sexta-feira, 16 de novembro de 2012

A BOA OBRA (e os Recursos da Graça)


A BOA OBRA

“Agora, porém, completai também o já começado, para que, assim como houve a prontidão de vontade, haja também o cumprimento, segundo o que tendes” (IICor. 8:11)

Tradução João Ferreira de Almeida Revista e corrigida- CPAD. “Bíblia Palavras Chave- Grego/ Hebraico”

“E já que começaram a  agir de modo tão entusiasta, vocês devem prosseguir até o fim com a mesma alegria, dando tudo quanto puderem de tudo quanto possuem. Que a ideia entusiástica do início seja igualada pela ação realista de agora” (IICor. 8:11)

Tradução– “A Bíblia Viva”, segunda edição. Mundo Cristão

 

Logo que Jesus derramou seu sangue, uma OBRA estava a iniciar sobre a Terra. O sangue derramado tinha um significado importantíssimo e não podia ser ignorado: O Espírito Santo seria derramado.  A primeira Igreja viveu essa benção. As Escrituras, além das próprias palavras do Mestre, já haviam os preparado para isso.

“E há de ser que, depois, derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões” (Joel 2:28)

“o Espírito da verdade, que o mundo não pode não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco e estará em vós” (João 14:17)

O objetivo do Espírito Santo seria a realização desse projeto que havia tido seu início na ETERNIDADE.

Inseridos nesse projeto, nós, os servos do Senhor, eleitos segundo a soberania de Deus para a realização desse projeto (anunciar ao mundo a Volta de Jesus Cristo), teríamos que estarmos cheios do Espírito Santo.

Quando nossa eleição se concretizou aqui na Terra, foi começada em nós uma “boa obra”.

“Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até o dia de Jesus Cristo” (Fl 1:6)

Essa “boa obra” iniciada em nós trata exatamente de um resultado da GRAÇA do Soberano Deus: a presença do Espírito Santo em nós mediante a fé em Jesus Cristo. “Boa”, lido no original grego é “benevolente”. Essa Obra para nós é benevolente, ou seja, nos faz bem, os recursos dessa Obra são abundantes em Vida. O Senhor através de sua Obra redentora nos tirou do mundo e passamos a viver uma forma de vida diferenciada. Estarmos cheios do Espírito Santo faz bem, nos deixa bem, nos capacita para realizarmos um projeto que, apenas pela fé, pode ser tocado a diante.

Mas somos falhos e muito limitados. Às vezes deixamos as lutas abaterem e, por causa disso, a fé diminui e a caminhada já não permanece no mesmo ritmo inicial. No primeiro amor tudo eram louvor e glória. Estávamos dispostos a tudo pela Obra do Senhor, caminhávamos por caminhos distantes para realizar aquilo que hoje chamamos de “comum” e, às vezes, desnecessário: levar uma palavra de vida à alma necessitada. Os espinhos dessa vida sufocam a boa semente que o Mestre plantou um dia em nossos corações. O momento é de buscar saúde espiritual.

·       “Agora, porém,...” – Agora dá a ideia de algo imediato, neste instante. O momento em que vivemos não nos permite “parar no caminho”.

“Importa, porém, caminhar hoje, amanhã e no dia seguinte...” (Lucas 13:33)

“Porque ainda um poucochinho de tempo, e o que há de vir virá e não tardará” (Hebreus 10:37)

·       “[...] completai também o já começado...” – Completai está no original como “epiteleo” que significa: “cumprir adicionalmente”, assim como também “realizar”, “terminar”, “aperfeiçoar”, entre outros. Mas vamos chamar a atenção aqui para “cumprir adicionalmente”. O que pode ser adicionado à nossa fé e à nossa vida espiritual?

·       Sabemos que a graça não vem realmente de nós, é dom de Deus (Ef.2:8-9), mas a afirmação dessa graça em nós é “mediante a fé”, ou seja: se eu não crer não posso receber da graça, embora a mesma não seja anulada num caso particular. Ela sempre será graça independente se a vivo ou não. Mas, temos por certo o seguinte: a fé é o único “recurso da graça”, mas a fé num estado apenas subjetivo não tem valia nenhuma. Ela deve ser manifestada.

“Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem  fé e não tiver as obras? (Tiago 2:14)

Em romanos 3:20, Paulo diz: “nenhuma carne será justificada [...] pelas obras da lei”. Por outro lado, Tiago 2:21-24 declara, aparentemente, que o homem não é justificado somente pela fé, mas também pelas obras. A dificuldade na aparente contradição é acentuada pela declaração do  próprio Paulo, em Romanos 2:13: “os que praticam a lei hão de ser justificados”. Como estas duas declarações podem ser conciliadas? O que o trecho que lemos acima em II Coríntios 8:11 (“completai também o já começado”) quer dizer, se nada “vem de nós” ?

