“Por que quem se compadeceria de ti ó Jerusalém? Ou quem se
entristeceria por ti? Ou quem se desviaria a perguntar pela sua paz?” (Jeremias
15:5)
(uma pequena análise de Jesus Onisciente, Onipresente e
Onipotente)
A paz de nosso Senhor Jesus!
Jerusalém estava vivendo um período crítico
em sua história. O profeta Jeremias
intercedia por seu povo, mas Deus, naquele momento, já os tinha tido como
abomináveis aos seus olhos. Grande era o pecado do povo, grande era a tristeza
de Deus. O capítulo 15 do livro de Jeremias começa já de uma forma pesada: “Disse-me, porém o Senhor: Ainda que Moisés e Samuel se pusessem
diante de mim, não seria a minha alma com esse povo; lança-os de diante da
minha face, e saiam”.
O povo havia pecado. Já não queriam ouvir
ao Senhor. O Senhor é amor, mas também é juízo. Ele não poderia jamais ir
contra si mesmo. Um juízo sobre o povo viria. O cativeiro era iminente.
Jeremias chorava. Sua angústia pelo povo
era tão grande que a sua própria alma desfalecia e se enchia de dor.
No texto em que lemos acima, Jeremias, com
tamanha tristeza na alma, faz três perguntas ao seu povo:
· Quem se compadeceria?
· Quem se entristeceria?
· Quem se desviaria a
perguntar pela sua paz?
Compaixão e tristeza leva qualquer um ao
choro. Se o choro não se torna externo, a alma por dentro chora. E Deus? Ele
choraria a nossa dor?
“Jesus chorou” (João 11.35)!
Ele viu quão crítico era o nosso estado.
A humanidade hoje vive da mesma forma que
Jerusalém vivia naquele momento: longe do Senhor, em pecados diversos,
apostasia, heresia, incredulidade, infidelidade, ausência de amor e descaso
pelo profético.
Desde o pecado do primeiro homem, a
humanidade inteira foi posta sob um juízo: a morte. Quem poderia reverter essa
situação? Quem poderia adentrar o coração duro do homem e remover a pedra? Quem
estaria presente com a humanidade pecadora e doente? Quem ouviria a voz e os
clamores de uma alma sem Deus? Quem conheceria a dor alheia de forma tão plena?
Quem choraria conosco? Quem curaria toda
essa gente sem Deus?
Foram três perguntas. Três tem um
significado profético: É o tempo do Senhor para a redenção do homem. Poderíamos
aqui dizer: o número que corresponde ao
tempo de Deus não poderia ser três, mas sete, pois em sete dias tudo se fez.
Sim! O projeto de Deus é perfeito e tudo que Ele fez é bom. Mas, e o homem em
meio a isso tudo? O que preparou para Deus?
Deus anelava o louvor do homem e esse não
correspondeu. Antes pecou e deixou a face do Senhor. Deus queria se relacionar
com o homem. O termo usado no original para relatar o início foi “bereshit” e, desse termo hebraico temos
a raiz gramatical “shirtaev” que
relata exatamente isso: “anelo por um louvor”. Apenas isso Deus queria do
homem.
Naquele momento, Jerusalém não tinha nenhum
louvor para ofertar a Deus, antes rebeldia e apostasia.
O que vemos hoje no mundo não é nada
diferente (para não dizer pior).
A alma de toda a criatura humana geme
querendo Deus. Todos tem sede do Deus vivo. E muitos se perdem em seus pecados.
Assim como foi com Jeremias, muitas almas
cansadas e abatidas querem saber: “Quem se
compadeceria por mim?”, “Quem se entristeceria por mim, ou comigo?”, “Quem se desviaria a perguntar
pela minha paz, ou quem daria uma palavra eficaz nesse momento?”.
Com três dias essas três perguntas foram
respondidas!
Quem se compadeceria? O Pai se
compadeceu.
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho
unigênito...” (João 3.16)
Deus se compadeceu do homem. A ira de Deus
em Jeremias, para nós, se tornou em
amor. Jesus foi a expressão e a revelação desse amor. Mas Ele também foi a
expressão e a revelação do juízo (que seria nosso), pois, sobre si, Jesus levou
toda a nossa culpa e se fez maldição subindo em uma cruz.
Jesus pôde fazer isso, pois Ele se tornou
como nós: frágil, sujeito às lutas e provas, humilhações, doenças, cansaço,
medo, dor, etc.
“Vendo Jesus as multidões, compadeceu-se delas…” Mt 9.36
Ele
conheceu o homem, pois Jesus é Deus onisciente. Ele andou com o homem e com
esse falou, pois é Deus onipresente. Manifestou-se como a resposta à pergunta
de Jeremias naquele triste momento. Nele há solução para tudo, Ele é
onipresente. Estava profeticamente presente no anseio e na pergunta de Jeremias
e se revelou mais tarde no seio da terra.
Deus se compadeceu, pois conheceu a nossa
fraqueza. Ele sabe quem somos, o que falamos, o que pensamos, o que nos prende,
o que nos entristece, o que nos afeta,... Ele sabe! O ato dessa compaixão foi
Jesus, o Verbo de Deus.
O termo grego usado em João 3.16 “amou” é agapao,
que quer dizer também “benevolência” (graça). O termo agapao traz a ideia de “muito”, ou seja: Deus amou muito o mundo...
