JESUS, A “PORTA"
(Por Gabriel Felipe M. Rocha)
“Eu sou a porta; se alguém entrar por mim,
salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens” (João 10:09)
Jesus sempre
usou expressões simples para falar com os seus. Usava figuras e modelos
acessíveis e cognoscíveis para a multidão, pois eram figuras voltadas para o
dia-a-dia de cada um. Ali estavam pescadores, por isso, Ele chamou alguns para
serem “pescadores de homens”; ali estavam homens do campo, por isso Ele usou
figuras como a “parábola do semeador” e desse modo falava o mestre, inclusive
quando falava de si mesmo para a multidão e para os seus discípulos: “Eu sou a
porta”; “Eu sou a água da vida”; “o pão vivo”, o “bom pastor”, etc. Jesus era
um pregador relevante. Pregava com autoridade e sua mensagem promovia vida.
Aliás, as palavras de Jesus são um convite para a vida...
Jesus, embora
soubesse do coração duro da multidão e dos olhos e dos ouvidos fechados da
mesma (porque não seriam todos alcançados), não deixou de querer ardentemente
ser aceito pelo pecador, pelo contrário, Ele vivia no meio deles como luz para
os que andavam em trevas. Sua prova de amor na cruz foi um ato público da graça
e misericórdia de Deus. Ele abriu na cruz um Novo e Vivo Caminho para aqueles
que iriam receber da grande salvação. Por isso ele formalizou o convite
dizendo: Eu sou a porta!
Muitos
precisavam passar por essa porta e ela estava ali a todo o momento.
Mas observemos
com atenção quando Ele diz, no versículo 7, que: “...eu sou a porta das
ovelhas”. Fascinante como esse anúncio era pertinente ali e como ele ainda tem
uma relevância hoje.
Quando Jesus
usa essa expressão, afirmando e especificando que Ele era a porta das ovelhas e
que, quem passasse por ela teria vida, Ele estava se referindo ao seu aprisco,
pois em seu aprisco estamos seguros dos ataques. Não que jamais seremos
atingidos, mas que em seu aprisco teríamos todo o cuidado e, na comunhão da
Igreja (seu Corpo), temos boas pastagens. Alimento diário, forte e rico em
proteínas espirituais. Lá recebemos vida. Congregando e estando firmado em
Cristo, desenvolvemos vida, compartilhamos vida e, por isso, temos vida com
abundância. Mas havia uma conhecida “porta das ovelhas” ali que tinha um
significado muito importante.
Havia uma
porta lateral no templo que era conhecida como “a porta das ovelhas”, mas as
ovelhas que entravam por aquela porta, entravam para a morte, pois a culpa do
pecado estaria sobre cada uma que seria ali a vítima para expiação. As ovelhas,
portanto, que seriam sacrificadas, passavam por ali. Entrevam por aquela porta.
Então, era a porta da morte.
Mas espera aí!
Jesus diz que Ele era a "porta das ovelhas" naquele contexto cultural
e religioso, diante do templo e das pessoas que bem conheciam o templo e afirma
que quem passasse por Ele (entrasse por Ele) se salvaria e receberia liberdade
para entrar, sair e achar pastagens. Poderia parecer um contra senso, mas Jesus
estava afirmando que, diferente daquela ocasião de morte e condenação, Ele
estava ali como a Porta para a vida e todos aqueles que o Pai lhe dava, ganhava
a salvação que jamais se perderia. Ganhava a salvação para desenvolver, a
partir de então a salvação, saindo e entrando, trabalhando e cuidando.
Perseverando e crescendo e, sempre, achando pastagens.
No versículo
11, Jesus diz: “Eu sou o bom Pastor; o bom pastor dá a sua vida pelas suas
ovelhas”.
Havia para nós
a condenação, pois antes estávamos longe de Deus, no pecado – arrastados para a
morte. Não havia nenhuma porta aberta para a salvação fora de Cristo. Apenas
para a justa condenação. Mas Deus preparou um projeto. Ele decidiu chamar a
muitos para entrarem por essa porta e nunca mais serem os mesmos. Agora
entramos, saímos e achamos pastagens.
Jesus, o bom
PASTOR é quem passou por essa porta “de condenação”, garantindo a vida eterna
para os seus e, assim, se entregou nos dando um novo e vivo caminho.
Ele, o bom
Pastor, venceu a morte, agora, portanto, Ele é a porta para a VIDA. Ele pode
nos chamar para a vida. Esse convite é restrito. Vem da Eternidade. É dom de
Deus. Louvado seja o Senhor!