Uma mera profissão de fé não significa a posse da mesma ou daquilo que acompanha, naturalmente, a fé, que são os “recursos da graça” ou “meios que evidenciam a fé” sendo praticados pela genuína fé e com os resultados dessa graça mediante a fé na vida do crente. No caso de Tiago, esse diz a respeito de uma profissão ou suposição de fé, estéril e destituída de bons frutos. Ela consiste apenas em uma crença intelectual e não de uma fé que vêm da Eternidade e que nos leva à essa Eternidade.

Então, quando Paulo escreve o texto em II Cor. 8:11 e diz que precisamos “completar” o já começado, ele fala a respeito da necessidade que o crente tem de frutificar em fé e “crescer na graça”. Andar de fé em fé e de graça em graça. Subir os degraus da vida espiritual.

“[...] crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. (II Pedro 3:18)

“crescer na graça” não está e nunca esteve ligado à busca da salvação pelas “obras”, ou seja, pelo esforço humano, pela “troca” com Deus ou coisa do tipo.

O termo “obras” em Tiago 2:21-24 está inteiramente ligado ao agir conforme a lei, mas, também se aplica a qualquer atitude e artifício humano para conseguir por mérito a salvação e a graça de Deus.

Então “completar o já começado” está se referindo ao agir conforme à graça, pela fé frutificada em “boas obras”, as obras da fé (termo que faz distinção das obras da lei).

Quais são os resultados da fé? Muitos! A oração só é feita na fé (sem fé, inclusive, é impossível agradar a Deus), o jejum sem a fé não passa de um breve tempo de abstinência alimentar, o louvor sem a fé se torna uma música ou uma expressão meramente carnal e emocional, não transcende à Eternidade, a busca ao Senhor pela madrugada não teria sentido se a fé não testificasse que há uma benção na oração da madrugada, a leitura à Palavra de Deus se torna apenas uma consulta histórica, cultural ou, no máximo, teológica e jamais poderá ser considerada um “manual de fé” ou “meio de condução espiritual” do crente em Jesus.

Mas o Senhor começou em nós uma boa obra. A graça já nos foi dada. É dela que Paulo se refere quando escreve: “completai o já começado”. Jesus começou a Obra quando derramou seu sangue e, através desse sangue (Espírito Santo) a boa obra foi  testificada em nossas vidas quando recebemos seu chamado (mediante a graça manifestada na nossa eleição).

“Tendo por certo isto mesmo: que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao Dia do Senhor Jesus Cristo” (Filipenses 1:6)

 

Precisamos, a cada dia, crescer nessa graça. Crescer naquilo que foi começado em nós. O que foi começado em nós? Uma obra do Espírito Santo. Uma igreja ou um chamado para a religiosidade? Não! Uma OBRA onde o Espírito Santo é quem opera a SUA vontade.

·        Crescer na graça é agir com uma fé frutificada e visível. Davi, em meio a doença de seu filho recém-nascido, chorou, buscou, se humilhou, jejuou e, tudo isso para quê? Para chamar a atenção de Deus. Deus é tocado quando nossa alma se definha. Era para dizer “sou necessitado de uma graça” (específica).

·        Vivendo cada experiência de fé (fé em fé), O SERVO DO SENHOR, vai se fortalecendo e , assim , completando o que já foi começado. Deus nos dá seu alicerce (sua Palavra; Jesus, a nossa base) e isso é pela graça, mas nós é quem construímos a casa quando atendemos à voz do Espírito Santo e deixamos a Obra ser realizada. Somos apenas “ajudantes”, muitas vezes maus ajudantes. Mas a graça é o bastante! Aleluia!

Terminando,  o texto em II Coríntios diz:  “assim como houve a prontidão de vontade, haja também o cumprimento, segundo o que tendes”.

Essa “prontidão de vontade”, no original é “thelos”, que quer dizer: “determinação”. Interessante que tal termo é constantemente usado também como “algo que foi determinado” ou “essencialmente determinado” (predestinado) a um fim. O Corpo de Cristo  foi predestinado à Vitória, à Herança. Estando nós nesse Corpo, participando dessa graça, crescendo de fé em fé pela obediência ao Espírito Santo (o sangue que circula nesse Corpo), somos co-herdeiros com Cristo (Romanos 8:17) dessa herança espiritual.

Essa Herança espiritual, foi iniciada em nós pela graça, através da fé. Mas por qual veículo ela foi iniciada?Pela Obra do Espírito Santo na vida do crente.

