A BOA OBRA
“Agora, porém, completai também o já começado, para que, assim
como houve a prontidão de vontade, haja também o cumprimento, segundo o que
tendes” (IICor. 8:11)
Tradução João Ferreira de Almeida
Revista e corrigida- CPAD. “Bíblia Palavras Chave- Grego/ Hebraico”
“E já que começaram a
agir de modo tão entusiasta, vocês devem prosseguir até o fim com a
mesma alegria, dando tudo quanto puderem de tudo quanto possuem. Que a ideia
entusiástica do início seja igualada pela ação realista de agora” (IICor. 8:11)
Tradução– “A Bíblia Viva”, segunda
edição. Mundo Cristão
Logo que Jesus derramou seu sangue, uma OBRA estava a iniciar sobre a
Terra. O sangue derramado tinha um significado importantíssimo e não podia ser
ignorado: O Espírito Santo seria derramado. A primeira Igreja viveu
essa benção. As Escrituras, além das próprias palavras do Mestre, já haviam os
preparado para isso.
“E há de ser que, depois, derramarei o meu Espírito sobre toda a
carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão
sonhos, os vossos jovens terão visões” (Joel 2:28)
“o Espírito da verdade, que o mundo não pode não pode receber,
porque não o vê, nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco e
estará em vós” (João 14:17)
O objetivo do Espírito Santo seria a
realização desse projeto que havia tido seu início na ETERNIDADE.
Inseridos nesse projeto, nós, os servos do
Senhor, eleitos segundo a soberania de Deus para a realização desse projeto (anunciar ao mundo a Volta de Jesus Cristo), teríamos que estarmos cheios do Espírito Santo.
Quando nossa eleição se concretizou aqui na
Terra, foi começada em nós uma “boa obra”.
“Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa
obra a aperfeiçoará até o dia de Jesus Cristo” (Fl 1:6)
Essa “boa obra” iniciada em nós trata
exatamente de um resultado da GRAÇA do Soberano Deus: a presença do Espírito Santo em nós mediante
a fé em Jesus Cristo. “Boa”, lido no original grego é “benevolente”. Essa Obra para nós é benevolente, ou seja, nos faz bem, os
recursos dessa Obra são abundantes em Vida. O Senhor através de sua Obra
redentora nos tirou do mundo e passamos a viver uma forma de vida diferenciada.
Estarmos cheios do Espírito Santo faz bem, nos deixa bem, nos capacita para
realizarmos um projeto que, apenas pela fé, pode ser tocado a diante.
Mas somos falhos e muito limitados. Às vezes
deixamos as lutas abaterem e, por causa disso, a fé diminui e a caminhada já
não permanece no mesmo ritmo inicial. No primeiro amor tudo eram louvor e
glória. Estávamos dispostos a tudo pela Obra do Senhor, caminhávamos por
caminhos distantes para realizar aquilo que hoje chamamos de “comum” e, às
vezes, desnecessário: levar uma palavra de vida à alma necessitada. Os
espinhos dessa vida sufocam a boa semente que o Mestre plantou um dia em nossos
corações. O momento é de buscar saúde espiritual.
· “Agora, porém,...” – Agora dá a ideia
de algo imediato, neste instante. O momento em que vivemos não nos permite “parar
no caminho”.
“Importa, porém, caminhar hoje, amanhã e no dia seguinte...”
(Lucas 13:33)
“Porque ainda um poucochinho de tempo, e o que há de vir virá e
não tardará” (Hebreus 10:37)
· “[...] completai também o já começado...” – Completai está no original como “epiteleo” que significa: “cumprir adicionalmente”, assim como
também “realizar”, “terminar”, “aperfeiçoar”, entre outros. Mas vamos chamar a
atenção aqui para “cumprir adicionalmente”. O que pode ser adicionado à nossa
fé e à nossa vida espiritual?
· Sabemos que a graça não vem realmente de nós, é dom de Deus (Ef.2:8-9), mas a afirmação dessa
graça em nós é “mediante a fé”, ou seja: se eu não crer não posso receber da graça, embora a
mesma não seja anulada num caso particular. Ela sempre será graça independente
se a vivo ou não. Mas, temos por certo o seguinte: a fé é o único “recurso da graça”, mas a fé num
estado apenas subjetivo não tem valia nenhuma. Ela deve ser manifestada.
“Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé e não tiver as obras? (Tiago 2:14)
Em romanos 3:20, Paulo diz: “nenhuma carne será justificada [...] pelas obras da lei”. Por outro lado, Tiago 2:21-24 declara, aparentemente, que o
homem não é justificado somente pela fé, mas também pelas obras. A dificuldade na
aparente contradição é acentuada pela declaração do próprio Paulo, em Romanos 2:13: “os que praticam a lei hão de ser justificados”. Como estas duas declarações podem ser conciliadas? O que o trecho
que lemos acima em II Coríntios 8:11 (“completai
também o já começado”) quer dizer, se nada “vem de nós” ?
