Uma reflexão breve sobre a obra do Espírito Santo no contexto
bíblico e congregacional
(por Gabriel F. Rocha)
“E Jesus disse-lhes: Adverti, e acautelai-vos do fermento
dos fariseus e saduceus” (Mateus 16:6)
“Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o
poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também
do grego" (Romanos
1:16)
“Porque não ousamos classificar-nos, ou comparar-nos com
alguns, que se louvam a si mesmos, mas estes que se medem a si mesmos, e se
comparam consigo mesmos, estão sem entendimento” (II Co. 10:12)
“Porque grande é o Senhor, e digno de louvor, mais temível
do que todos os deuses” (Salmos 96:4)
A minha mensagem será sempre sobre a glória e os feitos do Noivo
(Jesus) e jamais sobre a glória, feitos, adereços e virtudes da noiva (quem lê,
entenda.)
Mas
se eu precisar relatar os feitos dela (igreja), eu farei menção da graça do
Pai, do sacrifício salvífico do Filho e da obra redentora do Espírito Santo,
pois sem a Trindade Santa, não há feito algum para se gloriar. Portanto, a
glória nossa será sempre a glória de Deus. O que podemos oferecer a Deus a não
ser glórias, reconhecimento e louvor?
Menos de nós, menos de
nossa placa, menos de nosso ego e mais de Deus. Voz de Deus e não de homens!
Muitos homens estão falando e apelando em seus discursos em nome de Deus! Haverá
juízo!
Falar da Igreja de uma forma
geral e mostrar o que Deus está fazendo no seio dela é louvável e sadio.
Acrescenta muito à fé. Gera gratidão e edificação quando feito em glória ao
Noivo.
No entanto, em alguns grupos há
uma forma de apelação denominacional.
Exemplo: “nós temos e os outros
não!”; “Ai de você se deixar nosso grupo! Lá não tem isso, aquilo e aquilo
outro...”; “Não há operação espiritual fora daqui”; “Aqui há doutrina, lá fora
é só movimento ou religião”; “lá fora está tudo corrompido, mas aqui dentro o Espírito
Santo fala”; “Só aqui Ele fala...”; etc. Embora haja algumas verdades em
relação à dramática condição do evangelho atual que se vê – em alguns lugares –
corrompido e cheio de levedura, tais generalizações são perigosas e não são
verdades. E se não há verdade nesse tipo (apelativo) de fala, há mentira nos púlpitos.
Por quê?
De fato, existe hoje uma série de
heresias e engano. Grupos se afastam cada vez mais das verdades bíblicas e se
jogam aos ventos de doutrina. Não há consolidação doutrinária em vários grupos. No entanto,
existem igrejas sérias que têm levado o Evangelho de Jesus Cristo a sério. Isso
é atestado no testemunho que tais igrejas têm, nos trabalhos consolidados de missões, no amor genuíno pelas vidas
perdidas (sem proselitismo), pela relação e responsabilidade com o outro, pela
posição definida ante o mundo, pela busca e oração com intimidade, pelo sadio
entendimento de Corpo sem noções de sectarismo e também sem noções de
ecumenismo. Existem igrejas que pregam a mensagem da cruz totalmente centrada
nas Escrituras e não fogem das verdades bíblicas. Existem igrejas sérias que
combatem o pecado e não deixam de pregar a Verdade com receio de se esvaziarem
e não atraírem multidões para si. Prega-se diligentemente o Evangelho de salvação,
transformação, santidade, arrependimento, entrega pessoal, fé, frutos do
Espírito, obras, devoção e crescimento em graça. Preocupam-se com os tantos
casos de divórcios existentes no seio das igrejas contemporâneas (inclusive em
números expressivos em igrejas pentecostais e sectárias), se preocupam com os
jovens e têm mensagens consistentes dentro da sã doutrina bíblica e que
confrontam a realidade em que os jovens estão inseridos. Abordam constantemente
a volta de Jesus Cristo e se santificam com entendimento e maturidade para tal
evento. Há, portanto a operação do Espírito Santo, pois há fé. A obra de
redenção do Espírito Santo tem como pré-requisito a fé em Jesus Cristo.
Portanto, a partir das
Escrituras, vejo tais generalizações como ENGANO RELIGIOSO, pois não creio que
o Espírito Santo segregou um grupo para chamar de seu, pois o projeto
veterotestamentário previa isso apenas para Israel na efetivação da Lei. No
entanto, agora, estamos debaixo da graça mediante o sacrifício salvífico de
Cristo e mediante o derramamento (universal do Espírito Santo). Assim, não há
mais segregações, mas sim Evangelho universal a partir da fé em Jesus Cristo.
