O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
A palavra “batismo”, de acordo com o
dicionário Aurélio, tem por um dos significados “iniciação religiosa”. Já a
palavra grega utilizada por Paulo e traduzida por “batizados” em I Coríntios
12:13, onde diz: “fomos batizados em um só Espírito”, é baptidzõ,
derivada de baptõ, que significa “tornar submerso”, utilizado somente em
referencia à purificação religiosa, especialmente referente à ordenança do
batismo cristão.
Observando-se o contexto da maioria
das vezes em que a palavra “batismo” é empregada no Novo Testamento, percebe-se
que, de fato, o batismo, além de envolver rituais de submersão, imersão ou
lavagem, também indica iniciação no objeto motivo do batismo, como por exemplo:
iniciação no arrependimento (batismo de arrependimento – Marcos 1:4; Lucas
3:3); iniciação do juízo (batismo de fogo – Lucas 3:16-17); iniciação na morte
do velho homem (batismo na morte – Romanos 6:4).
Não diferente disso, o batismo com o
Espírito Santo indica também a iniciação do homem arrependido e convertido a
Deus na participação do banquete espiritual oferecido por Cristo e sua inclusão
no corpo de Cristo – a igreja invisível e universal de Deus.
Batismo, portanto, refere-se à
iniciação do crente na graça oferecida a todos quantos Deus Pai chamar. Batismo
de arrependimento ficou em João Batista e batismo de fogo virá no Juízo,
contudo o batismo nas águas e o batismo com o Espírito Santo são atuais, sendo
que o batismo nas águas indica a iniciação do crente na comunhão da igreja
visível e o batismo com o Espírito Santo indica a iniciação do crente na
comunhão da igreja invisível, no corpo de Cristo, daí Paulo dizer: “Pois
todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, que judeus, quer
gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito”. I Cor
12:13.
O ESPÍRITO SANTO DA PROMESSA
Para uma melhor compreensão do
assunto, importa verificar a promessa que Deus fez, por meio dos profetas, de
enviar o Espírito Santo a toda a congregação.
A promessa do envio do Espírito Santo
no Antigo Testamento estava atrelada à vinda do Messias. Os judeus sabiam e
entendiam isso, razão pela qual aguardavam ansiosos sua aparição.
Dentre várias passagens que confirmam
tal conclusão, destacam-se:
“Eis aqui o meu servo, a quem
sustenho, o meu eleito, em quem se apraz a minha alma; pus o meu espírito
sobre ele; ele trará justiça aos gentios.” Isaías
42:1.
“O espírito do Senhor DEUS está
sobre mim; porque o SENHOR me ungiu, para pregar boas novas aos mansos;
enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos
cativos, e a abertura de prisão aos presos;” Isaías 61:1
“Porque os palácios serão abandonados,
a multidão da cidade cessará; e as fortificações e as torres servirão de
cavernas para sempre, para alegria dos jumentos monteses, e para pasto dos
rebanhos; Até que se derrame sobre nós o espírito lá do alto; então o deserto
se tornará em campo fértil, e o campo fértil será reputado por um bosque.”
Isaías 32:14-15.
Interessante notar que a profecia diz
respeito à Israel, mas o cumprimento da promessa não foi sobre Israel, mas sim
sobre a Igreja. Conforme se depreende do Novo Testamento, o cumprimento da
promessa não trouxe restauração material à nação hebraica, como aparentemente
traria, mas trouxe vida espiritual à Igreja de Cristo, o que prova que essas
bênçãos prometidas são de natureza espiritual e, embora dirigidas ao povo
hebreu, referiam-se ao Israel de Deus, que é o remanescente fiel separado por
Deus pela fé no Cristo.
Ainda sobre a promessa do Seu envio,
não poderia deixar de citar a mais contundente e detalhada profecia do Antigo
Testamento, a de Joel, que diz:
“E há de ser que, depois derramarei
o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas
profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões. E
também sobre os servos e sobre as servas naqueles dias derramarei o meu
Espírito. E mostrarei prodígios no céu, e na terra, sangue e fogo, e colunas de
fumaça. O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o
grande e terrível dia do Senhor. E há de ser que todo aquele que invocar o
nome do Senhor será salvo; porque no monte Sião e em Jerusalém haverá
livramento, assim como disse o Senhor, e entre os sobreviventes, aqueles que o
Senhor chamar.” Joel
2:28-32.
Aqui, Joel afirma que o Espírito seria
derramado sobre toda a carne. Isso não significava que todos os homens
receberiam o Espírito, mas sim que Ele não mais seria dado a alguns homens
seletos como acontecia nos tempos do Velho Pacto. Todos os tipos de homens, de
diversas etnias, culturas, de todas as partes do mundo, haveriam de receber o
Espírito, sendo esse o sentido de “toda carne”.
