terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Jesus Sonda a Igreja (4)


CONTINUAÇÃO

Jesus Sonda a Igreja (4)

Como Cristo vê a sua Igreja?

Apocalipse 1:9-13 e 3:14-22

Para uma igreja, Jesus não faz nenhum elogio, apenas censura. Trata-se de Laodicéia, a mais rica igreja da Ásia.

       Já que estamos fazendo uma análise mais profunda dessas igrejas, gostaria de expor aqui, pelo menos, três verdades sobre Laodicéia:

1ª- Jesus faz um diagnóstico dessa igreja (Vs.15,16,17);

2ª- Jesus faz um apelo a essa igreja (Vs. 18,19 e 20);

3ª- Jesus faz uma promessa a essa igreja (Vs. 21 e 22).

       A grande questão que queremos demonstrar nesse artigo é a seguinte: Jesus sonda a sua Igreja, visita as suas igrejas, Ele é fiel e relevante. Jesus não era um tipo de pregador que dava respostas a perguntas que não estavam sendo feitas. Jesus conhecia o texto e o contexto. Jesus conhece seu povo, conhece o contexto de seu povo (de cada povo).

      Por que, para Laodicéia, Jesus dá o diagnóstico usando figuras? Por exemplo: “não és frio nem quente, quem dera se fosse frio ou quente, mas por ser morno, me causa náuseas”. Por que Jesus usa a figura do “ouro provado no fogo” para a igreja se enriquecer? Por que Jesus usou a figura da “vestidura branca para vestir afim de não manifestar a vergonha da nudez”? Por que Jesus usou a figura do “colírio”? Jesus conhecia o contexto, a cultura, a história, a geografia, o comércio e a indústria daquela igreja. Jesus era um pregador bom, conhecia o contexto para o qual Ele pregava.

     Sabemos que Laodicéia está localizada na região do Vale do rio Lico, a região mais fértil da Ásia. Hoje, ainda, a região mais fértil da Turquia. Ali no vale do Lico haviam três cidades próximas (como o ABC paulista). Quais eram essas cidades? Hierápolis, Colossos e Laodicéia (a proximidade era tanta que Paulo, de Roma ao escreveu sua carta aos colossenses, pediu que a mesma fosse lida em Hierápolis e Laodicéia).

     Hierápolis era mundialmente conhecida pelas suas fontes de águas térmicas (quentes). Ali tem o “Castelo de Algodão” de rochas calcárias brancas onde as águas brotam quentes formando piscinas naturais aonde pessoas vinham e vem provar desse recurso natural e terapêutico de Hierápolis. Do outro lado do rio Lico ficava a cidade de Colossos, mundialmente conhecidas pelas suas águas frias e geladas (também terapêuticas). Laodicéia, entretanto, não tinha fontes. Não tinha águas quentes e nem frias. As águas que chegavam a Laodicéia vinham pelas montanhas através de aquedutos e chagavam ali mornas e, até mesmo, impróprias para beber e para o uso terapêutico.  Jesus pega esse gancho geográfico e diz para a igreja: Já que não é quente como Hierápolis e nem fria como Colossos, és morna e estou a ponto de vomitar-te.

     Muitas igrejas hoje tem o rio bem perto (Jesus está presente, conhecem as Escrituras), mas recebem águas de aquedutos (meios humanos). Laodicéia dependia dessas águas. Muitas igrejas dependem daquilo que está ao seu redor e usam dos recursos humanos e mundanos para manter-se de pé e ostentam religiosidade, riqueza e pseudoespiritualidade. 

