teológicas católicas concordam que a referência bíblica em estudo não está relacionada a Pedro.
O destaque aqui é para João Crisóstomo e Agostinho.
Agostinho, em seu comentário sobre o evangelho de João, escreveu: “Nesta pedra, então, disse Ele, a qual tu confessaste, eu construirei minha Igreja. Esta Pedra é Cristo; e nesta fundação o próprio Pedro construiu.” Assim, não existe fundamento bíblico nem subsídio histórico para consubstanciar a figura de Pedro como papa (Ef 2.20).
E eu te darei
as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos
céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus.
Com base nesta afirmação de Jesus a
Pedro, ensina o Catolicismo Romano, que tanto esse apóstolo quanto seus
sucessores foram revestidos de um poder especial e exclusivo, tornando o papado
infalível.
A doutrina católica sobre a infalibilidade
papal não encontra apoio nas Escrituras. Jesus, de modo algum, outorgou
autoridade a outras pessoas para exercerem, de forma singular, a liderança
(como cabeça) de sua Igreja. Com base em Mateus
18.15-20, Jesus estende a autoridade que concedeu a Pedro aos demais
discípulos, como membros do corpo de Cristo. Esse tipo de
autoridade era comum aos rabinos, que tinham o privilégio de dar “permissão” e
“proibir”. Não se tratava de uma porção de poder exclusiva somente a Pedro. A
Igreja também recebeu a mesma autoridade, pela qual proclamamos o evangelho, o
perdão de Deus e o julgamento divino aos impenitentes. Contudo, o único que tem
proeminência sem igual é Cristo, a pedra
angular. Os demais crentes, inclusive Pedro, são as “pedras vivas” (v.5) nesta edificação.
O papel de Pedro, no Novo Testamento,
está longe da reivindicação católica romana de que ele possuía e era autoridade
sobre seus companheiros. Embora tenha sido o orador principal no dia de
Pentecostes, no entanto, sua atuação no restante do livro de Atos é escassa,
sendo considerado tão-somente como “um
dos apóstolos”. De forma muito clara, o apóstolo Paulo falou o seguinte:
“Em nada fui inferior aos mais excelentes apóstolos” (2Co 12.11).
Será que uma leitura mais cuidadosa
da carta escrita aos gálatas nos levaria a aceitar que algum apóstolo foi
superior a Paulo? Claro que não. Pois Paulo disse ter recebido uma revelação
(do evangelho) que não veio dos demais apóstolos (Gl 1.12; 2.2) e que o seu chamado era semelhante ao ministério de
Pedro (Gl 2.8), a ponto de usar da
autoridade que tinha como apóstolo para repreender duramente o próprio Pedro (Gl 2.11-14). Bem, infalível ele não
era, assim como nós não somos.
O fato de Pedro e João terem sido
“enviados pelos demais apóstolos” a uma missão especial em Samaria demonstra
que Pedro não tinha uma posição superior entre eles (At 8.4-13). A OBRA era exclusiva do
Espírito Santo. No ministério prático da Igreja Fiel, o Espírito santo é quem
se coloca como “liderança”, pois é o Espírito de Jesus, o Cabeça da Igreja. Se
Pedro de fato fosse superior aos demais, por que é dispensada ao ministério de
Paulo uma atenção maior, fato constatado nos capítulos 13-28? No primeiro
concílio realizado em Jerusalém (At 15),
a decisão final não partiu de Pedro, mas, sim, dos apóstolos e dos anciãos.
Além disso, foi Tiago, e não Pedro, que
presidiu o conselho (At 15.13). em
momento algum, já que era, segundo o catolicismo, superior aos demais
apóstolos, Pedro reivindicou ser pastor das igrejas, antes exortou os
presbíteros para que cuidassem do rebanho de Deus (1Pe 5.1, 2). Embora reconhecesse ser “um” apóstolo (1Pe 1.1), não se intitulou “o”
apóstolo, ou chefe dos apóstolos. Sabia que era apenas “um” dos pilares da
Igreja, junto com Tiago e João, e não “o” pilar (Gl 2.9). Contudo, foi falível em sua natureza. Somente a Palavra de
Deus é infalível. Isso, no entanto, não quer dizer que Pedro não teve um papel
significante na vida da Igreja.
Segundo afirma o catolicismo romano,
os “sucessores” de Pedro ocupam sua cadeira. Quando, porém, analisamos as
Escrituras, encontramos critérios específicos para o apostolado (At 1.22; 1Co 9.1; 15.5-8), de modo que
não poderia haver sucessão apostólica no bispado de Roma ou em qualquer outra
igreja.
Quanto às chaves entregues
simbolicamente a Pedro, não significam que esse apóstolo tinha poder para fazer
entrar no céu quem ele quisesse. Simplesmente representam a propagação do
evangelho, pela qual todos os pregadores, e não apenas Pedro, podem abrir as
portas dos céus aos pecadores que desejam ser salvos. Jesus foi explicito e
enfático ao ordenar a divulgação das boas-novas em Lucas 24.46, 47. A mensagem
de salvação produz arrependimento, por meio da fé na pessoa e obra de Cristo;
ou seja, em sua morte e ressurreição. Pedro abriu as portas do céu para seus
ouvintes no dia de Pentecostes (At
2.37-41) e na casa de Cornélio (At
10.42, 43).
Fonte:
Bíblia Apologética de Estudo – Edição Corrigida e Revisada Fiel ao Texto
Original. Bíblia de Estudo Palavras Chave (CPAD). J.F.A/ Grego e Hebraico.
Gabriel Felipe M. Rocha
3 comentários:
Boa informação, amigo. Em breve, se puder, poste algo sobre o batismo infantil. muitos neófitos tem ou vem de lá com essa dúvida. Abraços. Everton.
Com certeza sim. Se meu tempo permitir, escreverei algo a respeito. Continue conosco, abraços !
o “Papa Pedro” representa exatamente um paradoxo: ele era tão pontifício que recusou que lhe beijassem os pés (Atos 10:26), tão infalível que Jesus o chamou de Satanás (Mateus 16:23), tão autocrata que Paulo o censurou na face (Gálatas 2:11) e tão celibatário que tinha uma sogra (Mateus 8:14).
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