A reconciliação com Deus
“De
modo que, de agora em diante, a ninguém mais consideramos do ponto de vista
humano. Ainda que antes tenhamos considerado Cristo dessa forma, agora já não o
consideramos assim. Portanto, se alguém está em
Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram
coisas novas! Tudo isso provém de Deus, que nos
reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da
reconciliação, ou seja, que Deus em Cristo estava reconciliando consigo o
mundo, não levando em conta os pecados dos homens, e nos confiou a mensagem da
reconciliação. Portanto, somos embaixadores de Cristo, como se Deus
estivesse fazendo o seu apelo por nosso intermédio. Por amor a Cristo
suplicamos: Reconciliem-se com Deus. Deus tornou
pecado por nós aquele que não tinha pecado, para que nele nos tornássemos
justiça de Deus” (2 Coríntios 5:16 ao 21)
Em 2 Coríntios 5:16-21, Paulo descreve como a salvação através de Cristo funciona atraindo o conceito de reconciliação. Por que Paulo escolheu esse termo? Em Português, reconciliar significa “Fazer voltar à antiga amizade (aqueles que se malquistaram).” Vem do Latim reconciliare que significa “reunir-se novamente.” Esse contexto é bem aplicável, pois, quando o primeiro homem pecou, rompeu-se completamente a amizade com Deus e, sendo assim, a humanidade se encontra em constante inimizade com o Criador. Mas Cristo é a proposta divina para a reconciliação. E isso partiu da própria generosidade de Deus (graça) que, por Ele mesmo, quis se reconciliar com o pecador por intermédio de seu Filho através do sangue inocente. Hoje, nós todos, podemos chegar a Deus como amigos quando cremos na eficácia desse sacrifício perfeito.
Escrevendo
em Grego, Paulo usa uma palavra diferente: καταλλάσσω (katallassō). No coração
desta longa palavra se encontra a raiz ἄλλος (allos) que significa “outro”.
Então o verbo katallassō significa “trocar
uma coisa por outra coisa.” É utilizado normalmente no Grego Clássico para
referir-se a troca de bens ou dinheiro. Depois foi aplicado às relações de
apaziguamento entre pessoas ou nações em disputa; as duas partes deixam o
rancor de lado e voltam a ser amigas.
Autores
Gregos nunca utilizaram o termo katallassō em um contexto religioso. A inovação
de Paulo é a utilização do idioma de troca/escambo para explicar a mensagem
cristã da salvação. Ele diz que Deus faz as pazes entre ele e a humanidade,
trocando sua própria justiça pelos pecados da humanidade. Essa justiça estaria
no sangue do único Justo, a saber, Jesus Cristo. Este termo, que teria lembrado
a audiência de Paulo sobre relações internacionais, é especialmente propício porque mostra a necessidade da morte de
Cristo em uma cruz e a importância do derramamento de sangue para tal
reconciliação. Ou seja, sem esse derramamento, não pode haver a troca no
sentido empregado por Paulo, pois só há a troca quando Deus recebe nosso pecado
dando-nos o perdão e a reconciliação.
O
interessante é notar que: nós, seres humanos, somos seres em constante pecado
e, sendo assim, constantemente necessitamos de um renovo para chegar diante de
Deus.
“Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está,
temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos
purifica de todo o pecado.
Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça. Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós” (1 João 1:7-10)
Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça. Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós” (1 João 1:7-10)
Neste
acordo de reconciliação, Cristo funciona como o mediador, o agente que vai e
volta entre as duas partes até que a fenda seja remendada: “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo”
(2 Cor 5:19). Sem Cristo como facilitador da troca, a reconciliação seria
impossível.
" A cruz é aquela grande e última palavra de Deus ao
homem que explica tudo o que precisa ser explicado e responde as nossas
persistentes perguntas sobre o propósito e a obra de Deus entre os homens”
(Paul Washer)
(Por Gabriel Felipe M. Rocha/ Interpretação grego/português
por Jonathan A. Lipnick)
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