Há de se observar que logo em seguida
o profeta diz:: “e todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”,
o que aponta, mais uma vez, para o fato de que esse Espírito, que seria
derramado sobre os homens de todas as partes do mundo, seria dado àqueles que
invocassem o nome do Senhor. Portanto,
além de estar relacionado à vinda do Messias, o Espírito só seria dado a quem
invocasse seu nome.
A VINDA DO MESSIAS
Passados alguns séculos, nos tempos de
Jesus, João Batista anunciou a chegada do tão aguardado Messias, aquele que
haveria de trazer consigo o batismo com o Espírito Santo:
“Eu, na verdade, batizo-vos com água,
mas eis que vem aquele que é mais poderoso do que eu, do qual não sou digno de
desatar a correia das alparcas; esse vos batizará com o Espírito Santo e com
fogo.” Lucas
3:16.
Posteriormente, não muito tempo
depois, o mesmo João Batista anuncia: “eis o Cordeiro de Deus”. Era
Jesus de Nazaré. Cristo, então, inicia seu ministério e confirma o que dele
fora dito pela boca dos profetas:
“Quem crê em mim, como diz a
Escritura, do seu interior correrão rios de água viva” João 7:38-39
E mais:
“Todavia digo-vos a verdade, que vos
convém que eu vá; porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas,
quando eu for, vo-lo enviarei.” João
16:7
Surpreendentemente, Jesus avisa a seus
discípulos que era necessário que ele partisse – para a destra de Deus – para
que, após vencido a morte e ascendido aos céus, pudesse enviar o Espírito
Consolador. Esse era o plano eterno de Deus revelado por Jesus.
Jesus explica, também, qual seria o papel
concreto do Espírito Santo no mundo. Para o crente, Ele seria o Consolador – parákletos,
no original grego - , que significa o auxiliador, o advogado presente, o
companheiro, aquele que haveria de esclarecer a Escritura e de lembrar ao
crente as palavras do Senhor, participando incisivamente no processo de
santificação do salvo (João 14:17; 16:7); . O Espírito Santo também haveria de
ter o papel de convencer o homem do pecado, da justiça e do juízo (João 16:8),
seria, portanto, aquele que converteria o homem perdido, mediante a pregação da
palavra, ao Deus Criador.
A VINDA DO ESPÍRITO SANTO
Conforme anunciado por Jesus, o
Espírito Santo, não muito tempo depois da ascensão do Senhor, foi derramado
sobre a congregação reunida em Jerusalém, conforme narrado por Lucas em “Atos
2:1-5”.
Era dia de Pentecostes. Estavam na
cidade JUDEUS vindos de todas as partes da terra, os quais presenciaram sinais
espantosos, mais precisamente, homens leigos falando em outros idiomas que não
os seus originais. Um grande alvoroço toma a cidade.
Pedro, então, toma a palavra e explica
aos cidadãos judeus o que havia acontecido naquele lugar:
“Mas isto é o que foi dito pelo
profeta Joel: E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, Que do meu
Espírito derramarei sobre toda a carne; E os vossos filhos e as vossas filhas
profetizarão, Os vossos jovens terão visões, E os vossos velhos sonharão
sonhos; E também do meu Espírito derramarei sobre os meus servos e as minhas
servas naqueles dias, e profetizarão; E farei aparecer prodígios em cima, no
céu; E sinais em baixo na terra, Sangue, fogo e vapor de fumo. O sol se
converterá em trevas, E a lua em sangue, Antes de chegar o grande e glorioso
dia do Senhor; E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor
será salvo.” Atos
2:16-21.
A explicação do apóstolo para o que
estava acontecendo em Jerusalém, conforme visto acima, foi o cumprimento da
profecia do profeta Joel.
De acordo com Pedro, tudo o que o
profeta disse havia se cumprido naquele momento. Joel disse que, quando Deus
enviasse o Espírito Santo, haveria sonhos, visões, profecias, sinais em baixo
da terra, sangue, fogo, vapor e fumo; sol se convertendo em trevas e a lua em
sangue. Entretanto, nada disso aconteceu em Pentecostes.
Isso confirma que os sinais descritos
por Joel eram simbólicos e não literais. Esse tipo de linguagem é muito comum
nos profetas quando eles queriam indicar eventos catastróficos ou magníficos
que tinham grande impacto no mundo ou na sociedade em que aconteceriam.
Encontramos essas figuras de linguagem
em Isaías 13:10, Isaías 24:23, Ezequiel 32:7 e Joel 2:10. A profecia de Joel,
portanto, indicava que a Espírito seria derramado sobre os jovens e os velhos,
os homens e as mulheres, os servos e os senhores. Seria um dia grandioso, pois,
conforme atestado por Pedro, inauguraria o tempo dos “últimos dias” e, a partir
dali, todo aquele que invocasse o nome do Senhor seria salvo.
