O partir do pão: a função
delegada à Igreja
“E, tomando o cálice e havendo dado graças,
disse: Tomai-o e reparti-o entre vós [...] Isto é meu corpo que por vós é dado,
fazei isso em memória de mim” (Lucas 22: 17-19)
Os Evangelhos nos ensinam que Jesus comeu a Última Ceia com seus discipulos em uma "sala grande acima" próximo do Templo. Nesta refeição, Jesus levanta um copo de vinho e brinda: “Este cálice é o novo testamento no meu sangue, que é derramado por vós” (Lucas 22:20).
A
palavra Hebraica para testamento é “brit”, um termo político que se refere a um
contrato por escrito entre um rei e seus súditos. O sangue era utilizado para
assinar esses contratos como sinal de seriedade, para assumir "que sabemos
que o preço pela violação do tratado é a morte". Isso é exatamente o que
acontece no caso do velho testamento, quando Moisés lança o sangue do boi
sacrificatório no povo (Êxodo 24:8).
Mas
Jesus não é apenas o novo Moisés, selando um simples testamento com seu sangue.
Mas Ele é o Cordeiro Perfeito, o Perfeito Sumo Sacerdote que, com seu sangue,
selou o Novo Testamento. Ele também diz que o sangue é é “derramado por muitos,
para remissão dos pecados” (Mateus 26:28). Esta oferta de expiação
sacrificatória pelos pecados é o maior presente que Deus (através de Jesus)
poderia dar aos seus discípulos a aos seus escolhidos; é por este motivo que
ele esperou até o último instante para dar-lhes. “Desejei muito comer
convosco...” (v. 15).
Na
Ceia, Jesus reparte então o cálice e o pão entre seus discípulos e eles repetem
o mesmo gesto.
O
repartir do pão tem um significado importante: Assim como no repartir do vinho
(o sangue que era símbolo da Nova Aliança em Cristo), Jesus repartia (oferecia)
seu Corpo em sacrifício.
A
Igreja foi instituída para também fazer assim.
Tomar
posse do Corpo de Jesus e, da mesma forma, repartir com os outros tem também um
importante significado:
Sendo
inaugurada a Nova Aliança pela graça, a Igreja representava – agora – o Corpo
vivo de Cristo sobre a Terra. Responsável é a igreja para compartilhar da Vida
de Cristo, uma vez que - pela graça - ela tem abundância dessa vida em si. Isso
por mérito de Jesus Cristo e não nosso. Assim como o Ministério de Cristo foi
um Ministério de entrega, doação de Vida, compartilhamento de amor,
acolhimento, perdão, ensino, anúncio, sofrimento, cruz e sacrifício, o
ministério da Igreja (sob a tutela do Espírito Santo) não seria diferente.
Fomos
chamados para repartir o pão. O sangue derramado uma vez em sacrifício perfeito
é o símbolo da nossa aptidão ao serviço e ao cumprimento do chamado, sendo que,
esse sangue, representa a Vida e a ação do Espírito Santo na existência da
Igreja.
Sendo
o Corpo de Cristo aqui no mundo, ela (a igreja) revela – pela Palavra (na ação
do mesmo Espírito Santo) o Cristo Vivo ao mundo. O próprio Senhor intercedeu ao
pai, rogando para nós essa aptidão em amor:
“Eu dei-lhes a glória que a mim me deste,
para que sejam um, como nós somos um. Eu neles e tu em mim, para que eles sejam
perfeitos em unidade e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim e que
tens amado a eles...” (João 17:22,23).
A
Igreja, portanto, parte o pão e o passa adiante, memorizando todos os dias o
amor e a entrega de Cristo. Quando ela acolhe, quando ele ensina a Verdade das
Escrituras, quando ela cuida, quando ela exorta, quando ela acompanha e dá
suporte, ela está entregando em mãos o pedaço de pão e esse gesto é contínuo.
Jesus se revela através da igreja e é conhecido por muitos através da entrega e
da doação de vida da igreja. A Igreja é a luz que o mundo tem e por ela Cristo é
conhecido pelos que ainda hão de receber a fé. A Igreja dá o suporte para os
santos para que assim todos caminhem em perfeita comunhão e unidade.
"Suportai-vos uns aos outros e perdoai-vos
mutuamente [...]" (Colossenses 3:13);
"Há um só corpo e um só Espírito, como
também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; Um só Senhor, uma
só fé, um só batismo;
Um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós.
Mas a graça foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo" (Efésios 4:4-7)
Um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós.
Mas a graça foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo" (Efésios 4:4-7)
A
igreja, estando firme na Palavra, ajustada na Verdade, em prática do amor,
ajuda mútua e nos fundamentos de Jesus Cristo, é a própria presença viva e
operante de Cristo no mundo. Ela compartilha do mesmo sentimento entre os
santos e compartilha da mesma esperança e fé no mundo. Ela dá testemunho vivo
da fé. Ela testemunha com real engeamento da luz. Ela cumpre com diligência a
sua tarefa. Ela ama servir. Ela vive para a glória de Deus.
Ela
(a igreja de Deus) é você, cristão. Você firmado nesse fundamento que é Cristo.
Você
que está lendo esse post, tem repartido o pão? Tem evangelizado? Tem acolhido?
Tem mostrado e testemunhado o caminho? Tem exortado com amor? Tem cuidado dos
feridos, dos órfãos, das viúvas e dos necessitados em geral?
Sejamos
luz! Sejamos sal! E, assim, carreguemos todos os dias a nossa cruz. Nossa
missão já foi proposta e basta, agora, zelarmos por cumpri-la em amor, devoção
e entrega até o Dia de Jesus Cristo.
Amém!
(Gabriel Felipe M. Rocha)
Gabriel Felipe M. Rocha
é membro da Oitava Igreja Presbiteriana de Belo Horizonte; graduado em História
(licenciatura e bacharelado); pós graduado em Sociologia/ lato sensu
(Sociologia da Educação); mestrando em Filosofia (Ética e Antropologia) e
professor.
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