Houve, em um dia quando cremos no Senhor Jesus como nosso Salvador, uma prontidão de vontade. Algo foi iniciado através de nossa fé nessa revelação.

O Senhor nos chamou e nos elegeu para uma Obra determidada à Eternidade.

Essa “prontidão de vontade” também está ligada ao fervor do “primeiro amor”. Do primeiro toque, na qual nos fez, agora, criaturas com o direito de sermos chamados FILHOS de Deus e participantes de uma herança. Estar nessa OBRA é privilégio, não é atoa que ela é chamada “boa obra”.

·        “[...] haja também o cumprimento, segundo o que tendes[...]”

Se houve então a prontidão de vontade, a determinação através do chamado à essa Obra, agora vamos cumprir nossa função segundo aquilo que temos.

Mas, o que temos? O que temos para o Senhor? O que podemos fazer por nós mesmos para realizarmos tão grande Obra? Nada!

Lendo esse trecho de Romanos 8:11, fui lembrado da passagem em Juízes 6:14, onde Deus chama Gideão para realizar (também) uma grande obra para o seu tempo. Gideão chegou a reclamar com o Senhor dizendo: “Eis que minha família é a mais pobre, e eu o menor de minha tribo” (v.15). Mas o Senhor disse anteriormente: “vai nesta tua força”! Que força? Gideão, além de estar decepcionado com tudo que acontecia ali, era realmente muito inferior a outros homens aparentemente capazes para a realização de tão importante obra. Mas Deus tinha uma obra onde os obedientes e humildes de coração (como Davi) serviriam com gratidão e fidelidade.

Mas refaço minha pergunta: O que Gideão tinha? Para esse mundo nada, mas tinha o Senhor. Nessa Obra que hoje o Espírito Santo opera, somos vitoriosos porque estamos no Senhor.

Assim como Gideão, estamos protegendo o nosso alimento, a nossa herança do adversário. O nosso trigo está guardado na rocha, no lagar. Nossa herança, o nosso bem maior está dentro de um projeto profético. Nossa herança não é terrena como a eira, mas profética como o vinho do lagar. Essa era a força de Gideão.

Deus tem chamado um povo como Gideão. Suas estratégias de guerra eram estranhas para o considerado “normal”. Mas nelas estavam o fogo da tocha, estavam o barro  do cântaro (homem) que se quebra dando lugar ao fogo (Espírito Santo). Na obra que Gideão realizava estava a trombeta que tocava em ritmo certo, preparando o exercito para o ataque e para cada movimentação (dons espirituais).

O que temos hoje para ofertar ao Senhor? Nosso trabalho? Nossa intelectualidade e teologia? Meios humanos para alcançar graça? Religião? Não temos nada disso! Somos pobres e necessitados, como disse Davi (um rei). A nossa força é o Senhor! É sua Obra. Nossa força e sucesso está no fato de atentarmos para aquilo que é profético. Isso nos motiva a caminhar, a seguir em frente, a romper, a vencer.

Nosso trabalho não é em vão, nossa obra tem sim uma recompensa. Aleluia!

 

Gabriel Felipe M. Rocha

6 comentários:

Vandin disse...

Irmão, mensagem maravilhosa. Aquela síntese em Juízes na alegoria de Gideão foi fantástica. Sei que isso não é para sua glória , é do Senhor, mas deixo o meu parabens e minha saudação. Vanderson Ferreira. ICM-Piabas

Anônimo disse...

CURTI MUITÍSSIMO A POSTAGEM. BLOG MUITO BOM, DE UMA FORMA BEM SUTIL E DISCRETA O NOME DE JESUS ESTÁ SENDO GLORIFICADO AQUI E SEU REINO PROCLAMADO. ANA MIRANDA

Gabriel F. M. Rocha disse...

A paz, irmãos!Agradeço os comentários e, como o irmão disse, tudo é para glória do Senhor. Obrigado Ana Miranda por seu comentário. Continuem conosco.

Vera Lúcia M. disse...

Boa mesmo! É até impressionabte como tem gente que não acredita em tão grande obra e quer viver religiosidades. Fato!

Anônimo disse...

É importante e saudável lembrar que a nossa boa obra deve ser afastada de qualquer interesse religioso. Viver e boa obre é viver o evangelho fora da igreja, visitando doentes, necessitados, prisioneiros,etc. Falar do Reino de Deus é um desafio, porém esse desafio é legitimado na nossa boa ação. Francisco S. Sales

Gabriel F. M. Rocha disse...

Obrigado irmãos e amigos pela participação e contribuição (sempre boas contribuições). As vezes demoro em responder os comentários devido ao trabalho e aos estudos (fatigantes), mas fica o nosso agradecimento a todos!