CONTINUAÇÃO
Jesus Sonda a Igreja (4)
Como Cristo vê a sua Igreja?
Apocalipse 1:9-13 e 3:14-22
Para
uma igreja, Jesus não faz nenhum elogio, apenas censura. Trata-se de Laodicéia,
a mais rica igreja da Ásia.
Já
que estamos fazendo uma análise mais profunda dessas igrejas, gostaria de expor
aqui, pelo menos, três verdades sobre Laodicéia:
1ª- Jesus faz um diagnóstico dessa igreja (Vs.15,16,17);
2ª- Jesus faz um apelo a essa igreja (Vs. 18,19 e 20);
3ª- Jesus faz uma promessa a essa igreja (Vs. 21 e 22).
A grande questão
que queremos demonstrar nesse artigo é a seguinte: Jesus sonda a sua Igreja,
visita as suas igrejas, Ele é fiel e relevante. Jesus não era um tipo de
pregador que dava respostas a perguntas que não estavam sendo feitas. Jesus
conhecia o texto e o contexto. Jesus conhece seu povo, conhece o contexto de
seu povo (de cada povo).
Por que, para
Laodicéia, Jesus dá o diagnóstico usando figuras? Por exemplo: “não és frio nem
quente, quem dera se fosse frio ou quente, mas por ser morno, me causa
náuseas”. Por que Jesus usa a figura do “ouro provado no fogo” para a igreja se
enriquecer? Por que Jesus usou a figura da “vestidura branca para vestir afim
de não manifestar a vergonha da nudez”? Por que Jesus usou a figura do
“colírio”? Jesus conhecia o contexto, a cultura, a história, a geografia, o
comércio e a indústria daquela igreja. Jesus era um pregador bom, conhecia o
contexto para o qual Ele pregava.
Sabemos que Laodicéia
está localizada na região do Vale do rio Lico, a região mais fértil da Ásia.
Hoje, ainda, a região mais fértil da Turquia. Ali no vale do Lico haviam três
cidades próximas (como o ABC paulista). Quais eram essas cidades? Hierápolis,
Colossos e Laodicéia (a proximidade era tanta que Paulo, de Roma ao escreveu
sua carta aos colossenses, pediu que a mesma fosse lida em Hierápolis e
Laodicéia).
Hierápolis
era mundialmente conhecida pelas suas fontes de águas térmicas (quentes). Ali
tem o “Castelo de Algodão” de rochas calcárias brancas onde as águas brotam
quentes formando piscinas naturais aonde pessoas vinham e vem provar desse
recurso natural e terapêutico de Hierápolis. Do outro lado do rio Lico ficava a
cidade de Colossos, mundialmente conhecidas pelas suas águas frias e geladas
(também terapêuticas). Laodicéia, entretanto, não tinha fontes. Não tinha águas
quentes e nem frias. As águas que chegavam a Laodicéia vinham pelas montanhas
através de aquedutos e chagavam ali mornas e, até mesmo, impróprias para beber
e para o uso terapêutico. Jesus pega
esse gancho geográfico e diz para a igreja: Já que não é quente como Hierápolis
e nem fria como Colossos, és morna e estou a ponto de vomitar-te.
Muitas igrejas hoje tem o rio bem perto
(Jesus está presente, conhecem as Escrituras), mas recebem águas de aquedutos
(meios humanos). Laodicéia dependia dessas águas. Muitas igrejas dependem
daquilo que está ao seu redor e usam dos recursos humanos e mundanos para
manter-se de pé e ostentam religiosidade, riqueza e pseudoespiritualidade.