Sendo assim, as afirmações de que
visões e sonhos acontecem atualmente e que só podem acontecer após o batismo
com o Espírito Santo, usando como base a profecia de Joel, não são verdadeiras.
Assim como “sinais em baixo na terra, sangue, fogo e vapor de fumo” foram
figuras simbólicas, “sonhos e visões” também o foram, sendo apenas um
estilo de linguagem que descreve um grandioso evento do derramar do poder de
Deus.
O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO:
experiência dos Samaritanos, dos gentios e dos discípulos de João Batista
Além dos eventos milagrosos no dia de
pentecostes narrados em Atos, houve sinais visíveis do derramamento do Espírito
Santo em mais três narrativas no respectivo livro.
Dessas outras três, a primeira
encontra-se em Atos 8:14-18, que narra a descida do Espírito Santo sobre os
crentes de Samaria.
Na ocasião, Felipe dirige-se à Samaria
e anuncia o Evangelho aos samaritanos. Muitos, diante dos sinais que Felipe
realizava, aceitaram o evangelho e se entregaram a Cristo.
A igreja de Jerusalém, ao saber da
notícia, envia Pedro e João para testificarem acerca da conversão dos
samaritanos. Lá, os apóstolos impõem as mãos e o poder de Deus é derramado
sobre eles. Os sinais foram visíveis, tanto que Simão, o feiticeiro, percebeu
que algo diferente aconteceu quando os apóstolos impuseram as mãos. Não há dúvidas
de que houve, naquele momento, uma manifestação parecida com a de pentecostes,
o que confirmava o batismo com o Espíritos Santo por parte dos samaritanos.
A segunda narrativa encontra-se em
Atos 10:44-46 e trata do batismo com o Espírito Santo dos gentios,
representados por Cornélio e seu amigos.
Lucas narra que, quando Pedro orou por
eles, logo começaram a falar em outras línguas, tal como aconteceu em
Pentecostes. Mais uma vez, sinais aconteceram no ato do batismo, o que
confirmou o recebimento do poder de Deus por parte do gentios.
A terceira e última narrativa trata
dos discípulos de João Batista em Atos 19:1-7. Na ocasião, alguns homens,
discípulos de João Batista, foram indagados por Paulo se haviam recebido o
Espírito Santo quando creram. Eles disseram que nem sabiam de sua existência.
Eles sequer haviam sido batizados em nome de Jesus.
Evidentemente, não eram crentes. Eram
apenas homens arrependidos pelos seus pecados, mas que precisavam conhecer a
verdade acerca do Cristo. Eram, provavelmente, tementes a Deus, mas
desconhecedores da verdade do Evangelho. Paulo, então, os batizou e quando orou
por eles, logo em seguida receberam o Espírito Santo e falaram em novas
línguas, tal como ocorreu em Pentecostes, o que confirmou o recebimento do poder
de Deus por parte do discípulos de João Batista.
Não por acaso, em todos os três
eventos, além do de Pentecostes, houve o sinal das línguas estranhas no ato do
batismo com o Espírito Santo. Esse sinal foi vital para que os Apóstolos
entendessem que Deus havia aceitado, além do judeus, os samaritanos, os gentios
e os discípulos de João Batista.
É importante lembrar que, embora hoje
seja cristalina a ideia de que o Evangelho é universal, no tempo dos Apóstolos,
no início da igreja, o assunto gerava discussão. Pedro teve dificuldade para
compreender que os gentios, representados por Cornélio, haviam sido aceitos por
Deus (Atos 10) e somente entendeu – não apenas ele, mas também os judeus
convertidos - que Deus havia aceitado também os gentios pelos sinais que Deus
manifestou no ato da conversão de Cornélio e seus amigos, os mesmos de
Pentecostes (Atos 11:17-18).
Portanto, fica evidente que, na
ocasião, os sinais foram necessários para que a igreja entendesse que Deus
havia aceitado não apenas os judeus, mas também os samaritanos, os gentios e os
discípulos de João Batista. Hoje não são mais necessários, pois Deus já provou
que não há mais distinção de grupos ou etnias.
Jhon Stott fala com muita propriedade
sobre o assunto, como se vê abaixo:
“A norma da experiência cristã,
portanto, é um conjunto de quatro fatores: arrependimento, fé em Jesus, batismo
na água e a dádiva do Espírito. Embora a ordem observada possa variar um pouco,
as quatro são indispensáveis e são universais na iniciação cristã. A imposição
apostólica de mãos, porém, juntamente com as línguas estranhas e a profecia,
foram dadas especialmente em Éfeso, como em Samaria, para demonstrar de forma
visível e pública que grupos específicos foram incorporados a Cristo através do
Espírito; o Novo Testamento não as universaliza. Hoje, já não há samaritanos e
discípulos de João Batista.”
