Família, a primeira Igreja de Deus
“Deus faz que o solitário viva em família” (Sl
68.6)
“Mas, se alguém não
cuida dos seus, e especialmente dos da sua família, tem negado a fé, e é pior
que um incrédulo.” (1
Timóteo 5.8)
Por Gabriel Felipe M. Rocha.
A primeira
instituição divina é a FAMÍLIA. Isso é fato bíblico. Se perguntasse aqui qual
foi a primeira instituição divina, alguns poderiam responder: “a igreja”. Seria
uma resposta errada! A primeira instituição de Deus é a família. Tanto é
verdade que podemos identificar nas linhas neotestamentárias que as igrejas
eram confirmadas e edificadas através de portas abertas por famílias, ou seja,
Deus escolhera alguns eleitos para que sua Igreja se firmasse e, as primeiras
igrejas, foram edificadas em casas. Casas como a do jovem Timóteo que tinha já
um testemunho de uma genuína conversão a Cristo.
Pois bem, mas o
assunto aqui não é esse. É outro!
Quero falar da
importância que Deus dá à família e que nosso primeiro chamado é dentro do lar
com a esposa (logo os filhos). Se fracassarmos nesse chamado, logo fracassamos
já no serviço do Evangelho nas igrejas. Isso é fato!
Primeiro vou
apresentar algumas referências bíblicas para sustentar essa verdade divina;
1) Deus
chamou homens para cuidar bem do lar e da esposa. Esse compromisso é sério e se
assim fizermos, estamos obedecendo a Deus. Se fracassarmos, estamos debaixo de
uma quebra de aliança com Deus (o
divórcio é uma quebra de aliança com Deus).
“Maridos,
ame cada um a sua mulher, assim como Cristo amou a igreja e entregou-se por ela” Efésios 5:25.
Se não conseguimos cumprir essa obra (instituída por Deus), nos resta apenas o
fracasso espiritual. Como amar a Deus se não cuidarmos do nosso próprio lar?
Como dizer que ama a igreja se não amarmos nossa casa?
2) Assim
como é na igreja, é em casa: “Assim como a igreja está sujeita a Cristo,
também as mulheres estejam em tudo sujeitas a seus maridos”. Efésios 5:24.
3) O
trato em casa é fundamental para o trato na igreja: “Maridos, ame cada um a sua mulher e não a tratem com amargura”. Colossenses
3:19. É
impossível você amar a Deus e a igreja se não cuida bem de sua esposa, de seus
filhos e de sua casa. Muitos casamentos cristãos se desarranjaram por conta de
vários problemas que levaram ao divórcio. No entanto, alguns que se envolveram
nesse trágico fim da missão instituída por Deus no lar, estão na igreja e
muitas vezes travestidos de “bons obreiros”, “bons servos de Cristo”, “atenciosos
irmãos”, etc. Mas, na maioria dos casos são sepulcros caiados. Pois , é fato
que se não cuidamos de nossa família e deixamos essa valiosa herança escapar,
não amamos de verdade a igreja. Impossível amar a igreja com o amor de Cristo
se não cuida de sua casa. É uma drástica inversão de valores. Não falo de
alguns casos onde o divórcio é algo necessário (existem casos assim), mas falo
de casos de promiscuidade no lar por parte de alguns homens e mulheres que,
embora tentam levar uma vida de santidade e humildade externa, a saber, dentro da igreja, suas vidas estão
cheias de imundícias, pois se dão às fofocas, invejas, contendas, parolices,
cuidado com a vida dos outros, etc.
Aliás,
o que mais me incomoda nisso tudo e me faz escrever essa singela reflexão é
saber que existem pessoas ao nosso derredor (e que latem como um cão bravo e
salivador) que estão nos vigiando, intrometendo na vida alheia, fofocando,
tentando “cuidar” da vida dos outros (muitas vezes na própria internet), etc.,
mas nas suas próprias casas, faliram espiritualmente, desonraram a Deus,
brigam, dão um péssimo testemunho para a família e para os vizinhos, etc. Hoje
se vêem envoltos de uma desgraça familiar....
