A Interpretação da
Escritura
"Seca-se a erva, e cai a flor, porém a palavra de nosso Deus
subsiste eternamente" (Isaías
40:8)
Certa vez, o renomado e respeitado pastor e pregador C. A. Spurgeon disse: “Onde quer que você fure
as Escrituras, elas jorram o sangue do Cordeiro.”
Porque a Escritura é a Palavra de Deus e o Espírito Santo seu
autor, ninguém tem o direito de interpretá-la por conta própria. As pessoas
freqüentemente falam como se tivessem esse direito. Elas falam de “minha
interpretação” ou a de alguém outro, ou, até mesmo, "a interpretação da
minha igreja é assim...". Isso está errado (veja em 2Pe. 1:20). Mesmo na
controvérsia, existe somente uma interpretação aceitável da Escritura, e essa é
a interpretação da Escritura dela mesma. Pois ela não pode ser discernida
humanamente, pois o homem é dotado de paixões e inclinações diversas. Ela se
discerne espiritualmente, pois é resultado de um conjunto de inspirações e
revelações do próprio Espírito Santo. A interpretação é de Deus, não do homem.
Dessa forma, a Bíblia, sendo um conjunto de vários livros inspirados, foi
inspirada por um só Espírito Santo, portanto, há uma unidade intrínseca nas
Escrituras. Não existe a "teologia de Paulo", a "teologia de
Pedro", o "conceito de sei lá o quê de Davi", etc. Ela tem uma
variedade de informação, uma série exaustiva de assuntos, um conjunto de normas
e exemplos de conduta, etc. mas ela, de forma geral, é una. Seu conteúdo tem
uma essência e seu plano se resume num só: salvação da humanidade na Revelação
de Jesus Cristo (que se encontra e se manifesta em toda a Bíblia).
Um
dos grandes princípios da Reforma `Protestante foi o princípio que a Escritura
é auto-interpretativa. Embora isso possa parecer estranho para nós, deve ser
assim, pois somente o próprio autor, o Espírito Santo de Deus, tem o direito e
o poder de nos comunicar o que ele quis dizer. Minha interpretação não
significa nada. Somente a de Deus importa. Posso sim, estudar, ler, escrever,
criar estudos magníficos e edificantes, etc. Posso! Me é permitido! Mas não
posso ousar em ultrapassar a Sã Doutrina de Jesus Cristo. Jamais poderei dar
ouvidos às "novas revelações" que configuram um "outro
evangelho". Assim, não posso ter uma interpretação particular, mas, meu
aprendizado sobre a Bíblia e seu conteúdo tem uma só direção, alvo, essência e
poder.
Isso
é ensinado em 2 Pedro 1:20, 21, que declara claramente que nenhuma Escritura é
de interpretação particular. Essa declaração parece um pouco inapropriada, pois
a ênfase não é sobre a interpretação, mas sobre a inspiração. Todavia, a
doutrina da inspiração, como ensinada nesses versículos, tem o seguinte como
sua aplicação: ninguém senão Deus mesmo, que inspirou a Palavra, tem o direito
de interpretá-la. Isso, pela ação do Espírito Santo.
No
entanto, o Espírito Santo não interpreta as Escrituras de uma forma mística –
não revelando misteriosa e secretamente o significado da Escritura para nós
mediante algumas revelações privadas. A Bíblia não é um livro de
"pique-esconde", onde Deus se esconde nas entrelinhas e se revela de
forma "nova" para alguns, fazendo com que o contexto literal se
anule. É errado dizer, “Deus me mostrou”, “Deus me disse assim”, ou “Deus me
revelou isso e não aquilo”. Isso, também, é uma negação da Escritura, não
somente de sua suficiência, como temos visto, mas da inspiração da Escritura. A
pessoa que diz essas coisas está alegando ter uma interpretação da Escritura
que Deus lhe deu privadamente, à parte da própria Escritura. A interpretação
apropriada da Escritura é dada quando a Escritura é comparada com a Escritura.
Por
exemplo, se desejamos determinar o significado de uma palavra na Escritura,
talvez a palavra batismo, devemos analisar diferentes passagens nas quais a
palavra é usada e o contexto de cada passagem, para então determinar o que ela
significa na Escritura e como é usada por esta. A interpretação apropriada da
Escritura, portanto, requer estudo cuidadoso para que possamos aprender da
própria Escritura o que ela quer dizer. A pessoa que pensa poder voltar-se para
uma passagem da Escritura e entendê-la sem estudo é muito tola e arrogante.
Sobre
esse enganos, sugiro que leiam em:
http://palavraserio.blogspot.com.br/2014/08/examinai-as-escrituras-e-seu-conceito.html
Contudo,
devemos ser cuidadosos para não impor nossas idéias sobre a Escritura, mas
humildemente e em oração receber o que ela diz. Aprender a interpretação
apropriada da Escritura requer graça, submissão e oração. Não existe ninguém,
nem mesmo ministros do evangelho e nem igrejas que se dizem "a mais
especial", que possa alegar estar acima da Palavra de Deus. Nem mesmo os
dons espirituais estão acima das Escrituras! Toda interpretação, credo e sermão
pode e deve ser submetido ao escrutínio rígido à luz do que a Palavra de Deus
diz, exatamente porque ninguém tem o direito privado de interpretar a
Escritura. Por essa razão, mesmo a pregação dos apóstolos era sujeita ao exame
e crítica cuidadosa (Atos 17:10, 11). Mesmo aquela pregação, como qualquer
outra, tinha que se conformar à interpretação do Espírito de sua própria
Palavra.
Possa
Deus nos dar a graça necessária – muita graça – para buscarmos e encontrarmos a
interpretação correta e prestarmos atenção a ela (Hb. 2:1).
Leia
também:
http://palavraserio.blogspot.com.br/2014/08/examinando-as-escrituras-2-repostando.html
http://palavraserio.blogspot.com.br/2014/10/nao-ultrapassemos-o-evangelho-de-jesus.html
Gabriel Felipe M. Rocha
Referências: Bíblia de Genebra/ ARC/Revista Monergista/Charles A. Spurgeon/
Um comentário:
Mt edificante, parabéns!!!
Que Deus continue te usando mais e mais.
Um forte abraço!
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