A conclusão lógica do exposto é que a
partir de Pentecostes, e dos sinais narrados em Atos referentes aos outros três
eventos, as línguas estranhas, e os demais sinais miraculosos, não mais
acontecem no ato do batismo com o Espírito Santo, necessariamente.
REFUTANDO A DOUTRINA PENTECOSTAL
Em diversos momentos, Jesus reafirmou
a promessa de que Ele haveria de derramar o Espírito Santo. Em João 20:22, o
Senhor, entretanto, aparenta dar a seus discípulos o Espírito Santo, antes
mesmo de sua ascensão. Vejamos:
E, havendo dito isto, assoprou sobre
eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo. João 20:22.
Pentecostais, interpretando o texto
acima, afirmam que nesse ato narrado por João, Jesus selou, ou regenerou, os
discípulos com o Espírito Santo, o que seria diferente do batismo, nascendo
disso a doutrina do batismo com o Espírito Santo como sendo uma “segunda
benção”. A primeira benção, no caso, seria o selo, que acontece no ato da
conversão; a segunda benção seria o batismo.
Abaixo, transcrevo parte do estudo “O
batismo no Espírito Santo”, elaborado pela Bíblia de Estudo Pentecostal:
“O batismo no Espírito Santo é uma
obra distinta e à parte da regeneração, também por Ele efetuada. Assim como a
obra santificadora do Espírito é distinta e completiva em relação à obra
regeneradora e santificadora do Espírito. No mesmo dia em que Jesus
ressuscitou, Ele assoprou sobre os seus discípulos e disse: “Recebei o Espírito
Santo” (Jo 20.22), indicando que a regeneração e a nova vida estavam-lhes sendo
concedidas. Depois, Ele lhes disse que também deviam ser “revestidos de poder”
pelo Espírito Santo (Lc 24.49; cf. At 1.5,8). Portanto, este batismo é uma
experiência subsequente à regeneração”.
Esse ensinamento, embora convidativo,
não merece prosperar por quatro razões iniciais:
1 – Diferentemente do afirmado pelos
pentecostais, o texto de João 20:22 não indica regeneração ou selo do Espírito
Santo. O Evangelista João não fez referência a isso. Aferir que naquele ato se
deu a regeneração dos discípulos é ir além do que está escrito. Paulo orienta
os crentes de Corinto a que “aprendais a não ir além do que está escrito” (I
Cor 4:6). Dessa forma, a análise do texto em questão requer exegese
cuidadosa que não extrapole os limites dos ensinamentos entregues por Jesus e
pelos profetas, devendo ser analisado em conformidade com eles e não sob
inferências precipitadas.
2 - As profecias do Antigo Testamento
não apontam para a ocorrência de dois atos do envio do Espírito Santo pelo
Messias. O Espírito seria dado uma vez apenas, não em duas etapas.
3 - Jesus disse que só poderia enviar
o Espírito Santo se Ele partisse e, como visto, Ele ainda não havia partido.
Cristo, embora ressurreto, ainda estava com os discípulos.
4 - As últimas palavras de Jesus antes
de sua ascensão foi justamente acerca da promessa que ainda não havia se
cumprido. “E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na
cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder”. Lucas 23:49.
Em seguida, Lucas narra que Jesus foi assunto aos céus. Ora, evidentemente, o
que aconteceu em João 20:22 antecedeu ao que aconteceu em Lucas 23:49, haja
vista Lucas narrar as últimas palavras de Cristo. Assim sendo, em João 20 não
houve cumprimento da promessa.
Se é assim, o que foi que aconteceu em João 20:22?
A melhor interpretação é que Cristo,
naquele instante, reafirmou sua promessa, usando, para isso, um ato profético.
Não por acaso, ele assopra sobre os discípulos, antecipando o que eles ouviriam
no dia de Pentecostes (“o som de um vento impetuoso”). Não houve ali nenhum
tipo de transmissão do poder de Deus, senão uma promessa de que ele seria
transmitido. Essa interpretação, a meu ver, está em conformidade com todo o
ensinamento de Cristo e dos profetas sobre o assunto.
Assim sendo, a distinção entre dois
momentos da bênção do Espírito Santo, usando-se por base João 20:22, não merece
prosperar, não apenas pelas razões acima expostas, mas também por outras que
veremos adiante.
O MOMENTO DO BATISMO COM O ESPÍRITO
SANTO
A posição adotada pelos pais da igreja
e pelos reformadores em geral é a de que o batismo com o Espírito Santo
acontece no ato da conversão do homem a Jesus Cristo, justamente por crerem na
relação estrita entre o Espírito Santo e a Palavra de Deus.
A Bíblia, em diversas passagens, é
enfática ao confirmar tal alegação:
“Nele, quando vocês ouviram e
creram na palavra da verdade, o evangelho que os salvou, vocês foram
selados com o Espírito Santo da promessa.” Efésios 1:13.
