CONTINUAÇÃO
Jesus Sonda a Igreja (2)
Como Cristo vê a sua Igreja?
Apocalipse 1:9-13 e 3:14-22
1- A revelação de Jesus Cristo, as sete igrejas da Ásia e os
diagnósticos de Jesus às igrejas.
Mesmo numa situação tão sombria e num cenário
tão assustador e amargo, Deus continua no trono e rege todos os destinos da
História e os rumos da sua Igreja. Era um dia de domingo, era o dia do Senhor
quando Jesus se revelava a João. E diz a Bíblia que João escuta uma voz atrás
dele e era como voz de trombeta dizendo:
“o que vê, escreve- o em um livro e envia às sete igrejas que
estão na Ásia: a Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e
Laodiceia” (Ap 1:11)
Quando João
se volta para ver quem falava com ele, ele não percebe de imediato quem falava,
mas vê sete castiçais de ouro. Ele via as sete igrejas e, no meio
delas, um semelhante ao Filho do
Homem, JESUS CRISTO. O mundo só pode ver Jesus na Igreja, através da Igreja. Se
a igreja tem luz (Espírito Santo), Jesus se revela, do mesmo modo, se Jesus é o
centro e a figura principal, toda a Igreja tem luz.
O Cristo que João vê ali não é o Cristo
da estrebaria, não é o Cristo das mãos calejadas da carpintaria, não é o Cristo
suando sangue com o rosto prostrado em terra com clamores e angustias do
Getsemani, não é o Cristo cuspido, humilhado e abatido do Cinédrio, não é o
Cristo que caminha tropeçando em Jerusalém com o madeiro pesado nas costas, não
é o Cristo exangue da cruz que lamenta o abandono do Pai, mas, João vê o Cristo
da Glória, vê um Jesus glorificado cheio de honras e poder.
Seus
cabelos não estão mais sujos de poeira, mas são como a alva lã. Seus
pensamentos são santos e puros e sua presença expressa um senhorio. Suas mãos
não estão presas com pregos no lenho maldito, mas sustentam a Igreja Fiel. Seus
pés não estão esmagados e presos com o prego da cruz, mas são como o bronze
polido, pois Ele é juiz soberano. Sua voz não está mais embargada pela sede,
mas é como a voz de muitas águas. Seu rosto não está mais desfigurado pelos
hematomas, mas brilham como o sol em seu fulgor.
E diz a Bíblia que, João quando vê o
Cristo Glorificado, ele se prostra como morto aos seus pés. Jesus põe a mão
direita sobre ele e diz: “não temas, João! Eu sou o Primeiro e o Último, estive
morto, mas eis que estou vivo para todo o sempre e tenho as chaves da morte e
do inferno” (Ap 17,18). Este é o Cristo que João viu!
Diz o texto em Apocalipse 1:13 que João
vê Cristo no meio da Igreja. E é exatamente por termos Cristo no nosso meio que
estamos hoje de pé, pois, quando Cristo é o centro em nossa igreja (por mais
simples que seja), estamos alimentados e firmes na revelação de sua glória. A
Igreja se alimenta da revelação. É nele que buscamos o alimento, Ele é a
Palavra (o pão), Ele é quem batiza com o Espírito Santo (vinho abundante). É
nele que temos a vitória (1Cor 15:57).
Quando Jesus não é o centro, a igreja não
passa de uma organização religiosa e social, algumas até com poderes políticos
relevantes, mas não passa de uma organização terrena e destituída da glória do
Cristo Vivo e Revelado.
Em Apocalipse 2:1, temos a informação de
que Jesus não está apenas no meio da igreja como uma figura inerte (apenas
recebendo adoração), mas Ele está andando no meio da igreja. Jesus passeia no
meio da igreja e, com seus olhos como chamas, vê e penetra nos corações e no
íntimo de cada igreja e sonda, fazendo uma avaliação espiritual. Para quê? Para
examinar a Igreja, para exortar a Igreja, para corrigir a Igreja, para
encorajar a Igreja, para revelar seus assuntos proféticos à Igreja, enfim, para
fazer promessas à Igreja. O que é curioso é o fato de haver um estribilho nas
sete cartas que Ele envia: “Eu conheço”. Das sete igrejas, cinco receberam essa
expressão de Jesus: Éfeso, Pérgamo, Tiatira, Sardes e Filadélfia - “Eu
conheço”.
“Eu conheço as suas obras”- Jesus conhece
as nossas dores, dificuldades, medos, aflições, o que pensamos, falamos,
fazemos, deixamos de fazer, etc., Ele conhece!
