terça-feira, 14 de outubro de 2014

A JUSTIFICAÇÃO (análise dos textos de Paulo aos romanos)

A JUSTIFICAÇÃO (análise dos textos de Paulo aos romanos)
Referência: Romanos 5.1-5

1. Há duas verdades absolutas (axiomas) e uma conclusão lógica:
Deus é Santo e o homem é pecador, logo nenhum homem pode ser justo aos olhos de Deus. Pode o imundo ser puro aos olhos de Deus? Pode o pecador justificar-se diante de Deus? Pode, por ventura o etíope mudar a sua pele e o leopardo as suas manchas?
2. O padrão para entrar no céu é a perfeição e todo o homem é imperfeito, logo é impossível ao homem entrar no céu por seus esforços. A não ser pela GRAÇA de Deus em Cristo Jesus e através da fé (dom de Deus).
Quem obedecer a lei, pela lei viverá. Mas todos pecaram. Não há justo sequer um. Todos se desviaram. Logo, ninguém jamais poderá entrar no céu por seus méritos. A não ser que Deus o conceda a fé espiritual para crer no Filho e pelo Filho ser reconciliado com Deus.
3. Para o homem entrar no céu é preciso que Deus o justifique e para Deus justificá-lo precisa ainda continuar justo
Como Deus pode ser justo e ainda justificar o pecador? Como Deus pode justificar o pecador sem abrir mão da sua justiça? Uma boa pergunta...
I. A REALIDADE DA JUSTIFICAÇÃO – V. 1,2
1. O que é justificação?
A justificação é um ato legal, forense, judicial e declaratório de Deus no qual ele declara, sobre a base da justiça de Cristo que todas as demandas da lei estão satisfeitas com respeito ao pecador.
A justificação não é algo que Deus faz em nós, mas por nós. Não acontece dentro de nós, mas fora de nós.
A justificação é um ato e acontece uma única vez. Não há graus na justificação. O homem é justificado por completo ou não é justificado em absoluto. Ela é instantânea, completa e final. Não podemos confundir JUSTIFICAÇÃO com REMISSÃO.  Fomos justificados pela fé em Cristo num ato único. Também fomos remidos por Cristo num ato único (pois a morte da cruz aconteceu uma só vez e foi suficiente), no entanto, por continuar pecando, o Espírito Santo, em cooperação da nossa fé e busca, opera a remissão.
Pela justificação somos remidos da pena do pecado, perdoados e recebemos o favor de Deus.
2. A necessidade da nossa justificação
Todos somos pecadores e todos nós vamos ter que comparecer diante do tribunal de Deus para prestar conta da nossa vida.
Somos culpados. Seremos julgados:
a) Por nossas palavras
b) Por nossas obras
c) Por nossas omissões
d) Por nossos pensamentos e desejos.
3. A base da justificação
A base da justificação não são nossas obras, nem nossa fé, nem mesmo nosso exemplo, mas a obra expiatória de Cristo na cruz em nosso favor. Nesse sentido a fé não é “meio” para alcançar a justificação, senão ela seria por merecimento e não é. É pela graça. Mas a fé é veículo enviado por Deus (da eternidade) para que o plano de Deus se efetive em nossas vidas. Ele morreu a nossa morte. Ele pagou a nossa dívida. Ele rasgou o escrito de dívida que era contra nós. Ele levou no seu corpo no madeiro os nossos pecados. Foi traspassado e moído pelas nossas iniqüidades. O castigo que nos trás a paz estava sobre ele.
A justificação é mais do que perdão – 2 Co 5:21.
4. O instrumento da justificação
Nós não somos justificados com base na fé, mas com base no sacrifício perfeito e eficaz de Cristo. Mas pela fé nós nos apropriamos da justificação. A fé é o instrumento. A fé é a mão estendida de um mendigo a tomar posse do presente do Rei.
A fé é a causa instrumental e não a causa meritória.
A fé não expia a culpa, não remove o castigo. Ela é o instrumento de apropriação dos benefícios da redenção.
II. OS FRUTOS DA JUSTIFICAÇÃO – V. 1-2
1. Passado – Paz – v. 1
Essa paz não é paz de Deus, mas paz com Deus.
É a paz da reconciliação com Deus.
Todas as religiões do mundo são uma tentativa desesperada do homem encontrar paz com Deus.
Exemplo: Lutero desesperadamente buscava ter paz com Deus.
Cristo morreu e pelo seu sangue nos reconciliou com Deus. Agora não somos mais réus, nem inimigos de Deus. Estamos quites com as demandas da lei.
2. Presente – Graça – v. 2
A palavra “acesso” é prosagoge.
a) Refere-se à introdução ou apresentação de alguém ante à presença da realeza – Por meio de Cristo temos acesso a esta graça na qual estamos firmes. Somos aceitos, somos apresentados como filhos, como herdeiros, como cidadãos do céu.
b) É também o termo comum para referir-se à aproximação do adorador a Deus – Jesus nos abre a porta à presença do Rei dos reis e quando estas portas se abrem o que encontramos é graça, não condenação, nem juízo, nem vingança, mas pura misericórdia, o glorioso favor de Deus.