Observe que, mesmo que alguém queira
fazer distinção entre “selo com o Espírito Santo” e “batismo com o Espírito
Santo”, o fato de Paulo ter dito “você foram selado com o Espírito Santo DA
PROMESSA” aponta para a promessa do derramamento do Espírito Santo constante no
Velho Testamento. Assim, como não há no Antigo Testamento duas promessas, mas
apenas uma, fica evidente que o que Paulo estava dizendo era que os crentes de
Éfeso receberam o Espírito Santo (foram BATIZADOS) no momento em que ouviram e
creram na palavra de verdade.
Continuando:
“Pois todos nós fomos batizados em
um Espírito, formando um corpo, que judeus, quer gregos, quer servos, quer
livres, e todos temos bebido de um Espírito” I Cor 12:13
“Não sabeis vós que sois o tempo de
Deus e que o Espírito Santo de Deus habita em (TODOS) vós” I Cor 3:16.
“Arrependei-vos, e cada um de vós seja
batizado em nome de Jesus Cristo, para remissão de vossos pecados; e (CADA
UM DE VÓS) recebereis o dom do Espírito Santo” Atos 2:38.
Todas essas passagens reforçam a
posição de que o batismo com o Espírito Santo, ou o selo, ou dom, como queira
chamar, é confirmado no momento da conversão. Paulo disse aos Coríntios: “Todos
foram batizados” e “O Espírito Santo de Deus habita em (TODOS) vós”. “Quem for
batizado em nome de Jesus receberá o dom do Espírito Santo” - narra Lucas em
Atos.
Todos esses textos só ratificam aquilo
que Cristo havia dito em seu ministério, quando disse:
“Quem crê em mim, como diz a
Escritura, do seu interior correrão rios de água viva” João 7:38-39
“Mas quem beber da água que eu lhe
der nunca mais terá sede. Pelo contrário, a água que eu lhe der se tornará
nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna” João 4:14.
Cristo disse que para que os “rios de
água viva” corressem no interior do homem bastaria a ele crer em seu nome.
Evidentemente, os “rios de água viva” a que Jesus se referia, predito na
Escritura, é o derramamento do Espírito Santo predito por Isaías como forma de
torrentes de água (Isaías 44:3).
Não obstante, a bíblia orienta aos
crentes a buscarem a plenitude do Espírito - ser cheios do Espírito. Ser cheio
do Espírito e ser batizado com o Espírito são coisas diferentes e é nisso que
os pentecostais erram.
Ser batizado é o ato inicial e isso
não significa que o crente não precise buscar a plenitude. Fazendo analogia ao
batismo nas águas, quando o crente passa pelas águas ele ainda está no início
do processo de santificação, a qual vai se aperfeiçoando cada vez mais,
mediante a graça de Deus, até ser “varão perfeito”.
Da mesma forma, o batismo com o
Espírito Santo é o ato inicial. A partir daí, o crente deve buscar a plenitude
mediante a oração, a santificação, a meditação na palavra de Deus, etc. A
experiência dos pentecostais, nesse sentido, está mais relacionada ao
enchimento do que ao o batismo com Espírito Santo.
A seguir, um pouco do que significa
ser cheio do Espírito Santo.
A PLENITUDE DO ESPÍRITO
A ordem bíblica “enchei-vos do
Espírito”, as vezes incompreendida, precisa ser melhor analisada no contexto
bíblico para uma abrangente e eficaz aplicação na vida cristã. Afinal, o verbo
“encher” está no modo imperativo, soando como sendo uma responsabilidade
individual a plenitude do Espírito. Sendo isso uma responsabilidade, como então
podemos ser cheios do Espírito e o que precisamos fazer para cumprir essa
ordem?
Paulo escreve ao Efésios: “E não vos
embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito;” Efésios
5:18.
A carta que Paulo escreve aos Efésios
possui uma “irmã gêmea”: a carta aos Colossenses. Ambas foram escritas no mesmo
ano, 62 d.C. e no mesmo local, Roma. São muito semelhantes em suas orientações,
salvadas as devidas diferenças pelas necessidades locais, a ponto de alguns
estudiosos sugerirem que foram escritas sequencialmente.
Devido a essa semelhança, analisar o
assunto proposto levando em consideração ambas as cartas pode fazer toda a
diferença, uma vez que Paulo da as mesmas orientações nas duas epístolas, porém
com algumas diferenças esclarecedoras.
Em Efésios ele escreve: “E não vos
embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito;”
e a partir desse versículo o apóstolo descreve uma séria de condutas que os
cristãos devem adotar no seu dia a dia, as quais evidenciam a vida cristã.
Em Colossenses, Paulo repete as mesmas
condutas descritas em Efésios, porém, antes de descrevê-las, ao invés de dizer:
"enchei-vos do Espírito", ele diz: “A palavra de Cristo habite
em vós abundantemente” Colossenses 3:16.