Creio, portanto que: se um indivíduo X crê em Jesus Cristo como salvador e foi
eleito para tal fé, o Espírito Santo começará uma obra nesse de redenção, desde
sua confissão de fé primária e arrependimento total até seu triunfo na glória
de Deus. Assim como o mesmo Espírito Santo pode fazer a mesma obra de redenção
na vida do crente Y, a partir da mesma fé (fé: dom de Deus/ fé da Eternidade/
fé para a salvação). Se Deus é quem confere a salvação por meio da graça e por
meio de seu Filho, seria incoerente realizar um projeto diferente em cada um,
pois há um só projeto de salvação e não dois, três, quatro... Há um só Deus e Pai, um só Corpo, uma só
Noiva, um só batismo e uma só fé.
Veja a
postagem: http://palavraserio.blogspot.com.br/2014/09/uma-reflexao-sobre-obra-do-espirito-na.html
O que há, de fato é: resultado de
uma busca. Resultado de uma posição em relação à Mensagem da cruz e do desejo
de conhecer mais desse Deus (sem se afastar das Escrituras). Assim, alguns
grupos alcançam determinados elementos do projeto de redenção divino mais que
outros e assim por diante.
No entanto, quando o grupo
denominacional, institucional, tradicional, etc. têm sua base de fé no
Evangelho, baseado na Palavra de Deus e na Revelação de Jesus Cristo, há uma
unidade de fé que une todos em um só Corpo. Há uma só Noiva e, assim, é
extremamente perigoso se reconhecer como A ÚNICA, NOIVA DE CRISTO em referência
ao seu grupo denominacional em meio aos outros grupos. Isso desencadeia uma
série de problemas como o sectarismo, religiosidade, justificação exacerbada
dessa mensagem soberba que gera dogmas e heresias e tantos outros males que
causam confusão e transtornam a simplicidade do Evangelho da cruz.
Aliás, toda igreja, seja local,
denominacional, etc. deve se firmar na mensagem bíblica como regra de fé e
prática. Deus fala! Mas Deus fala primeiro pela sua Palavra, pois nela há a
base para qualquer construção. Em que sentido? Existe nas Escrituras todo o
projeto de salvação do Pai e está manifesto em suas páginas a Revelação de
Jesus Cristo (vivo e glorificado). Portanto, a Igreja fiel de Jesus Cristo deve
se firmar na Revelação de Jesus Cristo (veja em Mateus 16: 16-18). Todo crente
que crê em Jesus Cristo e foi eleito para tal salvação em Jesus é passivo de ter
um encontro pessoal com Cristo e esse ato configura a revelação de Jesus a esse
eleito. Veja a experiência de Paulo a caminho de Damasco (Atos 9: 3-5). Assim,
não é lícito dizer que não há revelação de Jesus Cristo em outros grupos, sendo
que em tais grupos há a fé (dom de Deus) na vida de uma congregação separada
por Deus, seja qual nome a referida venha a ter.
Qual
seria a atitude de Jesus ao receber o pecador que Deus – de antemão – elegeu para
a salvação? Qual seria a obra do Espírito Santo na vida desses escolhidos?
Qual
seria a atitude de Cristo ao receber o pecador X e o pecador Y? Qual seria o
gesto e qual seria a obra de Cristo para aqueles a quem o pai escolheu - desde
a Eternidade- para a salvação?
Nosso
Senhor faria uma obra completa em X e uma obra incompleta em Y sendo ambos
escolhidos para a mesma glória?
Ah!
Um seria vaso de honra e outro para desonra? Um seria "filho" e o
outro seria "primo"? Mas não foram eleitos pelo mesmo Pai,
participantes do mesmo batismo e receberam o mesmo chamado (para a salvação)? De certo, vaso de desonra, em completa
comunhão com as Escrituras, seria aquele que não tem sobre si o selo do
Espírito Santo.
Seria
o sacrifício de Jesus mais eficiente para X e menos eficiente para Y?
Não
sei qual é o entendimento pregado e ensinado sobre o que é a obra do Espírito
Santo em alguns lugares, mas existe uma perspectiva bíblica para tal definição.
Obra do Espírito é aquilo que o Espírito Santo faz na vida daquele que foi
eleito para a salvação. É a obra que o Espírito Santo promove desde o chamado
até o triunfo com Cristo em sua esperada vinda.