Para
a igreja de Esmirna, a mais pobre da Ásia, Jesus se dirige e diz: “Eu conheço a
tua tribulação e a tua pobreza, mas tu
és rica”. Jesus nos impressiona! Ele chama de rica a mais pobre igreja da
Ásia, pois, a avaliação de Jesus é espiritual e profética. O que importa é a
avaliação do céu. O que chama a atenção de Deus não é a grandeza terrena, pois
esta será subjugada condenada no Dia do Senhor, mas o que chama a atenção de
Deus é o trabalho e a genuína devoção a Ele. A igreja comprometida com a Sua
vontade é a igreja que agrada a Deus. “Quem é minha mãe, quem são meus irmãos?
[...] Minha mãe e meus irmãos são aqueles que fazem a vontade do Pai” (Mt
12:48-50).
Qual a nossa ideia de igreja rica? Uma
igreja que tem um santuário suntuoso? É uma igreja que tem um orçamento
robusto? É uma igreja que tem muitos membros? É uma igreja que tem gente
influente na sociedade? Para a mais pobre (materialmente) igreja da Ásia, Jesus
diz: “tu és rica”! A riqueza de Esmirna estava em seu trabalho, sua
perseverança, seu sofrimento e incansável realização da Obra de Deus. Sua
riqueza estava no valor que dava ao Reino e à mensagem do Evangelho, pois abdicaram
de suas vidas para ganhar a vida eterna.
O que Jesus diria à nossa igreja local
hoje? O que Jesus diria à nossa
denominação hoje? Ainda existe o amor? Existe humildade? Ou a soberba tomou o
lugar da humildade? O amor pela “placa” ou pela denominação superou o amor a
Cristo e pelo próximo? Você é capaz de citar, pelo menos, 15 nomes (em sua
igreja) que morreriam por Cristo se a perseguição do tempo de Esmirna fosse
hoje? E você? Que avaliação Jesus faria de ti? Eu confesso que, escrevendo este
artigo, minha vontade de me humilhar em oração foi manifesta e orei pedindo ao
Senhor perdão por tanta omissão e desprezo.
Para a igreja de Laodiceia, a mais rica da
Ásia, que se olhava no espelho e dava nota máxima para si: “sou rica e abastada
e não preciso de coisa alguma”, Jesus faz outra avaliação e diz: “tu és pobre,
miserável, cega e nua”. Laodiceia, que significa, “direito do povo” faz uma
referencia triste a muitas igrejas de hoje (tempo contemporâneo). É comum, em
nosso meio cristão, apontarmos o dedo para algumas igrejas “mundanas” e
heréticas de hoje e dizer: “a igreja tal é a igreja de laodiceia”, mas, as
vezes, as advertências de Jesus à Laodiceia cabe a nós mesmos e, talvez, á
nossa igreja em casos mais específicos. Vigiemos! Jesus sonda a igreja, Jesus
sonda a liderança da igreja, Jesus sonda a administração da igreja, Jesus sonda
os músicos e grupos de louvor da igreja, Jesus sonda o pregador, o pastor, o
mais simples obreiro, o diácono da igreja. Ele sonda e dá o diagnóstico.
Para
a igreja de Pérgamo, a segunda e mais importante cidade da Ásia, Jesus diz: “Eu
conheço o lugar onde tu habitas, [...] onde está o trono de Satanás” (Ap
2:13). Jesus conhece bem as suas igrejas, a geografia, a cultura e a história
de cada uma delas, Ele conhece o contexto. Jesus é um pastor relevante, Ele é
um pregador relevante, Ele é um obreiro relevante. Por que Jesus faz essa
afirmação à igreja de Pérgamo? Ele faz tal afirmação, pelo menos, por duas
razões:
1ª-
Pérgamo concorreu com Éfeso (capital da Ásia) para ter o direito de construir o
primeiro templo de adoração ao imperador romano como uma divindade. Muitos
estudiosos da Bíblia até mantém a ideia de que Pérgamo, profeticamente, indica
a fase onde o Cristianismo “casou-se” com o Estado romano (era pré e pós
Constantino). Inclusive o nome “Pérgamo” pode ser traduzido como “casamento
pervertido”, reforçando tal ideia. Enfim, Pérgamo desagradou muito a Jesus,
pois passou a habitar no trono de Satanás (o grande pai da mentira e do
engano), dando lugar para as heresias e apostasias abomináveis. Na questão da
concorrência com Éfeso para ter direito ao templo, Pérgamo obteve êxito e,
portanto, teve o primeiro templo de adoração a César na Ásia. O primeiro templo
asiático a Cesar foi edificado em Pérgamo. O que Jesus está dizendo a Pérgamo?
Que toda a adoração a homens é satânica, inclusive, o humanismo é satânico. Foi
por isso que, Pedro ao repreender Jesus (“tenha compaixão de ti mesmo”), quando
este falou da morte na cruz, ouviu a advertência do Mestre: “vai para trás de
mim Satanás”. Qualquer caminho que afaste o homem da cruz é humanismo satânico.