Em Efésios ele diz: “enchei-vos do
Espírito” e na epístola gêmea, Colossenses, ele diz: “A palavra de Cristo
habite em vós abundantemente”. Paulo sinaliza com isso que, para ele, estar
cheio do Espírito é abundar na mensagem de Cristo. Estar cheio do Espírito não
é simplesmente cair no chão, falar em línguas, orar em público ou realizar
milagres, mas é viver os ensinamentos de Cristo, pondo-os em prática no dia a
dia.
Portanto, quando Paulo diz:
“enchei-vos do Espírito”, o que ele está dizendo, analisando a ordem de acordo
com a orientação dada aos Colossenses é: cumpram a mensagem de Cristo! (“A
palavra de Cristo habite em vós abundantemente”) E se perguntarmos: como
cumprir a mensagem de Cristo? A resposta está nos versículos seguintes, tanto
na carta aos Efésios como na aos Colossenses, que é: Falando entre vós em
salmos, cantando e salmodiando ao Senhor, dando sempre graças a Deus por tudo,
sujeitando-vos uns aos outros; vós, mulheres, sujeitai-vos a vossos maridos,
como ao Senhor; vós, maridos, amai vossas mulheres; vós, filhos, sede
obedientes a vossos pais no Senhor e vós, pais, não provoqueis à ira a vossos
filhos; vós, servos, obedecei a vossos senhores e vós, senhores, fazei o mesmo
para com eles.
É bom lembrar que a função do Espírito
Santo não é criar novas regras, novas doutrinas ou derrubar pessoas. Antes, a
função do Espírito Santo é lembrar-nos das palavras de Jesus e consolar-nos com
isso, pois foi isso que Jesus disse do Espírito Santo:
“Mas aquele Consolador, o Espírito
Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos
fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito.” João 14:26.
A obra do Espírito Santo, de acordo
com Cristo, está estritamente atrelada à sua mensagem. O Espírito não inova,
não inventa, mas lembra, exorta, convence e consola de acordo com a mensagem já
trazida por Cristo e exposta na Bíblia.
Assim, estar cheio do Espírito é
sempre se lembrar da mensagem de Cristo e praticá-la, seja na igreja, seja em casa,
seja nas atividades seculares. De que adianta pular no Espírito e não honrar os
pais? De que adianta falar em línguas e maltratar o cônjuge? De que adianta
pregar com ousadia e maltratar o rebanho? De que adianta cair no Espírito e ser
um profissional desonesto? “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos
anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.”
I Coríntios 13:1.
Enfim, uma palavra de Jesus resume bem
tudo o que foi dito: “Jesus respondeu, e disse-lhe: Se alguém me ama,
guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele
morada.” João 14:23.
UM POUCO SOBRE DONS ESPIRITUAIS
Vamos falar acerca dos dons
espirituais. Por mais complexo que o tema venha a ser, uma coisa é certa: Deus
não quer que sejamos ignorantes quanto a este assunto. Atualmente, existem
muitos debates acerca dos dons, mais precisamente quanto à aplicabilidade e à
contemporaneidade de alguns deles. Não me atreverei em debater todo o assunto
aqui – até porque precisaria de mais tempo, espaço e estudo para isso -,
delimitando-me a analisar apenas a extensão do rol de dons espirituais
descritos na Bíblia.
Para tanto, inicio com uma simples
pergunta: são apenas nove os dons do Espírito?
Em I Coríntios 12:8-11, o apóstolo
Paulo destaca nove dons espirituais, quais sejam: palavra da sabedoria, palavra
da ciência, fé, dons de curar, operação de maravilhas, profecia, variedade de
línguas e interpretação das línguas.
O original grego da palavra “dom” em I
Coríntios 12 é “charisma” ou “karisma”, cujo significado é “um
dom da graça” ou “um benefício imerecido”. Não restam dúvidas que o “dons
espirituais” de I Coríntios 12:8-11 fazem parte do rol dos dons concedidos pelo
Espírito de Deus, a cada um como o quer, para o aperfeiçoamento do corpo,
conforme ensinado no versículo 11 do mesmo capítulo.
Entretanto, analisando-se os
ensinamentos apostólicos no Novo Testamento, notam-se outros róis de dons
espirituais, contendo alguns dons iguais aos descritos em I Coríntios 12:8-11 e
outros, porém, diferentes.
Esses róis são descritos nas seguintes
passagens, que ora faço descrição:
Romanos 12: 6-8
“De modo que, tendo diferentes dons,
segundo a graça que nos é dada, se é profecia, seja ela segundo a medida
da fé; Se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja
dedicação ao ensino; Ou o que exortar, use esse dom em exortar; o que reparte,
faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exercita
misericórdia, com alegria.”
