Por Gabriel Felipe M. Rocha
Textos base: João 14: 26 e Gálatas 1: 12.
“Mas aquele Consolador, o
Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas
[...]” (João 14: 26);
“Porque não recebi e nem
aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo” (Gálatas 1:
12).
É muito comum ouvirmos no meio evangélico - principalmente no meio pentecostal – o termo “revelação” e, muitas das vezes, o termo está sendo empregado em referência a um possível dom espiritual, uma mensagem ou um anúncio especial da parte de Deus. Pois bem, é comum ouvirmos isso e, por ter se tornado algo comum, tornou-se também perigoso para a saúde espiritual de algumas igrejas que se lançam cada vez mais - desenfreadamente - aos experimentalismos estranhos em nome da confissão pentecostal e em nome do próprio Espírito Santo. Muitas igrejas e seitas cristãs colocam a “revelação” em referência a uma nova doutrina ou uma nova prática dita “revelada” por Deus. Mas, destrutivamente, muitas dessas “revelações” vão contra a sã doutrina de Jesus Cristo e configuram-se em heresias sem fim.
Por outro lado, - e com a Bíblia na mão – não podemos ignorar que, de fato, o Espírito Santo atua (ou deve atuar) de forma operante na Igreja de Jesus Cristo (quando emprego aqui “Igreja”, não trato exatamente de uma denominação religiosa, mas sim do Corpo de Cristo identificado na particularidade de cada crente genuíno e na unidade espiritual dos mesmos). O Espírito Santo deve ser o guia, o direcionador e o professor da Igreja. Enganam-se os que pensam que o atuar do Espírito na igreja se dá apenas em operações visíveis de curas, línguas, visões, revelações, etc. Aliás, o Espírito Santo deve ser o agente indispensável da Igreja na oposição ao pecado e à heresia, no ensino da Palavra de Deus, no genuíno avivamento, na santificação do crente, no aperfeiçoamento do Corpo, na distribuição e aperfeiçoamento dons espirituais, na vivificação, iluminação e revelação da Palavra expositiva, no guiar das missões evangelísticas, no conceder da sabedoria e ordem nos cultos, no discernimento espiritual, no crescimento particular do crente, na libertação do neófito, no louvor entoado, na escolha e levantamento de cargos eclesiásticos, na direção dos atos da igreja local ou organizacional, etc. Sem a presença do Espírito Santo na igreja, existirá apenas ortodoxia morta ou, por outro lado, manifestações ditas pentecostais, mas sem a verdadeira operação do Espírito divino. Aliás, onde não há a operação do Santo Espírito de Deus, só pode haver dois outros tipos de espírito: o humano e o satânico. Isso é sério!
Mas, de fato, a revelação tem um lugar no seio da Igreja e devemos entender melhor sobre a mesma:
Trago aqui um conceito básico de “revelação”: Revelação divina é a denominação, de modo genérico, para todo conhecimento transmitido ao homem diretamente por Deus (muitas vezes o meio por onde este conhecimento foi passado também é chamado assim). A revelação é o ato de revelar ou desvendar ou tornar algo claro ou óbvio e compreensível por meio de uma comunicação ativa ou passiva com a Divindade. A Revelação pode originar-se diretamente de uma divindade ou por um intercessor ou agente, como um anjo ou santidade; alguém que tenha experienciado tal contato é denominado profeta. (fonte: Wikipédia)
No contexto de Gálatas, Paulo foi bem enfático e também severo quanto ao desvio da fé mediante os “novos ensinamentos” inseridos no Corpo por meio de religiosos e legalistas que ainda não haviam se contentado com o Evangelho (o vinho novo). Nesse contexto, Paulo assevera: “se alguém anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema” (Gl 1:9). E ainda afirma que seu apostolado é por causa divina e não humana e o teor de sua pregação é espiritual e não terreno (Gl 1: 10,11) e, sendo dessa forma, não tinha a obrigação de agradar os homens e nem ao sistema legalista que imperava ali no seu tempo, mas sim a Deus (somente a Deus a glória). Para deixar entendido e concluído, Paulo diz no verso 12 que o que aprendeu (o Evangelho) não foi por meio dos ensinamentos humanos, mas sim pela revelação do Cristo.
Analisando o texto original, percebi a tamanha riqueza contida nessa afirmação de Paulo.
