Gabriel Felipe M. Rocha
"Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da
morte, não temeria mal algum…" (Sl. 23:5)
"Por cuja
causa padeço também isto, mas não me envergonho; porque eu sei em quem tenho
crido, e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele
dia" (2Tm
1:12)
Existem muitos problemas e tribulações que veem sobre o crente nesse "vale de lágrimas", mas nenhum deles é tão perturbante como a morte. A morte é algo que lança temor no mais forte coração, pois é o fim dessa vida terrena. Na morte o corpo se dissolve e volta ao pó, e com essa dissolução do corpo tudo o que pertence à nossa vida terrena é destruído.
Além do mais, não há como escapar das garras da
morte. Com a exceção daqueles que estarão vivos no retorno de Cristo, todos
devem morrer. Deus diz: "… aos homens está ordenado morrerem uma vez …"
(Hebreus 9:27). Isso é verdade do jovem, bem como do velho. Não
sabemos o dia, nem a hora quando Deus nos dirá: "Esta noite te pedirão a tua
alma" (Lucas 12:20). Qualquer um de nós pode morrer a qualquer
momento.
Tudo isso faz da morte uma coisa muito assustadora.
Para muitas pessoas ela é algo a ser temido. O próprio pensamento da morte
enche seus corações de terror. A antecipação da morte traz sentimentos tais
como desespero e desesperança, e as pessoas farão quase tudo para evitar sua
inevitabilidade.
Contudo, para o crente as coisas são diferentes.
Ele não teme a morte. Com o salmista ele diz: "Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da
morte, não temeria mal algum …" (Sl. 23:5). Mesmo que esteja
andando no "vale
da sombra da morte," ele não teme. Ele sabe que a morte não é o
fim de tudo para ele. Ele não morre como a besta do campo. Não morre como
alguém sem esperança. Pela graça ele crê que Deus lhe deu a vida eterna, e que
a morte é o meio pelo qual ele passa para uma experiência mais gloriosa dessa
vida.
"Tragada foi a morte na vitória" (1Co.
15:54)
A esperança do crente está fixa no dia do retorno
do nosso Senhor, e na ressurreição do seu corpo dentre os mortos.
Embora seu
corpo retorne ao pó, o mesmo não permanecerá nessa corrupção. Ele será
levantado dentre os mortos. O corruptível se vestirá de incorrupção, e o mortal
de imortalidade.
"Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e
com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão
primeiro" (1Ts. 4:16).
Essa é uma das razões pelas quais o crente espera
avidamente a vinda de Cristo. Ele anseia pelo dia quando será transformado "num
momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta" (1Co.
15:52). Nesse momento glorioso todos do povo de Deus serão glorificados
e entrarão na bem-aventurança dos novos céus e nova terra. Assim, a oração
diária de todo filho de Deus é:
"Ora vem, Senhor Jesus" (Ap. 22:20).
Mas isso não é tudo. A esperança do crente não é
somente que ele será ressuscitado dentre os mortos quando Cristo retornar, mas
que após a morte ele entrará imediatamente na presença de Cristo. O filho de
Deus espera Cristo vir na morte para levá-lo ao céu, da mesma forma que espera
ele vir no final do mundo. Embora o corpo retorne ao pós e não será ressuscitado
até o último dia, na morte, a alma é levada ao céu. Na morte, o crente desfruta
conscientemente da bem-aventurança de estar com o seu Senhor e Salvador.
Embora essa verdade seja muito confortadora, ela é
negada por muitos que professam ser cristãos. Por exemplo, os católicos romanos
creem que na morte as almas da maioria dos crentes irão para o purgatório, e
permanecerão ali por um tempo considerável antes de irem para o céu. Antes de o
crente poder ir para o céu, ele deve sofrer o restante da punição temporal por
seus pecados. É uma heresia.
Existem alguns protestantes evangélicos que creem
que os santos do Antigo Testamento não foram imediatamente para o céu na morte,
mas para um lugar diferente que eles chamam de "paraíso" ou
"seio de Abraão." Somente após a morte e ressurreição de Cristo as
almas dos santos do Antigo Testamento foram liberadas desse lugar e levadas ao
céu. Ainda outros creem no que é chamado "sono da alma." Na morte, a
alma entra num estado de sono, no qual a pessoa está inconsciente quanto a
tudo. Ela permanece nesse sono até o dia da ressurreição, quando uma vez mais
sua alma é unida ao seu corpo.
Contudo, a Bíblia deixa muito claro que nenhuma
dessas visões é correta. Todo crente pode ter conforto no fato que quando
morre, sua alma vai imediatamente para o céu.
Vemos isso a partir das palavras pronunciadas por
Cristo ao ladrão sobre a cruz. Jesus disse: "Em verdade te digo que hoje estarás
comigo no Paraíso" (Lucas 23:43).
Jesus não disse que o ladrão estaria com ele no
paraíso após uma longa estadia no purgatório. Nem disse que o ladrão entraria
em algum tipo de sono até a ressurreição! Não! Jesus deixou muito claro que o
ladrão estaria com ele no céu no mesmo dia em que ambos morreram. Na morte, o
ladrão iria para o céu.