I Coríntios 12:28
“E a uns pôs Deus na igreja,
primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro doutores,
depois milagres, depois dons de curar, socorros, governos,
variedade de línguas”.
Efésios 4:8 e 11
“Por isso diz:Subindo ao alto, levou
cativo o cativeiro,e deu dons aos homens....”
“E ele mesmo deu uns para apóstolos,
e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para
pastores e doutores.”
I Pedro 4:10-11
“Cada um administre aos outros o dom
como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus. Se alguém falar,
fale segundo as palavras de Deus; se alguém administrar, administre
segundo o poder que Deus dá; para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus
Cristo, a quem pertence a glória e poder para todo o sempre. Amém.”
Vê-se, portanto, que os apóstolos
Paulo e Pedro acrescentam outros dons, dados aos crentes para edificação e
crescimento da igreja - o corpo de Cristo. Como dito, alguns dos elencados nos
róis acima citados coincidem com os elencados no famoso rol de I Coríntios
12:8-11, outros não. Embora esses outros dons (MINISTÉRIOS, ENSINAR, EXORTAR,
REPARTIR, PRESIDIR, EXERCITAR MISERICÓRDIA, APÓSTOLOS, DOUTORES, SOCORROS,
GOVERNOS, FALAR, ADMINISTRAR, EVANGELIZAR, PASTOREAR) não estejam no rol de I
Coríntios 12:8-11, a esses também o Novo Testamento, no original grego, os
trata como “charisma”, ou seja, um dom provindo da graça de Deus e não
como “dorea” – conforme é usualmente ensinado por alguns grupos
neo-pentecostais e até pentecostais-, cujo significado é “presente, favor”.
Esses grupos utilizam-se do argumento
de que os dons espirituais são apenas os “nove” apresentados em I Coríntios
12:8-11 pois apenas ali são tratados como “charisma”, alegando que nos outros
róis a palavra “dom” está descrita, no original grego, como “dorea”. Tentam alegar
com isso que os dons mencionados na Bíblia, que não os de I Coríntios 12:8-11,
são “dons naturais” e não “espirituais”.
É fato que essa argumentação não é
feita de forma direta, mas indireta. Explico: os defensores dessa tese aduzem
que todas as vezes que a palavra “dom” aparece isoladamente no novo testamento,
se pronuncia, no original grego, dorea. A partir desse pressuposto,
ocupam-se em estudar e ensinar apenas os nove dons espirituais de I Coríntios
12:8-11, como se apenas nesse rol a palavra original é charisma, ficando
implícito, nessa linha de pensamento, que nos demais róis a palavra grega é “dorea”
e não “charisma”.
Vejamos o engano. Três aspectos serão
analisados:
- primeiro, a mentira do “dorea”: não
é necessário um estudo sistematizado da Bíblia para concluir que Paulo e Pedro
usam a mesma palavra charisma (dom) em todas as outras passagens em que os dons
espirituais são mencionados, seja em Coríntios, seja em Romanos, seja em
Efésios, seja em 1Pedro. A Bíblia de Estudo Palavra-Chave e demais escritos
acerca do assunto, dentre eles o do renomado pastor, escritor e teólogo, D. A
Carson (Livro A manifestação do Espírito), não deixam dúvidas de que todas as
vezes em que são mencionados “dons”, nos cinco róis do novo testamento, a
palavra empregada é charisma. Portanto, dons de presidir, dons de socorrer,
dons de repartir, dons de administrar estão no mesmo patamar de dom de línguas,
dom de palavra de sabedoria ou dons de interpretação de línguas, pois todos
eles são charisma e não dorea como é erroneamente ensinado, talvez por descuido
ou ignorância;
- segundo, a lógica textual: não
haveria razão lógica para Paulo empregar no mesmo grupo, por exemplo, “dons de
curar” e “governos”, como em 1Coríntios 12:28, se eles não fossem da mesma
natureza. Ou seja, se Paulo falava de dons espirituais e no ensino ele empregou
“dom de curar” e “governos”, fica claro que, assim como “dons de curar” é um
dom espiritual, “governos” também o é, haja vista serem provenientes do
charisma, que é a graça de Deus, e estarem sendo tratados na mesma ocasião
textual. Não há, portanto, razão para diferenciá-los em “espirituais” e
“naturais”, sendo todos eles dons espirituais;
- terceiro, a contradição: o dom de
“profecias” é apresentado no rol da carta aos Romanos (12:6-8) e de I Coríntios
(12:8-11). Ora, se ele está presente em ambos os róis, seria contraditório
afirmar que os nove dons de I Coríntios 12:8-11 são “espirituais (charisma)” e
os dons de Romanos 12:6-8 são “naturais (dorea)”, ou mesmo que em Romanos 12 Paulo
tratava de “dons ministeriais”, pois, nesse caso, “profecia” seria apresentado,
primeiramente, como “dom natural ou ministerial” em Romanos e, depois, como
“dom espiritual” em Coríntios. Não há qualquer possibilidade de “profecia” ser
enquadrada como dom natural, nem mesmo ministerial. Por essa razão, todos os
demais dons descritos em Romanos 12:6-8 também são, por ocasião lógica,
espirituais, sendo “ensinar”, “repartir”, “ministérios”, “exercitar
misericórdia” e “presidir” tão charisma quanto “profecia”. Assim,
referente à distinção entre dons espirituais e ministeriais, mesmo que se
queira fazer uma distinção textual, evidentemente, todo dom ministerial é, por
natureza, espiritual (charisma).