A palavra usada por Paulo “aprendi” no grego é “didaskô” que corresponde ao verbo “ensinar”, “aprender”, “aconselhar”. Esse termo (“didaskô”) tem ligação com o termo grego “didachê”, usado também nos textos originais para definir “doutrina”.
Portanto, Paulo dizia sem deixar dúvidas que a doutrina que ele pregava não era uma doutrina humana, proveniente dos homens e aprendida pelos mestres acadêmicos, mas era proveniente da “revelação” de Jesus Cristo. E, como sabemos, o agente revelador no seio da Igreja de Jesus Cristo é o próprio Espírito Santo, portanto, o Espírito divino revela a Pessoa de Jesus Cristo (revela à Igreja o Cristo glorificado). E a Igreja é comissionada para revelar – e anunciar – ao mundo o Cristo por meio da operação (obra) do Espírito Santo. (Ver em João 17: 21,22 e 23). Portanto, a mensagem do Evangelho, o anúncio do Cristo é através da ação espiritual. Como foi na experiência da Igreja descrita em Atos, a Igreja de hoje deve buscar a sensibilidade para ouvir de forma cada vez mais aguçada a voz do Espírito para que cada vez mais ela se ajuste ao projeto revelado por Deus nas Escrituras, a saber, a redenção humana (“[...] ouça o que o Espírito diz às igrejas...” /Ap. 2:7).
No original, Paulo expõe a idéia de que a “revelação” de Jesus Cristo é a causadora da sua aprendizagem e do teor de sua mensagem. Mas qual foi a revelação de Jesus Cristo a Paulo?
O contexto não nos permite afirmar que a revelação de Jesus Cristo que Paulo cita na carta aos Gálatas era a somente revelação de Cristo na experiência pelo caminho de Damasco quando o mesmo Cristo lhe aparecera numa manifestação espiritual (Atos 9: 3 ao 7). Mas a ideia contida no contexto é a de que Paulo aprendeu não no ato da primeira experiência com o Senhor Jesus, mas no processo dinâmico da revelação de Jesus Cristo, Por Jesus Cristo e em Jesus Cristo. Na santificação diária e na disposição para o serviço, o Deus vivo falava...
Isso corrobora com o que o mesmo Jesus Cristo havia prometido em João 14: 26: “[...] aquele Consolador, o Espírito Santo [...] vos ensinará todas as coisas [...]”.
Algumas das tantas operações do Espírito Santo no seio da Igreja de Jesus Cristo são: a consolidação doutrinária (uma só mente e um só coração), promoção da unidade do Corpo e do crescimento do mesmo e o aperfeiçoamento doutrinário dentro da Igreja na medida em que essa permite a operação do Espírito Santo e o tem não como um parceiro apenas na realização da obra de Cristo, mas como o guia indispensável e condutor infalível.
Contudo, não podemos dizer que o mesmo Espírito “revela novas coisas”, coisas essas que ultrapassam a sã doutrina de Jesus Cristo. Mas apenas ensina e aperfeiçoa aquilo que na Palavra de Deus já se mostra. Da mesma forma, a obra do Espírito Santo não se limita ao tempo histórico e se perfaz sob um viés profético e, na perspectiva da profecia, o Consolador Espírito Santo faz notória sua obra de redenção. Nesse contexto, Ele ensina, revela, aperfeiçoa e direciona como um capitão que dita estratégias aos seus soldados em meio ao combate e campanha proposta. Muitas igrejas atingem níveis de aperfeiçoamento diferente e isso configura a diversidade de igrejas e doutrinas (algo que é perigoso), mas em muitas igrejas sérias e compromissadas com a Palavra da Verdade, vemos as diferenças em algumas colocações doutrinárias, mas vemos uma unidade: o Cristo, seu batismo e seu exemplo. Contudo, o Espírito Santo ensina, adverte, corrige, exorta, opõe e consolida.
No entanto, nem tudo é do Espírito de Deus. Muitas coisas surgem em algumas igrejas e nada tem em comum com o plano profético de Deus. Aí se configura a heresia e, com a heresia, temos a apostasia.
Antes de falarmos aqui da apostasia e da heresia, vamos entender o verdadeiro sentido do termo “profético”.
O Significado da Palavra
O termo mais antigo, no hebraico do Velho Testamento, para profeta ou ‘profético’ é roeh, que quer dizer vidente. Outra palavra, que surgiu depois, é nabi’, aquele que fala, um porta-voz. Nabi’ vem de uma raiz que significa levantar-se, vir à luz ou inchar-se. É relacionada com a palavra para um ribeiro borbulhante e com o verbo jorrar, com o sentido de proferir abundantes sons ou palavras (Pv 18.4).