     Por que Jesus usou a figura do ouro? Porque Laodicéia era o maior centro bancário da Ásia Menor. Todo ouro retirado da Ásia era processado em Laodicéia e exportado para o mundo. Laodicéia era um lugar muito rico. No ano 47 da era cristã as três cidades (Hierápolis, Colossos e Laodicéia) foram devastadas por um terremoto, porém apenas Laodicéia se ergueu, pois os seus moradores (ricos comerciantes) ali se juntaram e ergueram-na sem qualquer ajuda do Império. Jesus, quando aconselha Laodicéia a comprar dele o ouro, Ele confronta profundamente o orgulho dessa igreja. A ordem era: comprar o ouro provado com fogo, pois não há igreja nenhuma que será arrebatada ou que permaneça de pé como igreja obediente e fundamentada na Verdade se não for pelo Espírito Santo. Sem o batismo com o Espírito Santo, a igreja é morta e, se ainda vive, não sabe onde caminhar, pois é a presença ardente do Espírito Santo que nos revela Jesus e, Jesus é o caminho. Ouro é tipo do poder. Jesus exorta Laodicéia a deixar a sua soberba e buscar o poder de Deus. O ouro era para ser “comprado” dele mesmo, ou seja, todo o recurso espiritual está em Jesus, inclusive é Ele quem batiza com o Espírito Santo. Todo o recurso útil para a edificação da igreja deve estar fundamentado em Jesus (em sua Palavra). Muitas igrejas espalhadas hoje pelo Brasil precisam desse fervor, precisam voltar às Escrituras. Fazer a vontade do Espírito Santo, além de ser exemplo de humildade, é ser cheio de poder e virtude. Esse era o ensinamento de Jesus a Laodicéia.

    Por que Jesus usou a figura das vestes brancas? Porque ali estava o maior centro têxtil da Ásia Menor. Jesus confrontava mais uma vez Laodicéia usando esse exemplo, pois, queria dizer que seus recursos para nada valiam. “Vestes brancas” é tipo da salvação em Jesus. Essa deve ser a principal certeza e a principal mensagem da igreja.

    Por que Jesus usou a figura do colírio? Porque Laodicéia era o maior centro oftalmológico da Ásia Menor. Ali se produzia um remédio milagroso chamado “pó Frígio”. Laodicéia era uma importantíssima cidade, não havia nenhuma dúvida sobre isso. Mas Jesus, para deixar uma advertência, Ele lê o texto e o contexto de Laodicéia. Jesus, como bom pregador, não prega uma mensagem descontextualizada. Uma igreja que vai para a Eternidade é aquela que tem a visão do céu, por isso o “colírio” (derramamento do Espírito Santo).

    Enfim, qual foi o diagnóstico que Jesus fez dessa igreja? Antes de irmos a esse ponto, quero compartilhar de algo que me impressionou nessa análise: Jesus não reclama daquilo que Ele viu, mas sim daquilo que Ele não viu ali em Laodicéia.

     O que é que Jesus não viu nessa igreja que estava lhe provocando náuseas? Jesus não viu nenhum sinal de heresias, não há denúncias de falsos mestres, de falsos apóstolos, não havia doutrinas de Balaão, de nicolaítas, não tem doutrina de Jezabel, Jesus não denunciou nenhuma imoralidade como em Pérgamo, Tiatira e Sardes. Jesus não viu ali nenhuma pobreza como viu em Esmirna, Laodicéia era uma igreja próspera (a Teologia da Prosperidade não faria nenhum sucesso lá). Tem mais: Jesus não viu ali nenhum sinal de perseguição, o mundo estava de cabeça para baixo, cristãos estavam indo às arenas e fogueiras, mas, em Laodicéia havia paz e liberdade (como no nosso Brasil cristão). Laodicéia era uma igreja “boa” e ética, se eu fosse morador dessa região, eu queria ser membro da igreja de Laodicéia (eu confesso), mas, afinal, o que Jesus quer corrigir em Laodicéia?  O que estava lhe causando náuseas e incômodos?

    Não quero dizer aqui, neste artigo, que: ser ético, verdadeiro, rico, prospero, bem localizado são coisas secundárias. Mas Jesus queria dizer àquela igreja que tudo isso não basta. O único diagnóstico que Jesus deu a Laodicéia foi: FALTA DE FERVOR ESPIRITUAL.

    Como está a nossa igreja? Como está a minha igreja? Como está a instituição a qual faço parte? Qual é o nosso entendimento de “fogo”, fervor e avivamento? O que a igreja tem feito? Tem trabalhado? Tem produzido? A Obra Redentora que Deus quer operar no maio da igreja tem objetivos bem esclarecidos: O Senhor batiza o crente com o Espírito Santo para este trabalhar e produzir. Isso é avivamento.