Para melhor compreensão sobre o
primeiro aspecto acima, a palavra dorea é utilizada no novo testamento
onze vezes, nas seguintes passagens: João 4:10 - Atos 2:38 - Atos 8:20 - Atos
10:45 - Atos 11:17 – Romanos 5:15 - Romanos 5:17 – II Coríntios 9:15 - Efésios
3:7 - Efésios 4:7 - Hebreus 6:4, abaixo transcritos:
João 4:10
Jesus respondeu, e disse-lhe: Se tu
conheceras o dom de Deus [dorean tou theou], e quem é o que te diz:
Dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva.
Atos 2:38
E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e
cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados;
e recebereis o dom do Espírito Santo [dorean tou hagiou
pneumatos];
Atos 8:20
Mas disse-lhe Pedro: O teu dinheiro
seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus [dorean tou
theou] se alcança por dinheiro.
Atos 10:45
E os fiéis que eram da circuncisão,
todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que o dom do
Espírito Santo [dorea tou hagiou pneumatos] se derramasse também sobre os
gentios.
Atos 11:17
Portanto, se Deus lhes deu o mesmo
dom [dorean] que a nós, quando havemos crido no Senhor Jesus Cristo, quem
era então eu, para que pudesse resistir a Deus?
Romanos 5:15
Mas não é assim o dom gratuito
[charisma] como a ofensa. Porque, se pela ofensa de um morreram muitos, muito
mais a graça [charis] de Deus, e o dom [dorea] pela graça [chariti], que
é de um só homem, Jesus Cristo, abundou sobre muitos.
Romanos 5:17
Porque, se pela ofensa de um só, a
morte reinou por esse, muito mais os que recebem a abundância da graça
[charitos], e do dom da justiça [doreas tes dikaiosunes], reinarão em
vida por um só, Jesus Cristo.
II Coríntios 9:15
Graças [charis] a Deus, pois, pelo
seu dom [dorea] inefável.
Efésios 3:7
Do qual fui feito ministro, pelo
dom da graça de Deus [dorean tes charitos tou theou], que me foi dado
segundo a operação do seu poder.
Efésios 4:7
Mas a graça [charis] foi dada a cada
um de nós segundo a medida do dom de Cristo [doreas tou christou].
Hebreus 6:4
Porque é impossível que os que já uma
vez foram iluminados, e provaram o dom celestial [doreas tes
epouraniou], e se tornaram participantes do Espírito Santo.
Uma leitura simples é capaz de
esclarecer que dorea, em nenhuma dessas passagens bíblicas, foi inserida
como um “dom natural”, mas sim como um “presente de Deus”. A salvação, a graça,
Jesus e o penhor do Espírito não são dons naturais, são presentes de Deus,
advindos de sua imensa graça. É inexplicável a tentativa de mudar-se o sentido
da palavra dorea a fim de validar uma interpretação bíblica do assunto.
Por fim, cabe a cada crente descobrir,
mediante a oração e o uso de nossos talentos, o dom concedido pelo Espírito
Santo, a fim de se utilizar na obra de Deus, para a edificação dos santos e
para a glória de Deus, lembrando-se sempre que há um caminho supremo a todos
eles, que está ao alcance de todos, o qual Paulo o chama de “o caminho mais
excelente” (I Cor 12:31) que é o amor, cuja prática é de obrigação cristã, pois
caso contrário, “nada disso me aproveitaria” I Coríntios 13:3b.
Dan Russel de F. Teixeira
Referências
WACHHOLZ, Wilhelm. História e Teologia
da Reforma. Editora Sinodal. São Leopoldo/RS. 2010. p. 129.
LOPES, Augustus Nicodemus. Cheios do
Espírito. Editora Vida. São Paulo/SP. 2007. p. 56-57.
CARSON, D. A. A manifestação do
Espírito Santo: A contemporaneidade dos dons à luz de 1Coríntios 12-14. Vida
Nova. 2013.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Revista
e Corrigida. 1995. p. 1627.
Bíblia de Estudos Palavras Chaves:
Hebraico – Grego.CPAD. Rio de Janeiro/RJ. 2011.
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