Da mesma forma, o apóstolo Paulo cria que na morte
o crente vai imediatamente para o céu. Em 2 Coríntios 5:1, ele diz: "Porque
sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de
Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus."
Quando nossa "casa
terrestre" – o corpo e tudo o que pertence à nossa vida terrena – se
dissolver na morte, não seremos deixados nu. Há "de Deus um edifício" no céu, no qual habitaremos. Essa
não é a ressurreição do corpo, mas um estado celestial de glória que o crente
entra na morte. É estar no “seio de
Abraão”, como ensina a parábola de Jesus. Ele não entra em purgatório
quando morre, ou em alguma outra moradia que não o céu. Nem ele dorme. Ao
morrer, o crente entra na glória do céu.
Não deveria nos surpreender, portanto, que o
apóstolo diria também:
"Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer
é ganho" (Fp. 1:21).
Que ganho haveria se na morte o crente fosse para o
purgatório? Que ganho existiria, se sua alma entrasse num estado de
inconsciência? Mas visto que a alma do crente vai para o céu imediatamente após
a morte, a morte é ganho. Para o crente, a morte é a passagem que o leva desse
"vale de lágrimas" para a glória do céu.
Ó, quão glorioso é o céu!
No céu o crente não experimentará nunca mais o
pecado, sofrimento e tristeza. Todas essas coisas não mais existirão. Não haverá
nenhum velho pecador. Finalmente o crente estará completamente livre da sua
natureza má, de forma que será impossível que ele peque. Com o fim de seu
pecado, findará também tudo o que o seu pecado traz – o sofrimento e a tristeza
desta vida.
Visto que está no céu, e não na terra, ele não mais
enfrentará a perseguição e crueldades dos ímpios. Sua alma estará em descanso,
como a voz do céu proclama: "Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no
Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos, e as suas
obras os seguem" (Ap. 14:13).
No céu o crente experimentará a bem-aventurança da
comunhão com todos os outros santos que morreram e foram para o céu. Jesus diz:
"…
muitos virão do oriente e do ocidente, e assentar-se-ão à mesa com Abraão, e
Isaque, e Jacó, no reino dos céus" (Mt. 8:11).
Pense nisso!
Quando o crente morre, ele vai para o "seio de Abraão," onde se
assentará com Abraão, Isaque, Jacó e todos os santos que foram para lá antes
dele. Ele se reunirá com os seus amados que morreram no Senhor. O céu será como
um grande banquete, no qual o povo de Deus desfruta da companhia uns dos
outros, e se regozijam na bem-aventurança da sua salvação.
A esperança do céu, contudo, é muito mais que
comunhão com os santos. No céu o crente experimentará a bem-aventurança da
comunhão com Cristo, e em Cristo, comunhão com Deus.
O apóstolo nos ensina que "enquanto estamos no corpo, vivemos
ausentes do Senhor" (2Co. 5:6), em termos de situação, lógico,
pois quando temos o Espírito santo de Deus em nossas vidas, vivemos em plena
comunhão com ele aqui. Isso porque o Senhor está no céu, e nós na terra. Mas "deixar
este corpo" é "habitar com o Senhor" (2Co. 5:8).
Quando o crente morre e vai para o céu, ele entra na presença de Cristo. Ele vê
Cristo em todo lugar e sempre. Ele o vê como nunca o viu antes, pois o verá
face a face.
Assim, na morte o crente entra numa experiência
maior do pacto da graça. Ele conhece o amor e a graça de Deus como nunca
conheceu antes. Ele anda e fala com Deus de uma forma mais íntima e amorosa.
Ele sabe, sem a menor sombra de dúvida, que Deus é o seu Deus e que habitará
com ele agora e para sempre. Seu coração está cheio, transbordando em louvor e
adoração a Deus.
Não estamos dizendo que na morte o crente entra em
seu estado final de glória. Devemos lembrar que na morte o corpo do crente
ainda está no túmulo, os céus e a terra ainda não terão sido feitos de novo, e
os santos de Deus não estarão todos reunidos. Todavia, esse estado
intermediário da alma é o princípio dessa glória eterna que nos espera. É algo
que deve dar grande conforto a todos do povo de Deus.
No dia do juízo, seremos colocados ante o Tribunal
de CRISTO (ninguém escapará dele), mas, como nossa fé está já em Cristo e seu
sangue tem o poder de nos perdoar (qualquer pecado, se não for contra seu
Espírito), pois como está escrito:
“...nenhuma condenação há para os que estão em Cristo
Jesus” (Rm 8:1)
No meio de todas as tristezas que
pertencem à morte, o crente tem uma esperança maravilhosa. Ele sabe que está
indo para o céu!
"Por cuja
causa padeço também isto, mas não me envergonho; porque eu sei em quem tenho
crido, e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele
dia"
(2Tm 1:12).
A paz
de nosso Senhor Jesus!
Um comentário:
Lir sua mensagem,que para mim foi muito bem exisplicada.Tirei muitas dúvidas sobre a morte.Irmão foi maravilhoso,pois eu tinha muito medo mais tenho buscado sempre a Deus,pedindo sabedoria e Deus tem me ajudado.Obrigado pelo ensino da palavra do meu criador.Que continue nós ajudando.A Paz do Senhor.
Edina Porfírio
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