4) Para
toda boa obra do Evangelho (dentro e fora da Igreja), necessário é a aprovação
DENTROA DE CASA. Ter caráter não é para todos (infelizmente). O caráter daquele
que cuida do lar, revela como ele cuida da igreja e das coisas do Evangelho. E,
da mesma forma, como cuidamos da igreja revela como cuidamos do lar. Mas isso
se somos mesmos sinceros, pois existem os que não são. Existem os que já
fracassaram, existem os que se dão em fofocas, existem os que se mordem de
invejas e se lançam em contendas, existem os mentirosos e os sepulcros caiados,
os farisaicos e religiosos. Não falo desses! Para mostrar essa importante
relação (família e serviço no Evangelho), lanço mão de alguns exemplos bíblicos
(como são muitos, vou citar apenas cinco):
a) Noé:
Noé foi chamado para um ministério específico. Para a realização de uma obra
específica que ganharia uma proporção bem maior que o âmbito familiar. No
entanto, a primeira aprovação de Noé foi dentro do âmbito familiar. A família o
ajudou na realização e no cumprimento da vontade de Deus para aquele momento.
Portanto, certamente, Noé não se via apenas “envolvido” com a obra, demonstrando
uma bela carcaça de fidelidade e serviço e nem se via em conversas torpes,
escândalos, mentiras e falatórios profanos. Mas via-se Noé com a família na
construção da arca. O testemunho público era: a família esteve junta num só
propósito. Família junta num só propósito demonstra adesão séria por parte do
lar em servir ao Senhor em meio a qualquer circunstância. Josué em meio a
dúvida de um povo de coração duro, proclamou com CERTEZA: “Eu e minha FAMÍLIA serviremos ao Senhor” (Josué 24: 15).
b) Abraão:
Antes do cumprimento da vontade de Deus em sair de sua terra e de sua
parentela, reuniu sua família. Saiu com a família. O cumprimento de seu
ministério começou em casa. Durante toda a obra proposta por Deus a Abraão,
vê-se o cuidado ferrenho que o mesmo teve por Sara;
c) O
chamado de José: José foi chamado por Deus para uma obra específica no Egito que,
na economia de Deus, tratava-se de uma redenção para seu próprio povo eleito.
No entanto, a aprovação do ministério de José veio no seio da família e como
esse cuidava de sua casa (seu pai e irmãos). Após essa experiência, a aprovação
para a obra específica.
d) Cito
agora o exemplo de Moisés. Moisés foi chamado para uma obra maravilhosa que
implicava na libertação do povo do Egito. Pois bem, o chamado de Moisés
perpassara pelo caráter familiar instaurado na pessoa de Moisés pela criação
(da própria mãe hebréia no Egito). Isso aponta seriamente para a nossa
responsabilidade com os filhos. Que tipo de cristão nossos filhos serão? Servos
do Deus altíssimo e gente de caráter? Ou serão pessoas amargosas, cheias de invejas
e contendas que amam cuidar da vida alheia e observar o caminho dos outros na
igreja? Serão crentes de testemunho e definição (e exemplo familiar) ou serão
pessoas que se mergulham em escândalos dentro da igreja? Isso é sério! Mas o
que chamo atenção aqui é para o fato do deserto: Moisés, antes de guiar o povo
de Deus (pastorear), casou-se e teve seu testemunho de pai e servo de Deus
diante de sua esposa e também ganhara o coração de seu sogro. O caráter
familiar de Moisés foi a capacitação divina para o trabalho na obra. Isso é
fato!
e)
De Moisés, pulamos para Davi. Leiam o
contexto em que Davi se encontrava antes de ser chamado por Deus para ser rei
sobre Israel. Cuidado com a família. Com as coisas da família. Davi não era o
patriarca da casa, mas cumpria aquilo que lhe era confiado no seio da família.
Primeiro família, logo ministério.
Pois bem, poderia
citar aqui mais alguns bons exemplos, mas são muitos. No entanto, creio que
exemplificaram bem.
Assim, reforça-se
aqui que: a primeira instituição de Deus (acompanhada por promessas do próprio
Deus) é a FAMÍLIA.