Pois bem, vamos agora ao ponto:
O
que é, então, a Obra Redentora do Espírito Santo? Vamos responder sob duas
perspectivas à luz das Escrituras sem deturpação alguma da Verdade revelada na
Palavra de Deus:
1) A Obra Redentora do Espírito Santo é um projeto
planejado desde a Eternidade, partindo da graça soberana do Deus Altíssimo que
desejou salvar o homem através de Jesus Cristo. Jesus, portanto, é o Nome
principal nesse projeto divino. Ele é o Verbo da criação e o Verbo da redenção.
Desde a Eternidade, Deus planejou salvar o homem através do sacrifício de
Cristo que efetivaria a obra salvífica do Espírito Santo na vida do escolhido.
2) O segundo aspecto perpassa já na própria vida do
escolhido quando esse é chamado, conhece a Mensagem do Evangelho, se arrepende,
nasce da água (regenera-se), recebe a fé, é batizado pelo Espírito Santo, passa
pelas águas, tem a vida transformada, santifica-se nessa Verdade, firma-se em
Cristo, passa a ter um louvor em espírito, recebe os frutos do Espírito Santo
para sua caminhada cristã, recebe dons do Espírito Santo pela graça divina, é
usado na obra de Deus, cresce em graça e conhecimento e alcança
responsabilidades maiores no serviço do Reino e, sobretudo, testemunha da
chegada do Reino e da volta de Cristo.
Logicamente,
como já dissemos aqui, existem grupos que alcançaram de forma mais autêntica
determinados elementos daquilo que podemos chamar de "a obra do Espírito", mas, definitivamente, não há um exclusivismo
religioso ensinado nas Escrituras. A Bíblia trata os salvos em Cristo como
"eleitos", "filhos", "povo", etc. Não há nenhuma
referência nas Escrituras de exclusividade institucional.
Assim, concluímos que:
Não
existem grupos específicos que detém ou têm a "obra" ou que seja
propriamente a "obra" de Deus. A obra é exclusivamente de Deus e se
dá na economia divina, na revelação de Jesus Cristo ao salvo e na ação contínua
do Espírito Santo até o triunfo final com Cristo.
Todos
que crêem em Jesus Cristo e firma-se nEle, recebe o Espírito Santo. Logo, se
recebe o Espírito Santo, participa de sua obra redentora. Assim, caminham
firmados nas doutrinas bíblicas, na fé, no Espírito e em espírito e na graça de
Deus.
Volvendo-se a textos,
vemos que todos que foram chamados receberam, a princípio, o mesmo tratamento,
por pior, ou melhor, que fossem no novo ou no velho testamento. A diferença no
tratamento entre X e Y é o resultado maior de seus comportamentos do que da
Operação da Trindade neles. Tem-se também que a Trindade sempre operou de forma
uniforme naqueles que foram escolhidos. Não se aperfeiçoa mais a uns e a outros
menos. Tudo é reflexo do comportamento humano em buscar o aperfeiçoamento ou
maior intimidade com Deus. Mas mesmo assim estes, aos olhos de Deus, não são
melhores ou piores. Se na bíblia certos servos são mais mencionados do que os
outros isso não implica que foram melhores ou pior do que tantos outros. Não há
como o mesmo espírito que opera em X ou Y ser
diferente. Deus não é Deus de confusão! Quanto ao escrito que "Deus não
faz acepção de pessoas" não se limita somente a escolha quanto à raça,
gênero ou classe social, mas diz respeito também que Deus operará em X ou Y da
mesma forma lhe concedendo a mesma porção necessária à salvação. A partir do
momento que você usa a ação do Espírito Santo em sua vida para se promover em
detrimento de outros, à luz das escrituras, é difícil entender a genuinidade dessa
operação do Espírito Santo que causa segregação
Consideração
final:
Existe a saudável possibilidade de se pregar Jesus, pregar
sua obra redentora, mencionar a operação e obra do Espírito Santo no meio da
igreja sem ter que desviar o foco para a imagem da igreja local,
denominacional, institucional, etc. Igrejas sérias não precisam fazer tais
apelos. Não precisam de mostrar o que o seu segregado grupo tem ou deixa de
ter. A Glória é do Noivo! Aleluias ao Cordeiro! Igrejas sérias pregam o
Evangelho sem forçar a barra e não se lançam ao proselitismo. Jamais se medem e
se comparam. Isso é vaidade! Elas carregam e pronunciam a mensagem da cruz e
anunciam o Reino vindouro sem se preocuparem com suas próprias imagens,
vaidades e negam tais atitudes religiosas e sectárias.
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