Quando não carregamos a “nossa cruz”, somos idolatras, pois amamos mais a nossa
vida e, sendo assim, não somos dignos de Jesus.
2ª- Pérgamo era o centro do culto à Esculápio.
Esculápio era o “deus da cura”, o símbolo desse “deus” era uma serpente,
inclusive, tal símbolo é usado ainda hoje como o símbolo da Medicina, e outras
áreas que envolvem ciências médicas. Pessoas se deslocavam do mundo inteiro
para tratarem de seus problemas de saúde, buscando na imagem religiosa e pagã
de Esculápio a cura. Nada diferente da igreja romana (união pervertida do
Estado e da Igreja) que, usando desses artifícios diabólicos, fez sua base
espiritual no trono de Satanás. Profeticamente, iniciava um período nefro para
a Igreja. Particularmente, Pérgamo obteve a reprovação de Jesus.
Mas Jesus permanece andando no meio das
igrejas e, para cada uma, dita o diagnóstico, para cada uma, no final de cada
advertência e elogio, deixa uma promessa: “O que vencer...”.
E, como foi com João em Patmos, Jesus (hoje)
anda por suas igrejas, Ele sonda a Igreja, Ele se relaciona em laços de amor
com sua Noiva, mas despreza a meretriz. Jesus passeia por entre as igrejas e,
em cada igreja, faz elogios, mas, também, deixa advertências específicas, pois
Ele conhece as nossas obras. Ele sabe qual é a intenção do coração de cada um,
pois também somos igrejas de Deus, nosso corpo é templo de Deus. Ele sabe de
cada omissão nossa, assim como sabe de cada submissão nossa. Outro dia vi no
noticiário o caso de um médico que deveria estar fazendo um plantão (estava
sendo pago para isso), mas faltou ao plantão por motivos banais. Nessa ocasião,
uma menina foi vítima de “bala perdida” e precisou fazer uma cirurgia com
bastante urgência e, tal médico, era o único neurocirurgião de plantão naquela
noite. Fiquei indignado pelo descaso e pela possível perda daquela inocente
vida, mas, nesse momento, o Senhor me tocou e me constrangeu dizendo: “e
aquelas vidas que estavam morrendo e que estavam diante de você e nada fez por
elas por motivos tão banais? Deixou de pregar, de testemunhar e de falar do meu
Nome. Elas estão mortas!”. Não podemos mais ser omissos!
CONTINUA NA POSTAGEM ABAIXO
5 comentários:
Uma aula e tanto!
Graça e paz! Qual a diferença do Jesus glorificado de João 20 e 21 do Jesus glorificado de Apocalipse 1 e 2 ? Muito bom o blog, grato! Elder Monteiro Jr.
Fala, meu chegado, apdsj!!!! Quero deixar a minha admiração pelo blog de vcs, é muito bom e alimenta a nossa mente e o nosso coração. Continue nessa força e nessa dedicação porque o Senhor tem muito mais pra te revelar das suas palavras, amém? Fica com Deus!! José Eduardo
Caro, José Eduardo, apdSJ! Fico feliz com sua presença aqui, obrigado, ficamos feliz em gostar do blog. Na verdade não o divulgamos muito e nem insistimos tanto, as pessoas tem entrado e recebido uma benção pela Palavra viva e revelada do Senhor, é por isso que continuamos a escrever nesse blog. Abraço
Grato pelos comentários! Irmão Elder, paz! Sobre sua pergunta,é interessante afirmar que: Jesus, descrito no Evangelho de João, estava em sua forma HUMANA. O Jesus homem é quem morreu na cruz, portanto, necessário era o mesmo Jesus homem ressurgir ali, senão não faria sentido uma ressurreição. A Palavra nos informa que Jesus ficou por ali cerca de 40 dias, certo? Então, estava ali o mesmo Jesus homem, porém com o explendor de sua glória, tanto é que não o reconheceram de imediato e não o identificaram na plenitude de sua forma física, apenas pelas atitudes e palavras "não ousavam a perguntar quem era, pois sabiam que eram o Senhor". Tomé, para crer, viu o Jesus com as marcas da cruz, porém vivo e glorificado, mas não com a sua imagem de glória da Eternidade, pois Jesus ainda estava retido por um pouco tempo no plano terreno. Esse Jesus que ressurgiu da morte e que permaneceu com seus discipulos era o Jesus que ainda não havia enviado o seu CONSOLADOR ESPÍRITO SANTO. Após o Pentecostes, Jesus foi visto já em sua forma de glória. Paulo viu tamanha glória, João o viu com mais detalhes e totalmente glorificado e honrado na ilha de Patmos. Nesses eventos, Jesus já estava na Eternidade. Espero ter ajudado, a paz!
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