Sendo assim, não
podemos falhar nesse chamado. Não podemos falhar nessa boa obra. O que somos na
igreja? Somos na igreja o que somos em casa.
Enquanto alguns lares
escolheram viver a dissolução, outros escolheram a Vida. No entanto, não
podemos pensar nisso como certo tipo de triunfalismo, pois devemos nos
compadecer de quem não conseguiu prosperar nesse caminho. Infelizmente, muitos
casamentos se destroem dentro das igrejas cristãs. Isso é lamentável! Devemos
lutar pelo mesmo. Em alguns casos, o divórcio chega a ser válido sim. Pois há
um jugo desigual por parte de um. Muitos lares se desfazem por diversos
motivos, mas alguns por motivos torpes. Conheço pessoas que tiveram seus lares
destruídos e, ao analisar a vida desses, constatava-se que um ou outra (ou
ambos) viviam em escândalos, invejas, contendas, fofocas, internet, cuidavam da
vida dos outros, discussões por problemas financeiros, etc. E, lamentavelmente,
alguns, ao invés de pedir uma ajuda ao Corpo, se mostram como crentes
atenciosos na igreja, amam a pregação da Palavra de Deus (mas não a vivem),
alguns são invejosos (como já disse aqui) e um dos motivos de fins de
casamentos é a inveja causada por desejaram viver o que outro casal vive (e
isso na igreja), etc. E assim vão seguindo como sepulcros caiados. Mas Deus
quer restaurar! Deus quer renovar!
Para você que
continua bem casado e não fracassou nessa missão, ore. Pois o Inimigo quer nos
ganhar destruindo antes a primeira instituição divina, a saber, a família. Não
vamos dar ouvidos ao Diabo! O Diabo fala...
..E fala pela boca de pessoas que já se afastaram da Verdade e amam mais
placa religiosa do que as Escrituras. Amam mais a denominação que estão
enraizados do que a Verdade da Palavra e a essência do Evangelho. São cobras perigosas
que picam com veneno mortífero com a língua peçonhenta. São manchas em nossas
ceias. São falaciosos e vivem observando a vida alheia... São mancos na fé.
Falam da falta de amor com ódio no coração. Falam de contendas causando
contendas, querem te pegar em alguma conversa como pequenos diabos a serviço de
seu pai demoníaco. Estão de olho em você e no sucesso de sua família como cães
que latem para morder. Procuram pessoas para falar de você, mas não conseguem
exercer misericórdia..
Esses males são
presentes em vários lares e em vários casais. Muitas vezes está presente em um
só integrante da família, mas destroem todo o resto.
Precisamos orar pelas
famílias de Deus. No lar é o princípio de toda boa obra!
Extensão
da análise:
O Senhor não trata apenas com indivíduos, mas também com
famílias. É claro que a salvação é individual, e a fé e a escolha (com suas conseqüências)
também. O juízo vindouro também tem essa característica, e é por isso que a
Palavra de Deus declara: “Assim, pois, cada um de nós dará conta de si mesmo a
Deus” (Rm 14.12). Contudo, quando falamos a respeito de propósito (não de
responsabilidade), percebemos que a Bíblia apresenta um Deus que pensa em
termos de famílias, e não apenas de indivíduos.