    Crente avivado não é aquele que é rico em línguas estranhas, “retetés”, “glórias e aleluias”, oração de poder, etc.. Crente avivado é aquele que presta um culto racional ao Senhor sabendo qual é a sua verdadeira posição ante o seu chamado. Crente fervoroso é aquele do “Primeiro Amor”, que trabalha, que faz, que testemunha, que vai à luta e traz frutos. Crente bom não é aquele que ajuda com boas ofertas, que semeia bons valores, que dizima um elevado valor, que tem um bom curso, que tem um pleno entendimento e cultura bíblica, mas, crente fervoroso é aquele que entende o chamado do Mestre e diz: “Eis-me aqui, Senhor” e produz bons frutos. Crente fervoroso é aquele que não ama a sua vida mais que o Senhor e a sua Obra. É aquele que não ama as delícias desse mundo, mas, é submisso ao Senhor seu Deus.

    Paremos para pensar um pouco e percebamos como está a nossa denominação, como está a nossa igreja local, como está a nossa família, como está a nossa vida diante de Deus. O que temos entendido de avivamento? No quesito “Fervor Espiritual”, que nota você daria a ti mesmo? É triste quando acaba o culto e o assunto fora da igreja é o futebol, a novela ou qualquer outro, menos as coisas de Deus. Para muitos, as coisas de Deus não empolgam mais.

    Não pode faltar em nós (e em nossas igrejas) o amor, o fervor, a paixão, o entusiasmo. Cantamos porque gostamos de cantar, reunimos porque gostamos de nos reunir, ofertamos porque gostamos de ofertar, vamos aos cultos porque gostamos de ouvir e louvar, mas, em tudo isso, não pode faltar o fervor. Aquele mesmo fervor que tivemos quando conhecemos Cristo pela primeira vez. O fogo tem duas dimensões: Ou ele apaga, ou ele propaga. Avivamento não é “pegar fogo”, mas propagar fogo.

     O desejo de Deus é que o fogo não venha a apagar no altar de nosso coração. Jesus vem em breve, Ele reunirá seu povo. Nesse momento, só quem tem a candeia cheia poderá estar nas Bodas com o Noivo. Precisamos de fervor. Antes que a lâmpada se apagasse na tenda, Deus chamou a Samuel e o mesmo disse: “aqui estou Senhor, fala porque teu servo ouve”. Isso é fervor, o resto é religiosidade.

     Qual é o conselho que ele deixa a Laodicéia? “Eu aconselho que tu compres de mim ouro provado no fogo, vestes brancas para vestir e colírios para os olhos”. Jesus se apresenta como um mercador. Ele podia dá ordens, mas Ele dá um conselho.

     Muitas igrejas, inclusive igrejas brasileiras, na tentativa desenfreada de buscar fervor, se perderam entre os modismos teológicos, pseudoavivamentos, pelos caminhos dos experimentalismos perigosos e abraçaram as últimas novidades do mercado da fé.

     Como restaurar o fervor espiritual? “Compres de mim...”. O produto é vital, o preço é de GRAÇA. O único que pode restaurar o fervor espiritual meu, seu, da igreja é Jesus. Talvez alguns diriam: “Não! É o Espírito Santo!”. Sim, claro, não há dúvidas sobre isso, mas, quem é batizado como o Espírito Santo? Aquele que buscou (com fé) Jesus, aquele que se rendeu a Jesus Cristo como seu Salvador e Rei. Depois desse ato, o processo é do Espírito Santo. “Compres de mim”. Jesus quer dizer o seguinte: “me busque”, “Voltem às Escrituras (pois elas de mim testificam)”, “Voltem ao primeiro amor”. Ouro provado no fogo é o poder do Espírito Santo na vida do crente. O crente fervoroso tem sobre si a benção do Espírito Santo, não só os dons, mas, principalmente e fundamentalmente, os frutos do Espírito.

    Portanto, é Jesus quem inflama o coração e acende o fogo no altar. Ele é quem traz vitalidade à Igreja, Ele é o alimento, seu sangue é poderoso. Aleluia e Glória ao Rei!

    Jesus advertiu a igreja de Laodicéia, expôs seus erros, confrontou sua vaidade e soberba, mas amou muito essa igreja. Vs. 19- “Eu repreendo aqueles quem eu amo”.