Esta idéia pode ter um sentido passivo, como de alguém que se faz borbulhar pelo Espírito de Deus, que é inspirado por ele. O sentido mais correto, porém, é ativo e contínuo: alguém que jorra as palavras de Deus, um divulgador divinamente inspirado, um anunciador ou porta-voz (Êx 7.1).
Portanto, há um aspecto anterior, passivo e receptivo no profeta: ele vê. E há um aspecto ativo e comunicativo: ele fala. Antes de poder funcionar como boca ou comunicador, ele precisa receber revelação, percepção e visão; precisa “borbulhar” com os propósitos e sentimentos do coração de Deus.
“Então disse eu: Não me lembrarei dele, e não falarei mais no seu nome; mas isso foi no meu coração como fogo ardente, encerrado nos meus ossos; e estou fatigado de sofrer e não posso” (Jr 20.9; ver também Jr 6.11).
“Eu, porém, estou cheio do poder do Espírito do Senhor, cheio de juízo e de força, para declarar a Jacó a sua transgressão e a Israel o seu pecado” (Mq 3.8).
Pois bem, mas um conteúdo importante da profecia é: trazer de volta para Deus, ou, chamar de volta para Deus. Veja que todos os profetas da Bíblia ‘chamaram de volta para Deus’, inclusive o próprio João Batista. Nessa perspectiva, o termo “profético” se relaciona com o termo “avivamento” que, basicamente, significa: “voltar-se para Deus” após o ato de “receber a vida de Deus (vivificar/ avivar)”. Então, dessa forma, a verdadeira profecia chama o homem para o avivamento, para voltar-se ao seu Criador.
Nesse mesmo horizonte é que podemos chamar a Bíblia de profética, pois ela, em seu conteúdo revelado, chama o homem de volta para Deus e sua chave hermenêutica fundamental é o Cristo e seu sangue – que trouxe pelo seu pacto sacrifical o homem de volta para Deus.
Sendo assim, a Bíblia é um livro literariamente e espiritualmente profético, pois é a revelação do projeto de redenção de Deus cuja centralidade está toda em Jesus Cristo, o Verbo de Deus, a verdadeira “Palavra Revelada”. Por que é profética? Porque revela a salvação em Cristo. O ato salvífico de Cristo se resume em: trazer o homem de volta para Deus, logo, o conteúdo da Bíblia é profético. Aliás, a salvação é profética, pois parte do pressuposto bíblico que Deus programou tal projeto na Eternidade e lá elegeu o seu povo para herdar a salvação e a glória em Cristo. Tal projeto foi revelado em Jesus Cristo. Não é à toa que a figura do sangue percorre por toda a Bíblia, mostrando, conforme nos explica o autor de Hebreus, que viria o “Perfeito” (Cristo). Isso sustenta a frase de Cristo: “examinai as Escrituras, pois elas de mim testificam”. Como “de mim testificam”? Pelas figuras e tipos. Onde entra a interpretação e a “revelação” nisso? Entra no fato de: o Espírito conduzir o que manuseia a Palavra ao entendimento de caráter profético que configura numa espécie de revelação, pois, bota “para fora” algo que a Bíblia tinha como “modelo”.
A doutrina proveniente de Deus traz o homem de volta a Deus e mantém-no sempre perto de Deus. Nenhuma doutrina centralizada na Palavra, inspirada e revelada por Deus pode levar o crente para longe de Deus. Mas o conteúdo da heresia é a apostasia (afastamento). Toda doutrina que não é de Deus e não se justifica pela Escritura tende a afastar o praticante de Deus, configurando aí a apostasia. Mas nenhuma heresia pode levar o homem a Deus. Se uma doutrina faz com que o crente se prostre diante de Deus e confesse sua fraqueza e limitação diante do altíssimo, logo ela não pode ser uma heresia, pois o conteúdo da heresia é o afastamento. O Diabo não leva ninguém a Cristo, mas afasta.