Quando
o Senhor chamou o patriarca Abraão (na ocasião ainda chamado de Abrão), e fez
com ele uma aliança, ainda que estivesse tratando com um indivíduo, estava
também focando a família:
“Ora, o Senhor disse a
Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela, e da casa de teu pai, para a
terra que eu te mostrarei. Eu farei de ti uma grande nação; abençoar-te-ei, e
engrandecerei o teu nome; e tu, sê uma bênção. Abençoarei aos que te
abençoarem, e amaldiçoarei àquele que te amaldiçoar; e em ti serão benditas
todas as famílias da terra.” (Gênesis 12.3)
Observe
que o Senhor fala de multiplicar a família de Abrão com o propósito de abençoar
TODAS as famílias da terra. Ou seja, Deus está prometendo abençoar uma família
para, através dela, poder abençoar todas as demais famílias do planeta (em
todas as épocas). É evidente que o Criador, em seus planos e propósitos para a
humanidade, pensa em termos de família. Encontramos este padrão (salvação
individual mas propósito familiar) nas histórias bíblicas. Basta recordar o que
aconteceu com Noé:
“Porque eis que eu trago
o dilúvio sobre a terra, para destruir, de debaixo do céu, toda a carne em que
há espírito de vida; tudo o que há na terra expirará. Mas contigo estabelecerei
o meu pacto; entrarás na arca, tu e contigo teus filhos, tua mulher e as
mulheres de teus filhos.” (Gênesis 6.17,18)
Noé
chamou a atenção de Deus com sua integridade. Ele, sozinho, conseguiu isso. Mas
o livramento se estendeu a toda a sua família. Vemos o mesmo com Ló:
“Então disseram os
homens a Ló: Tens mais alguém aqui? Teu genro, e teus filhos, e tuas filhas, e
todos quantos tens na cidade, tira-os para fora deste lugar; porque nós vamos
destruir este lugar, porquanto o seu clamor se tem avolumado diante do Senhor,
e o Senhor nos enviou a destruí-lo. Tendo saído Ló, falou com seus genros, que
haviam de casar com suas filhas, e disse-lhes: Levantai-vos, saí deste lugar,
porque o Senhor há de destruir a cidade. Mas ele pareceu aos seus genros como
quem estava zombando. E ao amanhecer os anjos apertavam com Ló, dizendo:
Levanta-te, toma tua mulher e tuas duas filhas que aqui estão, para que não
pereças no castigo da cidade. Ele, porém, se demorava; pelo que os homens
pegaram-lhe pela mão a ele, à sua mulher, e às suas filhas, sendo-lhe
misericordioso o Senhor. Assim o tiraram e o puseram fora da cidade. Quando os
tinham tirado para fora, disse um deles: Escapa-te, salva tua vida; não olhes
para trás de ti, nem te detenhas em toda esta planície; escapa-te lá para o
monte, para que não pereças.” (Gênesis 19.12-17)
O
que podemos dizer da família de Ló? Sua mulher, ao sair de Sodoma, olhou para
trás (desobedecendo à ordem divina e demonstrando saudade daquele lugar) e foi
julgada por Deus. Seus futuros genros não creram em sua mensagem e ainda
zombaram dele. Suas filhas o embebedaram para cometer incesto. Você consegue
enxergar uma grande justiça na vida destes familiares? Eu não! Aliás, vale
ressaltar que quem foi chamado de justo pelas Escrituras foi o próprio Ló:
“Se, reduzindo a cinza
as cidades de Sodoma e Gomorra, condenou-as à destruição, havendo-as posto para
exemplo aos que vivessem impiamente; e se livrou ao justo Ló, atribulado pela
vida dissoluta daqueles perversos [porque este justo, habitando entre eles, por
ver e ouvir, afligia todos os dias a sua alma justa com as injustas obras
deles]; também sabe o Senhor livrar da tentação os piedosos, e reservar para o
dia do juízo os injustos, que já estão sendo castigados”. (2 Pedro 2.6-9)
Mas
ainda que a salvação seja individual, Deus, em termos de propósito, também
trata com as famílias. Continuamos encontrando este fato nas páginas do Novo
Testamento:
“E ele nos contou como
vira em pé em sua casa o anjo, que lhe dissera: Envia a Jope e manda chamar a
Simão, que tem por sobrenome Pedro, o qual te dirá palavras pelas quais serás
salvo, tu e toda a tua casa.” (Atos 11.14)
“Responderam eles: Crê
no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa.” (Atos 16.30)
Precisamos
compreender esse propósito divino para a família. Entender o projeto de Deus
nos ajudará a discernir o valor que Ele atribui à família.
BÊNÇÃOS FAMILIARES
Vimos
em Gênesis 12.1-3 que, no plano de Deus, a família tanto é abençoada como
também é abençoadora. O Senhor disse que abençoaria a Abraão e sua descendência
(família) e que, através da família do patriarca, todas as demais famílias da
terra seriam abençoadas.
