Jesus, a expressão maior da misericórdia de Deus
Por Gabriel Felipe M. Rocha
“As misericórdias do Senhor são as causas de não sermos consumidos” (Lamentações 3:22)
Jeremias está tão angustiado pela destruição de Jerusalém, pelo pecado que a motiva, e pelo sofrimento que resulta dela, que encontra dificuldade em afastar-se deste estado sombrio de espírito. Embora reconhecesse a soberania de Deus nestes eventos e, em foco, no texto acima, ele também expressou a sua confusão pelo fato de que o Senhor havia permitido este sofrimento. O clamor de Jeremias, juntamente com a mensagem nela proferida é uma declaração da misericórdia diária de Deus para com seu povo, apesar da infidelidade constante do povo escolhido. O profeta lembrou-se de que todas as bênçãos da vida vêm do Senhor e que a sua confiança deveria estar unicamente em Deus.
Sobre as palavras de Jeremias no capítulo 3, verso 22, vamos meditar o seguinte:
A expressão “misericórdia” foi escrita em hebraico como “hesedh”. Dessa expressão hebraica não se extrai apenas o termo “misericórdia”, na qual é riquíssimo por si só, mas tal expressão indica também: bondade, piedade, censura, benevolência, glória, etc. Mas, interessante que, essa expressão indica também “compaixão”, “opróbrio”, “vergonha”, “fidelidade” e, também, “amor”. A misericórdia de Deus foi a manifestação no mundo da graça soberana de Deus, foi a expressão máxima do recurso salvífico de Deus. Jesus foi a completude de todo o significado da palavra misericórdia. Ele foi bondoso, amoroso, benigno, piedoso, Ele sofreu vergonha, opróbrio e vitupério. Este aspecto de Deus é uma das diversas características importantes de seu caráter: verdade; fidelidade; misericórdia; firmeza; justiça; retidão; bondade. Ele (Jesus) foi a expressão máxima da misericórdia de Deus.
Jeremias clamava ao Senhor, pois havia necessidade de paz em sua alma. Sua dor era grande e sua tristeza pela miséria espiritual de Israel era notável. Ele clamou pelo recurso de Deus, ele clamou por redenção.
A resposta (o recurso) foi dada na cruz. O sangue de Jesus foi a expressão máxima da graça de Deus. Foi o elo capaz de restaurar o coração aflito e distante do homem.
O povo que hoje tem uma vida com Deus não distancia de seus lábios esse clamor. Sempre precisamos desse recurso, pois nosso coração é como Israel: às vezes se deixa levar pelo pecado e sai da justiça para a injustiça e o resultado do pecado é um só, a morte.
“Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1João 1:8,9).
Jesus é o recurso!
Jó no auge de seu sofrimento e angústia clamou: “Porque eu sei que meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra” (Jó 19:25).
No texto, Jeremias diz que as misericórdias do Senhor (reveladas em Jesus) são a “causa de não sermos consumidos”. O que ele estava dizendo?
Isso se cumpriria no próprio Cristo.
A expressão “sermos consumidos” se traduz do hebraico “tamam” como: “acabar com algo”, “completar o já começado”, “consumir por inteiro”, dentre outras expressões.
Sem Deus, estávamos sob o peso de uma condenação. Nós que fomos criados para o eterno louvor de Deus, estávamos caminhando rumo a um fim eterno, a uma morte eterna, uma gradativa destruição na qual seria uma vitória do inimigo de nossas almas, pois ele é quem veio para matar, roubar e destruir.
No pecado, vivíamos em um processo de auto- destruição como escravos da nossa carne e do nosso adversário. Era, como disse, um processo gradativo de destruição. Estávamos, por fim, sendo consumidos.
Mas Jesus pagou o preço do resgate! Ele, a misericórdia de Deus, expressão completa e eficaz da graça soberana é quem foi consumido na cruz do calvário por amor de nossas vidas. Louvado seja Deus, glórias a Jesus, o Rei dos reis...
Jeremias, em seu clamor (ainda no capítulo 3, verso 19) diz: “Lembra-te da minha aflição e do meu pranto (ou clamor), do absinto e do fel”. Sua alma amargurada encontrou resposta na remissão de Deus que, para aquele tempo não fora revelada ainda na pessoa física de Jesus, mas profeticamente foi a resposta. Hoje a Igreja fiel de Cristo clama pela misericórdia eterna de Deus, fazendo menção do poder que há no sangue do Senhor Jesus que, para nós, foi o ato mais importante do Evangelho eterno.
O clamor é diário, pois a misericórdia é diária e, sempre, por causa das contingências e aporias da vida humana, necessitamos dela. Clamar pelo sangue de Jesus é suplicar pelo renovo, restauração, cuidado, urgência da alma, do corpo. É pedir a presença do Consolador Espírito Santo em nossos corações, é deixar Deus gerar vida em nós. Por isso clamamos ao Senhor, pois, pelo poder que há no sangue (Espírito santo), não somos consumidos. Esse processo de destruição foi aniquilado para sempre, agora vivemos para a vida. Aleluia!
“Novas são a cada manhã; grande é a tua fidelidade” (3:23)
“A minha porção é o Senhor, diz a minha alma; portanto, esperarei nele” (3:24)
Gabriel Felipe M. Rocha
Nenhum comentário:
Postar um comentário