quarta-feira, 5 de novembro de 2014

O partir do pão: a função delegada à Igreja

O partir do pão: a função delegada à Igreja

E, tomando o cálice e havendo dado graças, disse: Tomai-o e reparti-o entre vós [...] Isto é meu corpo que por vós é dado, fazei isso em memória de mim(Lucas 22: 17-19)

Os Evangelhos nos ensinam que Jesus comeu a Última Ceia com seus discipulos em uma "sala grande acima" próximo do Templo. Nesta refeição, Jesus levanta um copo de vinho e brinda: “Este cálice é o novo testamento no meu sangue, que é derramado por vós” (Lucas 22:20).
A palavra Hebraica para testamento é “brit”, um termo político que se refere a um contrato por escrito entre um rei e seus súditos. O sangue era utilizado para assinar esses contratos como sinal de seriedade, para assumir "que sabemos que o preço pela violação do tratado é a morte". Isso é exatamente o que acontece no caso do velho testamento, quando Moisés lança o sangue do boi sacrificatório no povo (Êxodo 24:8).
Mas Jesus não é apenas o novo Moisés, selando um simples testamento com seu sangue. Mas Ele é o Cordeiro Perfeito, o Perfeito Sumo Sacerdote que, com seu sangue, selou o Novo Testamento. Ele também diz que o sangue é é “derramado por muitos, para remissão dos pecados” (Mateus 26:28). Esta oferta de expiação sacrificatória pelos pecados é o maior presente que Deus (através de Jesus) poderia dar aos seus discípulos a aos seus escolhidos; é por este motivo que ele esperou até o último instante para dar-lhes. “Desejei muito comer convosco...” (v. 15).
Na Ceia, Jesus reparte então o cálice e o pão entre seus discípulos e eles repetem o mesmo gesto.
O repartir do pão tem um significado importante: Assim como no repartir do vinho (o sangue que era símbolo da Nova Aliança em Cristo), Jesus repartia (oferecia) seu Corpo em sacrifício.
A Igreja foi instituída para também fazer assim.
Tomar posse do Corpo de Jesus e, da mesma forma, repartir com os outros tem também um importante significado:
Sendo inaugurada a Nova Aliança pela graça, a Igreja representava – agora – o Corpo vivo de Cristo sobre a Terra. Responsável é a igreja para compartilhar da Vida de Cristo, uma vez que - pela graça - ela tem abundância dessa vida em si. Isso por mérito de Jesus Cristo e não nosso. Assim como o Ministério de Cristo foi um Ministério de entrega, doação de Vida, compartilhamento de amor, acolhimento, perdão, ensino, anúncio, sofrimento, cruz e sacrifício, o ministério da Igreja (sob a tutela do Espírito Santo) não seria diferente.
Fomos chamados para repartir o pão. O sangue derramado uma vez em sacrifício perfeito é o símbolo da nossa aptidão ao serviço e ao cumprimento do chamado, sendo que, esse sangue, representa a Vida e a ação do Espírito Santo na existência da Igreja.
Sendo o Corpo de Cristo aqui no mundo, ela (a igreja) revela – pela Palavra (na ação do mesmo Espírito Santo) o Cristo Vivo ao mundo. O próprio Senhor intercedeu ao pai, rogando para nós essa aptidão em amor:
Eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um. Eu neles e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim e que tens amado a eles...” (João 17:22,23).
A Igreja, portanto, parte o pão e o passa adiante, memorizando todos os dias o amor e a entrega de Cristo. Quando ela acolhe, quando ele ensina a Verdade das Escrituras, quando ela cuida, quando ela exorta, quando ela acompanha e dá suporte, ela está entregando em mãos o pedaço de pão e esse gesto é contínuo. Jesus se revela através da igreja e é conhecido por muitos através da entrega e da doação de vida da igreja. A Igreja é a luz que o mundo tem e por ela Cristo é conhecido pelos que ainda hão de receber a fé. A Igreja dá o suporte para os santos para que assim todos caminhem em perfeita comunhão e unidade.
"Suportai-vos uns aos outros e perdoai-vos mutuamente [...]" (Colossenses 3:13);
"Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; Um só Senhor, uma só fé, um só batismo;
Um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós.
Mas a graça foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo
" (Efésios 4:4-7)
A igreja, estando firme na Palavra, ajustada na Verdade, em prática do amor, ajuda mútua e nos fundamentos de Jesus Cristo, é a própria presença viva e operante de Cristo no mundo. Ela compartilha do mesmo sentimento entre os santos e compartilha da mesma esperança e fé no mundo. Ela dá testemunho vivo da fé. Ela testemunha com real engeamento da luz. Ela cumpre com diligência a sua tarefa. Ela ama servir. Ela vive para a glória de Deus.
Ela (a igreja de Deus) é você, cristão. Você firmado nesse fundamento que é Cristo.
Você que está lendo esse post, tem repartido o pão? Tem evangelizado? Tem acolhido? Tem mostrado e testemunhado o caminho? Tem exortado com amor? Tem cuidado dos feridos, dos órfãos, das viúvas e dos necessitados em geral?
Sejamos luz! Sejamos sal! E, assim, carreguemos todos os dias a nossa cruz. Nossa missão já foi proposta e basta, agora, zelarmos por cumpri-la em amor, devoção e entrega até o Dia de Jesus Cristo.
Amém!

 (Gabriel Felipe M. Rocha)
Gabriel Felipe M. Rocha é membro da Oitava Igreja Presbiteriana de Belo Horizonte; graduado em História (licenciatura e bacharelado); pós graduado em Sociologia/ lato sensu (Sociologia da Educação); mestrando em Filosofia (Ética e Antropologia) e professor.


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