É
interessante notar que, na Bíblia, sempre que Deus abençoa alguém, também
abençoa a sua família. Vemos isso na vida de Potifar, capitão da guarda do
Faraó: “Desde que o pôs como mordomo sobre a sua casa e sobre todos os seus bens,
o Senhor abençoou a casa do egípcio por amor de José; e a bênção do Senhor
estava sobre tudo o que tinha, tanto na casa como no campo” (Gn 39.5).
Também
vemos o mesmo com as parteiras que, por temor a Deus, desobedeceram a ordem do
Faraó de lançar no rio Nilo os recém-nascidos dos hebreus que eram do sexo
masculino: “Também aconteceu que, como as parteiras temeram a Deus, ele lhes
estabeleceu as casas” (Êx 1.21).
As
Escrituras também enfatizam isso acerca de Obede-Edom: “E ficou a arca do
Senhor três meses na casa de Obede-Edom, o gitita, e o Senhor o abençoou e a
toda a sua casa” (2 Sm 6.12).
Há
uma evidente relação entre as bênçãos divinas e a família. Uma das primeiras
bênçãos mencionadas como consequência da obediência ao Senhor em Deuteronômio
28 é “bendito o fruto do teu ventre” (v.4).
Quem
pregou na cerimônia do meu casamento foi meu pai. Na ocasião, o pastor Juarez
Subirá falou de um texto bíblico que cresci escutando ele mencionar, o Salmo
128. Veja os quatro primeiros versículos desse Salmo:
“Bem-aventurado todo
aquele que teme ao Senhor e anda nos seus caminhos. Pois comerás do trabalho
das tuas mãos; feliz serás, e te irá bem. A tua mulher será como a videira
frutífera, no interior da tua casa; os teus filhos como plantas de oliveira, ao
redor da tua mesa. Eis que assim será abençoado o homem que teme ao Senhor.”
(Salmo 128.1-4)
Deus
fala de prosperidade material e da família. E depois de falar da bênção sobre a
família de quem teme ao Senhor, o salmista enfatiza: “assim será abençoado o
homem que teme ao Senhor”. A bênção da família parece vir até mesmo antes das
outras:
“Sejam os nossos filhos,
na sua mocidade, como plantas bem desenvolvidas, e as nossas filhas como pedras
angulares lavradas, como as de um palácio. Estejam repletos os nossos celeiros,
fornecendo toda sorte de provisões; as nossas ovelhas produzam a milhares e a
dezenas de milhares em nossos campos; os nossos bois levem ricas cargas; e não
haja assaltos, nem sortidas, nem clamores em nossas ruas! Bem-aventurado o povo
a quem assim sucede! Bem-aventurado o povo cujo Deus é o Senhor.” (Salmo
144.12-14)
Algo
interessante que percebo nas Escrituras é que Deus não somente abençoa a
família, mas também vê a própria família em si mesma como uma bênção oferecida
aos homens:
“Deus faz que o
solitário viva em família; liberta os presos e os faz prosperar; mas os
rebeldes habitam em terra árida.” (Salmo 68.6)
“Ele faz com que a
mulher estéril habite em família, e seja alegre mãe de filhos. Louvai ao
Senhor.” (Salmo 113.9)
Durante
muito tempo eu acreditei que o Senhor abençoava a família porque ela era
importante para nós. Portanto, como forma de nos agradar, pelo valor que nós
damos à família, o Pai Celeste a abençoava.
Contudo,
descobri (e falarei disso mais adiante) que Deus não abençoa a família apenas
por ser importante para nós. É muito mais do que isso, uma vez que a família é
importante para Ele! E as bênçãos prometidas em todo o tempo sobre as famílias
somente fortalecem esse conceito.
MANDAMENTOS FAMILIARES
Além
das bênçãos sobre a família (que revelam o quanto o Senhor a aprecia e quer que
vivamos o Seu melhor), encontramos na Palavra de Deus, também, a questão dos
mandamentos familiares.