    Não é fácil ouvir uma repreensão do tipo “você está me causando náuseas”, esse não é um discurso palatável como mel. Essa não é um tipo de mensagem que você recebe um abraço depois do culto e nem dá “glórias a Deus”. Mas Jesus é tão firme em suas palavras como é firme em seu amor. Suas palavras são de amor. Os cabelos do Cristo glorificado eram brancos como a lã porque Ele tem seus pensamentos voltados sempre para as suas ovelhas, Ele as ama e repreende, seu é o cajado e seu é o poder, seus pensamentos a nosso respeito são pensamentos de paz.

    Depois dessas palavras, Ele com amor diz: “sê, pois, zelosos e arrependem-se”, “muda de conduta”, “muda de postura”.

    No verso 20, Jesus faz uma oferta maravilhosa: Eis que estou á porta e bato. Se abrires, entrarei e cearei contigo e vós comigo”.

    Como se restaura o fervor? É tendo intimidade com Jesus. Cristianismo verdadeiro não é uma lista de credos e dogmas, mas um relacionamento profundo com o Cristo vivo e assentar-se à mesa com Ele gozando de intimidade.

   Que Jesus nos convide a cear com Ele é um milagre, mas Ele, Jesus Cristo, querer ardentemente cear conosco é graça. É esse Cristo que quer se revelar a nós. Só quando estivermos á mesa com Ele é que o fervor vai existir ou ser restaurado. Os discípulos a caminho de Emaús (quem conhece a história sabe) voltavam pelo caminho pelo fato de não haver mais fervor algum “era um profeta poderoso em obras...”. Mas quando se assentaram com Jesus, gozaram de uma intimidade sem igual. Nunca mais foram os mesmos homens.

   No verso 21, Ele deixa uma promessa. Porque Jesus tem o direito de fazer promessas? Vs.14. Porque Ele é o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da Criação de Deus. Ele pode fazer promessas ao seu povo. Ele é a última Palavra de Deus para nós, se não ouvirmos, não haverá mais nenhuma solução.

   Promessa: “Ao que vencer, lhe concederei que se assente comigo no meu trono”. É interessante a transição do verso 20 ao 21. Jesus sai da intimidade da mesa e vai para a publicidade do trono. Quem vencer na intimidade da mesa herdará na publicidade do trono. Quem se assentará publicamente no trono? Aquele que se assentou intimamente no trono.  Quem vencer na busca, na devoção, na fidelidade, na obediência, no fervor, na boa obra, vencerá e estará para sempre glorificado com Ele no trono. Por isso fomos feitos reis e sacerdotes.

   Jesus termina dizendo: “quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz ás igrejas”.

    Hoje nós vivemos um período difícil na História da Igreja. Profeticamente, vivemos (com muita certeza e fé) o tempo do Arrebatamento. Vivemos o período “Laodicéia” (direito do povo). Enquanto Jesus deixa tantas advertências e promessas, muitos se voltam contra e abraçam aquilo que lhes interessa o ego. Onde eram as igrejas de Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia hoje só resta pedra sobre pedras. Todas as igrejas acabaram. nenhuma atravessou o século, nenhuma prosperou. Não ouviram o que o Espírito disse às igrejas. Nessa região, hoje, não tem 1% de cristãos, as igrejas morreram. Olhemos para a Europa, o berço da Reforma Protestante, o berço dos grandes avivamentos e missões. A Europa hoje é um continente pós-cristão, a Europa está moribunda.  Olhemos para a América do Norte, lá se vive um relativismo cristão nauseante. Por quê? Porque a despeito da ética, da fidelidade doutrinária, da paz e liberdade religiosa, da prosperidade, perderam o fervor.

   Estudiosos dizem que, a cada três gerações, corremos o risco de entrar num processo de apostasia. A geração que saiu do Egito morreu no deserto, a geração que nasceu no deserto adentrou a Terra prometida, mas, a terceira geração, os que estavam já na terra, não conheceram mais a Deus. Talvez os nosso avós foram mais crentes que nossos pais, talvez os nossos pais foram mais crente que nós e talvez, se Deus não tiver misericórdia de nós, nossos netos nem serão mais crentes.

Mas a mensagem de Jesus, sua Obra Redentora e a sua promessa permanecem:

“Eis que estou à porta e bato”

Jesus vem, Maranata!

 

 

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