Por outro lado, - e com a Bíblia na mão – não podemos ignorar que, de fato, o Espírito Santo atua (ou deve atuar) de forma operante na Igreja de Jesus Cristo (quando emprego aqui “Igreja”, não trato exatamente de uma denominação religiosa, mas sim do Corpo de Cristo identificado na particularidade de cada crente genuíno e na unidade espiritual dos mesmos). O Espírito Santo deve ser o guia, o direcionador e o professor da Igreja. Enganam-se os que pensam que o atuar do Espírito na igreja se dá apenas em operações visíveis de curas, línguas, visões, revelações, etc. Aliás, o Espírito Santo deve ser o agente indispensável da Igreja na oposição ao pecado e à heresia, no ensino da Palavra de Deus, no genuíno avivamento, na santificação do crente, no aperfeiçoamento do Corpo, na distribuição e aperfeiçoamento dons espirituais, na vivificação, iluminação e revelação da Palavra expositiva, no guiar das missões evangelísticas, no conceder da sabedoria e ordem nos cultos, no discernimento espiritual, no crescimento particular do crente, na libertação do neófito, no louvor entoado, na escolha e levantamento de cargos eclesiásticos, na direção dos atos da igreja local ou organizacional, etc. Sem a presença do Espírito Santo na igreja, existirá apenas ortodoxia morta ou, por outro lado, manifestações ditas pentecostais, mas sem a verdadeira operação do Espírito divino. Aliás, onde não há a operação do Santo Espírito de Deus, só pode haver dois outros tipos de espírito: o humano e o satânico. Isso é sério!
Mas, de fato, a revelação tem um lugar no seio da Igreja e devemos entender melhor sobre a mesma:
Trago aqui um conceito básico de “revelação”: Revelação divina é a denominação, de modo genérico, para todo conhecimento transmitido ao homem diretamente por Deus (muitas vezes o meio por onde este conhecimento foi passado também é chamado assim). A revelação é o ato de revelar ou desvendar ou tornar algo claro ou óbvio e compreensível por meio de uma comunicação ativa ou passiva com a Divindade. A Revelação pode originar-se diretamente de uma divindade ou por um intercessor ou agente, como um anjo ou santidade; alguém que tenha experienciado tal contato é denominado profeta. (fonte: Wikipédia)
No contexto de Gálatas, Paulo foi bem enfático e também severo quanto ao desvio da fé mediante os “novos ensinamentos” inseridos no Corpo por meio de religiosos e legalistas que ainda não haviam se contentado com o Evangelho (o vinho novo). Nesse contexto, Paulo assevera: “se alguém anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema” (Gl 1:9). E ainda afirma que seu apostolado é por causa divina e não humana e o teor de sua pregação é espiritual e não terreno (Gl 1: 10,11) e, sendo dessa forma, não tinha a obrigação de agradar os homens e nem ao sistema legalista que imperava ali no seu tempo, mas sim a Deus (somente a Deus a glória). Para deixar entendido e concluído, Paulo diz no verso 12 que o que aprendeu (o Evangelho) não foi por meio dos ensinamentos humanos, mas sim pela revelação do Cristo.
Analisando o texto original, percebi a tamanha riqueza contida nessa afirmação de Paulo.
A palavra usada por Paulo “aprendi” no grego é “didaskô” que corresponde ao verbo “ensinar”, “aprender”, “aconselhar”. Esse termo (“didaskô”) tem ligação com o termo grego “didachê”, usado também nos textos originais para definir “doutrina”.
Portanto, Paulo dizia sem deixar dúvidas que a doutrina que ele pregava não era uma doutrina humana, proveniente dos homens e aprendida pelos mestres acadêmicos, mas era proveniente da “revelação” de Jesus Cristo. E, como sabemos, o agente revelador no seio da Igreja de Jesus Cristo é o próprio Espírito Santo, portanto, o Espírito divino revela a Pessoa de Jesus Cristo (revela à Igreja o Cristo glorificado). E a Igreja é comissionada para revelar – e anunciar – ao mundo o Cristo por meio da operação (obra) do Espírito Santo. (Ver em João 17: 21,22 e 23). Portanto, a mensagem do Evangelho, o anúncio do Cristo é através da ação espiritual. Como foi na experiência da Igreja descrita em Atos, a Igreja de hoje deve buscar a sensibilidade para ouvir de forma cada vez mais aguçada a voz do Espírito para que cada vez mais ela se ajuste ao projeto revelado por Deus nas Escrituras, a saber, a redenção humana (“[...] ouça o que o Espírito diz às igrejas...” /Ap. 2:7).
No original, Paulo expõe a idéia de que a “revelação” de Jesus Cristo é a causadora da sua aprendizagem e do teor de sua mensagem. Mas qual foi a revelação de Jesus Cristo a Paulo?