A porta das
ovelhas do templo também aponta para a vida religiosa que muitos caminham e
passam por ela, mas seu fim não é vida, mas sim morte, pois não há um encontro
pessoal com o Senhor Jesus longe da graça. Muitos religiosos e pessoas de
coração duro têm ouvido que Jesus é a porta, mas tnão passam por essa porta.
Sendo, agora,
a porta para a vida, Jesus convida muitos a entrar por ela: “Eu sou a porta”. Quem
sabe Ele está te chamando para - agora - entrar por ela? Mesmo você já cristão.
Já entrou por essa porta hoje? Já saiu renovado e cheio de bençãos celestiais
para compartilhar? Já encontrou e se apropriou das pastagens ricas que no
aprisco de Deus há?
Quando Jesus
se revela como a “porta”, Ele penetra o coração do homem que, por muito tempo,
esteve diante de uma porta fechada. Vivia uma vida presa no pecado, no vício,
na desesperança, na aflição, etc. Mas agora uma porta (que foi aberta no
Calvário) está diante dele. Jesus é a porta que liberta o homem e o coloca em
outro patamar. A porta é um meio de acesso a um cômodo ou a uma casa (tanto
para sair, tanto para entrar). Jesus é o acesso que temos ao Pai por meio de
seu sangue. Jesus quando diz que Ele é a porta (não uma das portas), mas a
única porta, afirma categoricamente que fora dele não há salvação
Ele nos chama
para entrar, pois preparou muitas moradas:
“Na casa de
meu Pai há muitas moradas” (João 14:2), mas a porta é uma só: Jesus.
Interessante que,
quando Jesus diz “Eu sou”, ele tira do homem qualquer dúvida e indagação. Tira
qualquer oportunidade de nos colocarmos como "merecedores" ou como
"ganhadores (por méritos) da grande dádiva da Vida Eterna. Ele deixa claro
que Eu sou! Mostrando que isso basta. Nada de nós e tudo dele. Ele salva, Ele
se revela, Ele chama, Ele convida e Ele dá a vida. Moisés quando foi chamado
por Deus para libertar o povo do Egito, não havia tido ainda uma experiência
íntima com o Deus de Israel, embora já havia um altar em seu coração. Ele
perguntou à voz que falava na visão da sarça: “Quem eu direi que me enviou?”.
Deus disse: Eu Sou te enviou. Ou seja: a obra é minha! Meu Nome é sobre todo
nome. Pode ir que Eu faço tudo! Apenas vá!
O anúncio de
Jesus como sendo a porta tem o mesmo peso de glória e soberania. Ele afirma: Eu
sou a porta! Minha é a salvação, minha é a vida, minha é toda a pastagem!
Apenas venha.
Jesus, o bom
Pastor, é esse “Eu Sou” (Yaveh). Ele é poderoso em obras, Ele é Deus forte, Pai
da Eternidade, grandes são seus atributos e sua glória. Ele é a porta. A esse
convite não podemos resistir.
“Se alguém
entrar por mim, salvar-se-á”: É a promessa para quem entra pela porta.
A expressão
usada no original para “salvar-se-á” é “sodzo”, uma expressão grega que é muito
usada no Novo Testamento para indicar “preservar a salvo”, “proteger”, “livras
do perigo”, “ajuntar para si”, dentre outras.
Jesus quer que
estejamos plantados nele. Vivos nele. Esperançosos nele. Fortificados nele.
salvos (em total segurança) nele. Ele quer que estejamos debaixo de “suas
asas”, para que, no dia do Senhor, possamos vencer e reinar com Ele.
“... e
entrará, e sairá, e encontrará pastagens”:
No frio da
noite, nós entramos e nos aquecemos juntos no aprisco do Senhor. Durante o dia,
Ele nos leva aos pastos verdejantes (Salmo 23), pois Ele é o nosso bom pastor e
nada tem nos faltado. É a benção de fazer parte desse aprisco (Igreja), pois
temos todos os dias, além do livramento da morte eterna, o alimento rico e
abundante e, no Corpo de Cristo, em seu aprisco, somos mais do que vencedores,
pois Ele nos amou. Ele nos chamou. Ele nos escolheu. Ele nos ajuntou. Somente a
Deus a gloria!
Esse processo
de entrar e sair do aprisco é um processo diário. É o nosso trabalho para o
Reino. Assim sempre achamos pastagens, tanto para nos alimentar, tanto para
compartilhar. Não podemos abandonar essa dinâmica, não podemos nos esfriar
jamais diante da grandeza desse amor, pois Deus ajuntou para si um povo que
conhece a sua voz e atende a sua voz, pois a conhece bem. Está firmada em sua
Palavra.
“Eu sou o bom
Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas ovelhas sou conhecido” (João
10:14).
Louvado seja o
Senhor Jesus!
Gabriel Felipe M. Rocha.
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