Tal termo serviria também para traduzir o texto em Jeremias 15:5
“compadeceria”, pois tem uma correspondência com o termo hebraico usado para
designar “compaixão”. Analisando a etimologia do verbo “compadecer”, temos uma surpresa:
o termo pode, sem mudar sua raiz, ser substituído por: “capacidade para aceitar
algo inadmissível” (graça/favor imerecido). Enfim, se cumpriu em Jesus, o Ato
da criação, o Verbo que tem TODO o poder...
Quem se entristeceria?
Quando Deus criava os céus e a terra, o Espírito de Deus estava sobre a face das
águas, pois a terra ainda era sem forma e
vazia. Isso aconteceu no mundo físico, mas teve também todo um caráter
profético. Apontava para o coração do homem que estava como Jerusalém quando
Jeremias escreveu as palavras de seu livro. O Senhor procurava corações que
pudessem receber o seu Espírito. Muitas vezes não encontrou.
O Espírito Santo é uma Pessoa da Trindade.
Suas características são semelhantes à de uma pessoa distinta (como
Jesus/Filho), pois o Espírito Santo é Deus. Ele se entristece, assim como
também se alegra.
Mas a pergunta de Jeremias era: Quem se
entristeceria? Ou: Quem ficaria triste comigo? Quem sofreria a minha dor? Quem
tomaria nota de minha desesperança?
O Espírito Santo se entristeceu ao
contemplar a situação espiritual do homem e ao perceber que em seus corações
não havia lugar para a sua habitação.
“Mas eles foram rebeldes e contristaram o SEU Espírito Santo,
pelo que se lhes tornou em inimigo e ele mesmo pelejou contra eles”. Isaías
63:10.
Mas quem sofreria a tristeza comigo? Muitos
perguntariam. O homem sem Deus não tem a esperança e nem a verdadeira alegria,
pois não tem o Espírito Santo. Sua alma clama por essa alegria. A alma humana
clama pela presença de alguém suficiente no momento da angústia: “quem ouvirá
meu clamor?”.
“Tais coisas anunciadas não alcançarão a
casa de Jacó. Está
irritado o Espírito DO SENHOR? São estas as suas obras?
Sim, as minhas palavras fazem o bem ao que anda retamente”. Miquéias 2:7.
Jesus, através de seu Espírito Santo, nos
deu uma nova situação diante de Deus.
Ele se faz presente em todos os momentos,
pois Ele, como já dissemos, é Deus onisciente, onipresente e onipotente. Ele
pode ser a resposta para os nossos anseios e pode ser a resposta para o homem
sem Deus. Ele sofreu a nossa tristeza. Ele venceu a morte, Ele é a própria
Vida.
Quem se desviaria a perguntar pela sua paz?
O Filho se desviou para perguntar pela
nossa paz.
Desviar aqui aponta para o ato da GRAÇA
proveniente de Deus na Eternidade. Quem seria o Cordeiro de Deus para tirar o
pecado do mundo? Algum anjo do céu? Algum homem da terra para sem nenhuma
estrutura divina? Não! Foi o Filho. O Rei da Glória. Aquele que se assentava no
trono. O Filho do Homem.
Jesus, se não fosse a compaixão (graça) do
Pai, não precisaria deixar o esplendor de sua Glória. Ele é Deus! Mas deixou toda a sua glória para
se ver no dentro do ventre de uma jovem virgem. Fez-se homem.
Tal ato nos lembra da misericórdia de Deus
em favor dos gentios. Nós não merecíamos a graça de Deus através do Sangue de
Jesus. Mas obtemos. Era para Israel, mas veio a nós.
Jesus perguntou pela nossa paz.
A palavra “perguntar” está no original
hebraico como “saal” ou “sael” que quer dizer: inquirir, pedir, exigir,
desejar, solicitar, requerer, entre outros termos.
Jesus, pelo seu sangue, inquiriu a nossa
paz, ou seja: Ele pediu por ela. Ele exigiu, pois a comprou com alto preço –
sua vida. Mas antes, Ele desejou, Solicitou.
Quem perguntaria pela nossa paz? Somente
aquele que a comprou!
O termo em hebraico pode ser traduzido como
“orar”. No Evangelho de João, no capítulo 17, Jesus inquire diante do Pai a
vida de seus discípulos:
“...guarda em teu nome aqueles que me deste...” (João 17:11)
Grande é o amor de Jesus por nós.
Durante seu ministério, Jesus perguntou
muito pela paz alheia:
“Queres ficar são?”, “queres ser curado?”, “o
que queres que eu te faça?”.
Desviou-se algumas vezes também para entrar
na casa de quem o convidasse.
A mulher de Samaria teve uma experiência com
o Senhor Jesus ao lado do poço. Jesus não passaria ali se fosse um homem como
qualquer outro ali, mas “era-lhe necessário passar por Samaria” (João 4:4).
Jesus conhecia aquela mulher, Ele esteve presente ali com aquela mulher, Ele
teve ciência de toda a sua vida, Ele a deu uma nova forma de vida.
Jerusalém não teve, naquele momento, essa
mesma experiência, mas Jesus veio até nós, se compadeceu e chorou pela nossa
vida, se revelou como um Deus Onipotente, Onisciente e Onipresente.
Gabriel Felipe M. Rocha