Todos batizados em um Espírito
Podemos
ver os ensinos normativos sobre o batismo com o Espírito Santo registrados nos
escritos do Apóstolo Paulo, pois em muitos textos Paulo trata doutrinariamente
dessas questões. Em 1Coríntios 12.13
o Apóstolo fez uma declaração muito importante para a consideração desse
assunto: “Pois,
em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer
gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só
Espírito”. Para entendermos bem o que Paulo está querendo dizer
nesse versículo, precisamos considerar todo o capítulo 12 de 1Coríntios, pois neste capítulo, Paulo concentra seu
ensino a respeito dos dons espirituais.
Seu ponto alto é que embora os dons sejam variados, se manifestando de várias
formas, há apenas um originador deles que é o Espírito Santo. Paulo diz: “Ora os dons são
diversos, mas o Espírito é o mesmo” (v.4). Entre os versos 8-10 ele exemplifica alguns dons que podem
ser dados à igreja visando a edificação, entretanto enfatiza: “Um só e o mesmo
Espírito realiza todas estas cousas, distribuindo-as como lhe apraz, a cada um,
individualmente” (v.11).
Ou seja, ele está querendo demonstrar a unidade da igreja em meio à diversidade
de dons, exatamente porque todos esses dons são concedidos pelo mesmo Espírito.
É isso que ele enfatiza no verso 13. ao dizer algo como: “Somos diferentes tanto em serviços, como em
dons e até mesmo em raça, mas numa coisa todos nós crentes somos iguais: todos
fomos batizados pelo mesmo Espírito, portanto somos um mesmo corpo”.
Certamente a referência do Apóstolo ao batismo nesse texto nada tem a ver
com o batismo com água, e nem mesmo com o que aconteceu no dia de Pentecostes,
pois nem Paulo nem os coríntios estavam presentes naquele dia. Mas, então,
quando Paulo e todos os crentes da cidade de Corinto foram batizados? Nenhuma
outra resposta pode ser coerente a não ser: No dia da conversão deles.
Não havia duas classes de crentes dentro da igreja de Corinto. Todos os que
pertenciam ao corpo de Cristo foram batizados com o Espírito Santo.
A força do “nós”
Na língua original em que o Novo Testamento foi
escrito, há uma grande ênfase na palavra “nós”. Paulo poderia ter escrito o
mesmo texto sem usá-la, e o significado seria entendido, mas ele fez questão de
dizer “todos
nós fomos batizados em um só Espírito”. Com essa expressão, ele não
admite exceções. Todos os verdadeiros crentes foram batizados com o Espírito
Santo.
E esse não é o único lugar em que isso fica claro.
Em Romanos 8.9, Paulo escreveu
igualmente “Vós,
porém, não estais na carne, mas no Espírito, se, de fato, o Espírito de Deus
habita em vós. E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele”.
O texto é claro: Se alguém não tem o Espírito de Cristo, não pertence a
Cristo. Paulo não diz que se alguém não tem o Espírito é crente de segunda
classe, mas que não é de Cristo, ou seja, não é crente. Não há duas classes de
crentes dentro de uma igreja, todos os verdadeiros crentes foram batizados
com o Espírito Santo, se alguém ainda não foi batizado, não é crente, não
pode fazer parte da igreja, não pertence ao corpo de Cristo, e ainda precisa se
converter. Outro dado que precisa ser comentado é que nenhum escritor do Novo
Testamento, em lugar algum, manda que o batismo do Espírito Santo seja
buscado. Não há um único texto que exorta qualquer cristão a buscar a
experiência do batismo com o Espírito Santo depois da conversão. Não se
manda buscar porque é entendimento comum dos escritores bíblicos que todos os
crentes já foram batizados. Devemos considerar seriamente que seria um grande
lapso esquecer de mandar os crentes buscarem este batismo, se de fato ele
devesse ser buscado. Mas, não há qualquer método, ordem, ou mesmo sugestão para
buscar ou receber o batismo com o Espírito Santo. O motivo é simples: Ninguém
pede ou busca algo que já possui.