Desde
que instituiu a família, o Criador a protegeu, dando aos homens leis que deveriam
proteger a instituição chamada família. Nos Dez Mandamentos, temos dois deles
diretamente ligados à questão familiar (a ordem de honrar os pais e a de não
adulterar – sem contar o de não cobiçar a mulher do próximo). As Sagradas
Escrituras estão repletas de mandamentos familiares – ordens divinas acerca da
vida familiar.
Esses
mandamentos, se obedecidos, trazem bênçãos sobre a vida daqueles que os
praticam. Por outro lado, a quebra desses mandamentos, que denomino “pecados
familiares”, também trarão consequências diferenciadas (falarei mais sobre isso
num capítulo com o mesmo tema). A ordem divina de honrar os pais, por exemplo,
é chamada de “o primeiro mandamento com promessa”:
“Vós, filhos, sede
obedientes a vossos pais no Senhor, porque isto é justo. Honra a teu pai e a
tua mãe (que é o primeiro mandamento com promessa), para que te vá bem, e sejas
de longa vida sobre a terra.” (Efésios 6.1-3)
Obedecer
aos mandamentos que protegem a família nos farão ser bem-sucedidos em tudo e
ainda aumentar nossos dias de vida. Prosperidade e longevidade num pacote só!
Os
filhos devem a seus pais não apenas obediência, mas também honra. Ao se
casarem, os filhos deixam pai e mãe e se unem ao seu cônjuge; isso põe fim à
necessidade de obediência, mas não de honra:
“Mas, se alguma viúva
tiver filhos, ou netos, aprendam eles primeiro a exercer piedade para com a sua
própria família, e a recompensar seus progenitores; porque isto é agradável a
Deus.” (1 Timóteo 5.4)
Os
filhos devem recompensar seus pais (que os criaram) quando esses chegam à
velhice; devem suprir seus progenitores não só em suas necessidades materiais.
Ainda que não devam mais a obediência de quando viviam sob seu teto, devem
honra. Sempre!
Além
dos mandamentos que determinam a conduta dos filhos para com os pais, também
encontramos na Bíblia os mandamentos que determinam a conduta dos pais para com
os filhos, especialmente a ordem de criá-los no temor do Senhor:
“E vós, pais, não
provoqueis à ira vossos filhos, mas criai-os na disciplina e admoestação do
Senhor.” (Efésios 6.4)
“Que [o bispo] governe
bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com todo o respeito
(pois, se alguém não sabe governar a sua própria casa, como cuidará da igreja
de Deus?)” (1 Timóteo 3.4,5)
Também
há mandamentos dados por Deus para os cônjuges. O marido deve amar sua mulher,
honrá-la e trata-la de forma correta; a esposa deve submeter-se e respeitar seu
marido:
“Assim devem os maridos
amar a suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua
mulher, ama-se a si mesmo.” (Efésios 5.28)
“Vós, maridos, amai a
vossas mulheres, e não as trateis asperamente.” (Colossenses 3.19)
“Vós, mulheres,
submetei-vos a vossos maridos, como ao Senhor; porque o marido é a cabeça da
mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o Salvador
do corpo. Mas, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as
mulheres o sejam em tudo a seus maridos.” (Efésios 5.22-24)
A FAMÍLIA EM NOSSA
ESCALA DE VALORES
A
escala de valores de muitos cristãos está desordenada. Alguns estão vivendo de
modo desordenado porque não fazem a menor ideia do que as Escrituras ensinam a
respeito do assunto; outros porque, mesmo tendo os valores e prioridades
devidamente ordenados no conceito mental, não conseguem mantê-los na prática.
Para
quem deseja viver no lugar correto de importância à família atribuída por Deus,
a primeira coisa a ser feita é conhecer a escala de valores do ponto de vista
de Deus, ou seja, aquilo que a Bíblia ensina. Depois, é lutar para fazer
funcionar.