Uma mera profissão de fé não significa a
posse da mesma ou daquilo que acompanha, naturalmente, a fé, que são os “recursos da graça” ou “meios que evidenciam a fé” sendo praticados pela genuína fé e com os resultados dessa graça
mediante a fé na vida do crente. No caso de Tiago, esse diz a respeito de uma
profissão ou suposição de fé, estéril e destituída de bons frutos. Ela
consiste apenas em uma crença intelectual e não de uma fé que vêm da Eternidade
e que nos leva à essa Eternidade.
Então, quando Paulo escreve o texto em II
Cor. 8:11 e diz que precisamos “completar” o já começado, ele fala a respeito da necessidade que o crente
tem de frutificar em fé e “crescer na
graça”. Andar de fé em fé e de graça em graça. Subir os degraus da
vida espiritual.
“[...] crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e
Salvador Jesus Cristo. (II Pedro 3:18)
“crescer na graça” não está e nunca esteve
ligado à busca da salvação pelas “obras”, ou seja, pelo esforço humano, pela “troca”
com Deus ou coisa do tipo.
O termo “obras” em Tiago 2:21-24 está
inteiramente ligado ao agir conforme a lei, mas, também se aplica a qualquer
atitude e artifício humano para conseguir por mérito a salvação e a graça de
Deus.
Então “completar o já começado” está se
referindo ao agir conforme à graça, pela fé frutificada em “boas obras”, as
obras da fé (termo que faz distinção das obras da lei).
Quais são os resultados da fé? Muitos! A
oração só é feita na fé (sem fé, inclusive, é impossível agradar a Deus), o
jejum sem a fé não passa de um breve tempo de abstinência alimentar, o louvor
sem a fé se torna uma música ou uma expressão meramente carnal e emocional, não
transcende à Eternidade, a busca ao Senhor pela madrugada não teria sentido se
a fé não testificasse que há uma benção na oração da madrugada, a leitura à
Palavra de Deus se torna apenas uma consulta histórica, cultural ou, no máximo,
teológica e jamais poderá ser considerada um “manual de fé” ou “meio de
condução espiritual” do crente em Jesus.
Mas o Senhor começou em nós uma boa obra. A graça já nos foi dada. É dela
que Paulo se refere quando escreve: “completai o já começado”. Jesus
começou a Obra quando derramou seu sangue e, através desse sangue (Espírito
Santo) a boa obra foi testificada em
nossas vidas quando recebemos seu chamado (mediante a graça manifestada na
nossa eleição).
“Tendo por certo isto mesmo: que aquele que em vós começou a boa
obra a aperfeiçoará até ao Dia do Senhor Jesus Cristo” (Filipenses 1:6)
Precisamos, a cada dia, crescer nessa
graça. Crescer naquilo que foi começado em nós. O que foi começado em nós? Uma
obra do Espírito Santo. Uma igreja ou um chamado para a religiosidade? Não! Uma
OBRA onde o Espírito Santo é quem opera a SUA vontade.
·
Crescer na graça é agir com uma fé frutificada e visível. Davi,
em meio a doença de seu filho recém-nascido, chorou, buscou, se humilhou,
jejuou e, tudo isso para quê? Para chamar a atenção de Deus. Deus é tocado
quando nossa alma se definha. Era para dizer “sou necessitado de uma graça”
(específica).
·
Vivendo cada experiência de fé (fé em fé), O SERVO DO SENHOR,
vai se fortalecendo e , assim , completando o que já foi começado. Deus
nos dá seu alicerce (sua Palavra; Jesus, a nossa base) e isso é pela graça, mas
nós é quem construímos a casa quando atendemos à voz do Espírito Santo e
deixamos a Obra ser realizada. Somos apenas “ajudantes”, muitas vezes maus
ajudantes. Mas a graça é o bastante! Aleluia!
Terminando,
o texto em II Coríntios diz: “assim
como houve a prontidão de vontade, haja também o cumprimento, segundo o que
tendes”.
Essa “prontidão de vontade”, no original é “thelos”, que quer dizer: “determinação”. Interessante que tal termo é constantemente usado também como “algo que foi determinado” ou “essencialmente determinado” (predestinado)
a um fim. O Corpo de Cristo foi predestinado à Vitória, à Herança. Estando nós nesse Corpo,
participando dessa graça, crescendo de fé em fé pela obediência ao Espírito
Santo (o sangue que circula nesse Corpo), somos co-herdeiros com Cristo (Romanos 8:17) dessa herança espiritual.
