terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Jesus Sonda a Igreja (3)


Jesus Sonda a Igreja (3)

Como Cristo vê a sua Igreja?

Apocalipse 1:9-13 e 3:14-22

CONTINUAÇÃO

      Nesse contexto (sete igrejas), apenas duas recebem elogios do Senhor e nenhuma censura: a igreja de Esmirna e a igreja de Filadélfia. À igreja de Esmirna, Jesus disse que “era pobre, mas, na verdade, era rica”. À igreja de Filadélfia, Jesus disse: “tens pouca força (era fraca), mas coloquei diante de ti uma porta aberta e, a porta que eu abro ninguém fecha...”.

      O que é importante não é ser uma igreja forte na terra, mas sim fiel diante de Deus. O importante é atender o seu chamado e ser igreja, levar a Palavra, salvar vidas, carregar o Evangelho como estandarte, proclamar o Reino. Isso para Jesus é ser igreja, inclusive, para isso, Ele designou a Igreja. No âmbito profético, Filadélfia representa a fase (pós reforma) de avivamento espiritual e reproclamação do Evangelho de Cristo pelo mundo onde, nessa oportunidade, países como o nosso receberam a genuína Palavra de Deus.

      Para quatro igrejas, Jesus tem, junto com alguns elogios, censuras a fazer: Éfeso, Pérgamo, Tiatira e Sardes.

     Jesus elogia, por exemplo, a igreja de Éfeso pela sua ortodoxia, por sua fidelidade doutrinária, por colocar à prova aqueles que não eram apóstolos do Senhor, pelo seu zelo pela verdade, pelo exemplar trabalho missionário e por odiar as obras dos Nicolaítas (profeticamente, Éfeso aponta para o primeiro período da Igreja: Apostólico, onde a doutrina dos apóstolos fora firmada e a mensagem fora defendida e proclamada). Uma igreja que agrada Jesus jamais caminha contra a Verdade, jamais negocia a sua consciência, jamais abraça as heresias e os mundanismos, jamais torna a sua mensagem palatável para agradar seu auditório. A igreja que abraça Jesus luta pela Verdade e morre defendendo-a. Porém Jesus diz à igreja de Éfeso: “eu tenho uma coisa contra ti. Tu abandonaste o teu primeiro amor”. Isto é sério!

    Uma igreja, em nome da defesa da Verdade ou, em nome da defesa da denominação, pode perder a piedade. “Primeiro Amor” não se trata apenas daquele entusiasmo do início, da alegria inestimável da conversão à Cristo, mas se trata da piedade, do amor verdadeiro e racional pelo Evangelho e pelo conteúdo do Evangelho: amar a Deus e amar ao próximo. Até na defesa da verdade, ela pode perder a devoção. De repente, a defesa da Verdade torna-se um fim em si mesmo e, a igreja mesmo com uma elogiável fidelidade doutrinária, pode se tornar uma igreja morta. O amor pela norma e pela “lei” está fantasiado de amor pela Doutrina e isso tudo é muito sutil e perigoso. Perde-se a liberdade em Cristo (pela operação genuína do Espírito Santo) e o entendimento verdadeiro do Evangelho e tudo se torna mecânico e religioso. para muitos,a doutrina se tornou um dogma, um ritual. Pode-se fazer uma análise doutrinária de A a Z, mas toda essa ortodoxia é morte e não vida.

       Um teólogo certa vez disse que não há nada mais solene do que um cadáver dentro de um caixão, com um terno azul marinho, com gravatas de bolinhas brancas cercado de flores. É uma solenidade absoluta, mas não tem vida. Há muitas igrejas “históricas” neste país que estão morrendo por não viverem a experiência do amor que, nas Escrituras, está relacionado com “karisma” (de caridade) e está estreitamente ligado com a benção do Espírito Santo (batismo e dons espirituais). Continuam solenes (pela grande bagagem histórica e heroica do protestantismo), porém mortas. Não tem heresia, mas também não tem vida. Não tem heresia, mas também não tem amor, não tem heresia, mas também não tem amparo aos pobres, não tem heresia, mas também não tem vibração por Deus, não há avivamento algum. São igrejas boas, porém sem vida de Deus.