O contexto não nos permite afirmar que a revelação de Jesus Cristo que Paulo cita na carta aos Gálatas era a somente revelação de Cristo na experiência pelo caminho de Damasco quando o mesmo Cristo lhe aparecera numa manifestação espiritual (Atos 9: 3 ao 7). Mas a ideia contida no contexto é a de que Paulo aprendeu não no ato da primeira experiência com o Senhor Jesus, mas no processo dinâmico da revelação de Jesus Cristo, Por Jesus Cristo e em Jesus Cristo. Na santificação diária e na disposição para o serviço, o Deus vivo falava...
Isso corrobora com o que o mesmo Jesus Cristo havia prometido em João 14: 26: “[...] aquele Consolador, o Espírito Santo [...] vos ensinará todas as coisas [...]”.
Algumas das tantas operações do Espírito Santo no seio da Igreja de Jesus Cristo são: a consolidação doutrinária (uma só mente e um só coração), promoção da unidade do Corpo e do crescimento do mesmo e o aperfeiçoamento doutrinário dentro da Igreja na medida em que essa permite a operação do Espírito Santo e o tem não como um parceiro apenas na realização da obra de Cristo, mas como o guia indispensável e condutor infalível.
Contudo, não podemos dizer que o mesmo Espírito “revela novas coisas”, coisas essas que ultrapassam a sã doutrina de Jesus Cristo. Mas apenas ensina e aperfeiçoa aquilo que na Palavra de Deus já se mostra. Da mesma forma, a obra do Espírito Santo não se limita ao tempo histórico e se perfaz sob um viés profético e, na perspectiva da profecia, o Consolador Espírito Santo faz notória sua obra de redenção. Nesse contexto, Ele ensina, revela, aperfeiçoa e direciona como um capitão que dita estratégias aos seus soldados em meio ao combate e campanha proposta. Muitas igrejas atingem níveis de aperfeiçoamento diferente e isso configura a diversidade de igrejas e doutrinas (algo que é perigoso), mas em muitas igrejas sérias e compromissadas com a Palavra da Verdade, vemos as diferenças em algumas colocações doutrinárias, mas vemos uma unidade: o Cristo, seu batismo e seu exemplo. Contudo, o Espírito Santo ensina, adverte, corrige, exorta, opõe e consolida.
No entanto, nem tudo é do Espírito de Deus. Muitas coisas surgem em algumas igrejas e nada tem em comum com o plano profético de Deus. Aí se configura a heresia e, com a heresia, temos a apostasia.
Antes de falarmos aqui da apostasia e da heresia, vamos entender o verdadeiro sentido do termo “profético”.
O Significado da Palavra
O termo mais antigo, no hebraico do Velho Testamento, para profeta ou ‘profético’ é roeh, que quer dizer vidente. Outra palavra, que surgiu depois, é nabi’, aquele que fala, um porta-voz. Nabi’ vem de uma raiz que significa levantar-se, vir à luz ou inchar-se. É relacionada com a palavra para um ribeiro borbulhante e com o verbo jorrar, com o sentido de proferir abundantes sons ou palavras (Pv 18.4).
Esta idéia pode ter um sentido passivo, como de alguém que se faz borbulhar pelo Espírito de Deus, que é inspirado por ele. O sentido mais correto, porém, é ativo e contínuo: alguém que jorra as palavras de Deus, um divulgador divinamente inspirado, um anunciador ou porta-voz (Êx 7.1).
Portanto, há um aspecto anterior, passivo e receptivo no profeta: ele vê. E há um aspecto ativo e comunicativo: ele fala. Antes de poder funcionar como boca ou comunicador, ele precisa receber revelação, percepção e visão; precisa “borbulhar” com os propósitos e sentimentos do coração de Deus.
“Então disse eu: Não me lembrarei dele, e não falarei mais no seu nome; mas isso foi no meu coração como fogo ardente, encerrado nos meus ossos; e estou fatigado de sofrer e não posso” (Jr 20.9; ver também Jr 6.11).
“Eu, porém, estou cheio do poder do Espírito do Senhor, cheio de juízo e de força, para declarar a Jacó a sua transgressão e a Israel o seu pecado” (Mq 3.8).
Pois bem, mas um conteúdo importante da profecia é: trazer de volta para Deus, ou, chamar de volta para Deus. Veja que todos os profetas da Bíblia ‘chamaram de volta para Deus’, inclusive o próprio João Batista. Nessa perspectiva, o termo “profético” se relaciona com o termo “avivamento” que, basicamente, significa: “voltar-se para Deus” após o ato de “receber a vida de Deus (vivificar/ avivar)”. Então, dessa forma, a verdadeira profecia chama o homem para o avivamento, para voltar-se ao seu Criador.
