A expiação
realizada pelo Cordeiro de Deus
"Nisto consiste o
amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou
seu Filho como propiciação pelos nossos pecados."
"Εν τουτω ειναι η αγαπη, ουχι οτι
ημεις ηγαπησαμεν τον Θεον, αλλ' οτι αυτος ηγαπησεν ημας και απεστειλε τον Υιον
αυτου ιλασμον περι των αμαρτιων ημων."
(1João 4.10)
Expiação significa consertar, apagar a ofensa
e dar satisfação por erros cometidos, reconciliando assim as pessoas separadas
e restaurando entre elas a relação rompida. A Escritura menciona todos os seres
humanos como necessitados de reparação de seus pecados, porém faltos de todo o
poder e recursos para fazê-lo. Ofendemos nosso santo Criador, cuja natureza é
odiar o pecado (Jr 44.4; Hc 1.13) e puni-lo (Sl 5.4-6; Rm 1.18; 2.5-9). Nenhuma
aceitação haverá da parte desse Deus, ou comunhão com Ele, a menos que a
reparação se faça, e considerando que há pecado mesmo em nossas melhores ações,
qualquer coisa que façamos na esperança de repará-lo pode somente agravar nossa
culpa ou piorar nossa situação. Isto torna danosa a insensatez de procurar
instituir uma justiça própria diante de Deus (Jó 15.14-16; Rm 10-2,3); isto
simplesmente não pode ser feito.
Entretanto, contra este pano de fundo da
desesperança humana, a Escritura anuncia o amor, a graça, a misericórdia, a
piedade, a bondade e a compaixão de Deus — o Criador ofendido, que prove em si
mesmo a expiação que aquele pecado tornou necessária. Esta maravilhosa graça é
o centro focal da fé, esperança, adoração, ética e vida espiritual do Novo
Testamento; de Mateus ao Apocalipse ela refulge com opulenta glória.
Quando Deus tirou Israel do Egito, Ele
instituiu como parte do relacionamento pactual um sistema de sacrifícios que
tinha no seu centro o derramamento e oferta do sangue de animais sem defeito
"para fazer expiação para vossas almas" (Lv 17.11). Esses sacrifícios
eram típicos (isto é, tipos, pois apontavam para
algo mais adiante). Embora os pecados fossem, de fato, "deixados
impunes" (Rm 3.25) quando os sacrifícios eram oferecidos fielmente, o que
efetivamente os apagava não era o sangue do animal (Hb 10.11), mas o sangue do antítipo,
o Filho de Deus sem pecado, Jesus Cristo, cuja morte na cruz fez
expiação por todos os pecados cometidos antes do evento, bem como por
todos os pecados cometidos depois dele (Rm 3.25,26; 4.3-8; Hb 9.11-15).
As referências do Novo Testamento ao sangue
de Cristo são comumente sacrificiais (por exemplo, Rm 3.25; 5.9; Ef 1.17; Ap
1.5). Como sacrifício perfeito pelo pecado (Rm 8.3; Ef 5.2; 1Pe 1.18,19),
a morte de Cristo foi nossa redenção (isto é, nosso livramento por
resgate: o pagamento de um preço que nos tornou livres do perigo da culpa,
escravização ao pecado e expectativa da ira; Rm 3.24; Gl 4.4,5; Cl 1.14).
A morte de Cristo foi o ato de Deus de reconciliar-nos com Ele,
superando sua própria hostilidade contra nós, provocada pelo pecado (Rm
5.10; 2 Co 5.18,19; Cl 1.20-22). A Cruz foi a propiciação de Deus (isto é,
aplacou sua ira contra nós pela expiação de nossos pecados e, assim, os
removeu de sua vista). Os textos-chave aqui são Romanos 3.25; Hebreus 2.17;
1João 2.2 e 4.10, em todos os quais o grego expressa explicitamente
a propiciação. A cruz tinha seu efeito propiciatório, porque em seu
sofrimento Cristo assumiu nossa identidade, por assim dizer, e suportou o
julgamento retribuidor a nós destinado ("a maldição da lei", Gl
3.13), como nosso substituto, em nosso lugar, com o registro condenatório
pregado por Deus em sua cruz como uma relação dos crimes pelos quais Ele
estava então morrendo (Cl 2.14; cf. Mt 27.37; Is 53.4-6; Lc 22.37).
A morte expiatória de
Cristo ratificou a inauguração da nova aliança, pela qual o acesso a Deus em
todas as circunstâncias é garantido somente pelo sacrifício de Cristo, que
cobre todas as transgressões (Mt 26.27,28; 1Co 11.25; Hb 9.15; 10.12-18).
Aqueles que pela fé em Cristo receberam a reconciliação, nele são "feitos
justiça de Deus" (2Co 5.21). Em outras palavras, eles são justificados e
recebem o status de filhos adotivos na família de Deus (Gl 4.5). Depois disto,
vivem sob o amor motivador de Cristo para com eles, o qual os constrange e
controla, amor que se fez conhecido e medido pela cruz (2Co 5.14).
Ah! Mas tem
um detalhe importantíssimo: saber dessa grande verdade não significa que você,
agora, vai usar frases feitas e repetições em suas orações no simples mencionar
de uma frase como “sangue de Jesus tem poder”. Valorizamos o sacrifício de Cristo
deixando o mesmo Espírito Santo (simbolizado pelo sangue) fazer sua obra de
redenção em nós.
Igreja Presbiteriana de Alfenas-MG/ IPB