     Agora notem uma coisa: do lado oposto você vê a igreja de Tiatira. Jesus elogia também a igreja de Tiatira, porque, quando Ele dita esta carta e envia esta carta com alguns tons de admiração, é porque Jesus encontrou lá muito mais amor e devoção do que antes (isso agrada Jesus). Mas, por outro lado, Jesus censura severamente essa Igreja: “tenho uma coisa contra ti”, Jesus inicia sua advertência. “toleras aí a falsa profetisa Jezabel que está induzindo o meu povo á prostituição”. Para os estudiosos da Bíblia, essa igreja (Tiatira), vista na análise profética, aponta para a igreja romana e seu longo período de quase mil anos de domínio religioso (conhecido por alguns historiadores como o “período negro” na história medieval). Mas preste atenção nisso:

     A igreja de Tiatira é o reverso da igreja de Éfeso. Se a igreja de Éfeso tinha doutrina, mas não tinha amor, a igreja de Tiatira tinha amor, mas não tinha doutrina. Podemos ser a igreja mais vibrante na área de comunhão, a koinonia pode ser a nossa bandeira de orgulho, pode ser a igreja mais acolhedora e mais assistente do mundo, podemos ter um culto onde a comunhão entre irmãos transborda pelos poros, mas, se nessa igreja, não há fidelidade doutrinária, também essa igreja não agrada Jesus. Não podemos separar jamais a fidelidade doutrinária (amor pela Verdade) do amor e do amparo ao próximo. Ambas devem estar unidas.

     Jesus, quando se dirigiu à igreja de Pérgamo, fez um elogio àquela igreja. O líder daquela igreja, Antipas, era um homem tão fiel a ponto de morrer pela sua fé. E os historiadores afirmam que Antipas morreu carbonizado dentro de uma fornalha de bronze incandescido. Mas, nessa mesma igreja onde se encontra gente disposta a morrer por Cristo, encontra gente negociando a verdade, se rendendo à apostasia espiritual, vendendo a sua consciência em troca de dinheiro e se vendendo às “novidades” (heréticas) que emergiam no seio da igreja.

     Certa vez, um pastor presbiteriano foi questionado: “como vai a sua igreja?”. Ele respondeu: “vai muito bem, vai mais ou menos e vai muito mal”. Ele explicou o porquê desta resposta: “numa mesma comunidade você tem gente cheia do Espírito Santo, você tem gente mancando na fé e você tem gente imiscuída por imoralidade”. Tudo numa mesma congregação. Uma mesma igreja vai bem, vai mais ou menos e vai mal.

      Esta estória de que há uma igreja perfeita não cabe mais a nós, servos de um Deus conhecedor de tudo e juiz de todos. Por isso, quando Jesus vier arrebatar seu povo, Ele recolherá para si o crente “João”, “Maria”, “Francisco”, “José”, “Alice”, etc.

      Jesus, quando se dirigiu à igreja de Sardes, percebe que tem um “bom nome”, uma liturgia empolgante, um corpo dogmático em atividade, uma posição política avantajada, etc., “mas está morto”, disse Jesus. Sardes, na analise profética, representa o período histórico onde a Reforma Protestante se manifesta e uns poucos remanescentes permanecem firmes na Verdade e são protagonistas desse período histórico- profético. “Não sujaram as suas vestiduras”. Embora, na análise profética, a Igreja passou por tristes períodos e quedas espirituais, a OBRA de Deus foi guardada e preservada e se manifestou na história como orou o profeta Habacuque: “Aviva, Senhor a tua obra no meio dos anos...”(Hc 3:2). A igreja apostata continuou, mas a Obra do Espírito tomou o seu rumo.

       Jesus dissera para Sardes: “tem nome de que vives, mas estás morto”. Jesus não se impressiona com o desempenho humano, com aparência e com a espiritualidade cênica. Ele vê o coração, a intenção do coração.
CONTINUA  NA POSTAGEM ABAIXO
 

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