Por que Jesus usou a figura do ouro? Porque
Laodicéia era o maior centro bancário da Ásia Menor. Todo ouro retirado da Ásia
era processado em Laodicéia e exportado para o mundo. Laodicéia era um lugar
muito rico. No ano 47 da era cristã as três cidades (Hierápolis, Colossos e
Laodicéia) foram devastadas por um terremoto, porém apenas Laodicéia se ergueu,
pois os seus moradores (ricos comerciantes) ali se juntaram e ergueram-na sem
qualquer ajuda do Império. Jesus, quando aconselha Laodicéia a comprar dele o
ouro, Ele confronta profundamente o orgulho dessa igreja. A ordem era: comprar
o ouro provado com fogo, pois não há igreja nenhuma que será arrebatada ou que permaneça
de pé como igreja obediente e fundamentada na Verdade se não for pelo Espírito
Santo. Sem o batismo com o Espírito Santo, a igreja é morta e, se ainda vive,
não sabe onde caminhar, pois é a presença ardente do Espírito Santo que nos
revela Jesus e, Jesus é o caminho. Ouro é tipo do poder. Jesus exorta Laodicéia
a deixar a sua soberba e buscar o poder de Deus. O ouro era para ser “comprado”
dele mesmo, ou seja, todo o recurso espiritual está em Jesus, inclusive é Ele
quem batiza com o Espírito Santo. Todo o recurso útil para a edificação da
igreja deve estar fundamentado em Jesus (em sua Palavra). Muitas igrejas
espalhadas hoje pelo Brasil precisam desse fervor, precisam voltar às
Escrituras. Fazer a vontade do Espírito Santo, além de ser exemplo de
humildade, é ser cheio de poder e virtude. Esse era o ensinamento de Jesus a
Laodicéia.
Por que Jesus usou a figura das vestes
brancas? Porque ali estava o maior centro têxtil da Ásia Menor. Jesus
confrontava mais uma vez Laodicéia usando esse exemplo, pois, queria dizer que
seus recursos para nada valiam. “Vestes brancas” é tipo da salvação em Jesus.
Essa deve ser a principal certeza e a principal mensagem da igreja.
Por que Jesus usou a figura do colírio?
Porque Laodicéia era o maior centro oftalmológico da Ásia Menor. Ali se
produzia um remédio milagroso chamado “pó Frígio”. Laodicéia era uma
importantíssima cidade, não havia nenhuma dúvida sobre isso. Mas Jesus, para
deixar uma advertência, Ele lê o texto e o contexto de Laodicéia. Jesus, como
bom pregador, não prega uma mensagem descontextualizada. Uma igreja que vai
para a Eternidade é aquela que tem a visão do céu, por isso o “colírio”
(derramamento do Espírito Santo).
Enfim, qual foi o diagnóstico que Jesus fez
dessa igreja? Antes de irmos a esse ponto, quero compartilhar de algo que me
impressionou nessa análise: Jesus não reclama daquilo que Ele viu, mas sim
daquilo que Ele não viu ali em Laodicéia.
O que é que Jesus não viu nessa igreja que
estava lhe provocando náuseas? Jesus não viu nenhum sinal de heresias, não há
denúncias de falsos mestres, de falsos apóstolos, não havia doutrinas de
Balaão, de nicolaítas, não tem doutrina de Jezabel, Jesus não denunciou nenhuma
imoralidade como em Pérgamo, Tiatira e Sardes. Jesus não viu ali nenhuma
pobreza como viu em Esmirna, Laodicéia era uma igreja próspera (a Teologia da
Prosperidade não faria nenhum sucesso lá). Tem mais: Jesus não viu ali nenhum
sinal de perseguição, o mundo estava de cabeça para baixo, cristãos estavam
indo às arenas e fogueiras, mas, em Laodicéia havia paz e liberdade (como no
nosso Brasil cristão). Laodicéia era uma igreja “boa” e ética, se eu fosse
morador dessa região, eu queria ser membro da igreja de Laodicéia (eu
confesso), mas, afinal, o que Jesus quer corrigir em Laodicéia? O que estava lhe causando náuseas e
incômodos?
Não quero dizer aqui, neste artigo, que:
ser ético, verdadeiro, rico, prospero, bem localizado são coisas secundárias. Mas
Jesus queria dizer àquela igreja que tudo isso não basta. O único diagnóstico
que Jesus deu a Laodicéia foi: FALTA DE FERVOR ESPIRITUAL.
Como está a nossa igreja? Como está a minha
igreja? Como está a instituição a qual faço parte? Qual é o nosso entendimento
de “fogo”, fervor e avivamento? O que a igreja tem feito? Tem trabalhado? Tem
produzido? A Obra Redentora que Deus quer operar no maio da igreja tem
objetivos bem esclarecidos: O Senhor batiza o crente com o Espírito Santo para
este trabalhar e produzir. Isso é avivamento.
Crente avivado não é aquele que é rico em
línguas estranhas, “retetés”, “glórias e aleluias”, oração de poder, etc..