Nesse mesmo horizonte é que podemos chamar a Bíblia de profética, pois ela, em seu conteúdo revelado, chama o homem de volta para Deus e sua chave hermenêutica fundamental é o Cristo e seu sangue – que trouxe pelo seu pacto sacrifical o homem de volta para Deus.
Sendo assim, a Bíblia é um livro literariamente e espiritualmente profético, pois é a revelação do projeto de redenção de Deus cuja centralidade está toda em Jesus Cristo, o Verbo de Deus, a verdadeira “Palavra Revelada”. Por que é profética? Porque revela a salvação em Cristo. O ato salvífico de Cristo se resume em: trazer o homem de volta para Deus, logo, o conteúdo da Bíblia é profético. Aliás, a salvação é profética, pois parte do pressuposto bíblico que Deus programou tal projeto na Eternidade e lá elegeu o seu povo para herdar a salvação e a glória em Cristo. Tal projeto foi revelado em Jesus Cristo. Não é à toa que a figura do sangue percorre por toda a Bíblia, mostrando, conforme nos explica o autor de Hebreus, que viria o “Perfeito” (Cristo). Isso sustenta a frase de Cristo: “examinai as Escrituras, pois elas de mim testificam”. Como “de mim testificam”? Pelas figuras e tipos. Onde entra a interpretação e a “revelação” nisso? Entra no fato de: o Espírito conduzir o que manuseia a Palavra ao entendimento de caráter profético que configura numa espécie de revelação, pois, bota “para fora” algo que a Bíblia tinha como “modelo”.
A doutrina proveniente de Deus traz o homem de volta a Deus e mantém-no sempre perto de Deus. Nenhuma doutrina centralizada na Palavra, inspirada e revelada por Deus pode levar o crente para longe de Deus. Mas o conteúdo da heresia é a apostasia (afastamento). Toda doutrina que não é de Deus e não se justifica pela Escritura tende a afastar o praticante de Deus, configurando aí a apostasia. Mas nenhuma heresia pode levar o homem a Deus. Se uma doutrina faz com que o crente se prostre diante de Deus e confesse sua fraqueza e limitação diante do altíssimo, logo ela não pode ser uma heresia, pois o conteúdo da heresia é o afastamento. O Diabo não leva ninguém a Cristo, mas afasta.
(Continua. Breve postarei aqui nesta postagem mesmo o restante do assunto. Ao concluir a segunda parte, editarei a presente postagem e colocarei tudo em uma postagem só. Aguardem.)
4 comentários:
Gabriel, Graça e paz
Estes dia eu vi uma postagem dizendo que não existe revelação da palavra, que tudo já esta revelado, a postagem eram assim.
Deus se revela na Sua Palavra, que desautoriza novas revelações, conforme Deut. 4:2, Deut. 12:32, Prov. 30:6, Apoc. 22:18-19.
Claro que não concordei ai queria fazer um comentário lá, mas não tive argumentos.
Parabéns pelo blog.
Meu amado, a paz! Não se intimide. Pode comentar e se quiser tratar sobre o assunto por e-mail, deixo aqui meu e-mail pessoal: biel_shalom@yahoo.com.br. Não somos aqui donos da verdade, aliás, estamos sempre aprendendo e dispostos para ouvir o outro lado. Mas já lhe adianto sobre a questão da "revelação". Não ignorei o fato (e nem ignoro) de o Espírito Santo de Deus revelar algo oculto ou implícito em sua Palavra. Ele pode fazer isso sim. Mas a genuína revelação nunca vai contra a essência da Palavra de Deus. Tudo que vier como "novo", deve estar respaldado devidamente pela Palavra de Deus, pois se assim não for, é heresia. Mas pode entrar em contato comigo, poderemos conversar sobre esse assunto e anseio muito ouvir (ou ler)o seu ponto de vista. Paz!
Eu achei o máximo essa postagem. Se me permite, estarei copiando-a. A paz.
Marcelo Elísio Ribeiro
Muito bem, Gabriel Felipe! Excelente postagem.Bem nítida e sem nenhuma dependência denominacional.A palavra de Deus é a revelação dEle. O Espírito Santo nos dá o discernimento.
Abraços.
Roberto S. Silva
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