A força do “todos”
Voltando a Primeira Coríntios, Paulo enfatiza que
todos já puderam beber do mesmo Espírito
(1Co 12.13). Note a conexão entre beber em 1Coríntios
12.13 e o que foi dito em João
7.37-38: “No
último dia, o grande dia da festa, levantou-se Jesus e exclamou: Se alguém tem
sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu
interior fluirão rios de água viva. Isto ele disse com respeito ao Espírito que
haviam de receber os que nele cressem”. Quem fosse até Jesus e
bebesse receberia o Espírito Santo quando cresse. Todos os que creram já
beberam do Espírito Santo, ou seja, já foram batizados. Isso demonstra que as
palavras de Jesus não são um desafio para que os incrédulos busquem o Espírito
Santo. Elas são um desafio para que os incrédulos busquem Jesus. Se eles têm
sede, Jesus mata a sede, e o que João e Paulo nos acrescentam é que Jesus mata
a sede das pessoas com o Espírito.
A força do “um”
Do mesmo modo que a palavra “todos” traz grande
ênfase sobre o batismo como uma experiência comum de todos os crentes, também a
palavra “um” fala de uma experiência única. O ponto central de Paulo em 1Coríntios 12.13 é que o batismo com o Espírito Santo faz a igreja
ser um Corpo. Se houvesse diferentes batismos com o Espírito Santo, poderia
haver mais que uma igreja. E Paulo está usando exatamente a doutrina do batismo
com o Espírito Santo para demonstrar a unidade de todos os crentes no mesmo
corpo, ainda que sejam membros diferentes, individuais e com funções próprias.
Logo para Paulo, o batismo com o Espírito Santo era um fator unificador na
igreja e, em hipótese alguma, um fator diferenciador. Ou seja, em total
oposição à noção atual de que existem duas classes de crentes separados pelo
batismo com o Espírito Santo, na visão de Paulo, há uma única classe, unida justamente pelo batismo. O
batismo une ao invés de separar. Não existe uma elite e uma periferia
espiritual na igreja. Existe um corpo, que embora possua muitos membros,
inclusive com funções diferentes, tem por princípio que nenhum é superior ou
inferior. Todos têm a sua importância dentro do corpo (Ver 12.14-26), no
qual foram ligados pelo Batismo do
Espírito.
Jesus batizou em um único Espírito todos os crentes
num único corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos quer livres. Nada
poderia ser mais enfático. De fato não há classes distintas de crentes. Num
Espírito foi estabelecida uma só igreja. Não há crentes parciais, assim como
não há membros parciais do corpo de Cristo. Gálatas 3.26-28 afirma: “Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em
Cristo Jesus; porque todos quantos fostes batizados em Cristo de Cristo vos
revestistes. Destarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto;
nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus”. Todos
os crentes em Cristo se tornaram membros plenos de seu corpo, que é a igreja,
no exato momento em que foram salvos, pois “há somente um corpo e um Espírito, como
também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma
só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por
meio de todos e está em todos” (Ef
4.4-6). Graças a Deus porque a igreja dele não está dividida. Não há
divisões ou classes distintas de crentes dentro da igreja, pois todos os crentes
já foram batizados no mesmo Espírito.
Buscando o que já tem?
Uma grande confusão tem sido causada nas igrejas por
líderes e igrejas que ensinam a necessidade de uma segunda obra da graça. Algumas,
até mais ousadamente, se colocam como a própria manifestação da “nova graça” ou
do “Outro Evangelho”. Por todos os lados podemos ver a frustração e o
desapontamento na vida de muitos que ainda não conseguiram chegar a esta
segunda bênção. Ainda não tiveram mérito, pois é assim que ensinam. Mas esquece-se
que a fé é dom de Deus e a salvação é somente pela graça sem nenhum merecimento
humano. O problema é que, quando alguém acha que precisa buscar algo que não
tem, certamente deixa de dar importância
ao que já tem. Ora todos os crentes já possuem a obra da graça em suas
vidas e também os meios para alcançar a verdadeira santidade, mas
literalmente abandonam o pássaro na mão para perseguir os que estão voando.
Deixam de valorizar o que Deus já lhes deu para buscar aquilo que não está
conforme os critérios das Escrituras. Desta forma, rejeitam o maior dom que
Jesus nos deu, que foi a vinda do “outro” Consolador.
Grupo de estudos “Palavra a Sério - Escrituras”
Baseado nos estudos bíblicos das Igrejas Presbiterianas do
Brasil
Gabriel Felipe M. Rocha
Bíblias: NVI/ Bíblia de estudos “Palavra Chaves/ grego e
hebraico/ Bíblia King James
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