Essa Herança espiritual, foi iniciada em
nós pela graça, através da fé. Mas por qual veículo ela foi iniciada?Pela Obra
do Espírito Santo na vida do crente.
Houve, em um dia quando cremos no Senhor
Jesus como nosso Salvador, uma prontidão de vontade. Algo foi iniciado através
de nossa fé nessa revelação.
O Senhor nos chamou e nos elegeu para uma
Obra determidada à Eternidade.
Essa “prontidão de vontade” também está
ligada ao fervor do “primeiro amor”. Do primeiro toque, na qual nos fez, agora,
criaturas com o direito de sermos chamados FILHOS de Deus e participantes de
uma herança. Estar nessa OBRA é privilégio, não é atoa que ela é chamada “boa
obra”.
·
“[...] haja também o cumprimento, segundo o
que tendes[...]”
Se houve então a prontidão de vontade, a
determinação através do chamado à essa Obra, agora vamos cumprir nossa função
segundo aquilo que temos.
Mas, o que temos? O que temos para o Senhor? O que podemos fazer por nós mesmos para
realizarmos tão grande Obra? Nada!
Lendo esse trecho de Romanos
8:11, fui lembrado da passagem em Juízes 6:14, onde Deus
chama Gideão para realizar (também) uma grande obra para o seu tempo. Gideão
chegou a reclamar com o Senhor dizendo: “Eis que minha família
é a mais pobre, e eu o menor de minha tribo” (v.15).
Mas o Senhor disse anteriormente: “vai nesta tua força”!
Que força? Gideão, além de estar decepcionado com tudo que acontecia ali, era
realmente muito inferior a outros homens aparentemente capazes para a
realização de tão importante obra. Mas Deus tinha uma obra onde os obedientes e
humildes de coração (como Davi) serviriam com gratidão e fidelidade.
Mas refaço minha pergunta: O que Gideão
tinha? Para esse mundo nada, mas tinha o Senhor. Nessa Obra que hoje o Espírito
Santo opera, somos vitoriosos porque estamos no Senhor.
Assim como Gideão, estamos protegendo o
nosso alimento, a nossa herança do adversário. O nosso trigo está guardado na
rocha, no lagar. Nossa herança, o nosso bem maior está dentro de um projeto
profético. Nossa herança não é terrena como a eira,
mas profética como o vinho do lagar. Essa era a força de
Gideão.
Deus tem chamado um povo como Gideão. Suas
estratégias de guerra eram estranhas para o considerado “normal”. Mas nelas
estavam o fogo da tocha, estavam o barro
do cântaro (homem) que se quebra dando lugar ao fogo (Espírito Santo).
Na obra que Gideão realizava estava a trombeta que tocava em ritmo certo,
preparando o exercito para o ataque e para cada movimentação (dons
espirituais).
O que temos hoje para ofertar ao Senhor? Nosso trabalho? Nossa intelectualidade e teologia? Meios humanos para
alcançar graça? Religião? Não temos nada disso! Somos pobres e necessitados,
como disse Davi (um rei). A nossa força é o Senhor! É sua Obra. Nossa força e sucesso está no fato de atentarmos para aquilo que é
profético. Isso nos motiva a caminhar, a seguir em frente, a romper, a vencer.
Nosso trabalho não é em vão, nossa obra tem
sim uma recompensa. Aleluia!
Gabriel Felipe M. Rocha
6 comentários:
Irmão, mensagem maravilhosa. Aquela síntese em Juízes na alegoria de Gideão foi fantástica. Sei que isso não é para sua glória , é do Senhor, mas deixo o meu parabens e minha saudação. Vanderson Ferreira. ICM-Piabas
CURTI MUITÍSSIMO A POSTAGEM. BLOG MUITO BOM, DE UMA FORMA BEM SUTIL E DISCRETA O NOME DE JESUS ESTÁ SENDO GLORIFICADO AQUI E SEU REINO PROCLAMADO. ANA MIRANDA
A paz, irmãos!Agradeço os comentários e, como o irmão disse, tudo é para glória do Senhor. Obrigado Ana Miranda por seu comentário. Continuem conosco.
Boa mesmo! É até impressionabte como tem gente que não acredita em tão grande obra e quer viver religiosidades. Fato!
É importante e saudável lembrar que a nossa boa obra deve ser afastada de qualquer interesse religioso. Viver e boa obre é viver o evangelho fora da igreja, visitando doentes, necessitados, prisioneiros,etc. Falar do Reino de Deus é um desafio, porém esse desafio é legitimado na nossa boa ação. Francisco S. Sales
Obrigado irmãos e amigos pela participação e contribuição (sempre boas contribuições). As vezes demoro em responder os comentários devido ao trabalho e aos estudos (fatigantes), mas fica o nosso agradecimento a todos!
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