Crente avivado é aquele que presta um culto racional ao Senhor sabendo qual é a
sua verdadeira posição ante o seu chamado. Crente fervoroso é aquele do
“Primeiro Amor”, que trabalha, que faz, que testemunha, que vai à luta e traz
frutos. Crente bom não é aquele que ajuda com boas ofertas, que semeia bons
valores, que dizima um elevado valor, que tem um bom curso, que tem um pleno
entendimento e cultura bíblica, mas, crente fervoroso é aquele que entende o
chamado do Mestre e diz: “Eis-me aqui, Senhor” e produz bons frutos. Crente
fervoroso é aquele que não ama a sua vida mais que o Senhor e a sua Obra. É
aquele que não ama as delícias desse mundo, mas, é submisso ao Senhor seu Deus.
Paremos para pensar um pouco e percebamos
como está a nossa denominação, como está a nossa igreja local, como está a
nossa família, como está a nossa vida diante de Deus. O que temos entendido de
avivamento? No quesito “Fervor Espiritual”, que nota você daria a ti mesmo? É
triste quando acaba o culto e o assunto fora da igreja é o futebol, a novela ou
qualquer outro, menos as coisas de Deus. Para muitos, as coisas de Deus não
empolgam mais.
Não pode faltar em nós (e em nossas
igrejas) o amor, o fervor, a paixão, o entusiasmo. Cantamos porque gostamos de
cantar, reunimos porque gostamos de nos reunir, ofertamos porque gostamos de
ofertar, vamos aos cultos porque gostamos de ouvir e louvar, mas, em tudo isso,
não pode faltar o fervor. Aquele mesmo fervor que tivemos quando conhecemos
Cristo pela primeira vez. O fogo tem duas dimensões: Ou ele apaga, ou ele
propaga. Avivamento não é “pegar fogo”, mas propagar fogo.
O desejo de Deus é que o fogo não venha a
apagar no altar de nosso coração. Jesus vem em breve, Ele reunirá seu povo.
Nesse momento, só quem tem a candeia cheia poderá estar nas Bodas com o Noivo.
Precisamos de fervor. Antes que a lâmpada se apagasse na tenda, Deus chamou a Samuel
e o mesmo disse: “aqui estou Senhor, fala porque teu servo ouve”. Isso é
fervor, o resto é religiosidade.
Qual é o conselho que ele deixa a Laodicéia?
“Eu aconselho que tu compres de mim ouro provado no fogo, vestes brancas para
vestir e colírios para os olhos”. Jesus se apresenta como um mercador. Ele
podia dá ordens, mas Ele dá um conselho.
Muitas igrejas, inclusive igrejas
brasileiras, na tentativa desenfreada de buscar fervor, se perderam entre os
modismos teológicos, pseudoavivamentos, pelos caminhos dos experimentalismos
perigosos e abraçaram as últimas novidades do mercado da fé.
Como restaurar o fervor espiritual?
“Compres de mim...”. O produto é vital, o preço é de GRAÇA. O único que pode
restaurar o fervor espiritual meu, seu, da igreja é Jesus. Talvez alguns
diriam: “Não! É o Espírito Santo!”. Sim, claro, não há dúvidas sobre isso, mas,
quem é batizado como o Espírito Santo? Aquele que buscou (com fé) Jesus, aquele
que se rendeu a Jesus Cristo como seu Salvador e Rei. Depois desse ato, o
processo é do Espírito Santo. “Compres de mim”. Jesus quer dizer o seguinte:
“me busque”, “Voltem às Escrituras (pois elas de mim testificam)”, “Voltem ao
primeiro amor”. Ouro provado no fogo é o poder do Espírito Santo na vida do
crente. O crente fervoroso tem sobre si a benção do Espírito Santo, não só os
dons, mas, principalmente e fundamentalmente, os frutos do Espírito.
Portanto, é Jesus quem inflama o coração e
acende o fogo no altar. Ele é quem traz vitalidade à Igreja, Ele é o alimento,
seu sangue é poderoso. Aleluia e Glória ao Rei!
Jesus advertiu a igreja de Laodicéia, expôs
seus erros, confrontou sua vaidade e soberba, mas amou muito essa igreja. Vs.
19- “Eu repreendo aqueles quem eu amo”.
Não é fácil ouvir uma repreensão do tipo
“você está me causando náuseas”, esse não é um discurso palatável como mel.
