segunda-feira, 22 de setembro de 2014

As pessoas são predestinadas ao céu ou ao inferno?

As pessoas são predestinadas ao céu ou ao inferno?
O termo predestinação é uma tradução da palavra grega proorizo, que aparece seis vezes no Novo Testamento (At 4.28; Rm 8.29-30; 1 Co 2.7; Ef 1.5; Ef 1.11). Em alguns casos, refere-se à preordenação divina de todos os acontecimentos da história mundial (At 4.28; 1 Co 2.7). Em outros, refere-se à decisão de Deus, tomada antes de o mundo vir a existir, com respeito ao destino final de pecadores individuais - mais especificamente, daqueles que foram escolhidos para salvação e vida eterna (Rm 8.29-30; Ef 1.5; Ef 1.11), em contraste com aqueles que, por fim, serão condenados ao julgamento eterno.
No entanto, muitos ressaltam que as Escrituras também atribuem a Deus uma decisão prévia quanto àqueles que, em última análise, não são salvos (Rm 9.6-29; 1 Pe 2.8; Jd 4). Ademais, ao predestinar alguns para salvação, Deus necessariamente destina o restante à destruição. Diante desses fatos, tornou-se comum em vários círculos definir a predestinação por Deus de modo a incluir tanto a decisão de salvar alguns do pecado (eleição), quanto sua decisão de condenar o restante pelo seu pecado (reprovação).
É difícil negar categoricamente que as Escrituras ensinam um tipo de predestinação à salvação, uma vez que o termo grego proorizo aparece nas Escrituras. Não obstante, as tradições cristãs diferem quanto ao critério de Deus para sua decisão de predestinar alguns, mas não outros, à vida eterna. Vários ramos da igreja falam de predestinação (ou eleição) com base na presciência de Deus acerca da fé de certo indivíduos. Supõem que Deus sabia de antemão que certas pessoas escolheriam, por sua própria vontade, aceitar Cristo como seu Salvador ao ouvir o evangelho e concluem que, com base nisso, Deus predestinou tais pessoas à salvação. Nesse sentido, a presciência é uma previsão divina passiva acerca daquilo que os indivíduos escolherão fazer por sua livre e espontânea vontade, sem intervenção de Deus. Assim, Deus predetermina o destino dessas pessoas em resposta àquilo que ele sabe que ocorrerá.
No entanto, os teólogos reformados ressaltam que o termo proginosko traduzido como "de antemão conheceu" em Romanos 8.29 e 11.2 significa "de antemão amou" e "de antemão reconheceu" (veja 1 Pe 1.20, onde proginosko é traduzido como "conhecido...antes"). Passagens como essa deixam claro que proginosko expressa presciência em relação a uma pessoa, e não apenas a fatos do futuro ou às escolhas que alguém fará ao longo da vida. Na verdade, o Novo Testamento ensina que Deus elegeu com base em sua afeição e amor prévio por aqueles aos quais deu a vida eterna.
Ademais, uma vez que todas as pessoas se encontram naturalmente mortas no pecado (ou seja, separadas da vida de Deus e indiferentes a ele), ninguém que ouve o evangelho pode se arrepender e aceitar a salvação pela fé sem o despertamento interior que somente Deus pode conceder (Ef 2.4-10). Jesus disse, "ninguém pode vir a mim, se, pelo Pai, não lhe for concedido" (Jo 6.65; Jo 6.44; Jo 10.25-28). Se Deus olhar para o futuro a fim de ver as escolhas que faremos por nossa própria conta, não verá outra coisa senão a nossa rejeição total ao evangelho. Os pecadores escolhem Cristo somente porque Deus os escolhe e conduz a essa decisão ao renovar o coração deles.
A doutrina da predestinação pode ser usada indevidamente para apoiar várias formas de fatalismo. No entanto, não é esse o propósito do ensinamento das Escrituras. Antes, as Escrituras repudiam o fatalismo ensinando que as nossas escolhas e decisões são importantes, pois foram preordenadas como o meio que Deus usa para alcançar os seus propósitos (exemplo Fp 2.12-13). As Escrituras não ensinam a predestinação para incentivar o fatalismo, mas para dar aos cristãos a certeza da vida eterna, uma vez que estão em Cristo. A predestinação assegura os salvos da fidelidade de Deus e da certeza de nosso destino eterno em Cristo. Não precisamos temer, pois ninguém poderá nos arrebatar da sua mão (Jo 10.28).

ELEIÇÃO E REPROVAÇÃO
"Portanto, ele tem misericórdia de quem quer e endurece a quem quer." (Rm. 9.18)
       "Eleger" significa selecionar ou escolher. De acordo com a Bíblia, antes da criação, Deus selecionou — dentre os da raça humana — aqueles que seriam redimidos, justificados, santificados e glorificados em Jesus Cristo (Rm 8.28-39; Ef 1.3-14; 2Ts 2.13,14; 2Tm 1.9-10). A escolha divina é uma expressão da graça livre e soberana de Deus. Não é merecida por coisa alguma por parte daqueles que são escolhidos. Deus não deve aos pecadores nenhuma espécie de misericórdia, pois eles só merecem condenação. Por isso, é maravilhoso que ele escolhesse salvar qualquer um entre nós.
       Como toda verdade a respeito de Deus, a doutrina da eleição envolve mistério e, às vezes, levanta controvérsia. Porém, nas Escrituras, é uma doutrina pastoral, que ajuda os cristãos a verem quão grande é a graça que os salva e os move a responder com humildade, confiança e louvor. Não sabemos quais os outros que Deus escolheu entre os que ainda não são crentes, nem por que ele nos escolheu, especificamente. Sabemos apenas que, se somos crentes agora, é porque fomos escolhidos. Também sabemos que, como crentes, podemos confiar em que Deus acabará a boa obra que começou (1Co 1.8-9; Fp 1.6; 1Ts 5.23-24; 2Tm 1.2; 4.18). Por essas razões, o conhecimento da eleição é uma fonte de gratidão e confiança.
       Pedro nos diz que devemos procurar "com diligência... confirmar a (nossa) vocação e eleição" (2Pe 1.10), isto é, devemos torná-la certa para nós. A eleição é conhecida por seus frutos. Paulo sabia que os tessalonicenses tinham sido escolhidos, porque viu sua fé, sua esperança e seu amor, a transformação da vida deles, realizada pelo evangelho (1Ts 1.3-6).
       Reprovação é o nome dado à eterna decisão de Deus com relação àqueles pecadores que não foram escolhidos para a vida. Não os escolhendo para a vida, Deus determinou que eles não fossem transformados. Eles continuarão em pecado e, finalmente, serão julgados por aquilo que tiverem feito. Em alguns casos, Deus pode ir mais longe e remover as influências restritivas que protegem uma pessoa da desobediência extrema. Esse abandono, chamado de "endurecimento", é, em si mesmo, uma penalidade do pecado (Rm 9.18; 11.25; cf. Sl 81.12; Rm 1.24,26,28).

       A reprovação é ensinada na Bíblia (Rm 9.14-24; 1Pe 2.8), porém, como uma doutrina, seu significado sobre o comportamento cristão é indireto. O decreto de Deus sobre a eleição é secreto; quais pessoas são eleitas e quais são reprovadas não será revelado antes do Juízo Final. Até aquele tempo, Deus ordena que o chamado ao arrependimento e à fé sejam pregados a todos.

Grupo de estudos "Blog Palavra a Sério"

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