c) O termo prosagoge traz também a idéia de porto, cais – Significa que por mais que tratemos de depender de nossos próprios esforços somos varridos pela tempestade, como marinheiros que enfrentam impotentes um mar revolto que os ameaça destruir totalmente. Mas, agora, temos ouvido a Palavra de Cristo, temos alcançado o porto da graça. Por meio de Cristo temos entrado à presença de Deus e encontrado segurança no porto da graça.
3. No futuro – Glória – v. 2
Quem foi justificado não teme a morte, não teme o amanhã, não teme a eternidade, ele tem garantia do céu.
Aqueles que não foram reconciliados com Deus têm medo da morte. Mas o salvo entende se gloria na esperança da glória de Deus.
O apóstolo Paulo – Está na masmorra, na ante-sala do martírio. Ele não está com medo da guilhotina, mas diz: “Eu sei em quem eu tenho crido. Chegou a hora da minha partida. Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada”.
A mãe da Isabel – Depois que foi convertida seu rosto passou a resplandecer.
O enfermo – “O senhor está preparado para morrer. Não, eu estou preparado para viver”.
III. A PEDAGOGIA DA JUSTIFICAÇÃO – V. 3-5
A justificação não apenas nos prepara para o céu, mas também nos prepara para vivermos vitoriosa aqui na terra. Paulo não está tratando de algo apenas para o porvir, mas algo que nos capacita a viver vitoriosamente no meio das tensões da vida.
1. Nos gloriamos nas próprias tribulações
Não somos masoquistas.
Não somos estóicos.
Não nos gloriamos no sofrimento ou por causa do sofrimento, mas por causa dos seus frutos, dos seus resultados.
O cristão não olha para vida com uma visão romântica, pessimista ou irreal. Ele não nega a existência da dor e do sofrimento.
A palavra tribulação – thlipsis = pressão. A vida cristã é o enfrentamento de muitas pressões: pressão do diabo, do mundo, das nossas fraquezas.
A palavra tribulação é tribulum (latim) = descascador de trigo, separa o trigo da palha.
Rm 8:28 – Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem…
2 Co 4 – A nossa leve e momentânea tribulação produz eterno peso de glória.
Paulo diz que nos gloriamos com grande e intenso júbilo, sabendo que Deus está trabalhando em nós, esculpindo a imagem do seu Filho.
2. Sabendo que a tribulação produz perseverança – v. 3
A tribulação é pedagógica. Ela produz paciência triunfadora.
A palavra grega é hupomone = paciência vitoriosa, que não se entrega, que não é passiva, mas que triunfa. É paciência com as circunstâncias. É saber que Deus está no controle. Que Ele está trabalhando em nós. Ele está esculpindo em nós o caráter de Cristo.
As grandes lições da vida nós as aprendemos no vale da dor. Salmo 119:71 – “Foi me bom ter passado pela aflição para que aprendesse os teus decretos”.
Jô – A paciência nasce do sofrimento.
3. A perseverança produz experiência – v. 4
A palavra grega é dokime = provado – metal que era passado pelo cadinho e provado como legítimo, puro. A palavra significa caráter provado e aprovado como resultado de um teste de julgamento.
Davi não quis a armadura de Saul porque nunca a havia provado, não havia submetido à prova.
Não podemos ter uma fé de segunda mão. O Deus que agiu na vida de Abraão, Moisés, Davi, Paulo tem agido na sua vida. Você conhece a Deus, tem experiência com ele: da sua bondade, livramento.
4. A experiência produz esperança – v. 5
Esta não é uma esperança vaga, vazia. É uma esperança segura.
Como saber que esta esperança não é uma ficção: Porque o amor de Deus é derramado em nossos corações. Há uma efusão do amor de Deus. O céu desce à terra.
CONCLUSÃO
Gloriamo-nos em Deus (v. 11).
Se nada sobrar, se tudo se perder. Ainda temos Deus. Gloriamo-nos nele.
Habacuque 3 – Ainda que falte oliveira na vida e gado no curral, ainda assim me alegrarei no Deus da minha salvação.
Romanos 8:31-39.
O palácio em que somos admitidos é o céu. O portão de entrada é Cristo. O único passaporte é a fé.

Texto escrito adaptado e reescrito por Gabriel F. M. Rocha/ Grupo de Estudos “Palavra a Sério- Escrituras”;

Referências: sermão de Ver. Hernandes Dias Lopes/ Primeira Igreja Presbiteriana de Vitória-ES/ Bíblia King James/ Bíblia de Genebra/ Livro: Carta aos Romanos de Karl Barth/ artigos bíblicos da fé reformada/ Tradução grego-português pela Bíblia de Estudos Palavras Chave/ Hebraico/ Grego.

Eu (Gabriel Felipe) em minha sala de estudos com o precioso livro de Karl Barth ("Carta aos Romanos"):


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