Essa não é um tipo de mensagem que você recebe um abraço depois do culto e nem
dá “glórias a Deus”. Mas Jesus é tão firme em suas palavras como é firme em seu
amor. Suas palavras são de amor. Os cabelos do Cristo glorificado eram brancos
como a lã porque Ele tem seus pensamentos voltados sempre para as suas ovelhas,
Ele as ama e repreende, seu é o cajado e seu é o poder, seus pensamentos a
nosso respeito são pensamentos de paz.
Depois dessas palavras, Ele com amor diz:
“sê, pois, zelosos e arrependem-se”, “muda de conduta”, “muda de postura”.
No verso 20, Jesus faz uma oferta
maravilhosa: Eis que estou á porta e bato. Se abrires, entrarei e cearei
contigo e vós comigo”.
Como se restaura o fervor? É tendo
intimidade com Jesus. Cristianismo verdadeiro não é uma lista de credos e
dogmas, mas um relacionamento profundo com o Cristo vivo e assentar-se à mesa
com Ele gozando de intimidade.
Que Jesus nos convide a cear com Ele é um
milagre, mas Ele, Jesus Cristo, querer ardentemente cear conosco é graça. É
esse Cristo que quer se revelar a nós. Só quando estivermos á mesa com Ele é
que o fervor vai existir ou ser restaurado. Os discípulos a caminho de Emaús
(quem conhece a história sabe) voltavam pelo caminho pelo fato de não haver
mais fervor algum “era um profeta poderoso em obras...”. Mas quando se
assentaram com Jesus, gozaram de uma intimidade sem igual. Nunca mais foram os mesmos
homens.
No verso 21, Ele deixa uma promessa. Porque
Jesus tem o direito de fazer promessas? Vs.14. Porque Ele é o Amém, a
testemunha fiel e verdadeira, o princípio da Criação de Deus. Ele pode fazer
promessas ao seu povo. Ele é a última Palavra de Deus para nós, se não
ouvirmos, não haverá mais nenhuma solução.
Promessa: “Ao que vencer, lhe concederei que
se assente comigo no meu trono”. É interessante a transição do verso 20 ao 21.
Jesus sai da intimidade da mesa e vai para a publicidade do trono. Quem vencer
na intimidade da mesa herdará na publicidade do trono. Quem se assentará
publicamente no trono? Aquele que se assentou intimamente no trono. Quem vencer na busca, na devoção, na
fidelidade, na obediência, no fervor, na boa obra, vencerá e estará para sempre
glorificado com Ele no trono. Por isso fomos feitos reis e sacerdotes.
Jesus termina dizendo: “quem tem ouvidos,
ouça o que o Espírito diz ás igrejas”.
Hoje nós vivemos um período difícil na
História da Igreja. Profeticamente, vivemos (com muita certeza e fé) o tempo do
Arrebatamento. Vivemos o período “Laodicéia” (direito do povo). Enquanto Jesus
deixa tantas advertências e promessas, muitos se voltam contra e abraçam aquilo
que lhes interessa o ego. Onde eram as igrejas de Éfeso, Esmirna, Pérgamo,
Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia hoje só resta pedra sobre pedras. Todas
as igrejas acabaram. nenhuma atravessou o século, nenhuma prosperou. Não
ouviram o que o Espírito disse às igrejas. Nessa região, hoje, não tem 1% de
cristãos, as igrejas morreram. Olhemos para a Europa, o berço da Reforma
Protestante, o berço dos grandes avivamentos e missões. A Europa hoje é um
continente pós-cristão, a Europa está moribunda. Olhemos para a América do Norte, lá se vive
um relativismo cristão nauseante. Por quê? Porque a despeito da ética, da
fidelidade doutrinária, da paz e liberdade religiosa, da prosperidade, perderam
o fervor.
Estudiosos dizem que, a cada três gerações,
corremos o risco de entrar num processo de apostasia. A geração que saiu do
Egito morreu no deserto, a geração que nasceu no deserto adentrou a Terra
prometida, mas, a terceira geração, os que estavam já na terra, não conheceram
mais a Deus. Talvez os nosso avós foram mais crentes que nossos pais, talvez os
nossos pais foram mais crente que nós e talvez, se Deus não tiver misericórdia
de nós, nossos netos nem serão mais crentes.
Mas
a mensagem de Jesus, sua Obra Redentora e a sua promessa permanecem:
“Eis que estou à porta e bato”
Jesus vem, Maranata!
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