Deus em primeiro lugar: Não há nada, absolutamente nada, que
possa ocupar o primeiro lugar de nossas vidas, a não ser Deus. O mandamento
dado a Moisés foi lembrado e enfatizado pelo próprio Senhor Jesus:
“Aproximou-se dele um
dos escribas que os ouvira discutir e, percebendo que lhes havia respondido
bem, perguntou-lhe: Qual é o primeiro de todos os mandamentos? Respondeu Jesus:
O primeiro é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois,
ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu
entendimento e de todas as tuas forças. E o segundo é este: Amarás ao teu
próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que esses.”
(Marcos 12.28-31)
Amar
ao Senhor de todo o nosso coração, alma, entendimento e forças, é colocá-lo em
primeiro lugar nas nossas vidas. Jesus deixou bem claro a qualquer que quisesse
segui-lo como discípulo, que deveria reconhecê-lo em primeiro lugar em suas
vidas, na frente das pessoas que normalmente nos são as mais amadas e queridas:
“Se alguém vier a mim, e
não aborrecer a pai e mãe, a mulher e filhos, a irmãos e irmãs, e ainda também
à própria vida, não pode ser meu discípulo. Quem não leva a sua cruz e não me
segue, não pode ser meu discípulo. Assim, pois, todo aquele dentre vós que não
renuncia a tudo quanto possui, não pode ser meu discípulo.” (Lucas
14.26,27 e 33)
O
Senhor deve estar à frente dos pais, cônjuge, filhos e qualquer outro familiar.
Ele deve ser o primeiro valor em nossa lista ou escala de prioridades. Deve vir
antes de nossa própria vida. Deve vir antes de nossos bens ou qualquer outra
coisa. Quando falamos sobre Deus vir antes, não é porque as coisas que nos
dispomos a renunciar não têm mais lugar em nossas vidas; apenas elas vêm
depois.
Por
exemplo, se o meu cônjuge, incomodado com minha fé me dá um ultimato e me manda
escolher entre ele ou o Senhor, me disponho a sacrificá-lo e ficar com Deus,
pois Deus é o maior valor de minha vida. Mas se, mesmo não sendo cristão, meu
cônjuge não se importa que eu busque ao Senhor, então ele passa a ser meu
segundo maior valor ou prioridade (1 Co 7.12,13). O primeiro lugar de nossa
vida, indiscutivelmente, é de Deus:
“Mas buscai primeiro o
seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.”
(Mateus 6.33)
Repetindo:
isso não quer dizer que as outras coisas não caibam em nossas vidas; tão
somente que elas vêm depois de Deus.
Família em segundo lugar
Muita
gente tem errado ao pensar que a igreja ou o ministério vem logo depois de
Deus. Na verdade, a família vem em segundo lugar. Conheci, quando ainda era um
adolescente, uma senhora (do interior de São Paulo) que disse que Deus a chamou
para uma missão e desapareceu de casa por mais de um mês. Quando os irmãos da congregação
perceberam o que estava acontecendo, tiveram que cuidar dos filhos dessa
mulher, que não tinham o que comer e nem vestir. O marido estava furioso porque
roupas chegaram a apodrecer no tanque enquanto a família aguardava ansiosa o
término da “missão”. Isto é um absurdo! Uma mulher destas, ainda que se
intitule missionária, não conhece a Bíblia. Até no caso de diminuir a
intensidade do contato físico para se dedicar à oração, o casal deve estar em
acordo (1 Co 7.5). Mas aquela mulher não consultou seu marido, e apenas disse:
“Deus me chamou e eu estou indo”. E ainda por cima, dizia que o marido é que
era um carnal ao ponto de não discernir a voz de Deus.
Como declarou D. L.
Moody, o grande evangelista: “Acredito que a família foi
estabelecida muito antes da igreja, e o meu dever é primeiro com minha família.
Não devo negligenciar minha família”. Veja o que as Sagradas
Escrituras ensinam acerca do lugar da família na nossa escala de valores:
“Mas, se alguém não
cuida dos seus, e especialmente dos da sua família, tem negado a fé, e é pior
que um incrédulo.” (1 Timóteo 5.8)
A Paz sincera a
todos!
Gabriel Felipe M.
Rocha
Bíblia de estudo de
Genebra e King James
Referencia de apoio: Pr.
Luciano Subirá
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